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Entre sabore e sentimentos por Paloma Matias

Ver comentários: 7

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Palavras: 3976
Acessos: 1993   |  Postado em: 13/07/2025

Capitulo 1 - O cão

Giovana

 

         Atrasada, essa é a palavra que me resume no momento. Eu poderia usar a palavra desesperada também, mas como estou sempre atrasada resolvi escolher essa.

         Estou a caminho da coordenação do curso de gastronomia, hoje é o último dia para as escolhas do local que podemos fazer o estágio obrigatório. Consegui sair mais cedo da floricultura onde trabalho para resolver isso, minha ideia não era chegar atrasada, mas quando eu estava fechando o local para o intervalo do almoço entrou uma senhorinha querendo comprar flores para levar ao tumulo do seu falecido marido, e por incrível que pareça, nenhuma das opções que tínhamos prontas a agradou, tive que fazer um arranjo novo.

Espero que ainda haja alguma boa opção para eu escolher.

         Meus dias sempre são os mesmos, acordo e vou para a floricultura – trabalho lá desde o segundo semestre de faculdade – depois vou para o campus, como qualquer coisa na cantina e vou para a aula, a noite tento fazer algo que gosto ou apenas estudar. 

         Agora no último semestre sei que os professores exigem ainda mais nos trabalhos e para ajudar temos esse estágio para fazer. Eu preciso achar um que consiga conciliar com minha rotina, não posso parar de trabalhar, caso isso aconteça, terei que aceitar a ajuda da minha mãe, e isso está fora de cogitação no momento.

- Bom dia Matilda – A senhorinha ergue os olhos em minha direção – Você ainda tem alguma opção boa para mim?

- Oh menina – Se levanta da cadeira e pega uma pasta cheia de papeis – Achei que você não iria aparecer.

- Falei que iria conseguir – Pisco um olho – Você que nunca me leva a sério.

- Às vezes sei que nem você mesma se leva – Solta uma risadinha baixa – Bom, você teve muita sorte, ontem entrou essa vaga em um dos restaurantes mais bem conceituados daqui, e é bem no horário que você tinha me solicitado, você vai conseguir fazer depois das aulas.

- Perfeito – Me jogo por cima do balcão para conseguir alcançá-la e lhe dar um beijo no seu rosto – Quando tudo der certo, você sabe que terá que aceitar ir a um encontro comigo, né?

- Para com isso menina, você tem que ir atrás de alguém da sua idade, e sei que existem várias meninas desse campus que daria de tudo por uma oportunidade com você.

- Não quero nenhuma delas, meu foco agora é terminar essa porr* de faculdade e seguir meu destino. – Reviro os olhos.

- Olha a boca mocinha, tenha modos.

Matilda é uma senhora de 80 anos, seus cabelos já são completamente brancos e ela sempre me olha por cima dos óculos redondos. Não sei como ainda consegue vir trabalhar todos os dias, mas ela ama seu trabalho, então acho que permanecerá vindo até sua vida acabar. 

Nós ficamos amigas em uma das minhas idas a biblioteca, costumo ir quando chego na universidade, sempre tenho tempo para almoçar e depois ir até lá. Quando a conheci eu estava em um péssimo dia, foi no mesmo em que tive minha última conversa com meu pai, exatamente no dia em que ele descobriu que eu não estava cursando direito e sim gastronomia, e até hoje não nos falamos mais, isso já faz três anos.

 Ela me ajudou muito, e me ajudou também no dia em que Patrícia espalhou para várias pessoas que tinha saído comigo e que foi a melhor noite da vida dela. Sempre fui muito reservada em minha vida, então foi um período de muita dor de cabeça e de algumas garotas tentando contato comigo, foi aí que Matilda disse que falaria para as pessoas que eu estaria namorando com ela para que as outras me deixassem em paz, no fim rimos muito, e sabíamos que eu seria mais um motivo de piada do que deixada de lado.

- Me perdoe, você sabe que não tenho modos – Tento ver os papeis que ela tirou da pasta – Mas me conta, por que essa vaga só entrou ontem? E sei que tinha vários alunos querendo esse horário, é um local muito ruim?

- Depende do ponto de vista, eu vejo como uma oportunidade única – Ela estende os papeis e eu gelei – E nem todos são atrasados como você, quase 98% dos alunos já escolheram suas vagas.

- Você só pode estar de brincadeira com minha cara – Meus olhos parecem que vão saltar do rosto - Você sabe que eu não vou durar nem um dia nesse lugar.

- Menina, para com isso, ela não é tudo que dizem por aí não – Tenta amenizar as coisas

- Merda – Resmungo – Você tem certeza de que não tenho outra opção?

- Tem várias outras opções, deixe-me ver aqui – Abriu novamente a pasta – Boteco do tio João, Cantina Bom Sabor, Barzinho Junte-se a Nós...

         Conforme ela vai lendo todas as opções meus ombros vão caindo, eu sei que nenhuma é uma boa para mim, eu já nem estou mais ouvindo o que ela está falando.

- Ok, você venceu – Me dou por vencida.

- Eu não, a Professora Garcia venceu – Solta uma risadinha irônica – Por falar nisso, hoje você tem sua primeira aula com ela, não?

- Você não está me ajudando em nada hoje – Finjo uma cara de triste – Terei que ir para aula de uma professora que nem conheço, mas que todos falam que é um cão em sala de aula e ainda terei o prazer de fazer estágio na cozinha do restaurante dela, eu poderia estar mais ferrada que isso?

- Poderia – Fala brava - Você poderia ter que fazer um estágio na parte da manhã, parar de trabalhar e ter que aceitar a ajuda da sua mãe, aliás, ela te ligou novamente?

- Não quero mais conversar com você hoje, você está muito cruel comigo – Dou a volta no balcão e a beijo no rosto e lhe dou um abraço – Minha mãe me ligou ontem, nada de novidades, só queria saber como eu estava, e eu preciso ir porque vou me atrasar para a aula com o cão, você pode terminar minha inscrição para a vaga? – Falo já assinando o papel.

         Pego minha mochila que está no chão ao lado do balcão e saio correndo novamente, eu tenho seis minutos para chegar até a sala de aula, o que provavelmente eu não conseguirei fazer a tempo.

         Chego em frente à sala de aula, está fechada e dá para ouvir a voz de alguém falando, então respiro fundo e ergo meu punho e bato à porta, rezando para todos os anjos e santos me ajudarem nesse momento. A porta foi aberta por uma mulher jovem, espera aí, jovem? Eu não teria aula com Olivia Garcia? Estranho, me falaram que essa professora tem quase 40 anos. 

         Muito pelo contrário, à minha frente está uma linda mulher, alguns centímetros a menos que eu e muito elegante.

- Pois não? – Saio do meu transe quando a ouço falar. 

- Boa tarde Professora – Falo sem jeito – Eu... bom... eu... 

- Atrasada – Ela não pergunta, ela afirma – Entre e sente-se rápido.

         Baixo a cabeça e entro na sala, com vontade de achar um buraco que pudesse enfiar a cabeça, que vergonha.

- Então, como eu estava falando antes de ser interrompida – Continua falando frente a todos – Me chamo Olivia Garcia e vou ser a professora de vocês na aula de culinária contemporânea e tendências, para aqueles que não me conhecem, será um grande prazer trabalhar com vocês, e para aqueles que já tiveram aula comigo, é um prazer revê-los. Bom, para que nossas aulas fluam de forma produtiva, vamos as regras. 

 Ela coloca as mãos no bolso da sua calça linho e começou a enumerar as regras.

– Regra número 1: todos os trabalhos que não forem entregues quando solicitados não serão mais aceitos, então atentem-se as datas. Regra número 2: se você veio para sala de aula para conversar ou brincar, a porta está bem aqui e podem ir embora agora mesmo. 

Volta a caminhar para perto da porta e a abre para demonstrar e espera um pouquinho vendo se alguém sairá, todos continuam em silencio. 

 – E a última regra, mas não menos importante, se quando eu chegar em sala de aula e fechar a porta algum de vocês não estiver aqui dentro, não precisam se dar ao trabalho de subir os degraus da escada, pois não irão entrar – Ela me olha seriamente, eu sinto meu rosto queimar – Só deixei a senhorita...?

- Giovana – Minha voz sai em um sussurro, mas ela consegue ouvir

- Só deixei a senhorita Giovana entrar porque provavelmente ela nunca foi minha aluna, mas se isso se repetir – Volta a me encarar – Você não entrará.

         Eu realmente estou ferrada, muito ferrada, essa mulher realmente é o cão, e eu não quero nem ver como será trabalhar em um local que ela possa gritar e mandar à vontade.

- Como hoje é nossa primeira aula – Começa a caminhar pela sala, entre as pessoas – Vou pedir algo bem simples, algo apenas para começar a conhecer vocês, não será um trabalho avaliativo, ou seja, não valerá nota, mas valerá credibilidade, se não me entregarem o que eu pedir já saberei em quem pegar no pé – Ela para ao meu lado e disfarçadamente me olha – E acreditem, não vão querer que isso aconteça.

         Um arrepio corre por meu corpo, primeiro porque ela é assustadora, e segundo porque com a proximidade pude ver ela melhor, ela não é o cão, é uma gata. Linda e cheirosa.

- Vocês têm até o fim da aula para me entregar um texto com a visão de vocês sobre a culinária contemporânea.

“Que saco” pensei, odeio fazer textos.

- Algo não está do seu agrado senhorita? – Percebo seu olhar sobre mim mais uma vez e só então me toco que falei em voz alta.

- Não professora.

- Ok. Voltando ao assunto, esse texto não precisa ser nada muito científico, não precisa conter referencias nem nada, apenas a visão de vocês, e podem começar agora.

         Tiro o que vou precisar da mochila e dou início na construção do meu texto, não consigo entender o porquê os professores insistem em pedir essas coisas, parece que estamos na primeira série e nos pedem para fazer um texto sobre nossas férias.

         Já se passou 10 minutos e eu escrevi duas linhas, duas meras linhas, e nem sei se faz sentido o que eu coloquei ali, provavelmente não.

- Alguma dificuldade? – Ela fala tão próxima que eu dou um pulo na cadeira.

- Não professora, estou apenas pensando em como colocar no texto tudo que eu penso – Sorri sem graça, é obvio que eu estou com dificuldade.

- O tempo está passando, melhor pensar rápido – Se retira de perto.

- Claro – Sorri ironicamente – Obrigada pela dica.

         Ela ouve, e voltou a me olhar como se quisesse me colocar para fora da sala. Não a julgo, eu também não quero estar aqui. Que coisa chata.

         O sinal toca, indicando o fim da aula, percebo que os outros alunos já estão entregando seus trabalhos, olho mais uma vez para minha folha antes de me levantar, não sei se posso considerar que fiz o que foi pedido, porque só consegui escrever oito linhas. 

Pelo menos é um texto. Pequeno. Mesmo assim um texto.

         Entrego minha folha e saio da sala o mais rápido que eu pude sem deixar que percebam que eu estou quase correndo. AFF, eu me considero uma boa aluna, gosto do meu curso, amo a profissão que vou seguir, mas quando os professores vêm com aulas teóricas ou com essas coisas de construir texto, sou uma negação. Eu gosto de aulas práticas.

- Giovana! – Ouço a voz de Valentina me chamando – Mulher! O que deu em você? Coragem a sua, afrontar a professora daquele jeito.

- Eu não fiz nada – Dou de ombro e volto a caminhar pelo pátio da universidade em direção aos dormitórios, dessa vez acompanhada pela minha amiga – Ela que implicou comigo só porque cheguei uns minutinhos atrasada.

- Uns minutinhos? – Ela ri da minha cara – Você realmente é muito corajosa, vamos logo que preciso descansar.

         A faculdade oferece dormitórios para alunos que moram longe por um pequeno custo e é onde moro com minha amiga, nos fins de semana os alunos costumam voltar para casa, eu normalmente fico por aqui mesmo e nas férias sempre dou um jeito de ficar em algum lugar.

         Quando chego no nosso quarto, tomo um banho demorado e aproveito para estudar um pouco, o que não tenho muito sucesso, sem esperar, já estou dormindo em cima dos livros.

 

Olivia

 

         Hoje é sábado, o semestre mal começou e eu já estou tendo crises de enxaquecas por conta do estresse com os alunos. Amo dar aulas, mas algumas vezes me questiono se é algo saudável para mim, confesso que não tenho muita paciência, e confesso também que alguns alunos acabam com o pouco que tenho em questão de segundos. Principalmente uma em específico. 

         Já ouvi conversas entre os professores de que a aluna Giovana Gonçalves é uma das melhores da universidade, com notas maravilhosas e muito esforçada. Eu só tenho uma opinião sobre ela: oh garota afrontosa. Ontem à noite, fui ler os textos que pedi para meus alunos fazerem durante minhas aulas da semana, quando cheguei ao dela só pude suspirar e pensar que: ou ela fez de propósito, ou tem realmente dificuldade em pôr no papel aquilo que faz tão bem na prática.

         Quando me levanto da cama e vou em direção ao banheiro ouço meu telefone tocar, voltei para atendê-lo.

- Alô

- Bom dia Filha, tudo bem? – Minha mãe já está animada em pleno sábado de manhã.

- Oi mãe, tudo bem sim e com vocês? as crianças estão dando muito trabalho? – Bocejo, acordei há pouco tempo.

- Não me diga que eu te acordei – Sua voz demonstra a preocupação que sempre tem comigo – As crianças estão bem, já estão lá na rua brincando.

- A senhora não me acordou, já estava indo tomar banho e me arrumar para ir ao restaurante – Fico mais tranquila em saber que não é nada com meus filhos.

- Você voltou a trabalhar nos fins de semana? você não virá jantar conosco?

- Vou sim mãe, mas antes preciso passar lá e resolver algumas coisas, sabe que não posso deixar tudo nas mãos da Adriana, mas as 18hrs estarei aí. Vovó chega que horas?

- Seu pai vai buscá-la as 17hrs, você poderia passar naquela floricultura perto de onde você trabalha e comprar as flores para sua avó?

- Qual? Me mande o endereço e eu passo lá. Você tem alguma preferência? – Falo ligando o chuveiro para entrar logo que encerrar a ligação.

- Não filha, mas você sabe que sua avó não gosta de orquídeas.

- Tudo bem mãe, vou ver alguma lá, agora vou terminar de me arrumar

- Tudo bem meu amor, até mais tarde, te amo.

- Te amo, tchau.

         Termino meu banho e entro ao meu closet, acabo optando por uma bata branca de mangas longas, porém largas, um short de linho cintura alta, e nos pés uma sandália de salto alto na cor preta com tiras amarradas no tornozelo. Aproveito que tenho tempo e faço uma maquiagem leve.

         Decido que vou antes ao restaurante e depois na floricultura, assim não preciso ficar colocando na água e nem ficar andando para um lado e para outro carregando as flores.

         No restaurante, passo a tarde toda resolvendo algumas coisas da parte administrativa, tenho que aprovar para fazer a compra de alimentos que já estão acabando e assinar a documentação sobre a autorização do estágio que a universidade solicitou. Resolvi abrir a vaga porque sei que muitos alunos merecem ter a oportunidade de aprender em uma cozinha profissional, e sei que a minha oferece o melhor, mas espero que quem pegar a vaga saiba aproveitar.

         Depois de tudo resolvido, avisei Adriana que estou indo e qualquer problema pode me ligar, mas confio na minha equipe, sei que conseguem resolver as coisas.

         Chego no endereço que minha mãe me passou, até pesquisei se teria alguma outra aberta que fosse a caminho, assim não precisaria desviar muito, mas por ser sábado à tarde, quase todas já estão fechadas. A sorte não está ao meu lado, mas tudo bem, vamos lá.

         Depois de estacionar meu carro bem à frente do local, entro na floricultura, não há ninguém aqui para atender, provavelmente estão no depósito ou em algum outro lugar. Começo a dar uma olhada nas opções e tudo se resume a: Orquídeas, flores de defunto, flores amarelas que não sei o que é, flores azuis que nunca vi na vida, ou seja, não sei o que levar.

- Precisa de ajuda? – Quase derrubo tudo com o susto que levei – Desculpa, não queria assustar a senhora.

Quando me viro, quase derrubo tudo novamente, eu até achei aquela voz familiar, mas não tinha reconhecido, e agora a moça de olhos azuis está bem na minha frente e acredito que também está surpresa, pois está com cara de quem viu um fantasma.

- Boa tarde – A cumprimento sem jeito, afinal preciso ser educada – Na verdade preciso sim, você trabalha aqui? – Ela solta uma risada sarcástica – Algum problema?

- Estou dentro de uma floricultura, oferecendo ajuda e você ainda me pergunta se trabalho aqui? – Ri novamente – Seria um pouco estranho se eu não trabalhasse, não acha?

- O que eu acho é que é totalmente inadequado responder uma cliente assim – Cruzo os braços e fecho minha cara – Você vai me ajudar ou terei que procurar alguma outra pessoa que trabalhe aqui?

- Boa sorte com isso, hoje só tem eu aqui – Ela realmente é bem afrontosa, e sua postura mais ainda – O que você está procurando?

Quando coloca as mãos nos bolsos de trás da calça jeans, sem querer, sigo o ato com os olhos e observo suas pernas. E que pernas hem. Por conta do tecido apertado, deu para notar que eram bem definidas.

- Como? – Não entendo o que ela me perguntou pois estou distraída olhando para onde não deveria, e quando não ouço sua resposta, encontro seus olhos novamente, aquele sorrisinho não tinha deixado seu rosto, foi nesse momento que entendi do que ela falava – Eu preciso comprar flores para minha avó que está vindo nos visitar e a única coisa que sei é que ela não gosta de Orquídeas – Aponto para as flores que estão ao nosso lado.

- Vejamos – Ela começa a olhar em volta e a pensar – Normalmente flores que se leva para visitar são Lírios, Girassóis, Copo de Leite entre tantos outros – Faz sinal para que eu a siga pela loja – Hoje temos esses lindos arranjos já prontos de Copo de Leite ou esses de Girassóis, caso queira algum outro posso fazer para você.

- Confesso que continuo não sabendo o que levar, os dois são muito bonitos – Eu realmente estou confusa, nunca comprei flores nem para minha mãe e nunca ganhei flores também– Se fosse você, qual gostaria de ganhar?

- Minha flor preferida não é nenhuma dessas, mas levando em consideração a ocasião, eu escolheria o Girassol, acredito que a alegria deles contagia qualquer pessoa.

- Vou levar essas então – Aponto para o grande arranjo com lindos Girassóis – Você pode colocar em algum suporte para não virar no carro?

- Claro, aqui quem manda é o cliente – Pisca em minha direção e sai com o arranjo para os fundos da loja.

         Nunca parei para pensar que cada flor pudesse significar alguma coisa, mas deve fazer sentido. 

         Depois de 15 minutos Giovana volta com o embrulho nas mãos, essa garota não deveria estar aproveitando o sábado com as amigas? Jovens na idade dela não costumam trocar o fim de semana por trabalhos, a não ser que precisem muito.

- A senhorita não me falou qual suas flores preferidas, já que não são nenhuma das que me mostrou – Tento puxar assunto.

- Como falei antes, sempre levo em consideração a ocasião – Começa a explicar enquanto mexe no computador para emitir a nota fiscal e eu possa fazer o pagamento – Mas acho linda as Tulipas vermelhas e amo o significado da Dália.

- E qual o significado? – Arrisco a perguntar

- Pensando em me mandar flores, professora? – Levanta os olhos para me encarar e aquele sorrisinho de lado volta para seu rosto, enquanto o meu começa a queimar de vergonha.

- Não sonhe com isso senhorita, sei que muitos alunos têm fetiche com professores, mas você precisa voltar à realidade – Me mantenho firme, mas a risada que ela solta quebrou o gelo, percebo que ela só quer tirar com a minha cara.

- Fique tranquila, professora – Ela me entrega a nota com o valor, mostro o cartão para que ela entenda a forma de pagamento, e assim ela faz – Pode colocar a senha – Estende a máquina – Afinal, aproveitando que a senhora está aqui, acho que lhe devo um pedido de desculpas.

- Deve? – Me surpreendo ao ouvir.

- Sim, acho que dei uma impressão completamente errada sobre mim no nosso primeiro dia de aula, não sou sempre atrasada – Ela parece pensar no que quer falar – Na verdade eu sou, muito, mas não para as aulas, para isso sempre sou pontual e esforçada, e não gostaria que você entendesse o ocorrido como algo que fiz para te afrontar – Ela apoia as mãos no balcão que nos separa, parece nervosa.

- E o texto de 8 linhas também faz parte do seu esforço escolar e não de uma afronta? – Levanto uma sobrancelha e a encaro.

- Sendo bem realista professora, se eu quisesse lhe afrontar eu teria escrito apenas 2 – Começa mexer nos dedos, ainda está à procura das palavras certas – As 8 linhas fazem mais parte da minha grande dificuldades com textos – Explica sem graça e com a cabeça baixa.

- É apenas colocar tudo que você pensa sobre o assunto na escrita.

- Parece muito fácil para quem sabe fazer isso – Revira os olhos – Mas não estou tentando justificar nada, sei que minhas notas serão em cima do meu desempenho, só gostaria que você entendesse que não quero lhe afrontar, essa apenas sou eu.

- Apesar de 90% do tempo em que conversamos eu tenha vontade de cortar sua língua fora pelas respostas rápidas que você tem – Ela me olha com os olhos arregalados – Entendi o que você quer dizer, acho que podemos resolver isso com você não se atrasando para a próxima aula.

         Não deixo tempo para que ela me responda, pois pego o embrulho com as flores e saio. No carro a caminho da casa dos meus pais tenho tempo suficiente para pensar naquela conversa.

          Giovana sempre foi muito elogiada entre os professores, e o fato dela se desculpar e admitir sua dificuldade com textos comprova que é uma ótima aluna.

         Quando ela fez a brincadeira sobre eu querer lhe enviar flores eu gelei, pois ela pode estar entendendo errado, assim como já aconteceu com vários alunos e alunas. Não tenho problemas com diferença de idades, não serei hipócrita e dizer que nunca fiquei com pessoas mais novas, pois já fiquei, e mais de uma vez, mas nunca fiquei com alunos. Isso só gera dores de cabeça. 

         Balanço a cabeça para espantar tais pensamentos.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá pessoal!!!!!

Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo, e convido vocês a acompanharem o desenrolar dessa história.

Fiquem a vontade para comentar muito, assim saberei como a história está chegando até vocês.

 

Espero que a leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve.


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Comentários para 1 - Capitulo 1 - O cão:
Raquel Santiago
Raquel Santiago

Em: 27/09/2025

Adorei o primeiro capítulo, confesso que o que me atraiu foi a chamada na sinopse para um relacionamento saudável. Gosto de livros que mostram o amadurecimento das personagens e relacionamentos que evoluem no decorrer da história. Me parece que vou encontrar isso aqui. Ótima escrita, Paloma. Parabéns!


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 02/10/2025 Autora da história
Muito obrigada pela confiança na história, espero que curta muito o decorrer e os acontecimentos


Responder

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jake
jake

Em: 27/08/2025

Olá autora já gostei da Geovana...

Vou sim acompanhar...

 

 


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 27/08/2025 Autora da história
Espero que goste da história.....


Responder

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Mmila
Mmila

Em: 12/08/2025

Eita que lá vem reviravoltas!


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 13/08/2025 Autora da história
Também acho que vem coisas pela frente hahahaha


Responder

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solbezerra
solbezerra

Em: 01/08/2025

A história parece ser maravilhosa! Boa sorteeeeee!


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 01/08/2025 Autora da história
Obrigadaaaa


Responder

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nath.rodriguess
nath.rodriguess

Em: 13/07/2025

AAAAAA muito feliz por essa história estar aqui! Boa sorte, autora! laughing


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 14/07/2025 Autora da história
Muito obrigadaaaaa.....


Responder

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Zanja45
Zanja45

Em: 13/07/2025

Oi!

 

Gostei muito! Giovanna é bem direta. Olívia aparenta ser uma professora linha dura, mas a que tudo indica já sabe o potencial da aluna dela. 


Paloma Matias

Paloma Matias Em: 14/07/2025 Autora da história
Oiiii....

acho que você conseguiu ler bem as personagens logo de cara :)

Muitaaa água para rolar ainda, mas obrigada por já acompanhar.


Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 13/07/2025

Oi!

Gostei muito! Giovanna é bem direta. Olívia aparenta ser uma professora linha dura, mas a que tudo indica já sabe o potencial da aluna dela. 

 

Responder

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