Desculpa de mora para postar um novo capítulo, a vida anda muito corrida.
Capitulo 17 - De volta a Hogwarts
Olhando a neve cair do lado de fora da carruagem, Lana sorriu ao perceber que Hogwarts não era a melhor coisa que tinha acontecido com ela nos últimos meses. Talvez ficasse em terceiro lugar, depois de Domi, é claro, e das maravilhosas férias de inverno que tiveram.
Seria quase impossível contar detalhadamente tudo o que fez durante as duas semanas em que esteve com a família Weasley, mas, de forma resumida, pode-se dizer que...
A brasileira conheceu a casa da namorada, que era chamada de Chalé das Conchas. Tratava-se de uma elegante casinha à beira do mar, que levava esse nome por ser toda enfeitada por conchas. Uma das coisas que Lana mais gostava de fazer durante o tempo que passou por ali era sentar-se em uma das cadeiras de balanço do lado de fora e passar horas conversando com seus amigos e ouvindo o barulho do mar.
Por mais que o Chalé fosse um ótimo lugar para ficar, a maior parte das férias foi passada na Toca. Durante essas duas semanas, Domi só pensava em duas coisas: na moto que ganhou de Natal e em sex*.
Antes de ganhar a moto, Domi não sabia nada sobre o assunto, mas, em menos de uma semana, tornou-se praticamente especialista. Ela e Carlinhos passavam horas pilotando e, quando não estavam na estrada, desmontavam, montavam e faziam aprimoramentos no veículo.
Às vezes, Lana se juntava a eles, só para observar a bruxa prateada concentrada, com as mãos sujas de graxa, ou, melhor ainda, quando ela usava a jaqueta de couro, que a deixava muito sedutora. E isso a levava diretamente ao segundo ponto: o sex*.
Dominique Weasley era praticamente insaciável. Mesmo sem muitas oportunidades de passar horas sozinhas, cada brecha, fosse de quinze minutos ou menos, era aproveitada. Tanto que, por pouco, não foram pegas várias vezes.
Mas, mesmo com o risco do constrangimento, Lana não conseguia resistir. A forma como Domi segurava sua cintura e a puxava para perto, os sussurros em seu ouvido, o sorriso safado, o beijo faminto, o perfume apimentado, a postura de garota má, a voz sedutora... tudo nela fazia Lana arder de desejo.
Mas, além da moto e dos momentos intensos, as férias ainda guardavam surpresas para Lana, a maior delas foi a forma como foi acolhida pela família de Domi.
Quando foi convidada para passar o Natal com os Potter-Weasley, Lana achou que ficar grudada em Domi seria a melhor forma de não se sentir deslocada. Mas estava incrivelmente enganada. Em apenas dois dias, já havia sido acolhida como parte da família.
Além da Toca e do Chalé das Conchas, o lugar que mais frequentou foi a casa de Fred e Roxanne. Em um dos dias, Jorge Weasley até pediu que eles ajudassem na Gemialidades Weasley, já que boa parte dos funcionários tinha ganhado folga após entrarem em contato com um super corante verde de uma das novas invenções dele.
Durante um jantar na casa de Hermione e Ron, Lana recebeu um convite especial da própria Hermione: conhecer o Ministério da Magia. A brasileira mal conseguiu acreditar quando, no dia seguinte, Hermione aparatou no Chalé para buscá-la pessoalmente. A manhã foi incrível. Hermione a levou para conhecer quase todos os setores do Ministério, mostrou projetos em andamento e até a apresentou ao Ministro da Magia em pessoa.
Outro momento inesquecível aconteceu quando Domi a chamou para um passeio de moto. Mas não era um simples passeio, era uma viagem até Londres. Após pousarem em um bairro nobre da cidade, Lana viu uma casa surgir entre outras duas. Domi bateu à porta, e, para sua surpresa, quem atendeu foi Gina Weasley. Aquela era a mansão Potter.
As surpresas do dia não pararam por aí. Ao anoitecer, Ted e Vic surgiram pela Rede de Flu, e foi só então que Lana descobriu que os quatro, junto com a família Potter, iriam a um amistoso de quadribol entre as seleções inglesa e escocesa. Depois do jogo, terminaram a noite em um restaurante trouxa.
De todos os momentos incríveis, o melhor foi o passeio por Londres com Natasha, Vic, Ted, Rox, Fred, Zaki, Lonan, Ino, Domi e Carlinhos.
A cidade ainda estava enfeitada para o Natal, e as luzes faziam a noite parecer dia. Eles visitaram o Palácio de Buckingham, a National Gallery, o Big Ben, a Tower Bridge, o Palácio de Westminster, a London Eye e Camden Town.
Lana fez questão de registrar tudo em fotos e vídeos, mas, de todas as experiências, nada se comparou à sensação de estar no topo da London Eye, a terceira maior roda-gigante do mundo.
- Você sabe como está tornando meus dias maravilhosos? - perguntou a garota, aninhando-se nos braços de Domi.
As duas estavam em pé em uma das cabines da roda gigante, observando uma Londres cheia de luzes e neve.
- Você acha que estou tornando seus dias maravilhosos? Se não fosse por você, acho que teria passado todas as férias em um quarto escuro.
Lana sorriu incrédula. – Claro que não, você tem sua moto!
- Hum, você está com ciúmes?
- Ciúmes? De uma moto? Quem seria a doida?
Domi sorriu e olhou para trás. - Me beija! - pediu ela, bem baixinho, com os olhos brilhando como os de um filhote fofo.
Uma sensação quente se espalhou pelo peito de Lana. Ela também olhou para trás, procurando por Carlinhos. – E seu tio?
- Está distraído olhando o rio.
Lana olhou para sua amada, de lábios tão vermelhos e olhos cinzentos. O desejo de sentir seu gosto era tão forte que ela não conseguiu esperar nem mais um segundo. Então, passou os braços por dentro do casaco de Domi e a beijou devagar, saboreando cada milésimo de segundo.
Quando se separaram, encararam-se apaixonadas, Lana teve certeza absoluta de que Domi era o grande amor de sua vida.
No sábado, antes de voltarem a Hogwarts, a The Band fez uma pequena apresentação no Caldeirão Furado, e, dessa vez, a família compareceu em peso. A apresentação foi bem mais tranquila que a do Três Vassouras, com músicas mais calmas, sendo quase todas conhecidas no mundo bruxo.
Ao final do show, Gui Weasley distribuiu várias camisetas da The Band para os presentes. No dia seguinte, no Beco Diagonal, algumas pessoas foram vistas usando uma camiseta preta com "The Band" escrito em uma fonte que lembrava o título de um jogo de RPG.
Lana embarcou no Expresso de Hogwarts bem menos empolgada do que da última vez. A brasileira despediu-se dos Potter-Weasley já sendo convidada para a Páscoa, e o abraço da vovó Molly foi verdadeiramente o abraço de uma avó. A única coisa que a incomodou foi um pequeno comentário de Ted.
- Cuide de sua namorada. – Ele disse apertando a mão de Lana. – Você parece ser uma garota centrada, e Domi tem um futuro brilhante, mas parece estar meio perdida.
- Namorada? – Lana perguntou completamente espantada. Olhando para Victória que estava ao lado de Ted.
- Sim, a Domi.
- - Como assim, Ted? – Lana riu nervosa. – Eu e Domi? Nós só somos amigas.
- A é? – Ele juntou a sobrancelha parecendo desconfiado. – Só me pareceu que vocês estavam juntas, mas tudo bem, acho melhor eu não comentar isso com ninguém. – Ele terminou a frase dando uma piscadela.
Assim que entrou no trem, Lana disse a Domi que precisava ir no banheiro e a encontrava depois, mas na realidade ela estava esperando Victória entrar no trem. Assim que a garota cruzou a porta da locomotiva, Lana a abordou.
- Com licença. Vic posso falar com você?
Victória hesitou por um momento, parecendo surpresa. – Podemos sim.
Lana nunca teve muito o que conversar com Vic, mas sempre que se aproximava da garota ficava espantada do quanto ela era parecida com Domi, mas só no físico mesmo, os jeitos e trejeitos, a forma de andar até o tom de voz era diferente.
A brasileira fez um sinal para as duas se afastarem da entrada do trem. Olhou ao redor, desconfortável por abordar aquele assunto com tantas pessoas no corredor.
- Você quer saber se eu contei para Ted sobre você e Domi? – Perguntou Vic após alguns segundos.
- Sim. Ele disse com tanta certeza.
- Olha, eu não comentei nada pra ele, e não o ouvi falando nada sobre o assunto, mas vocês dão muito na cara. – Vic levantou as mãos e começou a contar nos dedos. – Só nessas duas semanas fui interrogada sobre vocês por: vovó, tio Ron, tia Angelina, tia Mione, tia Gina, que quase me enganou inventando uma história que Domi tinha contado para ela, e inúmeras vezes pela mamãe, tipo quase todos os dias. Além que eu vi vocês se beijando na London Eye, então se eu vi, Ted pode ter visto também.
O choque em saber que todos estavam comentando sobre as duas, fez Lana paralisar, mas logo em seguida trouxe uma sensação boa. Em nenhum momento a brasileira ouviu uma piadinha ou sentiu que algum familiar estava desconfortável por sua presença. Muito pelo contrário, era como se ela fosse da “família”. Lana sentiu seu queixo cair, ao perceber o motivo de tanto afeto vindo dos Weasley.
- Vic, mesmo eu e Domi não afirmando nada, a sua família realmente pensam que estamos juntas... Não é?
Vic sorriu - Olha Lana, talvez o local de onde você veio as coisas possam ser difíceis, e aqui com toda a sinceridade não vai ser muito diferente, mas posso dizer que existem bastante pessoas de mente aberta que vão apoiar vocês, é claro que sempre vai haver idiotas que vão querer fazer polêmica, mas você sempre vai poder contar comigo e com minha família.
Vic segurou nos ombros de Lana e olhou profundamente em seus olhos. – Todo mundo adorou você, e eu sinto dentro de mim que Domi está muito melhor, agora que está contigo.
- Sente? – Lana levantou uma das sobrancelhas.
- Eu e Domi temos uma ligação muito forte.
Por um milésimo de segundo, o olhar de Vic ficou distante, tornando-se opaco. Mas logo ela voltou ao normal. Segurou com delicadeza na mão de Lana, e com a voz mais amável do mundo disse. – Vou te dar uma concelho cunhada, Domi te ama, muito, mas ela está ficando cansada pela sua insistência em esconder o relacionamento, não deixe que isso destrua o que vocês têm. – Os olhos de Vic brilharam. – Eu adoro o sorriso que a minha irmã dá quando está com você.
Lana voltou para sua cabine mais pensativa do que nunca, ela com certeza reparara que Domi sentia-se bem desconfortável em esconder o relacionamento das duas, e por mais que ela não tivesse comentado mais nada durante as férias, Lana sabia que essa situação não iria durar por muito tempo.
Algumas horas depois, chegaram a Hogwarts sobre uma violenta nevasca, o pátio de entrada provavelmente havia sido limpo há pouco tempo, mas a neve já se acumulava o suficiente para cobrir os pés dos alunos. O inverno poderia ser encantador, quando a neve caía calma como uma música clássica, mas aquela tempestade parecia mais um show de thrash metal.
Os ventos violentos faziam sons sinistros, que lembravam o lamento de algum fantasma, sem contar o frio que gelava até os ossos, chegando a fazer Lana pensar se o Cristal Draconiano não havia perdido a validade, mas a forma com seus amigos estavam tremendo e se encolhendo demonstrava o quanto a noite estava impiedosa até para quem era acostumado.
O grande salão do castelo nunca estive tão bem aquecido, com mais velas e piras do que Lana alguma vez tinha lembrado. Antes de se dirigir para a sua mesa deu uma olhada discreta para Domi que retribuiu, depois foi se aconchegar entre Fred e Annalise. A garota estava morrendo de fome e desejava que tivessem bem poucos anúncios antes do jantar.
Não demorou até a professora McGonagall se levantar e assim saudar o retorno de seus alunos. - Bem-vindos de volta a Hogwarts. – disse a velha diretora com a voz forte e autoritária. – Espero que as férias de todos tenham sido muito bem aproveitadas. Mas agora elas acabaram e vocês precisam se concentrar em seus estudos. – A diretora olhou os alunos por cima dos óculos.
- Devido à nevasca que todos puderam ver quando estavam chegando, devo avisar que a partir de amanhã as aulas de Trato de Criaturas Mágicas serão lecionadas na sala perto das estufas em frente o quadro que retrata a revolta dos doentes. Essas aulas dentro do castelo serão para a segurança de todos até que o tempo ruim passe.
Vários vivas puderam ser ouvidos e Lana quase pulou de alegria, ela já estava sofrendo antecipadamente pela aula que teria na quinta.
- Falando em Trato de Criaturas Mágicas. – Continuou a diretora. – Quero que todos deem as boas-vindas a sua nova professora da matéria, a Srta Isabela Fernandes.
De imediato Lana não entendeu muito bem o que estava acontecendo, o que a diretora anunciava era tão bizarro que a aluna demorou um pouco para que sua ficha caísse.
A brasileira olhou para a mesa dos professores, ainda sem acreditar muito no que ouvira. - Eu só posso ter escutado errado. - Pensava ela, - Não pode ser aquela pessoa. - Mas era. Assim que Lana visualizou a nova professora levantando para ser apresentada, a aluna sentiu-se ligeiramente tonta. Levou as mãos à boca quase entrando em colapso, sentindo seu estômago revirar.
- A Srt Fernandes veio do Brasil para substituir o Sr Piragibe. – Continuou a diretora. - Por mais que tenha pouca idade, o nome Isabela Fernandes já é bem renomado na América do sul como uma revelação no meio da Magizoologia.
Todos os alunos bateram palmas. Os meninos com mais ânimo do que o normal.
- Nossa, que gostosa! – exclamou Ben. – Olha aquele corpo, e o tom de pele como chocolate ao leite.
Pareceu a Lana que a voz dele estava muito longe.
- Gostei do cabelo dela. – Disse Anna. – Bem cacheado e volumoso, cortado curto, quase um Black Power.
Depois de ovacionada, a nova professora sentou-se e olhou para a diretora que continuou os avisos.
- Como que ela não está passando frio? – Perguntou Lana com uma voz nervosa. A garota também era brasileira e não estava usando um cristal, então, em vez de um vestido apertado e sexy, ela deveria estar toda embrulhada em roupas.
- Não sei. – Respondeu Ben com uma voz hipnotizada. – Só sei que aquele vestido está ótimo nela.
- Lana, é sua parente? – Perguntou Fred.
Lana teve que usar todo o autocontrole para disfarçar o ódio. – Minha prima.
- O quê? – Foi a expressão que todos ao redor dela soltaram.
A brasileira procurou Domi no meio da mesa da Corvinal, mas não conseguiu acha-la. Lana queria muito saber o que a namorada estava comentando sobre a nova professora.
- Como assim a sua prima? – Fred puxou o rosto de Lana. – Achei que a sua família era de trouxas.
Lana não estava com paciência para ficar falando sobre Isabela. – Ela não é prima de primeiro grau, é uma prima distante de uma família que eu descobri só quando entrei em Castelobruxo.
Após os recados a diretora deu início ao grandioso banquete, mas a brasileira estava se sentindo tão enojada que até perdeu a fome depois da péssima notícia que recebera. - Ainda não estou acreditando nisso, vou ter que ter aula com ela... logo ela. - Ela pensava enquanto olhava sua torta de carne intocada, Lana não conseguia evitar o sentimento de desprezo, afinal, aquela garota a havia humilhado de todas as formas possíveis.
Assim que o jantar acabou, a brasileira correu ao encontro de Domi, queria logo sair dali e levar a namorada. - Ainda bem que minhas aulas de Trato de Criaturas Mágicas são junto com a Corvinal, assim posso ficar de olho nas duas, e agora com Isabela aqui, está fora de cogitação assumir o meu namoro, Domi terá que entender.
- Ei Lana. – Domi sorriu como sempre fazia ao vê-la. – Chegou um murmurinho na mesa da Corvinal, de que a nova professora é da sua família, é verdade?
- Tecnicamente sim. – Respondeu ela puxando Domi pela mão.
- Ei por que a pressa? – Shun se intrometeu entre elas. – Se é sua parente, nos apresente, temos que dar as boas-vindas a ela.
Lana sentiu vontade de socar a cara de Shun. Isabela sempre fazia aquilo com os homens: transformava-os em um bando de idiotas.
- É Lana, ela é da sua família, quero muito a conhecê-la. - Domi falou, já rumando na direção da mesa dos professores.
Lana segurou Domi e se aproximou para sussurrar em seu ouvido. – Temos muito tempo para conhecer Isabela, mas eu quero foder agora!
A Weasley parou na hora já com os olhos brilhando de desejo, Lana sabia que a oportunidade de sex* cegaria Domi para qualquer outra coisa.
- Eu faço tudo que você quiser amor – disse ela já guiando Lana para a saída.
Mas não havia mais tempo. Lana sentiu seu braço sendo segurado e, no momento em que se virou para ver quem era, deu de cara com aquele rostinho lindo de olhos amendoados.
Lana, quanto tempo! – Isabela a envolveu em um grande abraço, atraindo a atenção de alguns alunos que pararam para observar. – Eu estava morrendo de saudade, quanto tempo faz? Dois anos?
- Quase três. – Respondeu a garota entre dentes.
Isabela a olhou com um sorriso convincentemente sincero. – Fiquei tão feliz em saber que você tinha vindo para Hogwarts. Nossa, a primeira Fernandes a estudar nessa escola milenar.
- E você, a primeira a dar aula. – Lana exibiu um sorriso amarelo.
Os olhos de Isabela brilharam, e Lana se lembrou de como sempre imaginou veneno escorrendo deles.
- Vovô estaria muito orgulhoso se estivesse vivo.
- Augusto morreu?" – Lana ficou tão surpresa que sua voz saiu mais fina do que planejava.
Sim, você não soube? Foi há uns três meses.
Como eu saberia? Nunca sou avisada de nada sobre a sua família.
- Nossa família! – Isabela segurou os ombros de Lana como uma irmã mais velha protetora. – Mamãe mandou que eu me desculpasse pela atitude de vovô ao considerar você e seus pais como não sendo membros da família. Vovô era um homem muito antigo, que vivia como se estivesse no século passado.
- Seu avô não era o único na família que parecia viver no século passado. – Se Lana pudesse lançar rajadas de raios pelos olhos, teria feito dois grandes buracos no rosto perfeito de Isabela.
- Ei, desculpe interromper. – Domi surgiu ao lado de Lana. – Prazer, sou Dominique Weasley, amiga de Lana. – Disse ela estendendo a mão e cumprimentando Isabela.
Na hora que as mãos das duas se tocaram, Lana teve um pressentimento terrível.
- Prazer. – Isabela falou com aquele sorriso maravilhoso. – Weasley? É parente de Ronald Weasley? Aquele bruxo famoso dos sapos de chocolate?
- Sim, ele é meu tio.
Nossa, é um prazer conhecê-la, Dominique. Pelo que sei, seu tio teve um papel importante na Segunda Guerra Bruxa Britânica.
Domi sorriu inocentemente. – O prazer é todo meu em conhecer um parente de Lana.
- E ai, Lana, não vai nos apresentar? – Ben chegou junto com Anna e Fred.
- São todos amigos de Lana? Nossa, é um prazer conhecer os amigos de minha prima. – Isabela apertava as mãos de todos exibindo um sorriso carismático. - Você se saiu muito bem por aqui priminha.
Lana teve vontade de mandar Isabela pegar aquele 'priminha' e enfiar no meio do... Mas, naquele instante, outra questão surgiu em sua mente. - Como você não está com frio?
Ah, sim! – Isabela abaixou a alça direita do vestido, quase revelando o início do seio. – Por causa deste ideograma. – Um pouco abaixo de seu ombro, havia uma tatuagem estranha. – Foi feito durante um ritual da tribo Tehuelche. Ele equilibra a temperatura à minha volta, sempre a mantendo amena. Foi uma mão na roda quando eu decidir catalogar espécies na Patagônia.
- Nossa, que legal. – Domi passou os dedos sobre o ideograma. – Lana, você poderia fazer isso também.
Lana teve vontade de pegar uma faca e cortar a mão de Domi para ela aprender a nunca tocar em outra mulher.
- Ah, dificilmente. Isso é algo que a tribo guarda a sete chaves. Eu tive muita sorte de me tornar amiga deles.
- Eu não preciso desse ritual, já tenho o Colar Draconiano. – A brasileira mal conseguia controlar o tom de voz; o ódio dentro dela era crescente.
- Colar Draconiano? Já ouvi falar, mas são muito raros.
Isabela falava, e ao fundo, Lana jurava que podia ouvir o som de um chocalho de cascavel. - Domi me emprestou o dela.
Ah, é? – Isabela olhou para as duas, e seus olhos venenosos brilharam mais uma vez. - Dada a extrema raridade desses colares, posso deduzir que vocês duas são muito próximas.
Nesse momento, Lana percebeu o grande erro que havia cometido. - Foi... Foi só um empréstimo, por... porque eu estava sofrendo com o frio. – Lana tentou se explicar, mas tropeçou na própria língua.
- Sim, claro. Bom vou deixar vocês irem para seus. – Isabela mordeu os lábios e ergueu os olhos, como se estivesse tentando se lembrar de algo. Ela fazia isso de uma forma incrivelmente sexy.
- Salão comunal? – Respondeu Shun com voz de bobo.
- Isso mesmo. Até amanhã, meninos. – Isabela se virou e saiu andando exibindo seu corpo em um sensual caminhar.
Lana olhou para Domi a tempo de ver a garota praticamente devorando o corpo de Isabela com os olhos. A brasileira sentiu um ódio repentino pela namorada, a empurrou e saiu pisando firme.
Não demorou até Domi alcançá-la e puxá-la pela cintura em um movimento íntimo. – Ei, o que foi?
Lana afastou as mãos da bruxa e continuou andando sem dizer nada. Ela ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo. Quais eram as chances de sua carrasca escolar vir a ser sua professora? Isso era a pior coisa que poderia acontecer.
Domi a seguiu em silêncio, mas quando chegaram ao saguão de entrada do castelo, onde Lana deveria virar à direita em direção ao seu salão comunal, Domi a puxou pelo braço para um estreito corredor à esquerda, o mesmo onde Lana lhe dera a blusa do Aerosmith antes mesmo de estarem juntas.
Ei, por que você está brava? – Os profundos olhos acinzentados de Domi expressavam preocupação, algo raro de se ver.
Você acha que eu não percebi você olhando para Isabela com cara de idiota?
- O quê? – A expressão de preocupação de Domi foi substituída por uma de divertimento. – Está com ciúmes de mim, Srta. Fernandes?
Lana cruzou os braços e assumiu uma expressão emburrada. – Não é ciúmes, é cuidado. Sei muito bem do que Isabela é capaz.
Domi puxou Lana pela cintura, fazendo com que seus corpos se aproximassem. A garota sentiu o habitual arrepio de excitação. Domi a quebrava ao meio quando a tocava e exibia um sorriso de canto, com um ar de cafajeste.
- Você é a dona do meu coração, amor, não existe mulher no mundo mais linda que você!
Lana tentou não sorrir, mas sempre se derretia quando a namorada dizia aquelas coisas românticas.
- Além disso, um olhar não significa praticamente nada. Ou você acha que eu não percebo as olhadas que você dá para o professor Radcliffe?
Lana enrubesceu. – É diferente com o professor Radcliffe.
- Por quê?
- Porque você não estava olhando para uma garota qualquer.
- Há, então o problema é ela ser sua prima? Ok, meu amor, não olho mais.
- Ela não é minha prima.
- Como assim?
- Ela é apenas uma parente distante, e eu não quero que você a olhe porque temos um histórico ruim.
- Tem algo a ver com o avô de vocês? Ouvi Isabela comentando algo sobre isso.
Lana esboçou um sorriso amarelo ao se lembrar do famoso Augusto Fernandes. – Eu não tinha conhecimento de Isabela e de toda a família dela até entrar em Castelobruxo. – Lana não queria falar sobre aquilo, mas sentia que devia uma explicação a Domi. – O avô de Isabela teve um irmão anátema chamado Gustavo, que é o meu avô.
- Anátema?
- Trouxas que nascem em famílias de bruxos... Aqui vocês os chamam de abortos.
- Ah sim! Então esse Augusto é o seu tio-avô?
- Para a infelicidade dele e minha. – Lana respirou fundo para continuar a história. – O sobrenome Fernandes é muito comum no Brasil, mas a família bruxa dos Fernandes, é uma família nobre e muito antiga, que preserva ao máximo seu sangue puro.
- Sei como é. Algumas famílias de bruxos britânicas pensão assim até hoje.
Então você sabe como são essas pessoas. Quando descobriram que meu avô era um anátema, simplesmente tiveram a 'bondade' de criá-lo até a maioridade e depois o expulsaram de casa com algumas moedas no bolso e um poderoso feitiço de esquecimento, para que ele não se lembrasse de nada, a não ser do próprio nome.
- Que bosta! – Domi parecia horrorizada com aquilo. – Mas eu pensei que no Brasil as coisas eram mais colaborativas entre bruxos e trouxas.
- E são. Mas muitos bruxos brasileiros têm um problema sério: não gostam de pessoas diferentes. Você é bem-vindo se for aquilo que nasceu para ser. Se veio de uma família não mágica, deve ser um não mágico. Se nasceu em uma família bruxa, deve ser um bruxo. Se você sair da expectativa dos outros, automaticamente será tratado como uma aberração.
- Então quer dizer, que você, por ter vindo de uma família não mágica?
- Minha sorte em Castelobruxo é que, assim como Hogwarts acolhe bruxos de toda a Grã-Bretanha, mesmo estando na Escócia, Castelobruxo acolhe bruxos de toda a América do Sul. Então, boa parte das pessoas não ligam se você é nascido trouxa ou não.
Domi ficou em silêncio, refletindo sobre o que Lana dissera. – E o seu relacionamento com Isabela?
A brasileira fez uma careta só de se lembrar da prima. – Isabela fez questão de me humilhar assim que ficou sabendo de mim, na frente de todos. – Lana lembrava-se daquele dia como se tivesse sido ontem. – Fui falar com ela toda feliz por ter descoberto minha família, e ela fez questão de me rebaixar ao nível do mais imundo dos vermes. Depois disso, tornou minha vida na escola um fardo.
- Mas ela não parecia ser esse monstro.
- Eu conheço aquela víbora muito bem. Não se deixe enganar pelo sorriso encantador e pelos olhos brilhantes. Tenho certeza de que a vinda dela para cá foi armada.
- Ei, ei, não precisa ficar tão nervosa ou com medo. – Domi a beijou com calma e carinho. - Esses Fernandes não têm a mínima influência aqui em Hogwarts, e a novata sem amigos agora é ela. Além disso, a Diretora McGonagall não pensou duas vezes antes de demitir o último professor que desrespeitou um aluno. E você tem outra coisa que supera tudo isso!
- E o que seria? – disse Lana, já sorrindo, porque sabia que vinha alguma brincadeira.
- E você tem a mim, mon amour! A sua super namorada.
Lana enroscou seus braços no pescoço de Domi rindo gostosamente. – O que seria de mim sem você? – E assim a beijou, não uma, mas muitas vezes, e a cada beijo a brasileira ia sentindo-se mais leve
Fim do capítulo
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