Naquela manhã de domingo, Lorenzo acordou agitado. Mal tomou café da manhã e já chamou seu motorista para leva-lo ao local de votação, onde combinou de se encontrar com Anabê  para, de lá, encaminharem-se ao QG do partido até o final do horário de votação.

Luiza, que voltara brevemente para Florianópolis após o fiasco do casamento que não ocorreu, decidiu voltar de moto para aproveitar a paisagem, madrugando na estrada.

Cecília também votou, mas foi para casa logo em seguida para descansar e acompanhar as prévias pela televisão.

Perto das cinco da tarde, a equipe de Lorenzo havia acabado de almoçar – sim, almoçar –  , e Luiza havia acabado de chegar de seu colégio eleitoral.

- As filas estão enormes, pessoal está votando em peso. – Comentou a caçula das Gutierrez.

- Lu, você está com cheiro de graxa. – Anabê apontou.

- Deu um problema com a minha moto quando estava chegando em São Paulo, daí arrumei.

- Por que você não ligou para alguém?

- Porque não era algo difícil de arrumar e eu perderia tempo, simples assim.

- Gosto assim, da minha irmãzinha independente! – Lorenzo apareceu, afofando os ombros da irmã e depois dando-lhe um cafuné. – E a Mirella, ficou lá no Sul?

- Ficou. Eu disse a ela que essa semana ficaria por aqui.

Nisto, Maria Júlia apareceu, com um laptop em mãos, fone de ouvido com microfone e completamente afobada:

- Pessoal, a votação encerrou, já temos as primeiras prévias!

- Viva as urnas eletrônicas, quanta praticidade! – Anabê exclamou.

- E aí, como estamos? – Lorenzo perguntou, ansioso.

- Estamos com uma desvantagem de 10% atrás do primeiro colocado por enquanto. – Maria Julia anunciou.

- É só o começo, ainda não apuraram as urnas do seu público alvo. – Daniela, ao lado de Maria Júlia, comentou.

- Oi, Dani... – Luiza acenou para a ex.

- Lu! Que bom te ver por aqui! – Daniela respondeu, sorrindo.

- Bem, ainda estamos em segundo, porém páreo a páreo com o terceiro. – Maria Júlia comentou, de cara fechada.

- Vamos manter a calma. – Anabê afirmou, segundos antes de apontar para a televisão. – Mude de canal, esse canal aí não gosta do Lô, estão falando só dos outros candidatos. 

- Espera, para nesse canal. Estão falando do meu vice.

- Até agora não entendi como o pessoal do seu partido topou tê-lo como vice. – Anabê comentou.

- Ele é um pouco radical e populista, mas era a melhor escolha. Muitos que o apoiam não me viam com bons olhos no começo. Mas as ultimas pesquisas mostraram que muitos deles mudaram de opinião. Ou assim espero.

- Pode até ser, mas a imprensa parece detestar mais a ele do que você. Estão falando que ele foi direto para a Avenida Paulista após ter votado, só para se consagrar como político do povo. – Luiza comentou, ainda olhando para a televisão.

- Mas isso que é legal nele. Ele é sim político do povo, ele alcança um público que eu não consigo alcançar. – Lorenzo o defendeu. – Além do mais, ele é extremamente progressista, empático e simpático. 

- Saíram novas prévias! – Maria Júlia anunciou. – E...estamos em terceiro.

Um pouco desanimado, Lorenzo foi até o frigobar do salão e pegou uma garrafa de cerveja.

- Hey maninho, nem metade das urnas ainda foram apuradas, não fique assim. – Luiza foi logo atrás do irmão e pegou outra garrafa de cerveja.

- Esse definitivamente não foi meu ano. Tenho um ex noivo preso e um ex namorado que não quer me ver nem pintado de ouro.

- E eu tenho uma ex namorada cuja qual tenho que assistir de camarote enquanto ela vive um relacionamento feliz e saudável com a sua assistente de mídia.

Nisto, Anabê apareceu.

- E eu tenho uma ex namorada que preferiu ser militar e arriscar a vida diariamente do que continuar comigo.

- Camélia não deu mais notícias? – Luiza perguntou.

- Raramente fala comigo. Mas acho melhor assim. E você, falando assim da sua ex, não está feliz com a Mirella?

- Sim, não, sei lá. Já não sei mais o que estou fazendo da vida.

- Somos muito azarados no amor, mana. Um brinde à falta de sorte.

- Posso interrompê-los? – De súbito, Daniela apareceu.

- Oi? Ah, pode sim! – Luiza congelou.

- É que a Júlia pediu para avisar que voltamos para o segundo lugar e a projeção do primeiro colocado não há votos suficientes para ganhar no 1º turno...

- Temos uma chance para o segundo turno então?! – Os olhos de Lorenzo brilharam.

- Vai ser trabalhoso, mas há uma possibilidade!

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Duas semanas e quatro dias se passaram. O segundo turno seria dali 3 dias, mas antes, haveria o último debate. De um lado, Lorenzo arrumava a gravata, um pouco ansioso, e do outro, Jorge Benevides sorria com certa prepotência.

No centro do palco, sob as luzes intensas e diante de uma multidão ansiosa, o jornalista Guilherme Owner assumia sua posição. 

- Boa noite a todos. – O jornalista iniciou, com a voz calma e assertiva – Bem-vindos ao debate decisivo para a prefeitura de São Paulo. Esta noite, dois candidatos contrastantes apresentarão suas visões. Lorenzo, conhecido por suas políticas progressistas e abordagem inclusiva, e Jorge Benevides, cuja perspectiva ultraconservadora provocou intenso debate. Vamos começar.

Guilherme então se virou para Lorenzo: 

-Vamos falar sobre economia. Como você pretende melhorar a situação financeira de nossa cidade?

Lorenzo sorriu, com uma ponta de confiança:

- Entendo que uma economia forte se baseia na igualdade de oportunidades. Pretendo investir no setor tecnológico. Temos que atrair investidores e criar empregos. Nos últimos anos, temos investidores saindo da cidade e procurando o interior. Devemos trazê-los de volta à capital. Além disso, quero focar na formação de qualidade, capacitando nossos cidadãos para ocuparem esses novos postos de trabalho, criando mais cursos na área de tecnologia da informação. É uma visão sustentável que impulsiona todos os setores.

- Isso é uma fantasia! A verdadeira solução é cortar impostos de grandes empresas para gerar empregos. O resto é conversa fiada. – Jorge rebateu. – A iniciativa privada já tem diversos cursos na área de tecnologia e possibilidade de bolsa de estudos, o governo não precisa ficar criando novas vagas ou instituições.

- Sr Gutierrez, o senhor Benevides fez sua breve réplica. Tem direito a tréplica.

- Devemos sim dar incentivos fiscais para as empresas e indústrias se atraírem e retornarem ao solo paulistano. Inclusive isso está incluso no meu plano de governo. O senhor Benevides parece apenas vociferar que vai cortar isto, vai cortar aquilo, sem um plano concreto. No debate do primeiro turno, com os outros candidatos, foi exatamente assim.

- Escuta aqui seu c-

- Assunto encerrado com a tréplica, Sr. Benevides. Vamos para o próximo assunto. Quais são suas sugestões sobre a educação paulistana, candidato? - Guilherme continuou.

- Educação baseada em valores tradicionais é o que nossos filhos precisam para restaurar a disciplina! Valores conservadores, valores de família. Nossas famílias estão sendo destruídas por essa agenda de progressistas.

- Quem destrói as famílias são os maridos que traem as esposas e fazem filhos fora do casamento. Aliás, quantas famílias o senhor tem mesmo, sr. Jorge?  - Lorenzo não se aguentou e aproveitou para citar o fato de que seu candidato já estava no terceiro casamento.

- Pessoas erram, Lorenzo. Hoje tenho minha família e respeito os valores tradicionais. Não vivo uma vida de promiscuidade e não estou envolvido com criminosos. O rapaz que iria casar com você não está preso? Se é que casamento é a palavra certa para esse tipo de relação...

Lorenzo gaguejou e começou a suar. Sabia que, apesar de ter começado bem, a mesa estava virando para o lado de Jorge naquele debate. Guilherme interrompeu para chamar os comerciais e Lorenzo foi encontrar sua equipe no camarim, e se deparou com sua mãe com olhar desapontante, enquanto segurava uma pasta amarela.

- Mãe, eu já disse, não vou usar essa pasta.

- Você está perdendo, Lô. É hora de recorrer a medidas drásticas.

- Eu não quero saber o que tem aí dentro! Quero jogar limpo, eu já disse!

- Lorenzo, acho melhor você checar. É sério. – Maria Júlia interveio. – Tem informações nessa pasta que podem te ajudar a vencer o debate. Não é nada sujo, apenas fatos com provas e evidências.

- Filho, Jorge acabou de jogar na sua cara o que aconteceu no casamento. Você não pode deixar assim.

- Mãe, você disse que o que aconteceu poderia ser usado a meu favor, e até então só recebi retaliação.

- O jogo político é cruel, Lô. É por isso que você deve combater fogo com fogo.

Lorenzo respirou fundo. Hesitou por alguns segundos e estendeu a mão para pegar a pasta. Era hora de jogar como um adulto.

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O debate retornou e a discussão seguiu para a saúde. Jorge argumentou por um modelo privado, enquanto Lorenzo defendia o sistema de saúde universal e gratuito em vigência. 

Em ética, Jorge acusou Lorenzo de ser um idealista, ao que seu oponente respondeu de maneira serena: 

- Ética é sobre servir a todos com transparência, algo que parece ter sido esquecido por alguns. Inclusive, já que tocamos no assunto “transparência”, gostaria de utilizar meu tempo para citar um acontecimento que foi abafado pela mídia há alguns anos, cerca de trinta anos atrás, aproximadamente. O sr. Benevides namorava uma moça que o acusou de violência doméstica, mas a investigação não foi para frente. Tempos depois, essa menina acabou morta. Suspeita de suicídio. A irmã dela está na plateia. – Lorenzo apontou para a moça que estava descrita na foto dentro da pasta. A menina se levantou, segurando o choro e a emoção.

Uma outra voz na plateia gritou “Benevides assassino!” e foi retirada pelos seguranças.

- Pessoal, vamos manter a calma. Sr. Gutierrez, o senhor tem dez segundos.

- Eu lhe pergunto, Jorge, sua ex namorada se matou mesmo? Ou foi assassinada?

- Isso foi baixo, até mesmo para você, Lorenzo. – Jorge respondeu, um pouco perdido. – Eu sofri muito na época que minha ex namorada se matou. Você não tinha o direito de trazer isso à tona. Gostaria de pedir uma pausa, não estou me sentindo bem.

Jorge se recusou a retornar dos comerciais. Guilherme Owner e a produção do debate decidiram, então, por continuar o programa como se fosse uma entrevista exclusiva com Lorenzo Gutierrez.

- Candidato, nosso próximo tópico do debate seria a respeito da situação dos moradores de rua. O que o senhor tem a dizer sobre o assunto? Lembrando que, como não há mais oponente no debate, o senhor tem o dobro do tempo para discorrer sobre.

- A situação dos moradores de rua é um reflexo de nossas falhas sociais. É dever da cidade proporcionar não só abrigo, mas também serviços de saúde mental e oportunidades de reintegração social. Criminalizar a pobreza não é a resposta.

O jornalista continuou seguindo o roteiro sobre questões de direitos humanos, as quais Lorenzo discorreu apaixonadamente.

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Finalmente o dia do segundo turno havia chegado. No QG, Maria Julia deixou tudo decorado para que, caso Lorenzo ganhasse, o ambiente já estivesse em clima de festa e, caso perdesse, o discurso de aceitação também já estaria escrito e pronto para ser lido. A assistente também deixou quase tudo arrumado para, que, ainda em caso de vitória, após a comemoração no QG, Lorenzo fosse direto para a Avenida Paulista, onde iria encontrar seu vice, que já estava lá aguardando o resultado, assim como no primeiro turno.

Dani apareceu logo de manhã, para ajudar a namorada.

- Você já votou? - Perguntou Maria Julia.

- Já sim, fui bem de manhãzinha porque a fila estava vazia. E você?

- Ainda não, vou daqui a pouco. Tinha tanta coisa para fazer… Aliás, ainda tenho detalhes para acertar.

- Pois me deixe ajudar. Eu termino aí, vai votar que é mais importante.

- Tem certeza?

- Tenho. Me envie pelo celular lista dos detalhes que você teria que terminar e vai cumprir o seu dever cívico.

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Luiza, que simplesmente passou a noite farreando e aproveitou o amanhecer para votar direto,  apareceu também no QG, com a roupa que usou para festejar de madrugada e a maquiagem borrada.

- Sabe me dizer se já fizeram café? Preciso de um gole imenso e sem açúcar. - Luiza comentou, ao se aproximar de Dani.

- Primeiramente bom dia… e ainda não fiz café, não chegou ninguém. Mas é só pegar o pacote, o filtro de papel e ligar a cafeteira.

- Não tem daquelas cafeteiras de cápsula? Lorenzo foi tão mão de vaca assim?

Dani apenas riu e continuou a fazer seu serviço. Luiza colocou sua caneca sobre a mesa e acabou adormecendo na cadeira ao lado.

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Cerca de uma hora depois, Luiza sentiu um par de lábios pairando em sua testa, em um suave beijo.

- Dani? - Luiza esfregou os olhos, acordando por completo. 

- Que bom que acordou! O pessoal já deve estar chegando. Você deu uma boa cochilada.

- Você beijou minha testa?

- Hã?

- Agora há pouco, enquanto eu estava dormindo, pouco antes de eu acordar, você beijou minha testa?

- Acho que você estava sonhando…- Dani riu. 

Luiza percebeu que, pela distância em que Dani estava, não seria possível aquele beijo ter ocorrido, sendo somente uma projeção dos seus desejos em um sonho qualquer. A jovem Gutierrez então suspirou, um pouco frustrada.

- E essa carinha entristecida aí? Hoje é dia de ter esperança, temos grandes chances com o Lorenzo.

- Eu mandei uma mensagem para a Mirella de madrugada, meio que terminando tudo.

- E por que você fez isso?

Luiza apenas deu de ombros, quando por dentro se segurava para dizer toda a verdade. A cena da última vez que tentou se declarar ficava martelando em sua mente…

“- O que você está fazendo aqui?! – Perguntou Dani, levando Luiza para seu apartamento e deixando os seguranças no lobby.

- Eu estava no Rio de Janeiro, e pensei em você, daí pensei em vir te ver...

- Você mal fala comigo, e agora aparece assim?

- Você sabe porque eu estive ocupada. Estava, e estou, cuidando da mamãe.

- Eu sei, mas não justifica você sumir desse jeito.

- Tinha muita coisa na minha cabeça... sabe há quanto tempo eu não saio para tomar um porre assim?

- Uau, parabéns pelo sacrifício...

- Não, não foi isso que eu quis dizer... digo... eu sinto sua falta.

- Lu, eu não posso viver à mercê das suas atitudes. Eu entendo que você precisa ficar mais próxima de sua mãe, mas não precisava me anular da sua vida assim. Se você quiser, podemos ser amigas, podemos nos reaproximar aos poucos, mas não podemos voltar ao que éramos, até porque estou com outra pessoa.

- Com quem?

- Você não a conhece. Estamos ficando ainda, é tudo muito recente.

- Entendo. – Luiza suspirou. – Se é amizade que você quer, posso tentar ser sua amiga.”

- Eu não falei para ninguém, mas a Maria Julia recebeu uma proposta para trabalhar em uma empresa italiana no setor de comunicações. Após encerrar o contrato com Lorenzo, ela já inicia o novo trabalho em Roma.

- E você vai junto?

- Não, eu tenho a faculdade para terminar, toda minha vida está aqui. Nós iríamos tentar um relacionamento à distância, mas…

- Mas…? - A atenção de Luiza se voltou completamente para o término da frase.

- São muitas questões a serem levadas em consideração.

- Quando a gente gosta de verdade, não existe isso de questões a serem levadas em consideração.

- Existe sim. Nem sempre o amor é o único fator a ser considerado.

- Mas você a ama?

Dani reagiu com surpresa à pergunta. Não sabia o que responder. 

- Daniela, todo esse tempo eu não parei de pensar em você. Por mais que eu tente, você não sai da minha mente!

- Luiza, isso não é hora para esse tipo de assunto. O pessoal já vai chegar. - Dani deu um passo para trás.

- Se agora não for a hora, quando vai ser? - Luiza se aproximou novamente. - Você não me respondeu se ama a Maria Júlia porque no fundo sabe a verdade.

- Que verdade? - Dani engoliu a seco, lutando para que seu corpo não se aproximasse involuntariamente do de Luiza.

- Termina com ela. Deixe-a viver a nova fase dela na Itália. - Luiza puxou Dani pela cintura, sem beijá-la, apenas deixando seu rosto próximo o suficiente para sentir sua respiração.

- Lu…-  A essa altura, as pernas de Daniela já estavam enfraquecidas. Flashbacks de momentos íntimos da época em que estavam juntas passaram pela cabeça de ambas.

- Você sabe o que você quer. No fundo, você sabe. - Luiza sussurrou, antes de escutarem um barulho e se afastarem por completo.

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Com o encerramento da votação, Lorenzo aguardava ansioso pela apuração no QG. A tensão entre Luiza e Dani quase passou despercebida, se Maria Júlia não tivesse reparado na troca de olhares.

- Dani, aconteceu alguma coisa? 

- Não aconteceu nada, por quê? - Dani respondeu um pouco ríspida.

- Você está meio diferente, distante.

- Só estou preocupada com a apuração.

- Hm… aliás, podemos conversar um pouco? Ainda não conversamos direito sobre aquele assunto…

- Se for sobre a Itália, achei que já tivéssemos conversado a respeito.

- Tecnicamente sim, mas eu tenho outra coisa para te falar. Podemos conversar na varanda?

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Com uma vista para a rua, cheia de decorações das cores do partido de Lorenzo, Dani e Maria Júlia contemplaram o silêncio por alguns segundos.

- Dani, eu sei que o timing não é legal, mas eu preciso dizer isso logo antes que me consuma. Você é extremamente especial, uma menina de ouro, e merece toda felicidade do mund-

- Que discurso é esse? Parece até que vai terminar comigo…?

- Você e Luiza se pertencem. Eu vejo a maneira que vocês se consomem com o olhar. Respeito o fato de você considerar o nosso relacionamento, mas pare de se torturar.

Dani ficou sem reação. Antes de qualquer resposta, ambas foram chamadas pois as urnas já começavam a mostrar resultados.

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- Já estamos com mais de 80% das urnas apuradas e ainda não temos um vencedor definido. - Lorenzo coçava a cabeça, preocupado.

- Pelo menos agora estamos chegando nas regiões de São Paulo onde encontramos a maior parte do seu eleitorado. Não se preocupe. Vamos aumentar a vantagem. - Maria Júlia tentava acalmá-lo.

“Maria Júlia terminou comigo.” - Dani enviou a mensagem de texto para Luiza.

“Por quê?”

“Meio que reconhecendo que ainda estou apaixonada por você…”

“E está?”

“Não está claro?”

- Eu ganhei! Fechou 99%! Eu ganhei! Eu ganhei! - Lorenzo gritava, em prantos de felicidade. Os demais olhavam para as telas com um misto de alegria e incredulidade pois a diferença entre os candidatos era algo entre 1 e 2%. Foi por um triz.

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Em meio às comemorações, Luiza conseguiu puxar Dani para uma sala à parte, dentro do próprio QG.

- Finalmente conseguimos ficar sozinhas.

- Tem um monte de gente lá fora, Lu, inclusive a Maria Júlia…

- O pessoal já está indo para a Paulista… e eu precisava muito fazer isso….

Sem pestanejar, Luiza a puxou, simultaneamente com firmeza e delicadeza, beijando-a com um sentimento carregado de todo aquele tempo que passaram afastadas, com toda aquela saudade que sentiram uma da outra mesmo quando nem sabiam o que se passava em suas mentes.

Fim do capítulo