Capitulo 65 - Fim
Extra
Mariana
Me mexo na cama larga sentindo minhas costas doerem. Ao meu lado Camila tem metade do corpo descoberto. Dorme com as pernas abertas me deixando com pouco mais de quarenta centímetros de espaço para dormir. Observo sua barriga enorme. Não é à toa que ela tem reclamado de dores nas costas, entramos para o oitavo mês das gêmeas.
Ela resmunga baixinho, vira de lado com dificuldade, e solta um suspiro cansado. Eu me aproximo devagar e ajeito o lençol sobre sua pele descoberta, tentando não acordá-la. Minha mão repousa sobre a curva arredondada de sua barriga e, quase imediatamente, sinto um leve chute sob a pele esticada. Um sorriso involuntário se forma nos meus lábios.
- Bom dia, minhas meninas - murmuro, num tom de sussurro. - Já estão treinando para o campeonato de futebol?
Camila gem*, sonolenta, abrindo um dos olhos.
- Elas não dormem, eu não durmo... alguém nessa casa ainda dorme? - sua voz rouca e engraçada me arranca uma risada abafada.
- Eu dormia até ser chutada pra fora da cama.
- A culpa não é minha... elas já têm o temperamento da mãe. - Ela me lança um olhar preguiçoso e provocador, antes de fechar os olhos novamente.
- Você sabe que isso não é elogio, né? - brinco, encostando meu rosto em seu ombro, sentindo o calor tranquilo do seu corpo.
- Pra mim é. - Ela responde, e mesmo com a voz arrastada, consigo ouvir o carinho por trás das palavras.
Ficamos em silêncio por um momento. Eu ouço os passarinhos do lado de fora, o barulho suave das árvores balançando, e o leve zumbido do ar condicionado. A casa ainda dorme. Luiz Henrique deve estar na cama, agarrado ao ursinho que ele não larga nem para ir ao banheiro. E Manuela, provavelmente, está enrolada no cobertor com os pés pra fora, como sempre. Ana deve ter fugido no meio da madrugada para dormir ao lado do irmão, tem sido difícil acostumá-la com seu novo quarto.
Eu respiro fundo, com o coração apertado, mas não de dor. É um aperto doce, cheio de emoção. Porque, mesmo com noites mal dormidas, com dores nas costas, com o medo do parto se aproximando... estou exatamente onde queria estar, com a minha casa cheia de amor e cuidado.
- Você está pensando muito. Está atrapalhando meu sono. - Camila murmura, sem abrir os olhos.
- Estou pensando que a vida é mesmo doida. Quem diria que a gente ia chegar até aqui…
Ela sorri, ainda com os olhos fechados, e leva a mão até a minha.
- A gente não chegou. A gente construiu.
E eu sei, no fundo do meu peito, que é verdade. E ali, deitada ao lado do amor da minha vida, com a casa ainda mergulhada no silêncio da madrugada e duas novas vidas crescendo dentro dela, eu entendi que felicidade não é um destino — é esse instante entre o caos e a calmaria, onde tudo faz sentido sem precisar de explicação. Tudo o que um dia eu idealizei estava ali: nos olhos cansados de Camila, nos pequenos chutes sob sua pele, no silêncio cúmplice que preenchia a madrugada. Nos nossos filhos no quarto ao lado. Eu não sobrevivia mais ao passado — eu vivia o agora. E o agora era tudo o que eu sempre sonhei.
Fim do capítulo
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Joanna
Em: 17/05/2025
História bastante emocionante, o amor de Camila e Mariana em suspenso pelo destino, caminhos que voltam a se cruzar, tanto Camila com a Helen quanto com Mariana, mostrando que o amor não termina, ele fica dentro de nós, mesmo que não se concretize.
Parabéns!
Bj
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jake
Em: 15/05/2025
Poxa autora poderia ter mais um cap mostrando a vida com o nascimento das gêmeas...
Poxa pena que acabou ....Queria saber oq aconteceu com Manu e Lívia no futuro....
Merece Continuação...
Parabéns pela história maravilhosa cheia de sentimentos e emoções chorei sorri sofri junto com as meninas Parabéns não canso de elogiar....Mto obrigado...
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