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Corações Entrelaçados por Scrafeno

Ver comentários: 5

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Palavras: 1092
Acessos: 610   |  Postado em: 25/04/2025

Capitulo 30

 

Acordei antes do sol. 

A luz ainda não beijava as janelas, mas o cheiro do café já subia da cozinha, como uma lembrança quente do que era viver com Mariana. Ela fazia isso às vezes - acordava no meio da madrugada, colocava uma música baixinha, e se refugiava no cheiro do café quente como quem buscava um tipo de paz que só o silêncio da manhã oferecia. 

Na primeira vez que vi isso, achei estranho. Eu, que sempre precisei do barulho do mundo para não ouvir o caos dentro de mim, não entendia essa solidão escolhida. Mas agora, era familiar. Parte do nosso novo cotidiano. A parte que me fazia sorrir mesmo nos dias nublados. 

Desci devagar, ainda de pijama. Pisava macio no chão de madeira, para não espantar a calmaria que ela cultivava como quem cuida de um jardim raro. Encontrei-a sentada no balcão, pés descalços, caneca nas mãos, cabelo preso de qualquer jeito. Usava uma camisa minha, larga, com uma mancha de tinta azul na manga esquerda. Sorriu quando me viu, aquele sorriso pequeno, quase tímido, que era só meu. 

- Bom dia - sussurrei, encostando no balcão. 

- Bom dia, amor. Quer café? 

Balancei a cabeça. Fui até ela, beijei sua testa, depois a curva do ombro, onde sua pele ainda guardava o calor do edredom. 

- Sempre. 

Vivíamos assim há quase um ano e meio desde que voltamos. Com rotinas feitas de pequenos gestos: cafés às cinco da manhã, bilhetes colados na geladeira, caminhadas ao entardecer, silêncios que já não eram desconfortáveis. 

Depois que a verdade veio à tona - sobre o coração de Victória batendo no peito de Mariana -, tudo se partiu. Mas ao mesmo tempo, foi o começo de algo mais honesto. Mais corajoso. 

Demoramos a entender como prosseguir. Fomos à terapia juntas. A cada semana, a terapeuta nos ajudava a tirar os entulhos deixados por todas as versões antigas de nós mesmas. Mariana chorava nas primeiras sessões. Eu também. Chorávamos por tudo que perdemos, por tudo que ainda temíamos perder. Por termos nos machucado mesmo tentando acertar. 

Tínhamos medo, mágoa, vergonha - mas também amor. Um amor cansado de fugir. 

O tempo passou, e o medo virou cuidado. A mágoa virou conversa. E a vergonha? Virou memória. Hoje, não há mais monstros escondidos nas gavetas. Só cartas antigas, fotos em porta-retratos, e a vontade sincera de seguir em frente - uma com a outra. 

Depois do café, ela me acompanhou até a varanda, onde costumo escrever. Minha terapeuta sugeriu que eu voltasse a escrever - não só para trabalhar, mas para mim. Mariana sentou-se ao meu lado, em silêncio, e ficou observando os passarinhos que vinham roubar migalhas do pão que ela deixava de propósito na mureta. 

A luz ainda era tímida, dourando de leve a grama do jardim. Havia um vento suave que trazia o cheiro de lavanda e um murmúrio distante de cidade acordando. Foi nesse silêncio, com os olhos cheios de céu e o coração quase calmo, que ela me disse: 

- Você ainda me escolheria? 

A pergunta me pegou de surpresa. Larguei a caneta, olhei pra ela. Os olhos castanhos, a respiração contida, o nervosismo tímido. 

- Todos os dias - respondi. 

Ela sorriu. Tirou uma caixinha do bolso da camisa. Pequena, azul-marinho, com as iniciais do nosso nome gravadas com um M e um H entrelaçados. 

Abriu devagar, revelando dois anéis simples, com uma linha gravada por dentro. Ela disse que era uma linha contínua, como a gente. Que podia entortar, afastar, quase sumir... mas nunca se quebrava. 

- Helena... eu quero que você saiba que estou aqui porque eu te amo. E mesmo que eu tivesse que passar por outro transplante, mesmo que meu coração fosse trocado mil vezes, ele ainda escolheria amar você. Sempre. 

Chorei. Claro que chorei. Mariana sempre soube como dizer tudo que importava sem usar muitas palavras. 

Nos colocamos os anéis. Devagar, com mãos que tremiam mais de emoção do que de medo. E ficamos ali, na varanda, abraçadas, ouvindo o som do mundo nascendo outra vez. 

Dois anos se passaram. 

Agora, olhando pra ela dormindo no sofá, com os óculos caindo do nariz e um livro aberto no colo, penso em como tudo isso quase não aconteceu. Como o destino, às vezes cruel e confuso, pode nos dar uma segunda chance - quando a gente tem coragem de enfrentar a dor com as mãos abertas. 

Nosso apartamento agora tem plantas demais e receitas novas toda semana. Tem música de fundo no fim da tarde, e pratos lavados juntos com os pés descalços molhando o chão. Temos um gato preguiçoso chamado Tom, que só obedece Mariana e me ignora solenemente. 

Temos dias bons e outros nem tanto. Às vezes discutimos sobre a organização da despensa ou sobre o filme da sexta-feira. Às vezes nos calamos por orgulho, mas sempre encontramos o caminho de volta pelo cheiro do café ou por um toque no braço enquanto lavamos a louça. 

Nos domingos, Mariana gosta de inventar receitas, e eu escrevo enquanto ela testa sabores. Recentemente, ela começou a pintar de novo. Fez um quadro nosso, com traços leves e cores suaves, como se o amor fosse uma aquarela que nunca seca. 

E às vezes, no meio da noite, ela acorda, encosta em mim e sussurra coisas que só fazem sentido entre quem se ama: 
"Te encontrei de novo." 
"Obrigada por ficar." 
"Te amo como se fosse a primeira vez." 

Mariana mexe os pés, murmura alguma coisa. Me aproximo devagar, sento ao lado dela, e fico ali. Apenas ali. Porque não preciso de mais nada. 

Ela acorda aos poucos, me vê, sorri com os olhos ainda sonolentos. 

- Tá tudo bem? - pergunta, baixinho. 

- Tá - respondo. - Tá tudo muito bem. 

Escrevo isso como quem fecha um livro. Mas sei que a história continua. Nos cafés que ainda vamos tomar, nas brigas que ainda vamos ter, nas manhãs em que vamos acordar de mau humor e nos domingos em que vamos cozinhar demais. A vida continua, mesmo depois do "fim". 

Amar alguém também é isso: um recomeço diário. Uma promessa que se cumpre mesmo quando a gente não fala. Um olhar que diz "estou aqui", mesmo no meio do caos. 

Eu continuo escolhendo Mariana. 

Com cicatrizes, com silêncio, com risadas inesperadas. 
Com receitas que não dão certo e músicas repetidas no rádio. 
Com promessas sussurradas de madrugada. 
Com tudo que somos. 
E com tudo que ainda vamos ser. 

- Fim - 

Mas só porque os livros precisam de ponto final. 
A vida, não. 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Quero deixar aqui um agradecimento especial a cada pessoa que leu, sentiu e se conectou com minhas histórias. Escrever romances lésbicos é, para mim, uma forma de amor, resistência e encontro — e saber que minhas palavras encontraram abrigo em vocês me emociona profundamente.

Também agradeço de coração à Lettera, essa plataforma que acolhe tantas vozes, afetos e vivências que por tanto tempo foram silenciadas. Obrigada por nos dar espaço, visibilidade e carinho.

Seguimos juntas — com palavras, sonhos e coragem.

 

Com carinho, Scrafeno


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Comentários para 30 - Capitulo 30:
Nenete
Nenete

Em: 16/08/2025

Parabéns, uma bela história de amor, recomeço e segunda chance. Gostei muito.

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Mmila
Mmila

Em: 08/06/2025

Parabéns autora pelo desenrolar da história, muito bom!

Muito boa escrita.

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 28/04/2025

Obrigada autota por essa história maravilhosa.....

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Shirley
Shirley

Em: 27/04/2025

Lindo demaos, parabens autora, entregou tudo. Obrigada por compartilhar seu dom conosco. Sucesso sempre!

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Mika Araújo
Mika Araújo

Em: 25/04/2025

Parabéns por esse maravilhoso livro, autora. Obrigada pela dedicação para nos entregar uma história com essa qualidade e delicadeza. Tenho certeza que a sua família está orgulhosa de você. 

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E-mail: contato@projetolettera.com.br

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