ILHA BELA
DILL POV
- Alan o que está acontecendo? - saio do carro toda esbaforida sem entender o que acontecia.
- Calma mãe! Desculpa ter mentido, mas você não queria conversar com a Juliana e vi que estava sofrendo. - olhei de soslaio para a mesma que estava sentada sobre o capô de seu carro olhava o horizonte.
- Dona Adriana. A ideia foi dele, me desculpe mentir para a senhora. Mas ele está certo, vocês precisam conversar.
Coagida pelo casal, decidi me render à ideia deles e a meu sentimento.
- Tudo bem! Vocês venceram. Mas se isso der errado, vocês estão ferrados comigo. Nunca mais me dê esse susto. - vi um largo sorriso surgir em meu filho.
- Tá bom mãe. Agora eu e Camila vamos comer algo. Me empresta se carro. - deu um beijo em meu rosto, pegou a chave e saíram abraçados.
Nervosa, sem jeito me aproximo de Juliana.
- De verdade Juliana, não sei porque eles fizeram isso. Desculpa! Eu sei que você voltou com sua ex e tem todo direito, afinal eu que terminei por medo. Me desculpa por eles, não queria complicar as coisas para você. - ela se vira para mim.
- Até quando você vai fugir de quem você é Dill? Até quando você vai se esconder por medo do que outros irão pensar?
- O que tem isso a ver agora? Por que se importa?
- Porque eu quero saber se vamos precisar nos esconder depois que sairmos daqui?
- Como assim nos esconder? - ela sorri o melhor dos sorrisos.
- Dill! Eu não voltei com a Carla. Não tive mais ninguém depois de você!
- Eu vi vocês se beijando na porta da sua casa.
- Corrigindo! Você viu ela me beijar na porta de casa, mas eu não correspondi. Todos os dias eu torcia para que você se aceitasse e revisse nosso término. Eu nunca te tirei da cabeça, só não queria e não quero ficar na moita. - nesse momento tapei seus lábios com minha mão.
- Terminar com você me doeu, eu estava com medo, aliás ainda tenho, mas não penso passar mais nenhum minuto sem você. De tudo que já vivi na vida, você era o que eu procurava. Não há nada que possa me manter longe de você! Chega de me esconder.
Não havia mais palavras, havia ali duas almas se encontrando. O beijo foi carregado de emoção e paixão. Não havia mais amarras. A procura havia terminado.
JULIANA POV
- Bom dia amor! - a abraço por trás ainda deitadas.
- Bom dia! - ela segura forte minhas mãos.4
-Muito bom acordar com você! Só não posso ficar muito na cama, porque tenho aula jajá.
- Eu sei. Também preciso ir. Deixei Alan sozinho ontem, quer dizer com a Camila e também preciso acertar as coisas da loja. - fomos levantando devagar.
- Vai dar tudo certo. Acho que vocês irão segurar bem e quanto a seus pais, acho que com o tempo irão aceitar toda essa situação.
- Espero mesmo e se não entenderem Sinto muito, não vou viver pensando sobre isso.
- Amor vamos tomar café na padaria, perdemos a hora, não dá tempo de fazer. - eu escovava os dentes rapidamente.
- Importa se eu for tomar em casa, quero saber como está o Alan?
- Sem problemas, nos vemos a tarde. Alías, que tal se a gente almoçar lá perto do ginásio? - sorri lembrando de nossos encontros antigos.
- Com certeza. Pode me deixar em casa?
A levei em casa, depois para a aula. Meu coração transbordava felicidade, todos perceberam que alguma coisa havia mudado, pois eu não parava de sorrir.
3 ANOS DEPOIS
- Dil, colocou tudo dentro do carro? - confiro se estava tudo ok com as malas.
- Sim! Já até coloquei o Romero dentro também.
- Não podemos esquecer nosso gato. - entro e faço um carinho nele.
- Vamos. Quero pegar a estrada logo para aproveitar esses dias de quase férias. Ju, obrigada por ter feito isso. Sempre tive vontade de passear num motorhome. - me deu um selinho antes de se ajeitar no banco da carona.
- Ainda não é nossa volta ao mundo, mas vai dar para aproveitar. Já mandou o endereço para o Alan?
- Mandei sim. Camila disse que já estão saindo de São Paulo, vão nos encontrar na balsa.
- Olha Dil essa Camila é especial hein. Como ela tem ajudado ele.
- Sim! E olha que ele nunca se curou da depressão, mas está conseguindo suportar o dia a dia. A loja foi outro fator. Ele tem um hiperfoco. Mas sei que preciso sempre estar atenta aos sinais.
- Sim. Depressão é uma doença cruel, quase como um alcoólatra. um dia de cada vez.
- Depois que mudamos nossa loja para produtos esportivos, as coisas mudaram e meus pais parecem que aceitam um pouco mais. - Dill levantou as mãos para o céu como se agradecesse.
- Eles já gostam de mim, até me perguntaram por mim.
- Sim! Perguntaram se eu ainda estava com a fulana. - rimos juntas
- Você vai ver, logo eles irão aceitar e por falar em fulano. Teve notícias do fulano.
- Acredita que ele está saindo com uma mulher rica e casada! - frisou casada. - E o marido dela já avisou que se eles continuarem vai dar outra surra nele. - balançamos a cabeça negativamente. - A mãe dele não dá um tostão para ele. Ele está trabalhando num escritório e gasta todo seu dinheiro com roupa para tentar impressionar a tal mulher.
- Meu Deus! Olha desculpa Dill mas juro que não sei o que você viu nele. Tenho dó da sua ex -sogra. Olha! esse não tem jeito. Não sei qual será o fim dele.
- De verdade não me importa, se Alan não quer saber dele e está bem. Eu também não quero. Só quero saber de nós e do nosso casamento. Não sei de onde tiramos essa ideia de casar na praia. - riu sem jeito.
- Amor não é um casamento. Vamos apenas firmar nosso compromisso. Será só nós, Alan e Camila e minha família. Casadas já somos.
- Te amo Juliana! - fez carinho e beijou meu rosto.
- E eu a ti Drill. - Quer dirigir um pouco amor?
- Não Ju, quero olhar essa vista maravilhosa e pensar no que ainda vamos curtir.
DILL POV
- Oi meu filho! Oi nora. Como foi a viagem? - dei um abraço duplo nos dois enquanto Juliana tirava as coisas do motorhome.
- Sair de São Paulo nunca é fácil mas depois foi tudo bem. - acaricieI o rosto de meu filho e pedi que ajudasse Juliana.
- Camila como ele está? - andamos até a entrada da casa.
- Inseguro, ainda tem crises, mas ajudo no que posso.
- Obrigada por ser estar para ele.
- Sogra eu amo seu filho e não me custa sanar suas inseguranças. Os remédios tem funcionado bem. - dentro de mim já entendia que ele nunca ficaria 100 por cento, mas que Camila parecia ter a chave para ajudá-lo.
Após o sim das noivas, elas fazem os votos.
- Adriana. Apesar de nos conhecer a mais de 30 anos, só depois de velhas ( risos) fomos nos encontrar. Parece que a vida estava nos preparando para esse momento. Tudo que vivi não chega nem perto do que temos. Você é minha luz, minha calma, o amor que me faz perguntar: Então isso é o amor verdadeiro? Obrigada por tudo e por tanto. Você sabe o que te odeio né. - arranquei alguns risos, pela forma que terminei o discurso, mas era uma forma nossa, segurei as lágrimas para poder terminar.
- Sim amor também te odeio. - Dill sorriu. Nunca imaginei que na busca por mim mesma acabaria encontrando o amor da minha vida. Você me mostrou que temos de lutar para sermos nos mesmas, você nunca deixou de acreditar em mim. E por falar em acreditar vou contar uma história que nunca contei.
Um pouco antes de você me convidar para sair a primeira vez, uma cigana me parou na rua e disse que eu não ficaria solteira por muito tempo, que iria encontrar alguém do trabalho e seria uma coisa de pele. Algo que não conseguiria segurar. Juro que pensei em todos os professores daquele projeto, mas sequer imaginava que seria você. E hoje eu me pergunto: porque não nos encontramos antes, você é tudo que eu quero. Te amo sonsa. - mais risos de todos.
Foi um fim de semana em família, como deveria ser sempre, muitas histórias, carinhos e comilanças. Ao final do domingo, elas entraram no motorhome e curtiram um belo passeio de volta. Com uma parada em Campos do Jordão como lua de mel.
“O amor às vezes não acontece no tempo que queremos, muitos passam por transformações e demoram anos para acontecer. Já vi amores que foram e voltaram. O amor é uma busca dentro de nós mesmos, quando nos encontramos, ele acontece. Não importa o tempo, a idade; o importante é aproveitar da melhor forma”
Fim do capítulo
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ropretinha
Em: 09/04/2025
Linda história, recordei alguns momentos da minha própria história, feliz que hoje podemos ler algo impensável na minha época, parabéns por retratar as dificuldades de um relacionamento lésbico, em meio a uma sociedade hipócrita, e sim que existem finais felizes, OBRIGADA
lorenamezza
Em: 12/04/2025
Autora da história
Sim. Mesmo q com certas demora rs.
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HelOliveira
Em: 07/04/2025
Adorei a história, parabéns autora
lorenamezza
Em: 07/04/2025
Autora da história
Obrigada.. por ser"quase real", foi difícil de escrever.
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Mmila
Em: 06/04/2025
Ufa!!!
Lindo final para esses duas sofredoras.
Parabéns autora pela história.
lorenamezza
Em: 06/04/2025
Autora da história
Obrigada. Pelo menos nas histórias tem de vencer. De triste já basta a realidade de muitos
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Lea
Em: 05/04/2025
E o amor venceu.
lorenamezza
Em: 06/04/2025
Autora da história
Pelo menos nas histórias tem de vencer. De triste já basta a realidade de muitos.
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lorenamezza Em: 20/04/2025 Autora da história
Obrigada! Sendo uma história quase real, fico muito feliz. Estamos juntas, ainda sem ela sair do armário, mas somos felizes.