• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Um Lugar Que So Nos Conhecemos
  • Capitulo V - Um Lugar Que So Nos Conhecemos

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • A outra
    A outra
    Por caribu
  • Meu Amor Por Voce!
    Meu Amor Por Voce!
    Por Chris Vallen

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Um Lugar Que So Nos Conhecemos por Omuwandiisi

Ver comentários: 2

Ver lista de capítulos

Palavras: 4724
Acessos: 105   |  Postado em: 04/04/2025

Notas iniciais:

 

Às Vezes, Você Não Consegue Fazer Tudo Sozinho.

 

Capitulo V - Um Lugar Que So Nos Conhecemos

 

Capítulo V

 

Um Lugar Que Só Nos Conhecemos: Às Vezes, Você Não Consegue Fazer Tudo Sozinho

 

Melanie Newfield

 

OS DEDOS DELA deslizavam sobre as teclas do piano, construindo os primeiros acordes da canção. Jake, o baterista da banda, entrou juntamente com ela, fazendo ressoar bumbo, surdos e pratos, construindo uma bela muralha sonora. Então, depois de alguns segundos, a bateria cessa, fechando o acompanhamento com o som dos pratos, e ela começa a cantar, enquanto continua a tocar o piano...

''I walked across an empty land

I knew the pathway like the back of my hand

I felt the earth beneath my feet

Sat by the river and it made me complete

 

Oh, simple thing, where have you gone?

I'm getting old, and I need something to rely on

So, tell me when you're gonna let me in

I'm getting tired, and I need somewhere to begin'' ¹

A bateria volta a acompanhar o piano e a voz dela segue encantando a todos. Fico toda arrepiada com a maneira como ela interpreta essa canção. Diz muito sobre nós, mas acho que diz mais sobre ela.

A canção está acabando e essa parte deixa-me atordoada. A voz dela é linda e faz todos os presentes olharem para ela com encantamento:

''And if you have a minute, why don't we go

Talk about it somewhere only we know?

This could be the end of everything

So, why don't we go?

So, why don't we go?

Ooh, oh-oh

Ah, oh

This could be the end of everything

So, why don't we go somewhere only we know?

Somewhere only we know

Somewhere only we know'' ²

E a música acaba.

Todos aplaudem com entusiasmo. Ela está ficando boa, bastante boa. Ela olha para todos nós e sorri timidamente. Aquele sorriso que tinha conquistado-me há tantos anos e ainda deixava-me boba. Ela abaixa os olhos para o teclado do piano e toca algumas teclas aleatórias. Phil, o guitarrista da banda, aproxima-se dela e toca em seu ombro, fazendo um afago. Fecho meu punho com irritação.

— Eu conheço esse olhar.

Olho para Claire e não escondo o meu descontentamento.

— Esse ''mala'' sempre dá um jeito de tocar nela. Você nunca notou?

— Eles são amigos, amor.

Olhamos para o casal no momento em que Celina, a baixista, chega perto dos dois e começa a mexer nos dreadlocks do cabelo de Shaira.

— E dela, você não sente ciúmes? — Indaga Claire, encarando-me.

— As duas cresceram juntas. Nós acompanhamos o convívio delas. E se gostam como irmãs.

— Claro que sei, amor. Mas você implica muito com o Phil. Ele é um bom garoto, e você sabe disso. Até investigou o coitado.

Solto um longo suspiro no momento em que Jake junta-se com o grupo, entregando um refrigerante para cada um. Eles conversam animadamente. Possuem muita interação. Afinal, além de amigos, eles são bons músicos e, com certeza, conseguiram brilhar, logo, logo.

— Mamãe, mamãe — Zion grita enquanto corre em nossa direção. Claire, que até agora estava com sua mão em meu ombro, levanta-se e senta-se na cadeira espreguiçadeira, esperando o garoto chegar até nós.

Estou com uma long neck na mão, já pela metade, e observo-o correndo. Mas, ao chegar perto de nós, ele escorrega e eu levanto rápido para evitar que ele choque-se com a minha cadeira, tentando segurá-lo. Agarro-o com meu braço direito, a garrafa vai ao chão e sinto uma dor intensa que joga-me em um turbilhão de lembranças...

 

Eu e Aliceia estávamos a alguns metros do prédio de alvenaria, todo cheio de pichação e com a aparência de abandonado. Só não demonstrava estar totalmente vazio devido a uma das janelas estar iluminada por luzes que vinham do interior do edifício.

— Eu vou até lá.

— Nem pensar, Melanie. A equipe já está chegando.

Respiro fundo, olhando para o céu. Nuvens escondiam as poucas estrelas que ousaram surgir nesta noite úmida e quase fria. A Lua já havia dado boa noite já há muito tempo. E o poste de iluminação estava a vários metros de distância de nós. Estávamos no interior de uma espécie de guarita, imunda e cheia de seringas, bitucas de cigarro e até camisinhas. Uma nojeira. Porém, dali éramos praticamente invisíveis.

— Está quase um breu. Vai que quem está lá dentro são moradores de rua e não que esperamos.

— Nossa fonte é segura, Melanie. São eles.

— Vou rapidinho — e faço um movimento para sair.

— Não — diz ela, segurando meu antebraço —, eu vou.

— Ficou maluca? Há quanto tempo você não sai a campo? — Ela solta-me, olhando-me com pesar. Aliceia, depois que assumiu o comando das equipes, nunca mais saiu do conforto de sua sala, em uma investigação. Não como essa. Na verdade, não sabia o que ela estava fazendo ali. — Você nem deveria estar aqui.

— Prometi, a alguém, que não deixaria você fazer maluquices, como a que você fez na Turquia. Você levou um tiro, Melanie.

— Foi de raspão. Claire falou com você? Ou foi o pai dela quem pediu? — Ela olha-me, mas não responde.

Ambas encaramos a janela iluminada. Já era para a nossa equipe ter chegado.

— Então, chefe, posso ir? — Mesmo a contragosto, ela assente.

Sem dar tempo para ela mudar de ideia, saio quase rastejando da guarita e corro rapidamente até um carro enferrujado, sem rodas, que estava entre nós e o prédio. Agacho-me atrás dele. Olho ao redor, para os telhados dos outros prédios. Tudo vazio. Eu empunhava minha Glock .40 S&W. Ergui-me bem lentamente e olhei através da janela do carro, sem nenhum vidro, dando uma boa visão do que tinha à minha frente. Um gatinho preto passa embaixo da janela que estava iluminada e solta um miado longo. Uma sombra aproxima-se da janela e abaixo-me rapidamente.

Espero longos segundos e ergo-me novamente. Não tinha mais gato nem sombra.

Respiro fundo, o ar gelado da noite queimando meus pulmões. Me agacho, pressionando as costas contra a lateral do carro, sentindo o metal frio através do tecido da minha roupa preta. A escuridão é minha aliada, tornando-me uma sombra entre as sombras.

Pelo menos era o que eu achava...

De repente, um crack seco corta o silêncio. Algo ricocheteia no asfalto a centímetros dos meus pés, lançando uma chuva de pedriscos afiados contra minha face.

Tiro de rifle. Longe. Precisão...

Meu coração dispara, mas meu corpo já está em movimento antes mesmo de meu cérebro processar o perigo. 

Giro no lugar, deslizando sobre o concreto, e ergo os olhos para os prédios ao redor. No topo de um deles, um breve clarão — a luz fugaz de uma luneta refletindo a lua.

Sniper.

Zuuum! Um projétil rasga o ar, passando tão perto do meu ouvido que sinto o vento cortante. Instintivamente, rolo para trás do carro, buscando cobertura, quando ouço os disparos curtos e precisos da Aliceia. Ela está respondendo ao fogo, mirando na janela iluminada. 

Mas então...

— Oh, merd*!

Algo escuro e arredondado é arremessado da mesma janela. A granada descreve um arco mortal no céu antes de quicar no asfalto, rolando direto em minha direção. 

Não há tempo para pensar. Meu corpo reage antes que eu possa articular um plano. Dou um salto lateral, jogando-me contra o chão com força, cobrindo a cabeça com os braços. 

BOOM!

A explosão é um inferno de luz e pressão. O choque me arremessa como uma boneca de pano, meu lado direito atingido por uma onda de destroços incandescentes. A dor é instantânea, aguda, mas passageira porque, em seguida, tudo escurece. 

O silêncio. 

A escuridão. 

E então... Nada.

 

— Desculpa, mamãe... — a voz de Zion traz-me de volta à realidade.

Olho ao meu redor e todos estão encarando-me. Procuro Claire, o seu olhar, o seu toque. Então, percebo que sua mão está acariciando meu ombro direito, o do braço.

— Desculpa, mamãe... — Ele repete. Zion está seguro. Eu consegui evitar sua queda, amparando-o com meu braço esquerdo.

— Não foi nada, querido. Achei que você fosse cair. Posso saber por que da correria toda?

— Vim pedir para ir tomar sorvete, com o vovô e a vovó.

— De novo, filho? — Claire indaga.

— Essa é nova. Eu e o seu pai queremos conhecer e convidamos o Zion — explica a mãe de Claire. — Podemos ir todo mundo...

— Você quer ir, amor? — Pergunto para Claire.

— Prometemos assistir ao ensaio da Shaira, lembra?

— Verdade. Vamos ficar, então — decido. — Mas, cuidado, campeão, para não engordar — afirmo, bagunçando os cabelos de Zion.

— Não vou — ele afirma e junta-se com os pais de Claire, saindo todos juntos.

Olho para o chão e não vejo os cacos da garrafa quebrada.

 

Claire Bell

 

— JÁ LIMPEI — digo a ela, notando o seu olhar no chão e a ruga que se forma em sua testa.

— Não percebi.

— Mamãe me ajudou — digo, fazendo leve carinho em seu braço.

Agora ela já consegue mexer os dedos da mão direita, mas não o suficiente para ela usar uma arma. Foram meses de fisioterapia. Achávamos que ela fosse perder os movimentos todos, mas sua persistência fez com que ela superasse todas as adversidades. Agora ela já move o braço e os dedos.

Aproximo-me e a beijo com carinho.

— Quer outra cerveja? — Ofereço-me para buscar.

— Quero, mas eu vou pegar.

— Não quer que eu pegue para você?

— Não precisa, amor — responde e me beija. — Eu pego. Assim, aproveito e vou lá mostrar para aquele abusado, ali, o lugar dele — aponta com a cabeça na direção da banda. E levanta-se, rapidamente.

Eu sei que ela não quer conversar sobre o que aconteceu agora há pouco, por isso a desculpa dela mesma buscar a cerveja.

— Tudo bem? — Ouço a voz de Kelly, preocupada. Não tinha percebido ela aproximar-se. — Lá da piscina, deu a impressão de que ela teve um mini apagão.

Eu ainda olhava para onde ela tinha ido e agora ela conversava animadamente com o pessoal da banda. Shaira estava de braços dados com ela. Elas davam-se muito bem. Eram muito amigas, mais que mãe e filha, e isso fez muito bem para Melanie.

— Acho que sim, mas já não é como aqueles que ele teve no princípio, logo depois do acidente.

— Aliceia fez bem em convencê-la a continuar a trabalhar na agência, mesmo não podendo mais sair e fazer as investigações fora dos escritórios — diz Kelly, sentando-se na espreguiçadeira onde estava Melanie.

— Ela não queria, mas a vinda das crianças ajudou-a a tomar uma decisão e aceitar a oferta da chefa dela.

— Nossa, nem parece que faz tanto tempo...

— Sim — digo, lembrando-me de como tudo começou —, cinco anos...

 

Melanie estava concentrada no caminho que fazíamos. Seu olhar, em frente, atento a tudo. Eu acariciava seus cabelos, agora curtíssimos. Depois que ela assumiu um dos escritórios da agência, ela adotou o corte pixie cut e ficou linda. Eu observava sua mão, quase empunhando todo o volante, mas que não conseguia segurar mais uma Glock. Estávamos indo para o orfanato. Desde que começamos a falar em filhos, decidimos pela adoção. E, na verdade, foi logo depois disso que ela conseguiu reerguer-se mais rapidamente. Ela ficou muito mal depois do acidente e de perder parte dos movimentos da mão direita. Mas, agora, depois de muita fisioterapia, força de vontade e o desejo de ser mãe fizeram com que ela mudasse, deixando para trás os dias tristes vividos no hospital e exercícios de recuperação.

Ela olhou para mim e sorriu.

— Está pronta?

— Mais do que você possa imaginar — respondo, sorrindo. — Eu ainda não acredito que vamos ser mamães, que vamos ter uma filha.

— Filhos. Eu quero que o menino venha também. Vamos adotar os dois, afinal são irmãos.

— Claro, amor. Jamais separaria os dois — ela assente e volta a concentrar-se na estrada.

Shaira e Zion eram jamaicanos. Sem pai, a mãe imigrou clandestinamente para o nosso país, passando por Cuba e entrando pela Flórida. Lá, os três viveram praticamente na rua, até a mãe morrer de overdose. Assim, de orfanato em orfanato, adoções não efetivadas e fugas, vieram, os dois, parar aqui, em Nova Iorque.

Apesar da pouca idade, 10 anos, Shaira era uma menina muito inteligente e cuidava muito bem de Zion, que tinha cinco anos. Quando ela contou a aventura da fuga deles da Flórida até aqui, de carona em carona, ficamos impressionadas e assustadas, afinal a aventura durou quase uma semana e ela contava toda orgulhosa de como convencia as pessoas, principalmente os caminheiros, a dar a carona. Melanie encantou-se pelos dois, e eu também.

Melanie estacionava nesse momento o carro que, a propósito, trocamos. Esse que tínhamos agora era um SUV Volkswagen Touareg, já que seríamos agora uma família grande. E tínhamos, ainda, o Kratos, nosso Bull Terrier.

Saímos do carro e seguimos juntas em direção à entrada do orfanato. Assim que entramos na recepção, vemos Olívia, a diretora do local, que já nos esperava. Sorridente, ela caminha até nós.

— Bom dia, meninas. Preparadas?

— Sim — respondemos em uníssono.

— Decidi levar vocês duas para conversarem com eles em uma sala separada dos demais. Tudo bem?

— Você, Olívia, está acostumada com os procedimentos. Faremos o que for melhor para todos — diz Melanie.

— Certo, vamos lá.

Seguimos a diretora por um curto corredor até chegarmos à sala em que as crianças estavam. Entramos e vimos Shaira sentada no chão com um violão em seu colo e Zion, deitado, folheando uma HQ.

— Shaira, Zion — informa a diretora —, a Melanie e a Claire querem falar com vocês.

Aproximamo-nos e sentamos no chão. Zion fecha a HQ que estava lendo e senta-se, também, olhando-nos, timidamente. Olívia senta-se em uma poltrona, um pouco distante de nós, mas de onde ela podia nos observar e ouvir.

— Oi — começo a falar —, como vocês estão?

— Eu estou bem, mas ele está um pouquinho gripado — fala a menina apontando para o irmão.

Olhamos para Olívia, que observava tudo de onde estava.

— Já medicamos. Tinha um pouco de febre à noite, mas já não tem mais.

Assentimos e voltamos a olhar para os dois irmãos.

— Você toca violão? — Pergunta Melanie. A menina assente e como resposta dedilha algumas notas: ''Is This Love?'', de Bob Marley. Mas, para após alguns acordes.

— Uau! — Dizemos, juntas. Ela era boa. Tinha talento.

— Como aprendeu? — Pergunto. Ela dá de ombros.

— Sozinha — ouvimos Olívia esclarecer. — Esse violão estava abandonado em um canto qualquer, ela viu, pediu para usar e sozinha aprendeu a tocar. Não me pergunte como. E ela é um prodígio; e canta, também.

— Que lindo, Shaira — elogia Melanie. A menina sorri abertamente, um lindo sorriso branco.

— Eu não quero tocar violão — ouvimos Zion, olhando para a revista fechada. Era uma HQ dos X-Man. — Eu quero desenhar, mas ninguém me ensina — ele completa com tristeza.

Shaira dá um olhar de reprovação para ele, que abaixa o rosto para os quadrinhos, folheando-os.

— Já falei, para ele, que tem de estudar em uma escola especial para desenhistas.

— Então, temos uma boa notícia para vocês dois, quer dizer, achamos que é uma boa notícia — digo olhando para eles. Zion ergue seu rostinho e me encara. Shaira está atenta, mas parece desconfiada.

— Que notícia? — Ela indaga.

— Bom — começo e pego na mão de Melanie, segurando-a com carinho —, eu e Melanie somos um casal...

— Tipo, marido e mulher?

— Sim, Zion, só que somos duas mulheres. Não tem homem na nossa relação.

Ele olha para a irmã e ela assente com a cabeça. Ele pisca os olhos algumas vezes.

— Eu já tinha explicado isso para ele, que vocês eram namoradas.

— Isso é ruim? — Ouço Melanie questionar, apertando minha mão.

— Não — ele responde.

— Vocês são muito lindas e educadas. Gostamos de vocês.

— E você é muito esperta, Shaira, e vejo que se preocupa muito com o seu irmão — Melanie afirma, tocando no rosto da menina, que aceita o carinho e sorri.

— Bem — começo novamente —, vou ser direta, já que dá para perceber que vocês são bem astutos: eu e Melanie queremos adotar vocês. Podemos ser suas mamães?

Meu coração bate descompassadamente. Sei que o de Melanie não está diferente. Desde a primeira visita que fizemos aqui e os conhecemos, já tínhamos decidido que era o que nos desejávamos.  Agora, e se eles não quiserem?

— Vocês querem nos adotar? — Ela pergunta. — Por quê?

— Vocês vão ser minhas mães? — Zion questiona, assustado, os olhinhos mirando a irmã, úmidos. Sinto um bolo na garganta. — Nunca ninguém quis ficar com a gente e sempre devolveram.

— Mas nós queremos — ouço Melanie, a voz firme. — E ninguém vai devolver ninguém. Nós sabemos que vocês passaram por algumas situações delicadas, mas nós somos diferentes. Já conversamos com Olívia e ela nos conheceu. Ela sabe como somos responsáveis e dedicadas. E temos como cuidar de vocês.

— Shaira, Zion, vocês sempre disseram que queriam fazer parte de uma família, ter uma família. E você, Shaira, tinha me dito que tinha gostado das duas.

— Nós duas queremos cuidar de vocês — digo com a voz embargada, já não segurando minhas lágrimas. — Quero muito que vocês sejam meus filhos. Você não quer, Shaira? Zion?

Como resposta, ele vem até mim e abraça-me, chorando baixinho.

— Podemos fazer isso funcionar, Shaira, juntas — Melanie pede.

— Com tantas crianças, por que nós?

— E por que não vocês, Shaira? — Melanie insiste. — Você tem medo de quê?

— Eu não tenho medo de nada — diz, desafiadora, erguendo o queixo.

— Meu bem — Melanie diz e segura em suas mãos que estavam na frente do violão e as acolhe com carinho —, dê uma chance a vocês e a nós duas.

Zion, em meus braços, olhava para a irmã. Então, ela assente e sorri para nós. Ali, naquele momento, começou o ressurgimento de Melanie e a construção de nossa família.

 

O acorde, alto, da guitarra trouxe-me de volta à realidade.

— Você voltou — viro-me para Kelly tentando entender o que ela estava dizendo. — Você estava olhando para as duas, Melanie e Shaira, e ficou em silêncio e já faz uns minutos. Não quis atrapalhar quando percebi que você olhava para as duas com muita paixão.

— Você tem razão. Eu dei uma ''viajada'' para o momento em que, no orfanato, eu e Melanie pedimos para ser as mães dos dois. Foi muito emocionante.

— Não duvido — disse ela, apertando meu ombro.

— Kelly — ouvimos Octavia gritar e acenar, da piscina, para onde estávamos.

— Acho que sua mulher sentiu sua falta.

— Deixa eu voltar. Mesmo porque, a sua está vindo para cá — ela diz e levanta-se, correndo de volta à piscina.

Melanie caminhava sem pressa e olhando em minha direção.

Sorria.

O sol brilhava forte no límpido céu e banhava seu corpo, deixando-o mais lindo. Meu coração bateu com mais força. Ajeitei-me melhor na espreguiçadeira. Mesmo com o guarda-sol grande, meus pés estavam no sol. Agora, não mais.

Os bons fluidos que nos cercavam agora fazem bem às nossas almas.

Melanie deitou-se na sua espreguiçadeira e deu-me uma Bud Light long neck. Brindamos antes de darmos um longo gole nelas. Nossas espreguiçadeiras estavam encostadas, então não foi difícil entrelaçar meus dedos em sua mão direita, apertando-a com carinho.

Sorrimos.

— Se não fosse você, não sei onde eu estaria hoje — comenta.

Como resposta, trago sua mão até meus lábios e deixo um beijo demorado no seu dorso.

— Quando vamos contar para os nossos filhos que as férias desse ano serão na Europa? — Pergunto, sem afastar muito sua mão de meus lábios, inalando o cheiro de sua pele. — Não sei se consigo guardar mais esse segredo.

— Não seja desmancha prazer — diz, puxando minha mão e a beijando também, abrindo um lindo sorriso, todo cheio de charme. — No momento certo, contaremos.

Ela pega a cerveja que estava na outra mão e a bebe de um só gole. O líquido desce rápido, e o som do vidro se encostando na mesa ecoa suavemente no ar.

— Cuidado, meu amor, com o álcool — eu aviso. — Não quero que você durma de 'porre'. Hoje eu quero uma noite bem gostosa.

Essas palavras têm um peso especial. A ideia de passar um tempo agradável juntas, sem interrupções, é o que mais desejo.

— Eu já deixei você, alguma vez, sem uma noite gostosa, uma manhã deliciosa, ou uma tarde quente? — Ela pergunta com um sorriso malicioso.

Essa pergunta provoca um sorriso involuntário em meu rosto.

— Nunca — eu respondo, sentindo a excitação crescendo entre nós. Essas interações pequenas, mas significativas, são umas das coisas que definem nosso relacionamento. Elas mostram que estamos à vontade uma com a outra, prontas para aproveitar cada momento.

Depois de eu acabar a minha bebida, deixo a garrafa na mesinha ao meu lado e a encaro. Ela, então, curva-se sobre mim e seus lábios tocam meu rosto, meus lábios, diversas vezes em selinhos carinhosos. É um gesto simples, mas cheio de afeto. Logo, ela retorna à sua posição, mas nossas mãos permanecem unidas. Esse contato físico nos conecta ainda mais. O silêncio que se instala entre nós não é desconfortável. Pelo contrário, é uma pausa tranquila, em que podemos ouvir as risadas das meninas brincando na piscina, enquanto o pessoal da banda ajusta seus instrumentos. Ouvimos os acordes dos instrumentos e risos, que fazem o ambiente parecer ainda mais acolhedor.

No entanto, nossa atenção é desviada para Shaira e Celina, que estão bem próximas, conversando. Isso me faz lembrar de uma conversa que tive com Melanie. — Você acha que os dois, a Celina e o Phil, gostam da Shaira? — Pergunto, olhando na direção deles. Melanie me acompanha com o olhar e parece refletir sobre a pergunta. — Acho que sim, mas ela não gosta deles. Não da maneira como os dois gostam dela — ela responde com certeza. Sua resposta me faz pensar. — Como você pode saber? — É a pergunta que surge, e eu não consigo evitar de fazer. Esse debate revela uma parte mais profunda do nosso relacionamento. A confiança que temos uma na outra é importante. — Sei lá... Sexto sentido... Sinto que ela gosta dos dois, mas como amigos. Eles são jovens e têm muito a aprender — ela afirma, e eu não posso deixar de concordar com ela.

As relações entre jovens são muitas vezes confusas, marcadas por incertezas e descobertas. Nessa fase da vida, é normal que as emoções sejam intensas e que alguns sentimentos sejam mal interpretados. Nesse momento, Melanie me lança um olhar que faz meu coração acelerar. Não é um olhar malicioso ou sugestivo; é um olhar cheio de amor genuíno. Essa conexão não é apenas física, mas também emocional. — Eu amo você — ela afirma e as palavras ressoam em mim de uma maneira que faz tudo parecer perfeito. O amor é uma força poderosa em nossas vidas, e ela o expressa com tanta sinceridade que me sinto grata por tudo o que temos. — Obrigada por tudo: pela paciência, dedicação e, principalmente, por todo o amor que você me dá.

Essas palavras são um lembrete do quanto valorizamos uma à outra. O amor é construído sobre pequenos gestos, por isto temos nossos momentos especiais. Um dia como este, repleto de risadas e conversas sinceras, é uma prova de que podemos nos apoiar e crescer juntas.

Quando olhamos para o ambiente ao nosso redor, vemos a vida e a alegria apenas a alguns passos de distância. As meninas continuam a brincar na piscina, seus gritos alegres trazendo um ar de celebração que combina perfeitamente com a nossa conversa. Cada risada que ouvimos é uma faixa sonora que emoldura o nosso momento, e as interações ao nosso redor fazem tudo parecer ainda mais vibrante.

Nossas mãos entrelaçadas se tornam um símbolo do laço que compartilhamos. Esse contato constante é uma maneira de reafirmar nosso compromisso uma com a outra. O toque gentil das mãos fala mais do que palavras poderiam expressar. Assim, enquanto o mundo externo continua em movimento, encontramos nosso espaço seguro uma com a outra.

Podemos não ter todas as respostas sobre o futuro, mas naquele momento, tudo é perfeito. Nossos corações batem em sintonia, e isso é tudo o que precisamos para nos sentirmos completas. A vida que estamos construindo juntas não está apenas nas palavras ou nas promessas, mas nas ações que seguimos realizando juntas. O simples ato de rir, conversar e compartilhar um momento juntas é o que realmente torna tudo especial.

Então, enquanto a música da banda toca ao fundo, deixamos que o tempo simplesmente flua. Cada segundo que se esvai, torna-se uma parte do que somos. O mundo pode ser confuso e desafiador, mas temos uma à outra, e isso nos dá força. Nossas conversas, olhares e toques são as fórmulas mágicas que construíram nossa relação.

Nós sabemos que cada momento que passamos juntas é um passo em nossa jornada. E, mesmo que não possamos prever o que virá a seguir, estamos prontas para enfrentar tudo juntas. O amor é sobre apoiar-se e celebrar cada pequena alegria que a vida nos oferece. E assim, nestes momentos especiais, como hoje, continuamos a desfrutar o que temos uma com a outra, sempre prontas para criar novas memórias.

Novamente, gritos vindos da piscina chamam nossa atenção.

— Que tal um mergulho? — Diz, levantando-se em seguida. Logo, estende suas mãos para ajudar a levantar-me. Rapidamente, saímos dali.

Enquanto corremos juntas para a piscina, a banda começa a tocar outra canção e Shaira canta...

''Tough

You think you've got the stuff

You're telling me and anyone

You're hard enough

 

You don't have to put up a fight

You don't have to always be right

Let me take some of the punches

For you tonight

 

Listen to me now

I need to let you know

You don't have to go it alone

 

And it's you when I look in the mirror

And it's you when I don't pick up the phone

Sometimes you can't make it on your own'' ³

 

... AND THIS IS THE END!

 

š˜™›

 

¹ ''Eu andei por uma terra desabitada

Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão

Eu senti a terra sob meus pés

Sentei-me na beira do rio e me senti completo

 

Oh, simplicidade, aonde você foi?

Eu estou ficando velho e preciso de algo em que confiar

Então me diga quando você vai me deixar entrar

Eu estou ficando cansado e preciso de algum lugar para começar''

 

² ''E se você tiver um minuto, por que nós não vamos

Falar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?

Isso pode ser o final de tudo

Então, por que nós não vamos?

Então, por que nós não vamos?

Ooh, oh-oh

Ah, oh

Isso pode ser o final de tudo

Então, por que nós não vamos

Para um lugar que só nós conhecemos?

Um lugar que só nós conhecemos

Um lugar que só nós conhecemos''

 

³ ''Teimoso

Você acha que entende das coisas

Você diz pra mim e pra qualquer um

Que você é forte o suficiente

 

Você não precisa brigar

Você não tem que estar sempre certo

Me deixe levar alguns socos

Por você esta noite

 

Me ouça agora

Preciso que você saiba

Você não tem que suportar isso sozinho

 

E é você quando olho no espelho

E é você quando não atendo o telefone

Às vezes, você não consegue fazer tudo sozinho''

 

š˜™›

 

[1/2] Somewhere Only We Know [Um Lugar Que Só Nós Conhecemos] - Keane - 3:56.

Link YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=kx4RTBZFAYU

[3] Sometimes You Can't Make It On Your Own [Às Vezes, Você Não Consegue Fazer Tudo Sozinho] - U2 - 5:09.

Link YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=dXodSsPzj_Q

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

Oi, leitoras, boa tarde!

 

Hoje, despeço-me de vocês e dessa estória que esforcei-me muito para escrevê-la, já que não passo de uma total e inepta autora amadora.

Quero agradecer às leitoras e comentadoras que ''tiraram'' um tempo de seus afazeres diários e leram essas minhas pobres palavras. Quem sabe encontremo-nos em um próximo desafio, se ele houver, e se eu, é claro, for participar.

Sou grata a todas vocês. A jornada não teria sido a mesma sem o apoio de leitoras e comentadoras dedicadas.

Então, mais uma vez, muito obrigada a todas vocês.

 

Emirembe!

 


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior

Comentários para 5 - Capitulo V - Um Lugar Que So Nos Conhecemos:
Zanja45
Zanja45

Em: 05/04/2025

Que bom que Melanie mesmo após a perda do movimento da mão direita, teve o apoio necessário para seguir em frente ao lado de Claire - que foi fundamental na vida dela -  pois, procuraram vencer as adversidades juntas. E o mais importante constituíram uma família linda juntas. 


Omuwandiisi

Omuwandiisi Em: 05/04/2025 Autora da história
Oi, Zanja45 leitora, boa tarde...

Fico muito contente por você ter acompanhando a estória até o final. Estou em dívida com você, pois ainda não li o seu texto. Espero, logo, corrigir esta minha falha.
Como a estória possui poucos capítulos, fica complicado mostrar todo o desenvolvimento entre elas, mas creio que este último capítulo serviu para demonstrar o envolvimento e cumplicidade entre as duas e, é claro, a adoção dos filhos serviu para solidificar mais ainda esta união.
Obrigada por você ainda estar aqui!

Emirembe!


Responder

[Faça o login para poder comentar]

Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 05/04/2025

Apreciei muito o que escreveste.

Espero que continue escrevendo palavras tão bonitas e histórias bem escritas e bem conectadas.


Omuwandiisi

Omuwandiisi Em: 05/04/2025 Autora da história
Oi, Sem Cadastro leitora, boa tarde...

Bom, não sei se esse realmente é o seu 'nome' ou se houve alguma falha no site, mas agradeço o seu incentivo e palavras. Saber que, apesar de amadora, minhas palavras, para alguém, são bem escritas e minha estória tem sentido, deixa-me com uma boa sensação de ter feito um bom trabalho. Não prometo mais estórias, porém, se escrevê-las, espero encontrar-te por aqui.
Grata pelo seu tempo e incentivo.

Emirembe!



Zanja45

Zanja45 Em: 05/04/2025
Oi, sou Zanja!
Foi porque na em que postei não estava logada.


Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web