DOMINGO DE SOL
HELENA
Stella e Davi acordaram mais cedo e deitaram em minha cama. Continuei dormindo até o momento em que Carlos bateu na porta.
- Entra!
- Já são 7:30. Não vai levantar para se arrumar?
Carlos estava sem camisa e com um calção estampado de tactel.
- É uma festa na piscina, só vou colocar um biquini e descer. Só vai chegar gente depois das 9:00.
- As mulheres vem bem arrumadas né. Homem que é chinelo e calção.
- Já está tudo organizado, não se preocupe.
Ele saiu do quarto e eu revirei os olhos. Claro que eu não colocaria apenas um biquini e desceria, Rafaela estaria aqui, então eu teria que me arrumar. Na verdade me sentia uma adolescente tentando impressionar seu primeiro amor. Já tinha organizado um domingo cheio de atrações para as crianças. Débora e outro funcionário iriam acompanhá-los. Carlos às vezes passava dos limites no teatro e eu não gostava que as crianças presenciassem tais fatos.
Tomei um banho demorado, geralmente eu sentia insegurança ao usar biquíni, mas aquele dia estava diferente. Coloquei um biquíni preto e por cima uma Chemise branca. Lavei os cabelos e deixei que secassem naturalmente. Uma maquiagem leve e chinelos básicos.
Desci aproximadamente às 8:40 para tomar meu café da manhã. Estranhei quando ouvi vozes vindo da área de churrasco, mas achei que Carlos estivesse conversando com funcionários. Terminei o café e quando cheguei lá me surpreendi, pois Carlos já estava na mesa com um homem acompanhado da esposa. Carlos se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro. Passavam-se anos e eu não me acostumava com esse contato.
- A patroa chegou pessoal.
Os outros dois se levantaram
- Bom dia Dona Helena, ontem nos apresentamos às pressas, eu sou Maurício e essa é minha esposa Isabela.
- Bom dia Maurício e Isabela é um prazer recebê-los, fiquem a vontade.
Na verdade, estranhei o fato deles terem chegado tão cedo, mas algo me chamou atenção na esposa de Maurício. Suas unhas eram grandes e pontiagudas e percebi leves marcas em seu pescoço provavelmente amenizadas com maquiagem. E os dois haviam chegado muito antes do horário marcado.
Sentei em uma das cadeiras disponíveis perto da piscina e conversamos sobre assuntos aleatórios. Aos poucos os convidados foram chegando e se espalhando, o churrasqueiro já começava a servir as entradas, chopp e música rolavam. Toda vez que a campainha tocava eu sentia um frio na barriga e ao ver que não era a Rafaela tinha que disfarçar o desânimo ao cumprimentá-los.
Algumas pessoas estavam na piscina e eu pouco prestava atenção nas mulheres conversando futilidades ao meu redor. Olhava para o celular pensando em enviar uma mensagem para Rafaela e perguntar se tinha acontecido algo, mas às 10:15 a campainha tocou. Ninguém ouviu pelo fato do som estar ligado, mas como eu estava atenta me virei para a entrada.
Me senti desapontada pois a mulher que entrou era aquela com quem a amiga de Rafaela estava se pegando na festa de inauguração. Mas meu olhar se iluminou quando vi duas pessoas chegando atrás. Antes que eu fosse cumprimentá-las, Carlos se adiantou e com muito entusiasmo a recepcionou.
- Sejam bem vindas, mulher bonita nunca é demais.
Nesse momento meu estômago embrulhou. Abracei as duas e meu Deus... Como Rafaela estava cheirosa...
- Venham meninas, sentem-se aqui conosco.
Organizamos o espaço da mesa para que as novas convidadas se sentassem e disfarçadamente me certifiquei que Rafa ficasse ao meu lado. A festa teve outra cara depois que ela chegou. O sol brilhava mais, o céu tomou a tonalidade de um azul mais vibrante e meu sorriso se abria com qualquer coisa que ela falasse. Em determinado momento a mesa estava toda voltada a ela porque ela era dinâmica, inteligente, flutuava por qualquer assunto e ainda tinha um sorriso que fazia minhas pernas fraquejarem.
O pessoal já estava alcoolizado e a festa animada. Ouvi Sabrina falar com Rafaela.
- Morrendo de calor, vamos dar um mergulho?
- Vamos. Estou suada.
- Helena, vamos dar um pulo na piscina e já volto.
Achei tão bonitinho o fato de ela ter justificado sua ausência. As duas se levantaram e caminharam até a piscina. Todos os olhos se voltaram para a piscina quando Rafaela tirou a camisa e o short jeans que vestia revelando um biquini branco e um corpo escultural. O brilho do sol na pele de Rafaela era magnífico, cor de bronze. Ela soltou os cabelos e tudo parecia estar em câmera lenta. Consertou o biquíni nos seios e eu salivei naquele momento. Se virou enquanto dobrava as roupas e colocava na espreguiçadeira, nesse momento pude apreciá-la de costas. Atrás o biquíni branco contrastava com o dourado do seu bumbum e em todos os meus 30 anos eu jamais tinha visto uma bunda tão linda. Desviei o olhar quando ouvi um comentário atrás de mim.
- Sabrina é rica e eu nem estou falando de dinheiro.
Me virei e vi que todos os homens olhavam para a piscina, inclusive Carlos que estava com a boca aberta. Todos disfarçaram quando perceberam que eu os olhava.
- Eu acho exagerado!
Foi o comentário de uma das mulheres na mesa. Naquele momento preferi apenas observar o diálogo delas.
- Ela é muito musculosa, homem gosta de um corpo mais delicado e ter o que pegar.
- Mas ela não fica com homem, as duas são namoradas.
- Que horror! Não consigo imaginar o que duas mulheres fazem na hora do sex* gente. Não tem nada pra enfiar.
- Hoje em dia tem de tudo querida.
Aquele papo de gente mal informada me dava vertigem. Era um bando de mulheres recalcadas que estavam com inveja do corpo de Rafaela e preferiam criticar ao invés de enaltecer aquela Deusa. Continuei sentada ouvindo alguns absurdos sem intervir. A mulher que estava com Sabrina também ouvia toda a conversa sem colocar seu ponto de vista. Vez ou outra me olhava pois tinha ciência de que eu sabia que ela ficava com mulheres. Mas o restante das pessoas ali não eram conhecedores desse detalhe.
- Carlos está devagar na bebida hoje, essa mulher deve ter matado esse homem ontem, olha o pescoço.
Esse comentário saiu da boca de um dos amigos de Carlos e quando me virei para responder Sabrina e Rafaela estavam retornando à mesa.
- A noite foi intensa meus amigos, quase que vocês encontram um velório ao invés de um churrasco. Tirei 3.
As pessoas sorriam e Rafaela me encarava de forma séria como eu jamais tinha visto.
Olhei para as outras pessoas da mesa e Isabela mulher de Maurício olhava para Carlos com olhar de interrogação. A minha suspeita só ganhava credibilidade.
- Carlos vê se cala essa boca. Só fala abobrinha.
- Calma meu amor, tem mais hoje.
Falou gargalhando e todos ao meu redor sorriam, menos eu, Rafaela e Isabela.
A festa continuou correndo tranquila e os bêbados já geravam entretenimento. A todo momento Carlos oferecia Whisky para Maurício e mesmo quando o rapaz recusava ele insistia até que ele aceitasse. Já bastante alcoolizados inventaram de pular na piscina, foi quando outro homem pulou por cima do Maurício e bateram cabeça com cabeça. O supercílio de Maurício abriu. Rapidamente Rafaela foi ao seu encontro para ajudá-lo.
- Ideal seria levá-lo ao hospital, acredito que precisará suturar.
- Não, faz um curativo e tudo certo. Não vamos estragar a festa.
Essa era Isabela falando.
- Eu tenho um kit de primeiros socorros no meu quarto, se precisarem...
Falei já desesperada pois já saia muito sangue da testa do rapaz. Rafaela muito tranquila disse.
- Se não for levar ao médico é bom pelo menos colocar uma gaze.
- Vou buscar...
- Rafa sua roupa está cheia de sangue.
Sabrina amiga de Rafaela disse olhando para a amiga e completou.
- Sem querer incomodá-la Helena, teria como emprestar uma roupa pra Rafa? Não trouxemos uma reserva.
Percebi que Rafaela fuzilou Sabrina e eu não entendi o motivo.
- Claro, vem comigo.
Entramos na casa em silêncio, parecia que Rafaela não estava confortável ao meu lado. Chegamos no meu quarto, peguei uma toalha, entreguei em suas mãos.
- Pode se lavar aqui no banheiro do quarto mesmo. Vou levar o kit lá embaixo e já volto para pegar uma roupa. Fique à vontade.
Ela entrou no banheiro sem falar uma palavra. Respirei fundo e levei o kit. Disse que iria pegar a roupa para Rafaela e já retornaria. Quando voltei para o quarto escutei o barulho do chuveiro. Me sentei na beirada da cama para aguardá-la. Meu coração quase saiu pela boca quando ela saiu do banheiro apenas de toalha e parou na minha frente. As palavras me faltaram. E eu só conseguia olhá-la de cima embaixo enquanto ela me olhava com frieza.
- Está tudo bem?
Perguntei ainda sentada na cama.
- Está.
Ela me respondeu fria.
- Parece que você não está confortável.
- Está tudo bem. Me empresta uma sacola para eu colocar minhas roupas sujas? Vou lavar a sua e depois te entrego.
Lembrei-me que o sorriso dela desapareceu quando Carlos insinuou que eu havia feito o ch*pão em seu pescoço. E com certeza ela me achou uma mentirosa, pois na festa de sexta-feira eu havia dito que não trans*va com ele. Me senti na obrigação de esclarecer as coisas. Levantei da cama e fui até o closet, peguei uma chemise e retornei para o quarto. Ela estava de pé analisando todos os cantos do quarto com o olhar.
- Rafa, lá embaixo agora a pouco Carlos disse que eu e ele tinhamos trans*do, mas era mentira. Aquela marca não fui eu que fiz. Ele já chegou em casa assim.
Ela desviou o olhar das paredes e olhou no fundo dos meus olhos
- Você não precisa me explicar nada Helena.
Sua voz estava grave e seu olhar parecia sair faísca. Eu já estava ao ponto de ebulição de ter Rafaela em meu quarto apenas de toalha e ver os seus olhos me olhando tão profundamente, me fez perder o juízo. Uma súbita coragem me atingiu e eu empurrei Rafaela contra a cama. Deitei por cima e tomei sua boca com um beijo urgente e de saudade. No início me beijou de olhos arregalados, mas depois se entregou com a mesma vontade que eu. Suas mãos passeavam por cima do meu biquini e eu queria matar a fome de sua boca. Nosso contato era intenso, mas eu queria mais. Queria sentir todo seu corpo e num rompante abri sua toalha revelando aquele corpo maravilhoso escupido a pincel. Ela vez menção de parar o beijo e puxar a toalha, mas eu não desgrudei nossos lábios e joguei a toalha para longe. Toquei seus seios com as mãos e eles rapidamente me responderam. Tateei seu abdômen forte e senti seu corpo todo arrepiado.
- Temos... Que... Parar, po... pode chegar alguém...
Ela falou com uma voz manhosa sem descolar nossas bocas
- Eu não quero parar Rafa, não me importa mais nada eu quero você.
Não sei como eu faria, mas eu precisava senti-la. Deslizei a mão em sua intimidade que já se encontrava quente e molhada.
- Isso é por mim?
Perguntei e ela respondeu afirmativo apenas com sinal de cabeça. Continuei deslizando os dedos naquele paraíso e a cena que eu tinha diante de mim era melhor do que um sonho. Rafaela estava de olhos fechados e mordendo os lábios, suas mãos apertavam o lençol da cama e suas veias do pescoço estavam saltadas. Abocanhei seus seios e nesse momento nossos gemidos soaram como um coro de orquestra.
Quando eu pensei que alcançaria o paraíso, ouvimos batidas na porta do quarto e foi como acordar de um sonho de repente. Rafaela levantou-se da cama e me olhou assustada. Raciocinei rapidamente e falei:
- Entra no banheiro e liga o chuveiro, vou ver quem é.
Ela entrou e eu fui atender a porta. Era Sabrina.
- Oi Helena, vocês estavam demorando e eu vim ver se estava tudo bem.
- Está tudo tranquilo, Rafaela ainda está no banho e eu estou esperando, mas já que você chegou, fica aí com ela que eu vou descer.
Deixei Rafaela e Sabrina no quarto e desci. Cheguei lá embaixo e uma das mulheres da mesa me repreendeu:
- Helena você sumiu, está tudo bem?
- Sim querida, estava aguardando Rafaela terminar de se lavar. Mas Sabrina ficou lá com ela. Tudo bem com o Maurício?
- Sim, a Sabrina fez um curativo nele.
- Perfeito, então vamos entrar na piscina um pouco, muito calor essa tarde.
Todas as mulheres concordaram com euforia, e eu só pensava em apagar o fogo que foi aceso com Rafaela naquele quarto.
Fim do capítulo
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