A preterida II
A preterida II
- Bom dia! Quero continuação da noite deliciosa (falou manhosa e sorridente).
- Não faz assim, temos que pegar a estrada, se não fosse urgente, nem negaria, você sabe. Desculpa!
- Tudo bem minha linda, não precisa se desculpar (respondeu já se trocando).
O celular tocou, Cristina entendeu somente a saudação inicial e percebeu que a mulher estava conversando com o seu irmão. Quando retornou do banheiro a outra esbravejava ao telefone. Verificou se não estavam esquecendo nada pelo quarto e aguardou a chamada ser encerrada.
- Vamos! Estou com muita raiva, dirige por favor (entregou a chave, pegaram as suas mochilas e saíram).
Cristina dirigiu por aproximadamente duas horas, ouviram músicas durante todo o trajeto, pararam num posto para reabastecer e tomar café.
- Ainda temos mais uma hora de viagem, eu vou dirigir agora, vamos pegar a serra, com muitas curvas e você fica receosa. Pode ficar tranquila que consegui me acalmar.
- Quer conversar?
- Assim que chegarmos (afirmou e depositou um beijo em sua testa).
- Estou te sentindo distante e detesto quando você fica assim. Parece que ligou o automático e que uma bomba está para explodir a qualquer momento.
- Muito observadora. Mas só vamos ter essa conversa quando chegarmos, descansa um pouco. Eu não vou te esconder mais nada, só precisamos terminar a viagem.
- Ok!
Estava receosa e não conseguiu adormecer, ficou admirando a paisagem da serra do mar. Não fazia ideia de onde estavam, mas, a paisagem era linda, porém, não conseguia sentir a paz que admirar a natureza proporciona, já imaginava que a conversa seria muito séria, devido o semblante da namorada. Chegaram num condomínio fechado e luxuoso, observou várias mansões e não fazia ideia do que faziam ali, sabia das boas condições de Milena, por conta do seu trabalho, mas, não vivia no luxo, tinha uma vida confortável, mas, não era ricaça e aquelas casas eram de milionários.
- Amor, assim que chegarmos vou ter uma reunião com meus irmãos, vou te pedir para aguardar na companhia da minha cunhada e dos meus sobrinhos. Preciso entender quais são as condições, para ter o suporte que estão oferecendo com relação a nossa segurança. Meu irmão mais novo já aceitou, pois, tentaram sequestrar as crianças, por isso, fiquei tão nervosa mais cedo. Meu pai está sendo investigado e está foragido. Então meu bem, a situação está mais complicada do que eu imaginava.
- Tem certeza que aqui é um local seguro? A quantidade de seguranças, vamos conseguir sair vivas daqui? (Perguntou olhando ao redor enquanto estacionavam).
- Não se preocupe com isso, aqui é o único lugar que confio te deixar, até resolver tudo que for necessário. Vamos entrar, estão nos aguardando.
Fez algumas breves apresentações e seguiu para o escritório.
- Cristina, aceita um refresco?
- Não. Agradeço.
- Vamos até o parquinho, vou te apresentar os meus filhos. Milena te contou o susto que passamos? Quando as crianças começaram a chorar, nosso cachorro pulou o alambrado e avançou no infeliz. Meus amores, venham aqui.
- A tia Mi chegou?
- Sim, está conversando com o seu pai e tios. Cristina, esse é o meu filho Lucas, tem 6 anos.
- Oi, eu já vi foto tua com a tia, você é amiga dela?
- Não, é ‘mamorada'.
- E essa sapeca é a minha caçula, Luiza, tem 5 anos.
Deu beijo neles e ficaram observando as crianças brincando.
- Entendo que eles queriam cortar todos os laços definitivamente, mas, aqui estamos seguros, sabe aquele ditado "se você não pode com o seu inimigo, junte-se a ele".
- É complicado (concordou reflexiva, estava doida para saber o desfecho daquela reunião).
As crianças ficaram brincando por um bom tempo e adoraram quando Milena se aproximou, pularam no colo dela e fizeram uma festa.
- Linda a sua versão tia (comentou percebendo o seu sorriso largo).
- Além de sobrinhos, os dois são também meus afilhados. O amor mais puro que existe no mundo.
- Venham almoçar.
Comeram e na sequência Milena pegou na mão de Cristina.
- Minha linda, vamos conversar.
Quando estavam sozinhas no quarto, antes da conversa difícil, depositou um beijo na testa da namorada.
- Meu pai e irmãos elogiaram a minha postura, de não trair a família contando todos os podres, os negócios obscuros estão paralisados, estão com receio de parar atrás das grades, meu pai disse que prefere a morte do que ser preso, gosta da liberdade e ao mesmo tempo da vida errada, a total contradição. As condições para proteção são continuar de boca fechada e visitar a minha mãe que está muito adoentada.
- Você não precisava ter vindo aqui para ter essa reunião familiar, isso eu já entendi, agora é a hora que você fala que vai me deixar aqui para minha segurança e vai seguir a sua viagem me deixando para trás (afirmou com os olhos marejados).
- Eu volto logo e é para o seu bem (confirmou e deixou o quarto em silêncio).
Cristina ficou muito chateada, chorou bastante, compreendia que Milena estava sendo protetora, mas, queria ficar ao lado dela. Passou o restante do sábado deitada, pensando como a sua vida mudou depois que conheceu a namorada, antes tinha uma rotina muito pacata, andava até entediada, tudo mudou completamente com a paixão, com a relação gostosa, toda reciprocidade e Milena sempre foi muito sincera e cuidadosa, alertando sobre todos riscos, por isso, estava tão preocupada com a integridade física dela. Adormeceu, mas, acordou algumas vezes procurando por Milena na cama e voltou a dormir chateada sem ela, teve até pesadelo.
No dia seguinte, mais conformada, no espelho do banheiro viu seu semblante abatido, estava só de sutiã, tinha tirado a camiseta no dia anterior para secar as próprias lágrimas. Entendeu que precisava lidar com tudo aquilo com maturidade e só restava aguardar o retorno da namorada.
Fim do capítulo
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Cristiane Schwinden
Em: 14/03/2025
Ah eu quero o desfecho! Vai sair?
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