Fim Do Caminho!
Capitulo III - O Dilema No Banheiro
Capítulo III
O Dilema No Banheiro: Fim Do Caminho!
Claire Bell
COMO VÊS, CAPITU, aos quatorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si; na prática, faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos.¹
Fechei o livro pela terceira vez. Tentava terminar a leitura de Dom Casmurro, livro de um grande autor brasileiro, e que foi indicado por uma cliente que era dona de uma rede de livrarias e que nos contratou para fazer uma campanha publicitária para incentivar as pessoas a voltarem a consumir mais livros. Não conseguia concentrar-me. Minha mente estava em Melanie, e não somente por ele estar escondendo algo.
Além do segredo que ela escondia atrair-me, ela, como mulher, atraia-me mais ainda. Não sei como explicar, ou se eu quero ter alguma explicação. Ela me atrai. Ponto final. Pensei em mandar mensagem, mas acho que se ele quisesse encontrar-me, ela o faria. Resolvo pegar meu celular e tomar uma iniciativa, mas a companhia do apartamento me impede.
Quem será? Será Melanie?, penso eu.
Rapidamente, levanto-me e quase corro até a porta, não me importando com a roupa que estava vestindo.
Mas ela sabe onde eu moro?, cogito mentalmente e abro a porta.
— Oiê! — Octavia e Kelly dizem ao mesmo tempo.
— Desculpa, Claire, mas foi ideia dela — aponta Octavia para Kelly.
— Foi mesmo. Podemos entrar? — Assinto e elas entram, parando no meio da sala. Estavam lindamente vestidas. Ambas com vestidos curtos que mostravam suas pernas e curvas. — Eu sei que você é muito discreta, mas viemos buscá-la — continuou Kelly.
— Não vou a lugar algum, mas só por curiosidade, para onde vocês estavam pensando em levar-me? — As duas se entreolham.
— Para uma festa em uma embaixada.
— Acho que não entendi, mas você disse que a festa será em uma embaixada?
— Sim, da Alemanha — responde Kelly.
— E como você conseguiu convites para esta festa?
— Nem queira saber...
— Eu nem pergunto, pois tenho medo de saber — diz Octavia.
— Meninas, não estou no clima — digo, sentando-me e pegando o livro que eu estava tentando ler.
As duas se aproximam e ficam em pé à minha frente.
— Olha, você precisa distrair-se um pouco, Claire. Você, praticamente, só trabalha. E mesmo quando dá suas festas, pouco participa — Octavia diz em um tom bem baixo, com seu jeito todo bem-educada de ser.
— E, linda, fechamos um contrato milionário. Além do mais, as alemãs são lindas — ela diz e leva um cutucão de Octavia.
— E os alemães, também — conclui, meio sem jeito.
— Tudo bem. Deem-me um segundo.
Levanto-me e vou até meu quarto colocar alguma roupa interessante. Entro no closet e não penso muito. Pego uma saia jeans, não muito curta; uma blusinha, frente única e uma sandália com um saltinho. Visto-me e vou até em frente ao espelho. Nada mau. Não vou usar maquiagem alguma. Nem gosto muito, mas borrifo um pouco de Light Blue, da Dolce & Gabbana, levemente cítrico.
Chego na sala e Kelly solta um assobio. Nós três rimos e deixamos meu apartamento. Quem sabe consigo esquecer um pouco a Melanie.
Melanie Newfield
A FESTA SERIA na embaixada alemã. O embaixador iria recepcionar a comissão técnica da seleção alemã de futebol, já que a Copa do Mundo de 1994 seria aqui, nos Estados Unidos. A seleção deles ficaria em Chicago, Illinois, região dos Grandes Lagos, mas somente a comissão técnica foi convidada para a festa. Nada de jogadores.
Tínhamos a informação de que um dos membros da comissão era ligado a grupos neonazistas. Depois da explosão ao World Trade Center, no ano passado, estávamos investigando todos que tinham ligação com grupos extremistas, atuantes ou não. O governo estava preocupado com a segurança de todos os participantes — delegações e turistas — do evento que ocorreria entre junho e julho deste ano. O nosso suspeito iria encontrar-se com o integrante da comissão nesta noite.
E o que tem Claire a ver com tudo isso? O nosso suspeito trabalhava com ela. Na verdade, era bem próximo dela. E para complicar tudo, ela acabava de chegar com suas amigas. Eu estava em uma situação delicada, mas não tinha como sair dali, de maneira alguma. E para piorar, nossos olhares acabam de se encontrar.
— Merda! — Sussurro entre dentes. Ela está vindo em minha direção e eu acabo de perder o suspeito por entre as pessoas que estão dançando.
— Eu poderia até dizer que estou surpresa, mas não estou. Quem é você, Melanie? Para quem você trabalha, agente: NCIS, CIA, FBI... — ela vai falando tudo ao mesmo tempo, apontando o dedo para mim, e em um tom alto já que a música está tocando em alto volume.
Não a deixo terminar. Pego em sua mão e começo a caminhar, por entre as pessoas, em direção a um corredor onde sabia que havia um banheiro. Eu tinha estudado detalhadamente a embaixada. Espero que ninguém esteja prestando atenção em nós. Principalmente, os nossos suspeitos. E os seguranças da embaixada, é claro.
Assim que entramos no banheiro, fecho a porta, trancando-a, encosto-a na parede e a beijo. A princípio, ele resiste um pouco, mas acaba cedendo e beijando-me de volta. Trocamos algumas carícias até que ela me empurra para separarmos nosso beijo e eu afasto-me dela até encostar na pia. Ela permanece encostada na parede e cruza os braços. Seu rosto está bem corado.
— Por que fez isto?
— Precisava de sua atenção. Preciso que você me escute, antes de mais nada.
Ficamos olhando-nos por alguns segundos.
— Não estou ouvindo nada...
Solto um longo suspiro e passo a minha mão pelos meus cabelos, tentando acertar o que não estava desacertado; tentando ganhar um pouco mais de tempo. Então, ela faz menção de sair do banheiro e posto-me na sua frente, impedindo-a.
— Espere... Olhe, não posso dizer muita coisa, mas faço parte de uma equipe que investiga pessoas suspeitas de envolvimento com atos extremistas.
— E eu estou sendo investigada?
— Você não, Claire, mas uma pessoa próxima de você...
— Quem?
— Olha, por enquanto não posso dizer...
— Saia da minha frente. Quero sair daqui — diz com uma cara de desapontamento, dando um passo em direção à porta. Ela está mais desapontada do que com raiva de mim. — Você aproximou-se de mim de propósito?
— No bar? — Ela assente. — Claro que não. Foi um acaso, mas que eu aproveitei, pois vai ajudar a aproximar-me do alvo.
— Sério? — Não digo nada. — Mas nem morta, idiota. Aproveitadora.
Ela tenta avançar, mas não recuo. Ela olha-me, furiosa. Os olhos, marejados.
— De quem nós estamos falando? — Ela questiona.
Eu estava temerosa em dizer a ela o nome de quem estávamos investigando, afinal ainda não tínhamos provas contundentes e hoje seria o dia em que eu, talvez, conseguisse essas provas, mas estava aqui dentro com ela e sem poder fazer o meu trabalho. Na verdade, eu estava com medo de perdê-la sem mesmo tê-la ainda conquistado e ter consciência disso frustrou-me muito. Então, meu celular vibrou no bolso da calça social que eu vestia. Peguei e vi que era Alicea:
''Onde você está? Você está pondo tudo a perder. A pessoa acabou de sair de carro. Já estão seguindo, mas preciso de você, imediatamente.''
— Se você sair por essa porta, nunca mais quero vê-la na minha frente.
Meu celular vibra de novo. E de novo, de novo, de novo...
Sem dizer nada, abro a porta do banheiro e sigo em busca de Alicea. Assim que entro no corredor, a música que estava tocando no salão invade meus sentidos e fico atordoada pela letra da melodia...
''Embora nós tenhamos chegado ao fim da estrada
Ainda assim não consigo desistir
Não é natural, você pertence a mim, eu pertenço a você
Embora nós tenhamos chegado ao fim da estrada
Ainda assim não consigo desistir
Não é natural, você pertence a mim, eu pertenço a você'' ²
Nota De Rodapé:
¹ ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Domínio Público, 1899. Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 17 fev. 2025.
² End Of The Road [Fim Da Estrada] - Boyz II Men.- 4:14
Link YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=zDKO6XYXioc
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Cristiane Schwinden
Em: 16/03/2025
Entre o dever e o crush!
Omuwandiisi
Em: 18/03/2025
Autora da história
Oi, Cristiane leitora, boa tarde...
Pois é. A nossa querida agente está quase entre 'a cruz e a espada', mas, como esta amadora autora gosta de finais felizes, tudo acertara-se.
Contente por você estar aqui.
Emirembe!
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Omuwandiisi Em: 18/03/2025 Autora da história
Oi, Zanja45 leitora, boa tarde...
Bom, como a estória é curta e esta amadora autora não é lá muito criativa, não temos como fugir desses dois. Veremos como nossa agente irá resolver essa trama. Mas uma coisa é certa: nossas meninas ficarão juntas, não acha?
Emirembe!