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O Peso do Azul por asuna

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Palavras: 2212
Acessos: 959   |  Postado em: 23/02/2025

Prólogo

 

O aroma amargo do café recém-passado pairava no ar da padaria em Montague St. Sentada numa mesa perto da janela, tentei desesperadamente concentrar-me no relatório que tinha aberto à minha frente, mas as palavras pareciam embaralhadas, formando frases sem sentido. A dor de cabeça, que começara como um murmúrio longínquo, agora pulsava insistentemente na minha têmpora, crescendo a cada instante que passava. Num suspiro de frustração, fiz sinal à funcionaria.

— Uma xícara de café e uma fatia de cheesecake, por favor.

A mulher de cabelos grisalhos e expressão cansada assentiu afastando-se. Enquanto esperava, fechei os olhos por um instante, esfregando as têmporas numa tentativa inútil de aliviar a tensão. Encostei-me à cadeira e, sem perceber, comecei a percorrer mentalmente o caminho que me trouxera até ali. Nova Iorque, a cidade onde os sonhos se concretizam. Depois de sete anos de trabalho duro, entre cargos de assistente e coordenadora, finalmente havia alcançado a tão almejada função de diretora de marketing na Universidade Colúmbia. O sucesso profissional que sempre ambicionei. O sonho realizado.

Mas por quê então aquela inquietação persistente no peito?

A senhora retornou, depositando cuidadosamente um prato e a xícara fumegante sobre a mesa. Agradeci com um sorriso breve, quase automático fixando na fatia de cheesecake diante de mim. A superfície lisa e dourada do doce parecia quase perfeita, peguei o garfo e cortei um pedaço delicadamente, levando-o à boca devagar, a textura macia desfez-se lentamente no paladar, o sabor adocicado espalhou-se pela língua, contudo sem conseguir atravessar a barreira de amargura que crescia dentro de mim.  Do lado de fora, as gotas de chuva tamborilavam contra o vidro da janela. O meu olhar perdeu-se entre as luzes trémulas da cidade e, sem aviso, as recordações que tanto evitara emergiram com força, rompendo o manto de autodomínio que construi por anos.

Chloe.

O nome atravessou a minha mente como um sussurro fantasmagórico, trazendo consigo a imagem de um rosto que eu jamais conseguira esquecer. A forma despreocupada como esta se deixava ensopar pela chuva, os fios loiros colados à pele do seu rosto, os lábios curvados num sorriso tão genuíno que fazia o meu coração acelerar. Mas eram os olhos que me assombravam. Olhos azul-intensos, que refletiam a imensidão do oceano, cheios de intensidade, de desejo. Olhos que queimavam sobre a minha pele, atravessando as roupas molhadas, despindo-me com um simples olhar. Um calafrio percorreu minha espinha, e o peso daquela lembrança tornou-se insuportável.

Apoiei a xícara sobre a mesa e endireitei a postura, voltando a encarar o laptop. Meus dedos pairaram sobre o teclado, hesitantes. Por um longo momento, lutei contra o impulso irracional que me consumia, mas a necessidade foi mais forte.

Abri uma das redes sociais e digitei o seu nome. O palpitar do meu coração acelerava conforme percorria as opções, até que finalmente a encontrei. Reticente cliquei no perfil. A configuração de privacidade impedia-me de aceder a muitas informações, contudo algumas fotografias estavam visíveis. Passei pelas imagens sem pressa, absorvendo cada fragmento de sua vida agora distante da minha. Foi na terceira fotografia que o meu coração se despedaçou, e o mundo, outrora tão familiar, se tornou um borrão de dor.

Os meus olhos fixaram-se na imagem com uma mistura de incredulidade e dor. Chloe vestia um longo vestido branco, rendado impecavelmente. Os cabelos estavam presos num penteado sofisticado, a maquiagem realçava a sua beleza natural, e o sorriso em seus lábios... Deus, aquele sorriso. O meu peito apertou ao notar na expressão dos seus olhos azuis, um detalhe tão leve que talvez passasse despercebido para qualquer outra pessoa. Mas que eu conseguia decifrar.

O sorriso não chegava até eles, transmitindo melancolia como se ela gritasse em silêncio.

Uma lágrima silenciosa escapou-me dos olhos, deslizando quente pela minha face. Apoiei a testa entre as mãos, tentando conter o soluço que ameaçava sufocar-me. O desgosto brotava no peito como um espinho cravado na carne, e o tremor em minhas mãos era incontrolável.

De repente, o presente se dissolveu, puxando-me para aquela noite em que tudo poderia ter sido diferente. O ar carregava o cheiro salgado do oceano, misturando-se ao perfume delicado de Chloe, um aroma familiar que parecia gravado na minha pele. As ondas quebravam ao longe, o som ritmado preenchendo o silêncio tenso entre nós, um silêncio que dizia tanto quanto as palavras que não ousávamos pronunciar.

— Por favor... não vás. — Sua voz quebrou a quietude, frágil, embargada, segurando-se nas últimas migalhas de esperança.

Havia medo nela, mas também uma esperança trêmula, um fio de possibilidade prestes a se romper. Seus olhos buscaram os meus no escuro, implorando sem reservas, refletindo tudo o que eu sentia, porém não tinha coragem de dizer.

— Fica comigo, Maya. — Sua voz se partiu no final, como se cada palavra arrancasse um pedaço de seu coração. Seus olhos estavam brilhantes, não apenas pela luz fraca, mas pelo choro que ela segurava.

O mundo de mentiras que construí ao meu redor, o muro de gelo que ergui para me proteger, tudo desabou em um instante.

Ela casou-se.

A minha mente repetia a frase como um eco cruel. A ignorância em que vivera até aquele momento era dolorosa. Por anos, convenci a mim mesma de que havia conquistado tudo, de que meu foco deveria ser apenas na carreira. Ignorei o arrependimento que, de vez em quando, sussurrava no silêncio da minha solidão, sufocando-o com trabalho incessante e metas a cumprir. Mas bastou uma foto para que todas as certezas se esvaíssem como areia entre os dedos.

Respirei fundo, forçando-me a recuperar o controle. Afastei as lágrimas, ajeitei os cabelos e fechei a página do perfil. Os meus dedos envolveram a xícara de café ainda quente, procurando conforto no calor do líquido escuro. Soprei de leve antes de levar a borda à boca e fechei os olhos.

A decisão estava tomada.

Eu precisava consertar os erros do passado.

— Maya? — uma voz familiar chamou a minha atenção, trazendo-me de volta à realidade.

Levantei os olhos, sentindo o peso do olhar de Olivia sobre mim, com aquele ar de curiosidade que lhe era tão característico. A sua presença não era fruto do acaso, morávamos no mesmo prédio há anos, esta conhecia-me demasiado bem para ignorar o meu silêncio abrupto nas mensagens, ou a forma como, na véspera, tinha cancelado o nosso jantar sem dar grandes explicações. Olivia conhecia os meus hábitos e rotinas melhor do que eu própria. Não era incomum que me encontrasse na padaria quando sentia que algo estava errado, e desta vez, não foi diferente.

— Estás bem? Pareces ter visto um fantasma. - Comentou aproximando-se com uma expressão que misturava preocupação e carinho.

Soltei um riso fraco e fiz um gesto para que ela se sentasse.

— De certa forma, vi. — Movi o laptop na direção dela. — Chloe casou-se.

Os olhos de Olivia arregalaram-se brevemente antes de se voltarem na minha direção.

— Como te sentes? — perguntou suavemente, com uma cautela que me incomodava.

Suspirei e passei a mão pelo cabelo.

— Como se o chão tivesse desaparecido sob os meus pés — respondi, com a voz embargada pela emoção. — Mas também... determinada. Vou para a Austrália.

Ela piscou algumas vezes, absorvendo a minha decisão repentina.

— O quê? Austrália? Vais largar tudo e simplesmente atravessar o oceano por ela? — A incredulidade na sua voz veio acompanhada de algo mais, uma hesitação breve, como se tentasse medir as palavras antes de soltá-las. Olivia desviou o olhar para a mesa à sua frente, o maxilar ligeiramente travado.

— O meu trabalho permite-me trabalhar remotamente. Além disso, já tinha férias marcadas. Isto… isto é algo que preciso fazer. — Murmurei, observando a espuma do café girar sob o movimento inconsciente da minha colher.

Liv mordeu o lábio inferior, um gesto que reconheci como um sinal de que estava a tentar conter algo. Finalmente, respirou fundo e cruzou os braços, fitando-me com intensidade.

— Maya… e se a Chloe já tiver seguido em frente? E se não fores encontrar o que esperas? — A sua voz era serena, mas havia algo subjacente ali, algo que não se resumia apenas à preocupação.

Inclinei-me para trás na cadeira, sentindo o peso daquela pergunta.

— Eu sei que pode ser tarde demais. Mas prefiro tentar a viver com o 'e se?'. Não posso continuar a fingir que enterrei esse capítulo se nunca o fechei de verdade.

Olivia assentiu devagar, os olhos fixos na borda da mesa, como se absorvesse a minha resposta. Quando voltou a encarar-me, havia um brilho indefinido no seu olhar. Não era apenas preocupação, nem apenas amizade. Era algo mais profundo, mais contido. Algo que não parecia disposta a verbalizar.

— Quando pretendes ir?

— O mais breve possível — respondi firmemente. — Só preciso de pesquisar a disponibilidade dos voos.

O silêncio que se instalou entre nós era diferente desta vez. Não desconfortável, contudo carregado. Como se algo estivesse por dizer e nenhuma de nós soubesse como expressá-lo. Liv apertou os lábios, desviando o olhar novamente para a mesa, os dedos brincando distraidamente com o guardanapo entre as mãos. Por fim, suspirou pesadamente olhando-me de novo, desta vez com um sorriso triste curvando os seus lábios.

— Sempre foste assim — disse, por fim. — Quando tomas uma decisão, ninguém consegue fazer-te mudar de ideia. Nem mesmo eu.

Havia um tom de aceitação nas suas palavras, com um fundo de frustração resignada, como se já soubesse que qualquer coisa que dissesse seria inútil.

— Liv... — Comecei, hesitante, mas ela ergueu a mão, interrompendo-me.

— Não importa. — Os seus olhos prenderam-se nos meus por um instante longo demais. Algo brilhou neles, talvez um arrependimento passageiro, talvez um sentimento que nunca teve coragem de dizer em voz alta. — Se é isso que precisas, então reserva já esse voo.

Soltei um suspiro profundo e, com um sorriso melancólico, abri uma nova aba no navegador. Pesquisei por voos para Gold Coast. Deslizei o cursor pelos horários disponíveis, o coração pulsando forte no peito. Reservei um voo para dali a três semanas. O tempo suficiente para organizar tudo, porém curto o bastante para evitar que mudasse de ideia. Fiz um som doloroso ao perceber que teria de passar por duas conexões e enfrentar uma viagem de 27 horas, no entanto não me deixei desanimar. Nada disso importava perante a urgência do que eu precisava fazer.

Mas, no fundo, uma pergunta ecoava na minha mente: haverá ainda tempo para nós?

 

***

 

No Aeroporto Internacional, o movimento era intenso como sempre. Passageiros apressavam-se pelos corredores, malas rolavam pelo chão polido, e vozes misturavam-se numa sinfonia de despedidas e expectativas. Caminhei em direção ao balcão de check-in com um misto de ansiedade e excitação. A mala de mão pesava mais do que deveria, não pelo seu conteúdo, mas pelo peso emocional da viagem que estava prestes a fazer.

Após despachar a bagagem e receber o meu bilhete, dirigi-me à área da segurança. Olivia insistira para me acompanhar até o aeroporto, contudo recusei. Precisava deste momento a sós, para me preparar mentalmente para tudo o que estava por vir. Mesmo assim, recebi uma última mensagem dela: Boa viagem, Maya. Espero que encontres o que procuras. Suspirei, sabendo que esta estava preocupada comigo, porém determinada a apoiar a minha decisão.

Sentei-me numa das cadeiras próximas ao portão de embarque e olhei para o relógio de parede. O voo ainda demoraria algum tempo. Decidi então percorrer uma última vez as fotos de Chloe que estavam disponíveis no seu perfil. A imagem do seu sorriso forçado, a tristeza velada nos olhos, fazia-me acreditar que ainda havia algo a fazer. Mas e se eu estivesse errada? E se, ao chegar lá, percebesse que o passado não podia ser consertado?

Os alto-falantes anunciaram o início do embarque. Levantei-me, sentindo o coração a martelar contra o peito, como se tentasse libertar-se da gaiola de nervos que o aprisionava. O bilhete tremia ligeiramente na minha mão enquanto avançava em direção à ponte de embarque, cada passo uma mistura de ansiedade e determinação. Ao pisar no avião, um calafrio percorreu pela minha espinha, e o mundo ao meu redor pareceu desfocar-se por um instante.

Subitamente, senti-me transportada para outro momento, outro avião, outro destino. O cheiro característico do interior da aeronave, o murmúrio dos passageiros, o toque frio do assento — tudo me levou de volta àquela jovem de 16 anos, cheia de sonhos e medos, que embarcara para um intercâmbio na Austrália anos antes. Era como se o tempo dobrasse sobre si mesmo, e eu estivesse a viver duas realidades ao mesmo tempo: a mulher que sou hoje, a caminho de enfrentar o passado, e a menina que fui, a caminho de descobrir o mundo.

Uma sensação de déjà vu intensa e avassaladora invadiu o meu corpo. Por um momento, quase consegui sentir o peso da mochila nas costas, o frio na barriga daquela primeira grande aventura, e o brilho nos olhos de quem acreditava que o futuro era infinito. Agora, aqui estava eu, de volta ao mesmo ponto de partida, mas com um coração mais pesado e uma missão clara: reencontrar Chloe e, quem sabe talvez, reencontrar-me a mim mesma.

Eu não sabia o que encontraria ao voltar. Mas precisava descobrir. E assim começava tudo outra vez.

Fim do capítulo

Notas finais:

O tempo pode apagar pegadas na areia, mas algumas marcas são profundas demais para serem levadas pelo vento.

Maya está prestes a mergulhar de volta em um oceano de lembranças… mas será que encontrará o que procura?

Nos próximos capítulos, o passado e o presente colidirão como ondas contra as rochas.

Obrigada por embarcar nesta jornada!


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