Desculpas pela demora...
Parece que um furacão passou na minha vida e aconteceram alguns contratempos. mas acredito que tudo vai voltar ao seu normal em breve ...
Capitulo 19
Depois do jantar, ela tirou a mesa, deixando apenas a garrafa de vinho e as taças. Não era necessário dizer mais nada-suas ações falavam por si. Mariana segurou minha mão com delicadeza, me incentivando a me levantar. Seus olhos, profundos e sedutores, não desviaram dos meus enquanto ela me entregava a taça, acompanhada de um sorriso suave. Sem dizer uma palavra, me puxou pela mão, guiando-me pela casa em um silêncio carregado de promessas.
Subimos as escadas de mãos entrelaçadas, e um friozinho na barriga tomou conta de mim. Uma doce ansiedade me envolvia, imaginando o que me aguardava no andar de cima. Ao chegarmos em frente ao meu quarto, Mariana parou e me lançou um sorriso malicioso, me deixando sem ar. Com um olhar cheio de intenção, pediu suavemente que eu mesma abrisse a porta.
Com a mão que antes segurava a dela, girei a maçaneta e, ao entrar, fui tomada por uma sensação indescritível. A cama estava vestida com um lençol de seda vermelha, e velas cuidadosamente dispostas ao redor preenchiam o ambiente com uma luz dourada e um perfume suave e envolvente. Fechei os olhos por um instante, sorrindo de felicidade ao sentir a energia daquele momento.
Mariana entrou com graça, fechando a porta atrás de nós. Enquanto eu ainda absorvia a cena, ela se aproximou, derramando um pouco mais de vinho em minha taça antes de encher a própria e deixar a garrafa sobre a mesa de cabeceira.
Eu não conseguia desviar o olhar. Havia algo no jeito que ela se movia naquela penumbra suave, uma graça natural que me fazia esquecer até de respirar. O quarto estava quente, mas não era por causa da temperatura. Era por causa dela. Do jeito como seus olhos me fitavam, como se soubessem exatamente o que eu sentia-e provocassem isso de propósito.
Saí do meu transe e caminhei até ela, ficando tão perto que podia sentir seu perfume: forte, levemente amadeirado, misturado ao calor de sua pele. Minhas mãos tremiam levemente quando meus dedos percorreram o contorno de seu braço. Sua pele era macia, quente, e eu pude sentir os pequenos arrepios que se formavam sob meu toque.
-Você faz isso de propósito, não faz? - A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse contê-la, minha voz saindo um pouco mais rouca do que eu esperava.
Ela riu, mas não respondeu. Em vez disso, inclinou a cabeça e me olhou com uma intensidade que fez meu coração disparar. Seus dedos tocaram meu rosto, traçando lentamente minha mandíbula, meu queixo, até pousarem em meus lábios. Era impossível resistir. Inclinei-me para ela, incapaz de negar o chamado mudo daquele toque.
Quando nossos lábios finalmente se encontraram, era como se o resto do mundo desaparecesse. O beijo começou quente e lento, cheio de hesitação e descobertas. Mas logo se tornou mais urgente, mais profundo, como se tentássemos gravar uma à outra na pele, na memória, em tudo que éramos.
Eu me perdi nela. Seu corpo contra o meu era um imã, me puxando para mais perto, até que já não houvesse espaço algum entre nós. Minhas mãos exploravam cada curva, cada contorno, enquanto o desejo queimava cada vez mais forte. Ela me olhou então, um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto antes, e sorriu, como se soubesse que eu já era completamente dela.
E eu era.
E tinha certeza de que era certo me entregar, mesmo que os fantasmas tentassem me puxar para trás, sussurrando dúvidas ao fundo. Mas suas vozes eram abafadas pela minha vontade e necessidade de Mariana.
Me perdi em seus olhos, mas não queria me entregar de qualquer jeito. Queria ser cem por cento dela. Mariana arqueou uma sobrancelha e perguntou:
-Tem algo que ainda queira me contar?
Mesmo com toda aquela atmosfera, com o calor dos nossos corpos preenchendo o quarto, ela percebeu que eu precisava dizer algo. Mesmo que já soubesse.
-Quero que saiba que você é a primeira desde Victória... E que, depois de tanto tempo, finalmente sinto que tudo o que eu sinto por você é a maior certeza da minha vida.
Meu coração disparou ao dizer isso, mas se acalmou ao vê-la sorrir.
E, mais do que as velas, aquele sorriso iluminou todo o quarto, me fazendo ter ainda mais certeza de que ela era o que havia de mais certo para mim. Como se todo o sofrimento do passado desse lugar a um novo jardim, e a primavera finalmente chegasse, permitindo que as flores desabrochassem.
Mariana trocava comigo um olhar intenso até segurar minha mão e me sentar na cama.
-Quero te mostrar uma coisa. Já volto.
Ela deixou a taça sobre a mesa de cabeceira e desapareceu em direção ao banheiro. Meu nervosismo tomou conta de mim. Minhas mãos suavam, minhas pernas estavam inquietas. Era uma mistura de ansiedade e antecipação.
Então, vi sua silhueta emergir do banheiro. Ela vestia um roupão branco, os pés descalços, e os cabelos presos em um coque alto.
-Já que estamos quebrando barreiras, quero que saiba que eu não sou perfeita. Tenho meus problemas, minhas inseguranças. E quero que veja algo no meu corpo.
Ela desfez o nó do roupão, e meu coração pareceu subir até a garganta. Engoli em seco quando vi seu corpo nu.
-Me dá sua mão.
Com delicadeza, Mariana pegou minha mão trêmula e a guiou até o vão entre seus seios, onde senti uma cicatriz que percorria seu corpo até o início do abdômen.
-Fiz três cirurgias. Essa cicatriz não é algo que eu ache bonito ou atraente. Poucas pessoas me viram completamente nua... - Ela respirou fundo antes de continuar. - Mas você é tão importante para mim que quero que me conheça por inteiro. Assim como você se sentiu à vontade para quebrar seus muros por mim, estou aqui de corpo e alma. Porque quero ser completamente sua.
Me levantei, traçando a cicatriz com o indicador, sentindo cada marca de sua história. Então levei minha outra mão até sua cintura, segurando-a firme, sentindo o calor que emanava dela e se chocava contra minha pele.
-Você é tão linda... Você é perfeita, Mariana.
Fim do capítulo
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