2. Verdade e poder
Liz não voltou para casa em seu primeiro dia de volta ao trabalho depois das férias que foi obrigada a tirar. Em seu retorno, a policial adentrou a madrugada na delegacia estudando cada um dos depoimentos conforme chegavam e pela manhã já tinha montado um quadro com as principais pistas do crime.
À tarde, terminou de relacionar os depoimentos com a lista de convidados da boate e antes que a noite chegasse, Liz fez questão de ir pessoalmente terminar de interrogar o segurança que encontrou o empresário morto em sua sala. Algo na história dele não batia.
– Como segurança, você era responsável por zelar pela vida de Roberto Prado Corrêa, mas deliberadamente o deixou sozinho minutos antes dele morrer – Liz comenta, pronunciando devagar cada sílaba. Pareceu excesso de foco, mas era apenas cansaço – E agora me diz que simplesmente não pode revelar o que foi fazer fora da sala?
– Exatamente. Infelizmente, sim – o segurança responde, sem pestanejar – Faz parte do meu contrato de confidencialidade, como já informei para os colegas de vocês mais cedo, desculpe. Não tenho como colaborar com este caso.
– Mas o seu cliente está morto! O seu contrato já era – Felipa afirma, parecendo impaciente. Seu tom de voz irritado contrastou com a aparente tranquilidade do interrogado, que manteve-se impassível diante das perguntas das policiais.
– O Roberto está morto – o segurança retruca, absolutamente indiferente quanto ao fato. Parecia acostumado a lidar com perdas ou era apenas desapegado com as questões que envolviam seu ofício.
– Ora, não me diga... – Felipa rebate, sarcástica.
– Seu contrato é com a boate, então? Ou envolve sócios do empresário? – Liz questiona, ao mesmo tempo, falando junto com a parceira.
– Isso também é algo que eu não posso responder, desculpe. Como já disse antes, mais de uma dezena de vezes, faz parte do meu...
– Contrato de confidencialidade, tá – Liz o interrompe, levantando-se de maneira ruidosa, pegando o revólver que havia deixado em cima da mesa como forma de intimidá-lo – Tudo bem, eu já entendi.
Ela guarda a arma na parte de trás da calça e deixa a sala, seguida de perto por Felipa. Nenhuma das duas se preocupou em tirar as algemas do segurança ou transferi-lo para uma cela. Em Ecila, qualquer interrogado podia ficar sob o domínio da polícia por até 72h e ainda estavam dentro desse prazo.
– Precisamos urgentemente de uma cópia do contrato de trabalho dele. Mas só para nos certificarmos. Com certeza o empresário morto era só um dos empregadores... Meu palpite é que ele é um segurança exclusivo da boate, por isso a cláusula de confidencialidade se mantém.
– Como se o imóvel fosse uma pessoa física? – Felipa pergunta, lendo os relatórios entregues por uma policial baixinha, que aproximou-se e se afastou sem dizer nada.
– Como se o imóvel tivesse uma pessoa dentro, sim... – Liz murmura, pensativa – Será que a Paola está lá?
– Nem todo caso tem a ver com a menina desaparecida, parça – Felipa a encara, com uma careta. Pareceu sem graça por ter que dizer o óbvio.
– Quero uma varredura completa no local – Liz responde, como se não a tivesse escutado; como se seus instintos falassem mais alto. No mesmo segundo, um trio de policiais acatou a ordem e se afastou – O que temos de novo?
– As imagens das câmeras internas mostram o segurança saindo da sala, mas depois ninguém mais entra.
– O que reforçaria a teoria de overdose...
– Exceto pelo fato de que ele não se drogou – Felipa garante, segura do que dizia – Eu vi.
– O resultado da perícia já chegou?
– Não que precise... mas não. Ainda não – Felipa olha para o celular, como se o gesto fosse suficiente para atrair uma ligação.
– Então nossa suspeita recai sobre os convidados – Liz afirma, como se a dupla pensasse em conjunto.
– Todos na festa eram exclusivamente as pessoas da lista – Felipa aponta para os nomes organizados em ordem alfabética no quadro de Liz – Mas havia uma segunda lista.
– Claro que havia – ela observa a parceira riscar 90% dos nomes com uma canetinha vermelha – São VIPs – Liz complementa, numa afirmação.
– É, a pura nata da sociedade, podemos dizer. Os homens mais poderosos do país – Felipa observa os menos de dez nomes que não foram riscados e permaneceram intactos – Para eles, a festa começou mais cedo. Há registro de suas chegadas aproximadamente 3h antes da boate abrir.
– Só gente grande. Basta que apenas um segredo escape dessa rede para termos mais casos assim – Liz comenta, pensativa. Não disse mais nada porque o telefone de Felipa tocou.
– Oi, Rute. Sim, já tem o resultado da autópsia? Sei. Aham, eu já sabia.
– Pergunta sobre o vinho – Liz solicita, ciente do resultado informado pela perita, mesmo sem escutá-la.
– E o vinho, querida? Tem alguma novid... Ah, sim. Claro, uhum, entendi. Vou passar para a Liz. Grata, Rute.
– Negativo para overdose, inconclusivo para o vinho?
– Negativo para overdose, como eu já havia antecipado, sim, e o exame do vinho ainda não ficou pronto – Felipa responde, triunfante com seu bom trabalho.
– Eu tenho certeza de que o assassino está aqui – Liz aponta para os nomes que se destacavam em meio aos riscos vermelhos.
– Seria um caso e tanto, convenhamos. Só tem homem importante aí...
– É... – Liz murmura, espremendo os olhos. Estava prestes a completar 24h sem dormir em seu primeiro dia de volta ao trabalho, mas sua mente permanecia afiada, assim como sua visão – E no meio desse monte de homem importante temos uma única mulher – ela circula o nome de Vera Morana no fim da lista.
– Concordo com você, vamos atrás dessa pista – Felipa assente, demonstrando que nem sempre era preciso o uso de palavras para se comunicarem.
Fim do capítulo
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thays_
Em: 19/02/2025
A Liz é muito foda!
Quando terminar esse desafio vou ler a outra dela que você me indicou!! :D
caribu
Em: 22/02/2025
Autora da história
Ela é foda demais!
Lê sim a outra história! São quatro mil palavras, só rs
Eu pretendo ler a sua história ainda hoje! S2 Já falei que sou sua fã, né rsrs
Beijos!
thays_
Em: 22/02/2025
Então saiba que é recíproco!! s2
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cris05
Em: 17/02/2025
Enigma muito complexo mesmo. Só a sagacidade da Liz pra desvendar esse crime.
Esse empresário deve ter feito algo muito grave no passado e agora a pessoa se vingou.
Fiquei desconfiada da única mulher na lista. Depois pensei que na real podia ser um homem disfarçado de mulher pra cometer o crime, sei lá. Conclusão: só sei que nada sei rsrs.
Tô doida pra saber o que de fato rolou, autora!
Beijos e até o próximo!
caribu
Em: 18/02/2025
Autora da história
Olha, vou dizer que vc entregou simplesmente a história toda (mas não vou dizer em qual das suas frases isso aconteceu rs).
Que bom que está curiosa! Acredito que vá gostar! S2
Beijos!
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NovaAqui
Em: 17/02/2025
Só cueca? Que festa mais UÓ kkkkk
E se bobear é ela a assassina!
Entrou, matou e ninguém viu nada?
Só uma mulher faria isso
caribu
Em: 18/02/2025
Autora da história
Festa uó mesmo ahahaha
E super suspeita, convenhamos.
Só mesmo uma mulher faria algo como matar e passar despercebida na cena do crime... ou: só mesmo outra mulher seria capaz de desvendar esse tipo de crime rs
No próximo capítulo tudo será esclarecido!
Beijos!
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Zaha
Em: 17/02/2025
Oiê, Caribu!! Tudo bem?
2 capítulo, os acontecimentos estão ficando interessantes,mesmo porque, poucas provas ..pode ser um dos convidados vip, é o mais acertado, sem falar que tem uma mulher, já podemos ir excluindo....pode ser ela..quem sabe!!! Tudo muito misterioso....
Aguardando o próximo capítulo...adorando a Liz!!!
Tenho q continuar lendo o outro pra conhecer mais a Liz....em breve...senao, fico perdida e troco as estórias kkkk
Muito bom o caps,
Beijos
caribu
Em: 17/02/2025
Autora da história
Oi, Zaha! Por aqui tudo bem, apesar do calor chato. E por aí, tudo em riba?
A dúvida que fica é: será que excluímos a única mulher ou ela é a principal suspeita?rs
Semana que vem saberemos (literalmente, ainda não terminei de escrever rs).
A Liz é demais mesmo. Mto sagaz e astuta, adoro!
Saboreie as histórias dela sem pressa! S2
Semana que vem eu volto!
Beijos!
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