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  • capítulo quarenta e cinco: o nosso recomeço (FINAL)

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o nosso recomeco (EM REVISAO) por nath.rodriguess

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Palavras: 9814
Acessos: 1811   |  Postado em: 17/02/2025

Notas iniciais:

Capítulo final! 

capítulo quarenta e cinco: o nosso recomeço (FINAL)

CAPÍTULO 45.

FINAL.


— Maria Fernanda, amor... você confirmou que horas a sua mãe vai te buscar para fazer o penteado? — Indago, já deveria ser a décima vez que eu estava perguntando aquilo para ela.

— Anna... — Ela respira fundo, enquanto aponta para a manicure o esmalte que vai pintar as unhas das mãos — Já não falei pra você que vou às 15h fazer o cabelo e maquiagem?

— Desculpa, eu esqueci. Só estou nervosa. 

A outra manicure, que também está fazendo a minha unha no momento, ri e fala para a que está fazendo a unha de Fernanda:

— Essas meninas estão nervosas por demais! Oxe! Se acalme, menina Anna. Ela não vai fugir do altar. — As duas riem em cumplicidade, enquanto minha cabeça tenta lembrar se ficou algo pendente. 

É, eu vou me casar amanhã. 

Com a mulher dos meus sonhos. 

Quatro anos depois que nos conhecemos, ela finalmente tinha dito sim, mas eu ainda tinha picos de insegurança dela me deixar e eu sinceramente, não sei como ela me aguentou nesse último mês. Olho a lista de tarefas pela milésima vez no meu celular e vou marcando aquelas que eu já consegui executar.

— Meu Deus, o terno dos pets já chegou? Eu vou ligar pra Bruna. 

Quando digo isso, dou um puxão na minha mão que a manicure está pintando e acabo borrando o esmalte. Ela me olha e cruza os braços, Fernanda suspira, sem paciência. Fecho os olhos e faço uma careta, já prevendo o esporro que irá vir da minha noiva:

— Se você perguntar mais uma vez, vou mudar de ideia sobre amanhã só pra ver se você sobrevive ao infarto, Anna Florence! — Ela diz, ríspida. 

Ali eu não era a admirável ou abominável advogada criminal, eu era apenas a noiva de Fernanda, então ela mandava e desmandava na minha vida como queria. Para não contrariá-la mais, fiquei quietinha esperando a manicure finalmente terminar de pintar minhas unhas curtas. 

— Sabe, eu já defendi criminosos perigosos no tribunal sem pestanejar, mas organizar um casamento tá acabando comigo. — Digo à manicure, que balança a cabeça negativamente  

— Bom saber, da próxima vez vamos casar só no cartório. — Bufando, Fernanda responde. 

Depois de finalmente me aquietar, percebo que Fernanda me observa com aquele olhar indecifrável.

— O que foi? — pergunto, desconfiada.

Ela sorri de canto, balançando a cabeça.

— Nada, só estou aproveitando esse raro momento de silêncio.

Reviro os olhos, mas, antes que eu consiga retrucar, meu celular vibra no colo. Pego rapidamente com a mão seca de esmalte, me preparando para mais um possível contratempo.

Bruna: "Anna, pelo amor de Deus, respira. A roupa dos bichinhos já chegou, o buffet já confirmou, e não, não tem como eu garantir que a Fê não vá fugir do altar porque, sinceramente, nesse momento, eu fugiria."

Filha da p-

Mostro a mensagem para Fernanda, que solta uma gargalhada, balançando a cabeça.

— Você fez sua sessão de terapia essa semana, meu amor? — Fernanda me pergunta, com vontade de rir 

— Fiz. 

Ela aperta os lábios para evitar um sorriso.

— Coitada da Doutora Marcela, ela quem vai precisar de terapia essa semana depois de lhe atender. — Dessa vez ela não consegue evitar a risada 

A fuzilo com o olhar, enquanto ouço o barulho de notificação de outra mensagem: 

Dra. Baldez: "Lucca está indócil, já ensaiou quinhentas vezes como vai entrar no casamento.” 

Lucca era o filho da Dra Baldez e da Renata. As duas não escolheram uma madrinha para ele, mas desde o momento que eu o conheci, ele era incrivelmente apegado a mim. Ele me chamava de “dinda”, desde os 2 anos de idade. O que, na época, começou a ocasionar ciúmes em Amanda, filha de Adriana, que começou a me chamar de dinda também. 

Então, oficialmente, virei madrinha dos dois. E, apesar de Amanda já ter 12 anos, uma pré-adolescente, ela era extremamente ciumenta e vivia disputando minha atenção com ele, que já tinha 4. Ela era uma ótima garota e, sei que nós temos que tratar crianças como crianças e que crianças não namoram, mas ela já dava indícios que ia ser do vale. Inclusive, vivia colada na sua melhor amiga, Alice, que parecia nutrir os mesmos sentimentos por ela. 

Depois que saímos do estúdio, deixei Fernanda no seu escritório para finalizar algumas demandas de trabalho importantes. Ela agora era dona do próprio negócio: Alencar & Vasconcelos – Advogadas Associadas. A minha ruiva foi firme no propósito de seguir carreira fora do escritório, trilhar o seu próprio caminho e chamou Andressa para uma parceria. Quando ela viu a loucura que eu e seus pais fizemos de comprar um ponto comercial para ela, ela quase nos matou, mas chorou de felicidade no final.

Além de pós-graduada em Direito de Família, ela também estava terminando sua especialização em Direito Educacional. Ela queria muito dar aula, ser professora universitária e atuante na advocacia.

Eu não poderia estar mais orgulhosa, apaixonada, boba por essa mulher. Ela era tão inteligente, perseverante, linda. Nem parece mais aquela menina insegura com a OAB. Por falar nisso, ela passou na prova, tirando 58 pontos na primeira fase e nota 9,5 na segunda. É, ela havia sido melhor que eu.

Mas agora, enquanto estaciono o carro em frente à nossa casa, minha mente volta para o caos do casamento. O dia seguinte seria o grande dia, e eu ainda tinha a sensação de que estava esquecendo algo importante.

Quando entro em casa, sinto meu celular vibrar no bolso da calça. Olho a tela e vejo o nome de Bruna piscando.

— O que foi agora, Bruna?

— Eu que te pergunto! Você tá respirando, já desmaiou ou tá correndo em círculos feito uma louca?

Reviro os olhos, mas um sorriso escapa.

— Estou viva. Minha roupa tá pronta?

— Sim, e tá maravilhosa! Você tem bom gosto, parabéns. — A animação na voz dela me aquece o coração. — Mas, Anna, e você? Você tá bem?

Solto um suspiro, me jogando no sofá.

— Eu tô feliz, Bru. Assustada, ansiosa, mas feliz.

— Eu também estou feliz por você, minha irmã.

Bruna me diz isso com a voz embargada, e antes que eu começasse a chorar e ela também, preferi mudar de assunto. 

— Alessandra já chegou? 

Ela suspira, vencida. 

— Já sim, está no banho. Não dá pra falar agora. 

— Não responde ao que eu vou te falar agora, mas... eu tô bem preocupada com você, tá? Não é porque amanhã é o meu dia que eu preciso ser poupada do que acontece na sua vida. Vem pra cá, inventa alguma desculpa que eu surtei com o casamento pra gente conversar. Além do mais, faz 3 dias que não te vejo. Saudade de você. 

— Você está sentimental. — Constata — Ok, me dá 1 hora. 

Ela desliga o telefone e eu vou tomar um banho para comer alguma coisa, pensando com preocupação na história de Bruna e Alessandra. Eu nunca gostei do projeto de piu-piu, mas nunca joguei nenhuma praga na relação das duas. Bruna vinha me confessando que o casamento delas estava desgastado, que caiu na rotina e que as duas viviam brigando por qualquer motivo. 

Alessandra era muito reativa e, de certa forma, eu tinha medo de que ela machucasse a Bruna. Claro, ela não era louca de fazer isso. Eu ia trabalhar tanto para colocá-la na cadeia que jamais ela ia conseguir um alvará de soltura para sair de lá. Deixei bem claro todas as vezes que conversamos que eu ia acabar com a raça dela se ela magoasse a minha irmã, mas ela sempre pareceu gostar da Bruna de verdade, mas eu sabia que, no fundo, ela não havia esquecido Fernanda. 

Depois do banho, vesti uma roupa confortável e fui até a cozinha preparar algo rápido para comer. Já eram quase 17h da tarde e eu tinha almoçado 11h30 da manhã. Tudo bem que quando eu estava ansiosa, a minha fome duplicava de tamanho, mas eu sabia que precisava me alimentar bem para aguentar o dia seguinte. Enquanto espalhava requeijão na torrada, olhei para um ponto fixo da sala, pensando no casamento e na minha irmã.

Ela sempre foi a minha base, minha família, e agora que eu estava prestes a casar, uma parte de mim sentia que precisávamos estar mais unidas do que nunca. Só que, pela primeira vez, eu sentia que ela estava tentando me proteger ao invés de me contar o que estava acontecendo. O que só reforçava a ideia de que as coisas estavam ruins de verdade.

O som da campainha me tira dos meus pensamentos.

— Entrei com a minha própria chave, mas não queria correr o risco de levar um tiro. — Bruna brincou, segurando um pote de sorvete e uma garrafa de vinho.

Ri, balançando a cabeça.

— Se for pra beber, eu desisto. Amanhã eu caso, preciso estar inteira.

— É só um pouco. — Ela entrou, deixando as coisas na bancada.  — Além do mais, você já casou no papel, amanhã é só a festa.

— Amanhã é a celebração, é diferente.

Bruna me olhou com um sorriso suave, e eu soube que ela estava tentando desviar do assunto real.

— Certo… e você quer falar sobre a Alessandra agora ou depois do sorvete?

Ela revirou os olhos, pegando duas colheres.

— Depois. Eu sei que você vai querer argumentar e eu prefiro fazer isso de boca cheia.

Pegamos as taças e fomos para o sofá. Enquanto ela servia o sorvete, percebi que sua expressão estava cansada.

— Bru…

— Anna, só quero aproveitar você agora. Liga a TV e coloca em Euphoria, por favor. 

Faço o que ela pede enquanto ela coloca a cabeça no meu ombro e suspira. A série continua rolando e ela dá uma risada dolorosa durante uma cena. 

— Eu traí Alessandra.

Oi?

— O quê?

— Ela não sabe, mas conheci alguém e... essa pessoa está me deixando com os sentimentos confusos e isso vem interferindo no meu relacionamento há meses. 

Fico em silêncio, tentando processar a informação por alguns segundos.

Eu queria encontrar as palavras certas, mas eu não sabia bem como dizer. Eu estava... surpresa? Brava? Não sei definir.

— Você não deveria ter feito isso — Simplesmente digo, ela sabia minha opinião sobre traição e como isso é repugnante pra mim.

— Eu sei que não, mas é foda também estar com alguém que não tirou outra pessoa do coração. 

Ela olha pra mim, como se não precisasse mencionar o nome da pessoa. É claro que ela estava falando de Fernanda.

— Ela não superou? — Finjo surpresa, mas eu já sabia. Dava pra ver pela forma como ela olha pra minha noiva.

— Não. — Ela diz, com raiva. — De certa forma, isso é uma traição. A diferença é que eu aceitei isso achando que ia mudá-la, o que não aconteceu. Por mais terapia que ela faça, não conseguiu tirar Fernanda da cabeça. E o fato dela estar vendo o grande amor da vida dela casar, a deixa pior. Ela finge que não, mas eu vejo. Nossa relação não deveria nem ter começado, Anna. Eu não vou arregar, não vou falar pra você que não estou errada em traí-la, mas... me sinto cansada de disputa-la. 

— Quem é essa pessoa? — perguntei, minha voz saindo mais baixa do que eu esperava.

Bruna apertou os lábios, hesitante.

— Não importa.

— Como assim não importa, Bruna? Você acabou de dizer que está com sentimentos confusos! Isso é sério.

Ela soltou um suspiro longo, como se estivesse carregando o peso dessa confissão há muito tempo.

— Eu sei. — Ela virou o rosto para mim, seus olhos escuros brilhando de um jeito diferente. — Eu sei que é sério. Um dia eu vou te contar, mas não hoje, não agora. Chega desse assunto.

— Então por que me contou?

— Porque eu precisava.

Fiquei em silêncio por um instante, encarando minha irmã, essa mulher que sempre foi a pessoa mais certa na minha vida. Mas, naquele momento, ela parecia tão... errada. Tão perdida.

— Bru… você ama Alessandra?

Ela engoliu em seco, desviando o olhar novamente.

— Eu achei que sim.

Nossa. Bruna sempre foi intensa em seus sentimentos em relação a Alessandra, e se até ela estava duvidando… então as coisas estavam realmente ruins.

— E essa outra pessoa… você sente algo por ela?

Bruna não respondeu de imediato. Pegou mais uma colherada de sorvete e comeu devagar, como se estivesse escolhendo as palavras que ia me dizer

— Eu sinto… algo que não deveria sentir.

Eu soltei um suspiro, passando a mão no rosto.

— Bruna…

— Anna, por favor. Eu não quero que você fique martelando isso agora. Amanhã é o seu casamento, e eu quero estar cem por cento aqui pra você. Só… me deixa aproveitar essa noite como sua irmã, sem julgamentos, sem drama.

Respirei fundo, tentando respeitar o pedido dela.

— Tá bom. Mas depois que eu voltar da lua-de-mel, nós vamos conversar sério.

Ela sorriu de leve.

— Eu sei.

E então ficamos ali, assistindo à série e dividindo o sorvete, até que Fernanda cruzou pela porta e viu nós duas abraçadas, como se fôssemos a irmã mais velha e a mais nova.

— Oi, Bru! — Ela abraça minha amiga, que retribui o abraço 

— Eita, como sai cheirosa pra trabalhar — Ela brinca após dar uma fungada no cangote de Fê 

— Para de cheirar o cangote da minha noiva, você tá muito lésbica ultimamente. — Finjo estar brava e separo as duas, abraçando Fernanda e colocando a mão na cintura dela

— E você anda muito possessiva. — Ela estira a língua pra mim e eu aponto o dedo médio pra ela — Ainda com esses ciúmes, Anna? 

Fernanda tampa os ouvidos e revira os olhos. 

— As crianças estavam tão bonitinhas quando eu cheguei... Foi só eu aparecer para começarem a brigar? 

— Ela quem começou! — Eu e Bruna dissemos juntas, apontando uma para outra 

— Ai, minha paciência! — Fernanda ergue as mãos para o céu em rendição — Chega, vou me banhar. Fui! 

Depois do banho, Fernanda desceu e ficamos as três jogando conversa fora no sofá, até que Bruna decidiu ir embora e eu pude ficar com a minha noiva só pra mim. 

— Para, amor... Você tá...  me deixando... 

Eu estava sentada no sofá com ela no meu colo me contando de como foi o finalzinho da tarde no escritório e eu só a provocando, mordiscando seu pescoço, que já vai ficando com pequenas marquinhas vermelhas.

— Deixando o quê? — Digo com a voz rouca, já levantando a lateral da sua blusa com uma das mãos

Continuo.

— Sabe o que eu acho? — Minha voz saiu em um tom mais baixo, puxando-a pela cintura.

— Hum? — Ela ergueu uma sobrancelha, desconfiada, mas não se afastou.

Mordi o lábio, deixando minha boca perto do ouvido dela.

— Que eu devia ter uma despedida de solteira com você… agora.

Fernanda soltou uma risada baixa, virando o rosto para me encarar.

— Amor… — Ela começou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Acho que você não entendeu o conceito de despedida de solteira.

Eu franzi a testa.

— Como assim?

— Despedidas de solteira costumam ser com pessoas que não são as nossas noivas.

É o quê?

— Maria Fernanda Alencar! — Exclamei seu nome todo, tentando parecer ofendida. Eu só fazia isso quando eu estava brava. Naquele momento, não estava. Mas queria que ela acreditasse que sim. 

Arregalei os olhos, fingindo indignação e tentando me afastar, mas Fernanda foi mais rápida. Segurou minha cintura firme, me puxando de volta contra o corpo dela.

— Ah, amor… — Ela deslizou as mãos pelas minhas costas, seus dedos percorrendo um caminho já conhecido por ela. Sua boca roçou na minha mandíbula, e eu senti meu corpo inteiro esquentar. — Você ia mesmo querer outra pessoa?

Tentei responder, mas minha mente começou a ficar… esvaecida. A forma como ela me tocava, como seus lábios percorriam minha pele totalmente intencional... 

Suspirei, sentindo as pernas mais fracas do que deveriam estar.

— Tá tarde… — Murmurei, mais para mim mesma do que para ela.

— Tá sim… — Fernanda concordou, mas continuou com aqueles toques lentos e provocativos.

Quando ela colocou acariciou meu sex* por cima do short, eu respirei fundo, tentando recuperar o controle da situação. Endireitei a postura e encostei as mãos no peito dela, colocando um mínimo de distância entre nós.

— Precisamos dormir. Amanhã é o nosso casamento.

Fernanda estreitou os olhos, avaliando meu tom.

— Jura? — Sua voz veio arrastada, cheia de diversão.

Assenti, firme.

Ela suspirou, como se tivesse acabado de tomar uma decisão difícil, e então se afastou, me soltando.

— Tudo bem, então. Boa noite, noiva.

Fiquei observando enquanto ela se dirigia ao quarto, parecendo… satisfeita consigo mesma. Andando com um rebol*do que me enlouquecia. 

Bufei baixinho.

Eu tinha caído direitinho na provocação dela.

Mas amanhã… amanhã eu me vingaria.

💒💍

— Bruna, ela já chegou? Ela já está pronta? — Digo, visivelmente nervosa e com vontade de chorar, minhas mãos trêmulas são a prova disso. 

Era uma mistura de euforia e pânico, ao mesmo tempo.

— Já, criatura! — Bruna me olha de cima a baixo, me avaliando. — Anna, você já está amarrotada. 

— Eu falei com ela, Dona Bruna, mas ela está nervosa por demais — Uma das profissionais responsáveis pela organização do evento diz, se intrometendo 

— Ah, sério? Nem percebi! — Bruna ironiza e me puxa pelo braço. — Vem cá.

Antes que eu possa protestar, ela segura meu rosto entre as mãos e me força a encará-la.

— Olha pra mim, Anna.

Eu tento, mas meus olhos estão marejados, e meu coração não para de bater loucamente.

— Aquela mulher ruiva te ama, te admira, te escolheu anos atrás, correu atrás de você, perdoou seus erros – que foram vários, diga-se de passagem – e ainda suportou muita coisa porque uma louca queria te matar. Você acha que ela vai desistir agora que já disse sim?

Eu engulo em seco.

— Bru…

— E mais, mulher! Você já não se casou no cartório? Tá com medo de quê?

— Eu sei! Mas isso aqui… — Abro os braços, tentando expressar o tamanho do evento, das pessoas, do peso daquele momento. — Isso aqui é real. É definitivo. Não tem volta.

Bruna solta um riso suave e balança a cabeça.

— Ah, minha amiga, se tem uma coisa que não tem volta, é a Fernanda na sua vida. Se ela quisesse fugir, já teria fugido.

Dou um meio sorriso, sentindo uma lágrima teimosa escorrer pelo meu rosto.

— Eu só quero que tudo seja perfeito.

— Vai ser. Mas, antes de tudo, você precisa respirar, porque, sinceramente, se você desmaiar no altar, a ruiva te mata.

Eu solto uma risada fraca, sentindo o aperto no peito começar a se desfazer.

— Agora, endireita essa postura, para de amassar esse fraque lindo e me deixa ajeitar esse cabelo antes que a organizadora e a penteadista tenham um infarto.

Suspiro fundo, deixando Bruna me ajeitar, e, pela primeira vez no dia, sinto que vai dar tudo certo.

Porque, no fim das contas, eu estou indo ao encontro do amor da minha vida.

— Dra Florence, a música já vai tocar para a senhora poder entrar. Fique atenta. —  A organizadora do evento, Margareth, entra e sai na mesma velocidade. 

— Eu vou para o meu lugar, tá bem? Tenta não cair no caminho. — Ela ri, eu aponto o dedo médio.

Caminho em direção à entrada do evento, admirada em como tudo está tão lindo. Nós resolvemos casar na Barra da Tijuca, em um espaço para eventos com ambiente natural, área verde, que sinceramente, combinava com as cores escolhidas para o nosso casamento: verde e bege – O que Fernanda chama carinhosamente de “verde lésbico”, o bege foi escolhido para quebrar o tom. 

Estou parada no jardim secreto, o local onde escolhemos casar e a banda nupcial começa a tocar os primeiros acordes de “Forever” – Kiss para que eu entrasse. A música escolhida tinha um significado especial pra mim, eu já havia tocado ela no violão para Fê várias vezes e já havia feito mil juras de amor para ela. Hoje, nesse exato momento, essa música nunca fez tanto sentido. 

Quando chega na parte em que ele canta:  “It took your love to make my heart come alive” (“Foi necessário o seu amor para o meu coração viver”), uma lágrima insiste em cair dos meus olhos. Se Fernanda não tivesse aparecido, eu ainda viveria daquela forma, entre trans*s casuais e conquistas, e ainda assim, sofrendo por alguém que não merecia um terço do meu amor. Fernanda me transformou aos poucos, pegou meu coração amassado e o remodelou à sua maneira. Todas as coisas que eu tinha passado serviram para que eu a encontrasse. 

As pessoas me olham com um sorriso no rosto enquanto caminho, eu tinha escolhido um fraque verde-oliva com botões dourados, combinado com uma camisa branca de colarinho aberto, nós não queríamos nada tradicional, queríamos casar do nosso jeitinho. Meus cabelos loiros estavam ondulados e a penteadista me convenceu a colocar aplique nos cabelos para dar um efeito mais longo. Não me perguntem a diferença entre cabeleireira e penteadista, pra mim é tudo a mesma coisa. Eu estava com uma calça social branca, um pouco larguinha. Nos pés, escolhi um tênis branco para deixar o visual com mais leveza.

Quando finalmente chego ao altar, encho os pulmões de ar e respiro fundo. O celebrante puxa um assunto sobre eu estar nervosa, mas não consigo sinceramente prestar atenção nas palavras que ele diz, mas creio que ele disse ser normal esse tipo de reação. 

Posso ver a Dra Baldez com Renata, na segunda fileira nas cadeiras que foram postas no jardim, de mãos dadas. Ela sorri pra mim e diz algo sem som para que só eu entenda: “Você está linda!”. Dou um sorriso e balanço a cabeça negativamente. 

Olho para a Bruna e ela está ao lado de Alessandra, de mãos dadas. As duas aparentemente parecem bem. A marcha nupcial interrompe meus pensamentos. 

É ela.

Ah, meu amor.

Meus olhos enchem d’água quando a vejo entrando, ela havia escolhido “Lover” da Taylor Swift para entrar logo após a marcha. Maria Fernanda está deslumbrante, o sorriso que ela dá na minha direção ao me ver, enche meu peito de amor e alegria. Ela fez suspense do vestido do início até o final e ela está... perfeita. 

O vestido verde-esmeralda com um corpete ajustado e um decote em coração, que realçava sua silhueta e sua beleza. Seu cabelo ruivo está preso em um coque elegante, destacando os seus traços delicados do rosto...  Um colar brilhante enfeita seu pescoço, seus pequenos brincos de esmeralda combinavam com ele. Como a minha noiva estava linda.

Sua mãe havia insistido muito para ela casar de branco, mas ela bateu o pé e não quis. O jeitinho ‘Fernanda’ de ser. Quando ela cismava com uma coisa, a gente simplesmente tinha que aceitar, não tinha quem tirasse da cabeça dela. Ela pensou, montou a sua roupa e estava deslumbrante. Eu estava me sentindo o último trakinas do pacote por estar com uma mulher tão linda. 

Ela se aproxima de onde eu estou e desço do altar para pegar suavemente nas suas mãos, que estão gélidas. Dou um sorriso para ela, surpresa. Durante os preparativos do casamento, eu quem estava surtando de ansiedade, mas ver que naquele momento, ela estava também, me deixou sem palavras. 

O celebrante começa a falar algumas palavras em relação a superar barreiras, preconceitos, que a gente estava lutando para que o direito de amar seja normal e que esperava que o mundo desse maior valor ao amor. Eu sinceramente não conseguia ouvir muito do que ele falava, só conseguia olhar pra beleza de Fernanda e o quanto seus olhos azuis estavam intensos olhando nos meus cor de mel. 

— Anna? — O celebrante me chama a atenção

— Sim? — A olho confusa

— Trouxe os votos? — Ele pergunta, se segurando para não rir do meu nervosismo 

— Oh, sim! — Dou um riso de nervoso e Fernanda aperta os lábios para não rir também. 

Tiro o papel do bolso e respiro fundo, passeando o olho sobre as palavras, mas ao olhar pra ela, sinto que devo falar o que estou sentindo no momento, então guardo imediatamente o papel. O celebrante põe o microfone próximo aos meus lábios para que eu comece a falar. 

— Amor, nossa... eu quase não tô raciocinando com você tão linda desse jeito — Ela ri e os convidados também — Eu tentei escrever esses votos várias vezes. De verdade. Até me sentei com um café e um bloquinho, fiz anotações, risquei, reescrevi… mas eu decidi guardar o papel e dizer o que eu estou sentindo agora. — Pigarreei, limpando a garganta — Maria Fernanda, como você é teimosa... quando você coloca algo nessa sua cabecinha insana e ruiva, ninguém tira. Nem eu, nem a ciência, nem a lógica. E por algum motivo, você cismou que me queria na sua vida. Você fez tudo direitinho pra me conquistar, e por algum motivo, eu te dei motivos para ficar e bem, você... ficou. 

Ela me dá as mãos e faz um carinho delicado com o polegar.

—Você arrumou minha vida todinha, ela estava um caos. Você desamassou meu coração, curou meus traumas, minhas incertezas e o único medo que eu sinto, na verdade, que eu senti, hoje... foi de você não aparecer aqui e me deixar plantada nesse altar. Nossa, eu ia morrer. O que é o tribunal do júri perto de casar com a doutora mais linda que o mundo já viu? 

Ela ri com a comparação. 

— Engraçado que, você me pegou em pedaços, mas você aceitou meus defeitos, as manias loucas, meu temperamento difícil que às vezes até eu tenho vontade de me demitir de mim mesma, mas ainda assim, você me olha como se eu fosse tudo o que você sempre quis. Foi assim que você me olhou pela primeira vez, nossa primeira troca de olhares, lembra? 

Ela assente, suas lágrimas já caindo e eu passo o dedo indicador suavemente em seu rosto para enxugá-las, eu ia continuar, mas alguém grita interrompendo: 

— E ela ficou falando UMA SEMANA INTEIRA sobre a Doutora loira, viu? — Andressa grita e os convidados começam a gargalhar, Fernanda olha para ela e ruboriza, enquanto os sons das gargalhadas diminuem, eu tento continuar. 

— Hoje, diante de todo mundo aqui, eu prometo continuar escolhendo você, amor. Prometo te lembrar de almoçar quando você está trabalhando tanto que simplesmente esquece ou então te dar o último pedaço do petit gateau que eu compro na sorveteria perto de casa. Prometo também que vou sempre discordar de você só pra te ver irritada e depois te beijar até você esquecer o motivo da briga. Afinal, a última palavra é sempre minha: “Sim, Fernanda!” — Faço sinal de obediência com as mãos

Olho para minha sogra, que sussurra algo no ouvido do meu sogro, que tampa a boca para não rir. Dois gaiatos.

— Eu prometo ser seu porto seguro quando as coisas estiverem difíceis e, principalmente, prometo ser sua companheira, sua amante, sua confidente, seu amor, e, não menos importante, a melhor esposa do mundo pra você... pra sempre. Te amo muito, monstrinha. Além das batidas do meu coração.

Fernanda já estava chorando, e eu também. Ela apertou minhas mãos com mais força, como se quisesse segurar aquele momento pelo máximo de tempo possível.

O celebrante sorriu, esperando que nos acalmássemos um pouco antes de prosseguir.

— Fernanda, seus votos.

Ela respirou fundo, tentando se recompor, mas sua voz saiu embargada de emoção.

— Anna... minha noiva. Confesso que conquistar você foi uma das tarefas mais desafiadoras da minha vida — Sorrimos juntas — Mas como você disse, eu sou muito teimosa, enquanto não consegui, eu não sosseguei um momento. Quando eu vi aquele par de olhos cor de mel me encarando eu não resisti, me segurei pra não me jogar nos seus braços ali, naquele momento. Eu cheguei na sua vida insegura, cheia de medos, não sabia se ia conquistar você e fazer com que você abrisse seu coração pra mim, mas você abriu. Você me deixou entrar... Obrigada por ter deixado, eu não sabia que você poderia me fazer tão feliz. A minha meta sempre foi colocar um sorriso no seu rosto e fazer com que você se sentisse amada, mas... quando eu vi que era recíproco, eu só queria te amar mais e mais. 

Ela sorriu, mordendo o lábio para conter o choro.

— Eu prometo estar ao seu lado, te apoiar nos seus sonhos, te lembrar todos os dias o quanto você é maravilhosa e, principalmente, te fazer feliz. Prometo que vou continuar sendo teimosa, sim, mas só porque eu sei que você adora discutir comigo e, no fim, sabe que eu sempre tenho razão.

Nesse momento, todos riram novamente. Já não era novidade pra ninguém que Fernanda mandava e desmandava em nossas vidas.

— Prometo que vou te amar com tudo o que sou, todos os dias da minha vida, porque não existe um futuro onde você não esteja ao meu lado. Você é a minha escolha, hoje e sempre. Eu amo você, Anna Florence. Por todos os dias da minha vida. 

Os convidados suspiraram, e eu já sentia meu coração prestes a explodir de tanto amor.

O celebrante então olhou para nós duas e sorriu.

— Podem entrar com as alianças! 

Ele diz com um largo sorriso e, quando olho para frente, vejo Amanda e Lucca junto com nossos pets. Lucca, segurava Estopinha pela coleira, que tinha uma plaquinha no pescoço com a frase “minhas mamães vão se casar” — Estopinha era uma cachorrinha que eu e Fernanda encontramos abandonada no Parque Tijuca, trouxemos para casa e a adotamos. Ela era uma vira-lata fiapo de manga. Por outro lado, Amanda segurava León pela coleira, que não parecia muito feliz em carregar um balão de gás hélio escrito: “Florence & Alencar – Advogadas casadas”. 

As crianças me entregaram a caixinha de veludo e, enquanto eu abria, o celebrante tratava de concluir o melhor dia das nossas vidas:

— Sendo assim, com todas as promessas trocadas e esse amor tão bonito, eu pergunto: Maria Fernanda Alencar, você aceita Anna Florence como sua legítima esposa?

— Com todo o meu coração, eu aceito! — Fernanda disse, com um sorriso imenso.

— E você, Anna Florence, aceita Maria Fernanda Alencar como sua legítima esposa?

Senti meu rosto esquentar de felicidade ao dizer:

— Sim! Aceito, aceito, aceito!

— Então, pelo poder a mim concedido, eu as declaro casadas! Pode beijar a noiva!

Sem pensar duas vezes, segurei Fernanda pela cintura e a puxei para um beijo profundo, apaixonado, sob os aplausos e gritos dos nossos amigos e familiares. Ali, naquele momento, nada mais importava. Era só eu e ela, juntas, como sempre deveria ser.

O nosso felizes para sempre estava apenas começando.

Depois que cumprimentamos todos os parentes, amigos, família e colegas de trabalho, decidi andar um pouco pelo local e minha surpresa foi encontrar uma estação de café. 

Sério?

Não acredito que Fernanda fez isso! Como não amar a minha noiva? 

A Dra Baldez vinha na minha direção, me desejou felicidades e me deu um abraço maternal. 

— Vim aqui conversar com você sobre sua despedida.

— Não, Roberta, sério... aqui não é o momento, trabalho hoje não. — Peço

— Calma. Me escuta.

Dou um golé no capuccino, olhando desconfiada pra ela. Nossa, tinha café de todos os sabores aqui... Espero ela pedir o dela, esperando que ela continue. Eu estava saindo do Grupo Baldez, iria trilhar o meu próprio caminho, eu tinha um nome muito forte no meio jurídico hoje, a minha carreira estava decolando, cheguei ao auge do meu sucesso, sendo referência em tribunal de júri para profissionais da minha área.

— Eu quero te dar um presente de casamento. 

Ela retira da bolsa um pequeno envelope branco e toma seu café todo de uma vez. É, nesse quesito ela era igual a mim: virava o café igual pinga quando algo saía dos eixos ou a deixava nervosa.

Quando abro o envelope, fico sem ação.

É um cheque. 

Em branco.

Só podia significar uma coisa.

— Roberta, isso é... 

— Eu quero que você preencha esse cheque com os 50 mil que você tem que investir para entrar como sócia sênior do Grupo Baldez. Além de ser promovida a advogada sênior, você vai ser supervisora dos associados de Direito Criminal. Também vou lhe dar um bônus de contrato e carta branca para você ministrar seu curso de Júri e utilizar os recursos visuais da empresa pra isso. 

— Roberta, é mais do que eu mereço. Eu não posso aceitar. — Digo devolvendo o cheque à ela.

— Dra Florence, eu não estou te promovendo por conta do seu profissionalismo apenas; estou te promovendo porque eu te contratei não por conta do risco que a gente corria no escritório com essa guerra de poder, eu te contratei por conta de quem você é. Eu contratei a Florence, mas eu amo que a Anna, a quem eu considero uma amiga e talvez filha, esteja comigo... Por favor, aceita. Se você quiser ir, como está planejando, eu vou entender, mas... quero que fique.

 Minha única reação no momento é abraçá-la e me permitir chorar de gratidão. Algumas lágrimas também insistiam em cair pelo rosto de Roberta, mas antes de aceitar ou recusar, fui bem incisiva: 

— Vou conversar com a minha esposa, o que decidirmos juntas, você ficará sabendo. Não posso tomar essa grande decisão sem a opinião dela, você me entende?

Ela assente com a cabeça e me puxa para outro abraço.

— Isso tudo é medo de me enfrentar em lados opostos no tribunal? — Brinco com ela, que me olha de cara feia — Cedo demais?

Sinto um cheiro familiar e alguém me abraçar por trás, quando vejo, é o meu amor. 

— Gostou da estação de café? — Ela sorri com o olhar 

— Eu amei, amor. Obrigada por isso, você pensa em tudo. — Selo nossos lábios

— Roberta, quais são suas intenções com a minha esposa? — Ela finge um descontentamento e a Dra. Baldez sorri.

— Ela lhe contará minhas intenções depois. Agora sou eu quem vai procurar a minha esposa, meninas. Divirtam-se.

Roberta sai e Fê me olha com aquelas safiras brilhantes, indicando que quer algo de mim.

A puxo pela cintura e começo a dançar no ritmo de uma música imaginária, que só está tocando na minha cabeça.

— No que está pensando? — Pergunto, no pé do ouvido dela com a voz rouca

— Nossa lua-de-mel... pensando que horas vai me falar o lugar que você escolheu. 

Dou uma risada nasal, me divertindo com a ansiedade dela.

— Temos a noite toda. 

Ela coloca as mãos no meu rosto e me puxa para um beijo calmo, nossas línguas dançam ao som da música lenta que está tocando ao fundo, nossas testas colam uma na outra e, por consequência, suspiramos ao mesmo tempo.

— Eu te amo, Fernanda Alencar. 

— Eu te amo, Anna Florence.

E não, não trocamos nossos sobrenomes. Permanecemos com os de “solteiras”, a fim de evitar burocracias. E, na nossa profissão, nossos sobrenomes eram deveras importantes e não queríamos renunciar a eles. Foi de comum acordo entre as partes. 

Posamos para algumas fotos para o fotógrafo, já estávamos exaustas de tanto sorrir para câmeras – e o maxilar estava doendo, é claro. O que me fez parar imediatamente, ou teríamos problemas mais tarde quando... vocês sabem. 

Olho para Fernanda conversando com seus pais em um determinado momento e sinto finalmente que meu coração está em paz. Bruna se põe ao meu lado e me abraça pela milésima vez essa noite.

— Eu tenho um recado pra você — Ela diz

— Recado? Do quê? — Arqueio a sobrancelha

— De quem... — Ela diz, fazendo sinal para que eu percebesse de quem ela está falando.

— Beatriz. — Digo, balançando a cabeça negativamente 

— Ela disse que está muito feliz por você, pediu para que você cuidasse do seu amor. Disse que está sumida, mas que é para você não se preocupar, que ela está bem e está feliz. Está terminando a faculdade e vai retornar para o Rio assim que tudo acabar. Mandou um beijo para Fernanda. 

Olho para Bruna, desconfiada. Ela ainda estava me escondendo alguma coisa, Bia não ia dizer só aquilo.

— Tem mais. — Constato

— Anna, eu... — Ela abaixa a cabeça 

— É ela, não é? 

Bruna coloca as mãos no rosto, suspirando.

— Anna... 

— É ela quem está te deixando confusa, não é? — Indago, com preocupação

— Você está brava? — Ela está com os olhos marejados — Eu achei que você já não sentisse mais nada por...

— E não sinto, Bru. — A interrompo — Claro que não sinto. Só quero que você seja sincera com Alessandra, pois quando ela entrou nessa relação com você, ela te deixou ciente do que sentia por Fernanda. Seja sincera com ela também, por mais que eu não goste dela, não é justo com um ser humano. Não a traia novamente. Termine, converse. Logo depois disso, você pode fazer o que quer que seja com Beatriz.

— Tô me sentindo péssima, Anna. É sua ex, caralh*.

— Você sempre se metendo em rebuceteios — Dou um sorriso e ela me dá um tapa — Eu te amo, irmã. 

Eu a puxo pela cintura a abraçando apertado, enquanto ela se permite chorar de alívio no meu ombro. 

— Eu te amo, Anna. Você é a irmã que a vida me deu. Não podia esconder mais isso de você, estava me sufocando.

— Eu sei. — Dou um beijo na testa dela — Se vocês se gostam, fiquem juntas. 

Alessandra nesse momento apareceu, puxando Bruna de forma possessiva pela cintura e dando um beijo estalado no rosto dela. Bruna ficou desconfortável, logo a afastou um pouco, conversamos amenidades até que Bruna saiu e disse que ia pegar bebida, nos deixando a sós.

— É, um dia perfeito pra você. Parabéns, Doutora. — Ela foi irônica, mas não resolvo devolver a ironia como tantas outras vezes 

— Quem você ama? Fernanda ou Bruna? — Na lata, eu pergunto.

— Que tipo de pergunta é essa? Você bebeu? — Ela retruca, com raiva.

— Responde... — Digo, impaciente — Quer saber? Não responda. Se não quiser perder Bruna, começa a seguir sua vida. Começa a olhar pra frente. O passado não leva ninguém a lugar nenhum, experiência própria — Pisco — Presta atenção na sua mulher ou vai acabar afastando-a assim. Como você está vendo, Fernanda já seguiu a vida dela. Você não tem chance.

Dou dois tapinhas no ombro dela e me retiro. Não acredito que acabei de dar um conselho para uma pessoa que odeio. 

Horas mais tarde, um carro de luxo estava pronto para nos levar para a lua de mel. Nossos convidados jogando arroz na gente enquanto tentávamos entrar no carro foi hilário. O arroz estava tão caro pra desperdiçar assim, gente... 

— Para onde vamos? — Ela pergunta, ansiosa e curiosa

— Quando chegarmos, você verá. São dois lugares.

O carro seguiu em direção à Avenida das Américas, virando em direção à Estrada do Mato Alto, eram 50 minutos de viagem para deixar meu amor ansiosa. Eu tinha preparado um lugar especial para essa noite, íntimo, reservado. Eu amava celebrar entre nossos amigos e familiares, mas não ia conseguir ficar celebrando com eles a noite toda, eu queria celebrar com ela. Egoísta? Não. Apaixonada. 

Quando chegamos na cabana — sim, era uma cabana — Fernanda me olha surpresa. A cabana se chamava “La Cabana da Prata”, uma cabana escondida no meio do Rio de Janeiro. Eu estava procurando hotéis luxuosos para passar nossa primeira noite, mas, eu sabia que Fê gostava de coisas simples, mais conectadas com a natureza. Claro que a cabana foi o preço de um hotel de luxo, mas valeu a pena no momento em que chegamos e ela lançou o sorriso mais lindo pra mim. 

A cabana parecia um cenário de filme, ela ficava dentro de um condomínio fechado. Era um lugar tranquilo, onde o único som que a gente escutava era da cigarra cantando à noite. Ela tinha placa solar e além disso, uma pegada super charmosa, tinha piscina aquecida, área gourmet com churrasqueira e uma banheira de hidromassagem para relaxar. O dono da cabana me deu a opção de levar os itens ou contratar uma equipe para deixar tudo do nosso jeitinho. Íamos ficar dois dias na cabana, depois partiríamos em viagem.  

Quando chegamos na porta da cabana, a pego no colo e entro com ela, ela dá um gritinho surpresa e sorri pra mim. 

— É tradição levar a noiva no colo. — Digo, sorrindo

— Você só me leva no colo quando eu fico fraca... — Ela ri maliciosamente

A ponho no chão e ela olha ao redor da cabana, admirada com tudo. 

— É lindo, Anna... 

— Eu queria que fosse do jeitinho que você gosta. 

Ela me guia até a cama em passos lentos, sem desviar seus olhos dos meus, com as mãos segurando minha cintura com firmeza. O olhar da minha esposa agora estava carregado de desejo, puro fogo... também tinha algo ali que só eu conseguia decifrar.

— Você tem ideia do que fez comigo hoje? — Ela murmurou, encostando a testa na minha, o hálito quente se misturando ao meu.

— Me diz... — Respondi, deslizando as unhas pelo pescoço dela, sentindo seu corpo reagir ao toque.

— Me fez te querer ainda mais... — Os lábios dela roçaram os meus, um toque suave antes do impacto.

O beijo começou lento, provocante, mas logo se transformou naquela eletricidade que só ela conseguia me fazer sentir. Minhas mãos deslizaram pelo tecido verde do vestido dela, apertando sua pele quente por baixo. Ela segurou minha coxa, puxando-a contra o seu quadril, fazendo-me sentir o quanto me queria.

— Senhora Florence, — ela sussurrou contra minha boca, os olhos faiscando de malícia — estou ansiosa para consumar esse casamento.

— Então não me faça esperar, Senhora Alencar.

Ela me deita na cama com delicadeza, mas sem quebrar o contato dos nossos olhos. Seus dedos deslizaram pelos botões do meu fraque, abrindo devagar um por um, em uma tortura silenciosa. Eu estava completamente entregue a ela, como sempre estive.

Quando finalmente chegamos ao prazer juntas, nossos corações estavam pulsando no mesmo ritmo. Puxei minha esposa para um abraço apertado, sentindo naquele momento o calor e a segurança que ela me passava. Ficamos ali, por longos minutos, respirando juntas, nos sentindo... nossos dedos desenhando caminhos suaves e imaginários na pele uma da outra.

— Não solta — Sussurrei contra a clavícula de Fernanda, meus olhos se fechando devagar.

Fernanda apertou o abraço, um sorriso satisfeito nos lábios.

— Nunca. Eu amo você. 

— Eu também amo você, amor. — Digo, me aninhando mais em seus braços.

Naquela noite, não havia mais tensão, mais medos ou inseguranças. Só existia nós duas, o amor que nos trouxe até ali e a certeza de que, acontecesse o que fosse, sempre encontraríamos o caminho de volta uma para a outra.


SEIS ANOS DEPOIS.


O cheiro de café fresco e panquecas se espalhavam pela casa. Nossa cozinha ampla e bem iluminada pelo sol da manhã, que entrava pelas grandes janelas de vidro que dava para o deck. Cecília, com seu cabelo bagunçado e a blusa manchada  de chocolate, estava em pé sobre uma cadeira, tentando alcançar mais calda para suas panquecas.

— Mamãe, olha! — Ela exclamou, tentando chamar minha atenção, segurando a bisnaga de calda de chocolate de cabeça para baixo. No segundo seguinte, um borrão escuro caiu direto na mesa.

Fernanda arregalou os olhos, segurando o riso. 

— Cecília, meu amor, você não precisa encharcar a panqueca! — Disse, pegando um guardanapo para limpar a bagunça.

Observo a nossa interação com um sorriso preguiçoso enquanto tomava meu café, que agora era coado. Eu havia abandonado a cafeteira timer quando nos casamos, Fê dizia que ia fazer café de verdade para mim todos os dias e ela está cumprindo a promessa até hoje. 

— Igualzinha a você, Fê. Quando estava grávida, você vivia pedindo coisas absurdas com chocolate no meio da madrugada.

Fernanda revirou os olhos, rindo. 

— Não exagera, Anna. Só foram algumas vezes...

— Algumas? — Arqueei uma sobrancelha. — Você queria bolo de chocolate com batata frita! E teve aquele dia em que me fez sair para comprar sorvete de passas ao rum porque 'a bebê estava pedindo'.

Cecília arregalou os olhos curiosos. 

— Eu pedi sorvete quando estava na barriga da Mainha?

Fernanda sorriu e beijou o topo da cabeça da nossa filha. 

— Pediu, minha pequena. Você me fez comer as coisas mais esquisitas do mundo.

— E eu que sofri! — Fingi indignação. — Mas faria tudo de novo por vocês duas.

Nós rimos e tomei um gole do meu café, observando minha família ali, na nossa casa nova. Quando nos casamos ainda ficamos um pouco na minha casa, mas depois vimos que aquela casa era pequena demais para o que pretendíamos construir e eu acabei alugando. Fernanda e eu compramos essa casa juntas, no início da gravidez, pensando na nossa bebê. Cecília já estava com cinco anos e enchia nossas vidas de alegria e de amor. Exatamente como sempre sonhamos. 

— Amor, amanhã já é segunda-feira e eu estou cheia de provas para corrigir, vou precisar me trancar no escritório daqui a pouco. — Faz beicinho — Sei que dia de domingo não é dia de trabalho, mas... preciso corrigir, caso não corrija meu tempo amanhã vai ser muito corrido. Tenho audiência às 11h, aula às 19h... vou ficar louca. 

— Pode corrigir tranquila, amor. Acho que vou chamar a dinda dela pra fazer uma bagunça aqui em casa, pode ser? Faço um churrasco e quando tiver tudo pronto te chamo pra almoçar. 

— Tudo bem — Selamos nossos lábios — Fui! Cuidado com Cecília na piscina. 

Ela me adverte antes de ir. Fernanda, além de advogada, dona do seu próprio negócio, era professora universitária também. Ela havia concluído seu mestrado e estava iniciando seu doutorado. Ministrava aulas de Direito de Família para alunos do 5º período. 

Já eu, bom... eu estava muito feliz na Florence-Baldez – Advocacia Especializada. Acabei aceitando a proposta de Roberta uma semana depois do meu casamento e cinco anos depois, ela resolveu colocar meu nome na porta junto com o dela. É o sonho de todo advogado. Agora, além de advogada criminalista e professora de tribunal do júri – eu tinha meu próprio curso na internet – eu era sócia nominal e sócia gerente do Grupo. Isso nos fazia passar por várias guerras de poder, mas nada que ultrapasse o limite corporativo, não havia nenhum louco ou louca nos ameaçando. 

Pego meu telefone e decido mandar uma mensagem para a madrinha de Cecília confirmando nosso churrasco, ela e a namorada viriam. As duas tinham uma ligação muito forte com a nossa filha, fizemos a escolha certa.

— Filha, vamos tomar um banho. Você está toda suja de chocolate, vem. 

— Não, mamãe! Banho não. Eu faço tudo... menos banho! — Suplica, fazendo o mesmo biquinho que Fernanda fez há minutos atrás. 

— Como você vai esperar sua madrinha chegar toda suja desse jeito, Cê? 

— Minha dinda Bruna vem me ver? — Ela começa a bater palmas, eufórica. — Mamãe, bora! Eu tenho que me arrumar! A Tia Bia também vem? 

Balanço a cabeça positivamente e Cecília me arrasta para o banheiro, animada com a chegada das duas. 

Como assim Bia e Bruna juntas? Eu vou explicar. 

Depois que voltei da minha extensa lua-de-mel, depois da Cabana – Ainda fui para Buenos Aires de última hora só porque Fernanda queria conhecer – Tive uma conversa com Bruna sobre o que ela estava sentindo. Ela fez a coisa certa: terminou com Alessandra e foi atrás da felicidade dela com Bia. Minha ex e minha irmã estavam juntas há cinco anos, Beatriz tinha dado um mega jeito na sua vida, se tornando uma biomédica, especialista na área de estética. Beatriz já tinha me esquecido, antes do meu casamento ela pediu para conversar com Fernanda e a conversa das duas não foi um embate, diferente do que eu pensava que seria. Na verdade, foi um alívio para Fê saber que ela não sentia mais nada. Não existia mágoa nenhuma entre nós três. Agora que Beatriz namorava Bruna – que acho que aquele ódio todo entre as duas era tesão acumulado – Ela participava da minha vida e da minha família. Nós quatro éramos amigas. 

— Mamãe, terminei. — Diz Cecília, após tomar misteriosamente o banho mais rápido da vida.

— Filha, você passou sabão no seu corpinho? — Digo, vendo a saboneteira praticamente seca.

— Precisa mesmo, mamãe? — Ela pergunta, seu olhar de frustração

— Claro que precisa, filha. Que fase do Cascão é essa que não passa nunca, hein? 

Cecília havia entrado na “fase do Cascão” aos três anos e não saía nunca. Ela corria do banho como ninguém. Como ela tem horários para tudo, quando chega o horário dela tomar banho, ela some misteriosamente. Teve uma vez que Fernanda e eu ficamos uma hora e meia procurando-a pela casa, de tão bem que ela se escondeu. Sabem aonde? Na casinha da Estopinha. Não preciso falar que o banho foi dobrado, né?

Após finalmente passar o sabonete, entrego a toalha pra ela que se seca. Ela me pede colo e eu dou até o seu quarto, enquanto pego algumas roupas de banho para ela poder se vestir. 

Descemos e Cecília foi brincar, enquanto eu temperava as carnes para o almoço. A campainha tocou novamente, e Cecília correu até a porta, gritando animada. Eu já sabia que era Bruna, mas a empolgação de Cecília me fez sorrir. Ela adorava a madrinha, e o vínculo das duas era muito especial, carregado de um amor e uma cumplicidade que só as crianças conseguem estabelecer. 

— Minha princesa! — Bruna exclamou, apertando Cecília contra o peito. — Tá cheirosa? Ouvi dizer que teve banho de pressa, é isso mesmo? — Ela piscou para mim, rindo, enquanto a pequena a abraçava com força. Eu havia mandado mensagem pra ela contando tudo.

Eu sorria ao ver a interação delas. Bruna estava com um brilho nos olhos, como sempre. Ela era uma presença constante na vida de nossa filha, e eu ficava feliz em ver como nossa família tinha crescido e se fortalecido com o tempo.

— Dinda, a tia Bia já tá chegando? — Perguntou Cecília, já sabendo a resposta, mas ansiosa para ver a tia.

— Vai chegar logo, amor. Fica tranquila! — Bruna respondeu, sentando-se no sofá com a afilhada no colo, enquanto eu terminava de preparar o churrasco.

O ambiente estava leve, como sempre deveria ser, e eu me sentia em casa.

A campainha tocou mais uma vez, e dessa vez, a figura de Beatriz apareceu no corredor. Ela sorriu assim que me viu, e, sem dizer uma palavra, já havia dado um abraço em mim.

— Cadê a ruiva? — Ela pergunta 

— Corrigindo provas, vai descer pra almoçar e ficar conosco. 

— Tia Biaaaaaaaaaa! — Cecília, empolgada, correu até Beatriz e, de braços abertos, pediu o abraço que estava esperando. As duas trocaram um carinho tão genuíno que me fez perceber que, em algum momento, todas as tensões do passado se dissolveram, e ali estávamos, vivendo um presente harmonioso.

Beatriz aproveitou para dar um selinho em Bruna. Não era mais estranho para mim vê-las juntas, mas sempre havia uma pontinha de nostalgia ao pensar nos velhos tempos. No entanto, tudo o que eu sentia agora era paz. E pra ser sincera, a paz que eu sentia agora era muito mais importante do que qualquer coisa que eu tivesse imaginado nos meus tempos de insegurança.

Enquanto me concentrava no churrasco, ouvi a risada de Cecília, Beatriz e Bruna vindo da sala. O som da felicidade de minha filha sempre foi o melhor remédio para os dias cansativos e estressantes.

Eu me sentia... grata. Grata por ter uma família linda, sólida, cheia de amor. Não lembrava em nada a família que eu tive, com meu pai e minha mãe. Por falar em pai, ele me procurou há alguns anos, disse que estava se tratando contra uma doença de coração e veio me pedir dinheiro para custear o tratamento. Paguei o tratamento todinho, ele se mostrou muito grato, mas eu não quis mais nenhum tipo de vínculo. 

Estávamos conversando animadamente na piscina, quando sinto uma presença atrás de mim e as meninas engolindo em seco, admiradas. Quando me viro para trás, minha ruiva estava de óculos escuros, biquíni laranja e uma saída de praia aberta. Ela estava deslumbrante, como sempre, ela havia perdido o jeito de menina e tinha se tornado um mulherão. Sorte a minha.

— Oi, meninas! Desculpa a demora, estava corrigindo as provas. — Ela diz, me abraçando por trás e dando um beijo no topo da minha cabeça 

— Finalmente! — Bruna exclamou, sorrindo e levantando-se para dar um abraço na ruiva. — Achamos que você ia nos deixar a gente comer o churrasco sozinha.

— E aí, Fê, como estão as provas? — Beatriz perguntou com aquele tom descontraído de sempre, dando um beijo na bochecha dela.

— Ai, uma loucura! Cada absurdo. E olha que a matéria não é tão difícil assim. 

— Mainha, nada com eu? — Cecília se aproximou, pegando na mão da minha esposa, que a pega no colo em direção a piscina 

As duas estão nadando e brincando de fugir do “tubarão Bruna”, eu e Beatriz estamos na churrasqueira comandando as comidas.

— Você achou que a gente ia acabar assim? — Ela aponta para o nosso redor 

— Sinceramente? Não! — Rimos — Você está feliz?

— Muito... muito feliz. A Bruna me faz feliz de uma maneira que ninguém fez. Eu me sinto completa ao lado dela, consigo ser eu mesma, sem jogos... só consigo sentir amor. 

— Fico muito feliz por você, Bia — respondi, olhando para Bruna e Cecília — Acho que todos nós merecemos essa paz, essa sensação de pertencimento.

— E você, Anna? Como está? — Ela perguntou, olhando para mim com carinho

— Eu estou bem. Eu realmente estou bem. — Respondi, com a sinceridade que nunca faltou em nossos diálogos.

Ela sorriu, como se soubesse que aquilo não era só sobre estar bem fisicamente ou financeiramente, mas espiritualmente também. Eu tinha encontrado um equilíbrio, um lugar onde as cicatrizes do passado já não doíam tanto, onde o amor da minha família curava qualquer dor.

Cecília, ainda com o rosto coberto de água e risadas, olhou para nós, chamando a atenção de todos com um grito animado:

— Mãe! Tia Bia! Olha o que eu fiz!

Ela estava tentando dar uma cambalhota na água, com a ajuda de Bruna. A cena foi tão divertida que todos nós rimos, ainda mais quando ela não conseguiu completar a acrobacia e afundou para a alegria geral.

Eu olhei para Beatriz, que ria da cena, e para Bruna, que sorria com amor. Naquele instante, me senti rodeada de tudo o que sempre quis: uma família unida, cheia de amor e felicidade, sem mais nenhum tipo de tristeza ou mágoa.

— Esse foi o nosso recomeço. — Digo — Precisávamos de tudo que aconteceu entre nós para nossa vida recomeçar, entrar no eixo. 

Beatriz olhou para mim, seu sorriso suave, como se refletisse sobre minhas palavras, e então, com um brilho nos olhos, ela respondeu:

— Às vezes, é preciso passar por tantas reviravoltas, tantas lições dolorosas, para perceber que o que a gente realmente precisa está bem diante dos nossos olhos, não é?

Eu assenti, sentindo uma sensação de paz tão profunda que nem mesmo as tempestades do passado poderiam mais me abalar.

— É verdade. — Falei, olhando para as duas, que agora estavam na piscina, rindo e se divertindo. — A vida sempre nos ensina, mesmo nas horas mais difíceis. Mas no fim, conseguimos encontrar nossa própria força, nossa própria felicidade.

Depois da nossa conversa, Beatriz se afastou e foi brincar com Cecília, Fernanda aproveitou a oportunidade para vir até mim, me puxando pela cintura e me dando um beijo na curvatura do meu pescoço. 

— Do que falavam? — Pergunta

— Ainda ciumenta, doutora? — Devolvo a pergunta, sorrindo e ela sorri de volta 

— Claro que não, só curiosa. — Dá de ombros 

— Falávamos do quanto a senhora está uma delícia nesse biquíni e o quanto estou ansiosa pra tirá-lo mais tarde.

— Hmmm... — Murmura, enlaçando os braços em volta do meu pescoço — Doutora Florence, não brinca com o perigo. 

Ela me dá um beijo suave, sua língua pede passagem e eu deixo, suas mãos descem pra minha nuca e ela faz uns carinhos com a unha ali e finaliza o beijo com um selinho.

Ela se senta ao meu lado e começamos a trocar carícias, enquanto as meninas estão na piscina. 

O som da risada delas e o burburinho tranquilo da churrasqueira foram os únicos sons que preencheram o espaço, enquanto permanecíamos ali, imersas no conforto da companhia uma da outra. A felicidade estava ali, simples e verdadeira, nas pequenas ações, nos olhares trocados, no amor evidente entre nós.

— Obrigada por ter me dado essa família linda, Fernanda. Não seria nada sem vocês... eu te amo muito.

— Obrigada você, meu amor. Por ser essa mãe incrível pra Cecília, profissional dedicada e ainda sobra tempo pra ser a esposa mais perfeita desse mundo. Eu tenho muito orgulho de te chamar de “minha mulher”. Eu também amo você, Anna. 

O dia foi passando e se transformando em noite, as estrelas começaram a surgir no céu, eu sabia que este capítulo de nossas vidas era, de fato, o começo de algo novo. Algo sólido, duradouro e, acima de tudo, cheio de amor.

E foi ali, naquele momento, que percebi que o recomeço não era apenas sobre o que aconteceu lá trás, mas sobre como decidimos seguir em frente, juntas, mais fortes e mais felizes do que jamais imaginamos ser possível.

O recomeço não tinha fim. Ele era nossa realidade agora. E eu estava exatamente onde deveria estar. Com minha família, com meu amor, com minha paz.


Fim. 


Fim do capítulo

Notas finais:

Meninas, estou chorando! Nossa.

Chegar ao fim da história foi uma jornada enorme pra mim, emocional, inclusive. Acho que tanto para mim quanto para as personagens. Ao longo dessa história, vimos Anna, Fernanda, Beatriz, Bruna e todos ao redor enfrentarem desafios imensos, superando o passado e reconstruindo suas vidas, sempre com muito amor, luta e perseverança. Este livro foi, para mim, sobre a busca pela felicidade, por encontrar a paz interior mesmo depois de tantas tempestades, e acima de tudo, sobre como as nossas escolhas, os nossos recomeços, têm o poder de moldar o nosso futuro.

O Nosso Recomeço não é apenas uma história de amor; é uma celebração da família, da amizade e de como a força das relações humanas pode nos transformar. Cada capítulo, cada reviravolta, foi uma tentativa de mostrar que, por mais difíceis que as adversidades possam ser, sempre há a chance de reconstruir e recomeçar, e que a verdadeira felicidade reside no amor verdadeiro e nas pessoas que escolhemos ter ao nosso lado.

E assim, chegamos ao final! Eu sou eternamente grata por essa jornada e por todos os leitores que embarcaram nela comigo.

Obrigada por se apaixonarem por essas personagens, por estarem com elas nos momentos mais delicados e por torcerem por seu crescimento e felicidade. Esse recomeço é tão de vocês quanto delas. 

Foi a minha primeira história, eu lia muito na comunidade do orkut (w.n.h.l), o antigo ABCLes, Parada Lésbica e Fator X. Obrigada por tanto! Autoras incríveis que me inspiraram. 

Lika Germano, Diedra Roiz, Karina Dias... E tantas outras! 

Gratidão aos leitores, sem vocês nada seria possível!

Com amor, 

Náthally Rodrigues 


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Comentários para 45 - capítulo quarenta e cinco: o nosso recomeço (FINAL):
Josebel
Josebel

Em: 28/03/2025

PERFEITOOOOO!!!!

Amei a historia, amei o desfecho, amei tudo.

Parabéns autora. kiss


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 18/04/2025 Autora da história
Acompanha a segunda temporada AAAAAAAA já postei!


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Josebel
Josebel

Em: 28/03/2025

PERFEITOOOOO!!!!

Amei a historia, amei o desfecho, amei tudo.

Parabéns autora. kiss


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 15/07/2025 Autora da história
ahhhhh acompanha a segunda, você vai amar tbm ><


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Mmila
Mmila

Em: 17/02/2025

Muito, mas muito bom mesmo.

Que pena que acabou.

Parabéns autora.


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 18/02/2025 Autora da história
Obrigada por ter acompanhado! Estou com dorzinha no coração por ter terminado :(


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 17/02/2025

Final lindo, foi uma delícia poder acompanhar esses meninas a cada capítulo, e ainda me surpreendeu com a Bruna e a Bia juntas....

Obrigada por esse presente e parabéns pela sua primeira história e ainda mais por ser tão maravilhosa

Espero que não demore muito para uma proxima


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 17/02/2025 Autora da história
Obrigada por ler e acompanhar até o final! Infelizmente, vai demorar um pouco para a próxima história, cerca de 1 ano e meio, mas garanto escrever alguns contos da Anna e da Fê ou das outras personagens durante esse tempo para vocês matarem a saudade das meninas.


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Lea
Lea

Em: 17/02/2025

Fiquei surpresa com a Bruna e a Beatriz,juntas. Sinceramente, não esperava.

Foi perfeito,esse final das nossas advogadas. Que família linda elas construiram. Amei!

Parabéns, Nath!


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 18/02/2025 Autora da história
Elas tiveram um recomeço lindo, né?
Eu tô triste por ter terminado kkkk :(


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