Capitulo 18
O laboratório estava vazio àquela hora, iluminado apenas pelas lâmpadas fluorescentes que lançavam uma luz fria sobre as bancadas. Luísa entrou, já sentindo o peso do dia em seus ombros. Tudo que ela queria era organizar algumas anotações e ir para casa. Mas, claro, o destino não lhe daria essa paz.
Quando levantou o olhar, Bianca estava lá, encostada na bancada do fundo, os braços cruzados e um sorrisinho irritante no rosto.
"Achei que fosse demorar mais tempo pra te ver, professora."
Luísa parou no meio do laboratório, cruzando os braços, mantendo a distância. "Não sabia que precisava te avisar sobre meus horários."
Bianca riu baixo, inclinando a cabeça. "Não precisa. Mas ia ser mais fácil do que fingir que não quer me ver."
Luisa bufou e passou a mão pelo rosto. "Bianca, nós já conversamos sobre isso."
"Não, você tentou encerrar a conversa. Eu só não deixei."
Ela se aproximou alguns passos, a expressão divertida, mas os olhos carregados de algo mais profundo. Luísa sentiu o corpo inteiro enrijecer. A última coisa que queria era que aquilo acontecesse ali. Mas Bianca não era do tipo que facilitava.
"Quando foi que você perdeu o medo e ficou tão impertinente, hein? Sério, o que você quer?" Luisa perguntou, tentando manter a voz firme.
"Eu quero você!"
Luisa respirou fundo. "Bianca..."
"Fala, professora," Bianca interrompeu, dando mais um passo, agora perto o suficiente para Luísa sentir seu perfume. "Diz que você não pensa nisso. Que não pensa em mim. Que não pensa na gente. Que não quer. Diz agora que não me quer e eu vou embora."
O silêncio se estendeu entre elas. Luísa sabia que precisava dizer exatamente isso. Precisava cortar aquilo pela raiz. Mas, droga, sua boca não se movia.
Bianca sorriu, como se já soubesse a resposta.
"Você é insuportável," Luisa resmungou, passando por ela e indo até a bancada, tentando organizar alguns papéis para fingir que tinha algo mais importante para fazer.
Bianca riu, apoiando-se casualmente na bancada ao lado. "Você me acha irresistível, confessa."
"Eu te acho um problema," Luisa corrigiu, sem olhá-la.
"Problemas são divertidos."
Luisa fechou os olhos por um segundo, tentando manter a paciência. Quando os abriu, Bianca ainda estava lá, olhando-a com aquele maldito brilho provocador no olhar.
"Isso não pode continuar, Bianca."
"Então me manda embora, já disse" Bianca retrucou, o tom mais desafiador agora.
O ar no laboratório parecia carregado de eletricidade. Luisa segurou a bancada com força, sentindo a tensão crescer entre elas enquanto Bianca se aproximava. Sabia que precisava pôr um fim àquilo, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela gritava para continuar.
Bianca arqueou uma sobrancelha. "Nada? Foi o que eu pensei." Disse com os lábios roçando, um beijo rápido e suave.
Ela se afastou lentamente, pegando sua mochila e indo em direção à porta. "Te vejo por aí, professora. Vou sonhar com você."
Antes que Luísa pudesse processar tudo, uma voz conhecida ecoou pelo laboratório.
"Puta que pariu, eu perdi alguma coisa?" Mariana surgiu na porta, os olhos alternando entre Luísa e a saída de Bianca. "Porque, mano, a tensão aqui tá mais pesada que a primeira prova de cálculo 1.
Luisa soltou um suspiro, passando a mão pelo rosto. "Mari, não começa."
Mariana riu, se aproximando com um olhar divertido. "Ah, amiga… Eu nem preciso começar. A situação já tá tão na sua cara que eu só tô aqui pra pegar a pipoca."
Luisa encarou a amiga, bufando. "Se você não calar a boca, eu vou te trancar nesse laboratório até você corrigir todas as provas do semestre."
Mariana levou a mão ao peito, fingindo choque. "Credo, professora, que cruel. Mas tudo bem, depois a gente fala sobre como você tá gamada na novinha, toda apaixonadinha na loirinha."
Luisa apenas fechou os olhos, sentindo a dor de cabeça se intensificar. Ela precisava recuperar o controle dessa situação. Urgente.
Fim do capítulo
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