CAPÍTULO 7
Pilar saiu como um raio atrás de Carlos, as passadas firmes ecoando pela casa. Ao encontrar o irmão na cozinha, não perdeu tempo agarrou-o pela jaqueta e o encostou bruscamente contra a parede. Seus olhos estavam carregados de fúria.
— Ouça bem, Carlos — ela rosnou, cada palavra carregada de ameaça. — Não ouse insinuar nada na frente de Kiara. Se você se meter nos meus assuntos, terá grandes problemas.
Carlos riu, apesar da posição desconfortável. — Sempre a mesma, Pilar. Parece que estou mexendo em um vespeiro, não é? Mas cuidado, um dia essas mentiras vão te devorar.
Antes que Pilar pudesse responder, Maria entrou apressada na cozinha, aflita ao perceber a tensão no ar.
— Por favor, Pilar, pare com isso! — Maria suplicou, as mãos unidas em um gesto de apaziguamento. — Não transforme a casa em um campo de guerra.
Pilar soltou Carlos com um empurrão, os olhos ainda faiscando. Virou-se, passando como um furacão pela sala. Ao cruzar o caminho de Kiara, a jovem a olhou assustada, sem entender o que havia acontecido. Pilar não disse uma palavra, apenas subiu as escadas rapidamente, desaparecendo em direção ao seu quarto.
Kiara permaneceu ali, o coração acelerado. O que havia acabado de acontecer? O silêncio pesado deixava o ar quase irrespirável. Ela olhou para Maria, que suspirou, tentando disfarçar a preocupação.
— Não se preocupe, minha querida — Maria murmurou, tentando confortá-la. — Pilar... tem suas formas de resolver as coisas.
Mas Kiara não conseguia afastar o medo que crescia dentro dela. Algo naquela casa estava fora do lugar — e, no fundo, ela sabia que estava presa no meio de um jogo muito maior do que imaginava.
Carlos soltou uma gargalhada descontraída, o charme inato brilhando em seu sorriso. Ele deu um passo mais perto de Kiara, inclinando-se ligeiramente, como se compartilhasse um segredo.
— Relaxa, cunhadinha — disse ele, piscando um olho. — A maninha só está com ciúmes porque sabe que eu sou o mais bonito da família. Se bobear, ainda roubo você pra mim.
Kiara não pôde evitar o riso. A leveza de Carlos era um contraste tão grande com a tensão que Pilar trazia que, por um momento, ela se sentiu à vontade.
— Carlos, pelo amor de Deus — ela disse, ainda rindo. — Se comporte! De onde você saiu? É inacreditável!
Ele fez uma pose exagerada, como se estivesse em um palco, e deu uma volta sobre si mesmo. — Vim direto das pistas, direto pra cá, só pra te ver. Afinal, dizem que toda família precisa de um charme, não é?
Maria, que assistia à cena com um sorriso discreto, murmurou, balançando a cabeça: — Carlos, você não tem jeito mesmo. Sempre o palhaço da casa.
Kiara sentiu, pela primeira vez desde que pisara naquela mansão, um pouco de leveza. Era estranho, mas reconfortante perceber que nem tudo ali era tensão e ordens. Porém, no fundo, ela sabia que Pilar não tolerava brincadeiras — especialmente quando envolviam ela mesma. E, com isso em mente, o sorriso de Kiara logo vacilou, a sombra da CEO ainda pairando no ar.
Pilar entrou no quarto como um furacão, batendo a porta com força. O som ecoou pela mansão, deixando claro o humor da executiva.
— Pirralho safado — resmungou entre dentes, tirando o blazer com raiva. — Você me paga, Carlos.
Lançou o blazer sobre a poltrona, desabotoou a camisa rapidamente e retirou as roupas, caminhando até o banheiro. A ducha forte caiu sobre seus ombros tensos, mas a água quente não conseguia lavar a irritação que a consumia. O rosto de Carlos e suas brincadeiras inconvenientes vinham à mente, e mais uma vez a imagem de Kiara rindo o afetava mais do que deveria.
Depois do banho, Pilar se vestiu com calma, optando por um roupão de seda. Sentou-se na beira da cama, encarando o nada por um momento, antes de pegar o celular e discar o número da avó.
— Alô, vovó? — Sua voz, apesar de firme, tinha um tom mais suave do que o habitual. — Preciso que a senhora chegue aqui no fim de semana. Carlos já está aqui, e você sabe como ele é... está infernizando a casa.
Do outro lado da linha, a voz serena da avó respondeu algo que fez Pilar suspirar.
— Sim, vovó, ele continua o mesmo. E tem mais uma coisa... — A executiva hesitou por um instante. — Quero apresentar alguém à senhora. Uma pessoa especial.
A avó, sempre perspicaz, perguntou com quem Pilar estava se envolvendo dessa vez. Pilar sorriu, mas o sorriso logo desapareceu.
— É complicado — murmurou. — Mas a senhora vai conhecê-la no fim de semana. É melhor ver por si mesma.
Desligou o telefone e ficou em silêncio por alguns segundos, os pensamentos agora todos voltados para Kiara. Mais uma vez, a tensão e o desejo se misturaram, e Pilar sentiu o peso das escolhas que estava prestes a fazer.
Fim do capítulo
FELIZ ANO NOVO A TODOS
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]