DESTINO
"Que saco! Não sei porque minha terapeuta pediu para escrever toda vez que pensar em meus desejos. Odeio pensar neles, ainda mais escrever." - tamborilo a caneta sobre o caderno aberto na escrivaninha.
Olho para o quarto do meu filho, percebo que minha única alegria hoje em dia, é ve- lô feliz. Aproveito que ele saíra com a namorada para tentar escrever. Mas como passar para o papel, aquilo que nem eu sei se estou sentindo.
Corro os olhos para sala e vejo André deitado no sofá. André meu ex marido que ainda mora comigo. Nos separamos "no corpo", mas as ainda não seguimos com nossa vida. Não por amor um pelo outro, mas por acomodação.
Escrevo algumas coisas para deixar minha terapeuta feliz. Ouço a campainha tocar. André se levanta e vai abrir.
- Dill! É para você. É a Jaque.
Mais que rapidamente, me apronto para recebê-la. Após os cumprimentos, a levo para o quarto afim de podermos conversar com mais tranquilidade.
- Então amiga! Conseguiu escrever algo? Você me ligou pedindo socorro. O que houve? - ela deu uma leve risada, tentando se equilibrar na minha cama.
- Cuidado! Esse lado está quebrado. - ri junto. Liguei porque não aguento mais essa situação, você é a única pessoa que sabe das minhas. - balancei as mãos, como se demonstrasse as loucuras da minha cabeça.
- Dill! Você precisa se libertar desse medo de viver sua vida. Você não mais nada a esse homem! Tudo bem, não tem como ele se mudar agora. Mas vá fazer suas coisas. Conhecer pessoas e quem sabe, tirar aquela interrogação da cabeça.
- Olha pra mim Jaque! Quem ainda vai se interessar por isso. - aponto meu corpo. Era sabido que sempre fui uma pessoa tímida e desde que fui mãe, tinha vergonha do meu corpo.
- Que isso! Você está super bem, é uma pessoa maravilhosa, super do bem, alegre, trabalhadora, honesta. Quem não queria uma mulher como você.
- Fiquei tant tempo fora do mercado, que nem sei mais como e nem por onde começar.
- Não busque, o que for seu virá a teu encontro.
- Amanhã tenho terapia e quem sabe eu volte mais confiante. Obrigada por me ouvir, não sei como estaria sem uma amiga como você.
Logo ouve-se passos e André avisa que a pizza chegou.
As duas se sentam à mesa e por ali vão contando historias sobre essa amizade que já durava uns 25 anos, já André foi para seu quarto, assim como era de costume todos os dias que estava em casa.
Apesar de estarem separados, continuaram a morar juntos para amenizar as despesas de ambos. Ele quase não saía, fazendo Dill se sentir culpada em querer sair. Mesmo ele nunca tendo falado nada, ela colocou dentro de si, que se devia satisfação à ele e por isso não fazia nada também. Isso já durava uns 10 anos.
Se ela contasse a outra pessoa sobre esse casamento, ninguém acreditaria. Separados a tantos anos e ninguém ficava com mais ninguém.
Na terapia ela encontrou um refúgio para contar seus anseios e desejos. Já que nem com a família poderia falar, pois eram muito preconceituosos.
No dia seguinte ela chega na terapia.
- Bom dia Dill! Como passou a semana? - fez mmenção para que me sentasse.
- Doutora, não consegui escrever muito. Não sei nem o que estou pensando.
- Escreva como vier à sua cabeça. - ela anotava algo em seu papel. Na minha cabeça, ela fazi desenhos.
- Eu preciso mudar! Precisa acontecer algo na minha vida que e faça querer. Me sinto num estacionamento, onde todos entram em seus carros e saem e eu continuo com a chave na mão sem coragem para colocar na ignição.
- Se você não der o primeiro passo, vai continuar com a chave na mão. Esteja aberta para as amudanças, mas isso começa por você! Aceite que precida sair da sua zona de conforto para que as coisas aconteçam.
- Como que faço isso, se eu só trabalho. As coisas andam tão ruins que minha cabeça só pensa em trabalho.
- E sobre sua relação atual, já aceitou que precisa mudar?
- Sim, mas até isso é difícil, é confortável. - deu um riso envergonhado.
Ela ganha o dinheiro mais fácil de sua vida. Pois sou tão arredia à mudança que ela nem precisa pensar para falar. Sempre saía de lá mais leve, acreditando que a mudança dentro de mim aconteceria.
Trabalho num comércio a anos, mas minha profissão era professora, a anos venho sendo convidada para trabalhar com uma equipe em minha cidade, mas por medo de fracasso, acabava desistindo. Mas nos meus planos de mudança, resolvi dessa vez aceitar o cargo. Nesse dia, logo que saí da terapia, encontrei uma cigana na rua que insistiu em ler minha mão. Apesar de ter mente aberta para as religiões, não acreditava nos ciganos da minha cidade, pois era dito que não eram ciganos de verdade e usavam de um povo para aplicar golpes. Nesse dia não tive como fugir. uma senhora com cabelos grisalhos desgrenhados, muitas pulseiras e colares, um pouco acima do peso e vestido surrado. Me olhou diretamente nos olhos, segurando forte minha mão.
- Sua vida vai mudar! O novo está chegando em sua vida. Você irá se envolver com alguém do seu trabalho. Vocês vão sair para tomar alguma coisa e logo ficarão juntos. - ela falava e eu sentia o hálito de quem já havia tomado uns tragos. Tentei me desvencilhar mas ela puxou e continuou a falar.
- Não te vejo solteira por muito tempo. Será uma coisa de pele que lhe trará alegrias e incertezas. - Tem um trocado para me dar?
- Não tenho senhora e por favor, solta meu braço que preciso ir. - falei assustada com as palavras. Pois estava indo assinar o contrato para um novo trabalho e no meu, só havia um funcionário que nunca sequer esteve em meus planos.
Continuei meu caminho e teria de esperar para saber se aquilo era verdade ou só mais um golpe dos falsos ciganos da minha cidade.
Fim do capítulo
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jake
Em: 23/01/2025
Olá que situação difícil.Dill precisa sair da zona de conforto e começar a tentar mudar sua vida ....
Adorei o primeiro capítulo ...
lorenamezza
Em: 24/01/2025
Autora da história
Obrigada! Às vezes a felicidade está a dois passos de nós, mas antes desses dois passos, tem um abismo. Saltar parece fácil, mas é um salto sem volta.
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mtereza
Em: 16/11/2024
Gostei do primeiro capítulo. Complicada a situação da Dil com o ex separada a tanto tempo Mais ainda na mesma casa ambos acomodados a situação
lorenamezza
Em: 16/11/2024
Autora da história
E quem sabe quantas Dill existem por aí. Parece uma situação única e falsa, mas sabemos que não é bem por aí.
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lorenamezza Em: 03/02/2025 Autora da história
Essa parte da história é real viu