Capitulo 1
Como um passe de mágica meu mundo virou de cabeça para baixo, era como se a lona do circo tivesse caído em cima do picadeiro, como se o mundo parasse de girar, as ondas do mar parassem de vir até a praia, meu mundo desabou e por um ano inteiro eu me vi emergida em um longo tormento, uma grande depressão e uma saudade imensa.
Era sexta-feira e o dia no escritório me devastou, meu pai dizia que a profissão que eu escolhi era bom, tranquilo, eu gostava de números, então seria fichinha para mim, agora estou eu, cansada, mesmo trabalhando o dia inteiro sentada em uma cadeira em frente ao computador.
Peguei o carro que eu deixei estacionado em frente ao prédio e fui para casa sentindo a brisa entrar pela janela, eu gosto disso, eu e uma música, é o meu momento
Em casa é sempre a mesma coisa, uma casa enorme só para mim, e essa é a parte que eu odeio, entro e sempre sinto um frio, mesmo cheio de móveis sempre parece muito vazio. Antes mesmo do banho já coloco minha janta para esquentar no micro-ondas, tiro o meu salto e os levo até o quarto segurando-os em minha mão, enquanto subo as escadas vou desabotoando minha blusa, sempre falta algo aqui, mas quando estou só, sempre estou com o mínimo de roupa possível.
Depois de comer e tomar banho em seguida, como toda sexta, me sento no sofá em frente a tevê, o filme da vez é um drama
"brilho eterno de uma mente sem lembrança"
Meu coração se parte em mil pedacinhos _ e se a gente pudesse realmente fazer isso? Esquecer alguém que amamos e que perdemos? _ Eu nunca iria querer esquece-la mesmo que doa, mesmo que eu tenho uma cicatriz enorme, eu nunca a esquecerei
O filme acabou comigo em lágrimas, eu sentia uma dor no peito, e uma falta de ar terrível, era mais uma crise de ansiedade. Meu celular tocou quando eu sentia todo o peso, olhei a tela e o nome da Larissa estava lá.
Ela como um anjo me salvou, e quando percebeu como eu estava apareceu no meu portão, Larissa é a minha melhor amiga e minha irmã.
Abri o portão vestindo meu pijama, ela me encarou do pé a cabeça e fixou em meus olhos, eles estavam vermelhos para o tanto que eu chorei
- Lena você precisa superar - ela me abraçou e beijou meu rosto - Eu vir dormir contigo... trouxe a sua sobrinha - logo ela saiu de onde estava escondida e correu para o meu braço
Nós entramos e minha sobrinha ficou no sofá, como sempre no aguardo de um desenho, depois que coloquei seu desenho favorito, eu e Larissa fomos até a cozinha, a intenção era pra tomar um chá
- O que houve? - ela perguntou sentada na cadeira e mesmo que eu não olhasse para ela eu sabia sobre o que ela estava falando
- Vi um filme... só isso.
- Helena já fazem cinco anos, você precisa superar ela, cadê aquela mulher que você estava saindo?
- Você sabe, eu não consigo, a gente só se beijava, eu não conseguia ir além disso, ela só não aguentou esperar e é isso
- Você está tomando os remédios? - confirmei com a cabeça e deixei a xícara na mesa, servir com o chá e me sentei a sua frente, ela tinha um semblante preocupado - Lembra da Gabriela?
- A que fez faculdade com você? - ela confirmou - Hum... o que, que tem?
- Ela está solteira... ela não faz seu tipo? Morena cacheada?
- Sinceramente não estou afim, estou bem assim - ela só balançou a cabeça e levantou a sobrancelha - Então... já encomendou as coisas do aniversário da Laís?
-Claro, né? Eu não sou igual a você - nós rimos juntas de um jeito complique
Ficamos ali conversando, esperando o sono bater, minha irmã fala tanto que não foi difícil ficar com sono, depois de escovar os dentes nos deitamos nós três em minha cama, não era a primeira vez que deitávamos nós três na mesma cama, mas o calor do corpo das duas me deu muita segurança, que fez com que meu corpo relaxasse
No sábado acordamos com o alarme do meu celular. Na tela; terapia. Levantei deixando as duas ainda na cama, com toda certeza Lais puxou a mãe, as duas tem muita dificuldade para levantar pela manhã
Fui preparar o meu sagrado café, e fiz também algumas torradas, eu não sentia fome, mas as duas esfomeadas lá em cima com certeza vão querer comer algo.
Tomei meu café encarando a tela do celular, gosto de ver as notícias pela manhã, e eu nem sou velha. Logo as duas desceram, me deram um beijo e se sentaram à mesa
- Vou com você para a terapia - eu a olhava com uma sobrancelha levantada - Nem me olhe com essa cara... de lá a gente vai à praia, pode colocar um biquíni por baixo do seu vestido - foi impossível não revirar os olhos - Você faz exatamente a mesma coisa que fazia quando era pequena
-Claro, você sempre foi uma chata - ela riu alto enquanto colocava seu café
No final eu realmente me rendi, fui para terapia e de lá fomos a praia, na terapia como sempre um desastre, saio aos prantos, pode fazer mil anos, mas eu nunca vou conseguir superar, parece que a ferida nunca vai se cicatrizar, é como se ela fosse o tudo que eu mais precisava, e quando se perdi o mais importante, tudo deixa de ser suficiente
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 19/10/2024
O luto é eterno com certeza é a primeira lembrança ao acordar e a última a dormir só se aprende a conviver ou aceitar e segue.
Mika Araújo
Em: 22/10/2024
Estou amando o livro!
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