capitulo um: apresentacao
O alarme toca insistentemente, o desligo e resmungo na cama virando para o lado. Coloco o travesseiro no meu rosto e dou um grito abafado nele. Levanto-me lentamente e ando até o banheiro, acendo a luz e me olho no reflexo do espelho – um caco – mais uma noite eu não dormi bem, mais uma noite eu tentando não ter aqueles sonhos com ela, mas é inevitável. Ela sempre está nos meus sonhos, no meu pensamento, no meu coração, menos na minha vida.
Vou em direção ao box, tomo um banho e começo a fazer meu skincare diurno, uma coisa que Bruna, minha melhor amiga – que eu diria que é quase uma santa por me aturar – diz que é para fazer religiosamente todos os dias. Ponho uma maquiagem leve: um batom nude escuro que destaca minha pele branca e meus cabelos loiros, visto minha calça de alfaiataria preta e minha camisa social branca, por fim coloco meu colete da mesma cor da calça e meus saltos. Quem disse que na advocacia para uma mulher estar glamurosa e elegante ela sempre tem que usar saia ou vestido social?
Desço as escadas e já me sinto amada pela manhã: sinto um cheirinho de café se espalhando pelo ambiente. Vou me aproximando da cozinha e já a vejo de frente pra mim – minha cafeteira timer, caríssima, fazendo um carinho nas minhas narinas com todo o seu amor. É, eu me sentia amada por um eletrodoméstico.
Tomo meu café correndo e saio, tentando lembrar onde estão as chaves do meu carro. Ele não era nada demais, era um Kwid branco que eu havia conseguido comprar com alguns bônus de contratos que meu chefe insistiu que eu fechasse no direito corporativo. Odeio direito corporativo, meu sonho mesmo é a área criminal.
Chego no escritório, um prédio de 15 andares da Av. Rio Branco, no Centro do Rio – o único escritório de advocacia com vidro refletivo espelhado e o único que ocupa todos os andares dos prédios, o prédio não era alugado e sim um imóvel próprio da firma. Nosso escritório praticamente cuidava de todas as áreas do Direito, eu estava na área de direito civil e empresarial, entretanto, não via a hora de ser promovida a sócia júnior para poder escolher trabalhar com a área criminal, que é a paixão da minha vida. É assim: quando você é promovido a sócio júnior, você começa a ser visto dentro da empresa: você tem uma sala, uma secretária, você pode escolher seus casos, a área de atuação, você tem mais liberdade e não era tão subordinada ao sócio sênior – que era um saco! – nossa, como o Roberto era um saco! Ele me odiava, era o sócio sênior do meu setor e eu odiava receber ordens dele e como ele me empurrava os casos de empresarial e contratos de fusões para que eu redigisse. Eu odeio fusões, eu odeio empresarial, eu odeio civil!
Não tenho sala própria, divido o enorme saguão com mais 10 associados, somos separados por P.A’s iguais aquelas de telemarketing, só que muito mais espaçosas. Era horrível e obviamente foi ideia do Roberto pois ele dizia que aquilo nos unia como equipe. Aff. Como equipe queríamos devorar uns aos outros, todos correndo igual ratos atrás do cargo de sócio júnior, mas eu só considerava meus adversários dois colegas: Ralf e Andressa. Eles eram advogados de verdade, eles trabalhavam de verdade e se esforçavam pra valer naquele lugar.
Chego na minha mesa pontualmente às 06h45, meu horário de entrada é às 07h30 e de saída só Deus sabe, dependia muito do dia, mas gostava de chegar cedo ao local para colocar logo o que ficou pendente no dia anterior em seu devido lugar antes que Roberto achasse algum defeito.
Encaro o computador à minha frente por alguns segundos e volto ao sonho que tive com ela naquela noite.
Xxxxxx
POV: Sonho Anna.
Eu seguro sua mão, estamos andando no shopping e ela me afasta.
- Anna, não podemos...
- Mas porque, Beatriz? – indago
- O que as pessoas vão pensar?
- Já era de se esperar que tivesse vergonha de mim, de nós... Quando isso vai acabar?
- Não seja dramática, Anna.
Ia respondê-la quando escuto um homem de meia-idade gritando “SAPATÃO” e uma Beatriz apavorada. De repente, escuto uma senhora recriminando “isso não é de Deus... sapatão!” e outra pessoa “Lésbicas...” e um enorme coro de pessoas vindo em cima da gente gritando “SAPATÃO”, eu me apequeno diante daquelas pessoas e vejo Beatriz fugindo feliz de mãos dadas com um garoto da nossa escola, rindo de mim e as vozes se multiplicam, se triplicam... e o número de pessoas também, os gritos se intensificam, as pessoas fazendo sinal da cruz, me apontando, me julgando e então, acordo.
XxxXXXx
- Anna?
- Oi, perdão – dou um sorriso amarelo envergonhada
- Por aqui tão cedo – diz Roberto
- Tenho algumas pendências, então sempre chego mais cedo para resolvê-las.
- Se fizesse o seu trabalho tão bem como deveria, não teria pendência alguma – sai sem esperar minha resposta.
Que saco! Ele tem que ser tão irritante?
Começo a tentar focar no meu trabalho e dou mais um espaço para pensar no sonho que tive com Beatriz. Já fazia tanto tempo, por que esses sonhos continuam me assombrando? Por qual motivo não consigo esquecê-la? Já faz 11 anos desde então.
Vou até a copa da empresa e pego uma caneca cheia de café e volto a focar nas minhas pendências, sem mais interrupções por sonhos, pensamentos ou sei lá o quê em Beatriz.
O dia passa sem maiores novidades, não interagi muito com o pessoal do trabalho hoje e nem estava afim, me agarrei ao trabalho tentando tirar aqueles pensamentos da minha cabeça e aproveitei que Roberto queria me irritar e eu queria irritá-lo tanto quanto com a minha eficiência que quando ele me ofereceu um processo de uma empresa quase falida de transporte cuja minha missão era reverter a situação, eu trabalhei naquilo o dia todo.
Encerrei meu expediente às 20h da noite, não levei trabalho algum pra casa, estava com a mente cansada e precisava de qualquer coisa, menos trabalho naquele momento. Decidi que precisava de cama. Tomei um banho, fiz o skincare noturno, coloquei o telefone para despertar e notei que os dados móveis estavam desligados o dia todo. Como eu não percebi? Vi que haviam algumas mensagens de Bruna, da minha mãe, grupo do futebol e grupo de trabalho, não abri nenhuma e adormeci esperando não sonhar com meu karma de novo.
Fim do capítulo
Meninas, que alegria estar aqui! É minha primeira história a ser publicada e eu estou em êxtase!!! Estou disposta a ouvir elogios, críticas, sugestões, mas quero que comentem muito aqui pq é super importante pra mim ler o que vocês estão achando, quais as suas expectativas, etc.
A Anna é uma personagem super especial pra mim.
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S2 jack S2
Em: 02/09/2024
Já fazem 11 anos e ainda sonhando com a amada!!! Isso que é amor!!! Rsrs
tayl0rmaniac4
Em: 04/09/2024
Autora da história
Hahahahaha né? Coitada, a Anna precisa de uma libertação urgente
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jake
Em: 01/09/2024
Eita Anna que pesadelo ...
Bom gostando ....
Próximo...
tayl0rmaniac4
Em: 04/09/2024
Autora da história
Será que vai ficar só no sonho?
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Marta Andrade dos Santos
Em: 01/09/2024
Isso não é sonho Anna e pesadelo.
Estou gostando.
tayl0rmaniac4
Em: 04/09/2024
Autora da história
Obrigada pelo carinho com a Anna
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