Capitulo 15- Shakspeare e minha confusão mental...
Após algumas horas subi para meu quarto, tomei banho e literalmente coloquei a primeira roupa que vi em minha frente. O que implicava em um casaco de ursinho de linho, e calças jeans rasgadas.
Desci as escadas novamente e fui em direção a porta da rua, caminhava lentamente para a universidade, Rubs como sempre me avisará antes que teria que ir mais cedo devido a um trabalho não impresso, certo, é a Rubs, sabemos que não é por aí. Caminhava lentamente, cheguei a frente da universidade, e lá estava ela, estacionando seu imperioso carro branco, com a elegância de sempre, parei um pouco longe dela, e passei a observá-la, vestia um vestido preto não muito justo, um cardigan branco de linho, uma leve maquiagem, e saltos scarpins. Ela estava compenetrada em seu telefone, mas logo desviou para travar seu carro, foi quando nossos olhares se encontraram, não havia expressão nenhuma em seu rosto, nada que pudesse me fazer sorrir devido ao encontro do dia anterior. Era algo que me deixava muito aflita, pois eu não sabia o que fazer ou pensar, o medo de que de repente ela me dizer que foi um erro ou mesmo uma ilusão da minha cabeça, era enorme. Então como meu maior ato de ousadia, acenei levemente com a cabeça para ela a distância mesmo, e ela levemente, mas muito levemente mesmo, sorriu, curvou os lábios para cima, era quase imperceptível. Mas para mim, em minha mente, era maior que o sorriso do coringa. E unicamente por ter aula com ela hoje, meu coração incendiava.
Ela então virou-se e saiu, percebi naquele momento que ela gostava de discrição, e eu estava agindo certo eu acho. Não queria expor ela, nem nada do tipo. Após entrar na sala dos professores, rumei para a biblioteca, resolvi que manteria o distanciamento necessário para não lhe causar nenhum tipo de problemas.
Entrei na biblioteca, acredito que no máximo 5 pessoas habitavam ali, faltavam 15 minutos para a aula começar.
Me sentei em um canto especial, curiosamente justamente no canto em que Regina uma vez me ofereceu café após Franciane ser grosseira comigo. Incrivelmente que pareça eu não conseguia ver mais aquela Carolina que foi grosseira comigo naquele dia em que derrubei café em sua blusa. Peguei minha mochila, abri e retirei de lá o livro que Regina havia me presenteado, sonetos de Shakespeare.
Estranhamente sentia uma necessidade de compartilhar com Regina que estava lendo o livro dela. Peguei o papel que havia anotado o telefone dela, e meu telefone, salvei seu contato, e abri sua foto no Whatsapp. Muito ela. Regina estava em uma mesa com muitos livros a sua volta, atrás de si havia uma estante enorme de madeira rústica, ela estava com um casaco de linho preto, de óculos de grau, algo que nunca vi nela, estava lendo algo de cabeça baixa, e sorrindo, a foto era muito bonita.
Abri a conversa e comecei a digitar.
Eu: Como está indo a viagem?
Mas que ridículo da minha parte, ela nem deve ter embarcado no avião ainda, ri da minha tolice, meu dedos chegavam a estarem gelados. Apaguei a mensagem e novamente peguei o livro , coloquei sob meus joelhos, o sol refletia nem sua capa, causando um efeito muito bom na foto, bati e a enviei para ela. Sem legenda nenhuma.
Não deve ter demorado um minuto. E logo veio a resposta.
Regina: Aprecio muito sua dedicação e vontade de ler.
Li e reli a mensagem com uma grande interrogação na testa, eu não havia entendido muito bem, pareceu uma frase tanto faz...
Respondi.
Eu: Sim, corri para le-lô.
Regina: Não me diga que já está sentindo a minha falta?
Eu: Foi tão perceptível assim?
Ela demorou a responder, e meus dedos tremiam, o sinal tocou, alertando que eu deveria ir para a sala, Carolina parecia ser o tipo de pessoa que odiava atrasos.
A caminho da sala, o celular bipou.
Regina: Fico muito triste, que tenhas que arrumar outra companhia de café, mas apenas durante 30 dias certo?
Entrei na sala lendo a mensagem e sorri largo para o telefone. Percebi olhos sob mim.
Carolina estava encostada em sua mesa de braços cruzados, mais pessoas estavam chegando junto comigo, mas percebi que levemente ela me encarava. Guardei o aparelho sem responder a mensagem de Regina.
Andei depressa para o fundo da sala, e me sentei ao lado de Rubs, e um rapaz que conversava com ela animadamente.
--Hey! Onde se meteu Liz? — Rubs inquiriu.
--Biblioteca estudando. –me limitei a responder, pois sentia os olhos dela sob mim.
Após alguns minutos a sala conseguiu se arrumar e prestar atenção na professora.
--Boa Tarde. Gostaria de informar que todos que me encaminharam o trabalho já garantiram pontos extras para a avaliação final, e os que não infelizmente não poderei mais receber. Quero que juntem grupos de 3 ou 4 pessoas, pois iremos discutir a defesa de um caso, sei que vocês são novatos mas quero ver a argumentação de vocês.
Ela se virou e começou a mexer nos papéis.
--Por favor, uma pessoa de cada grupo venha até aqui e pegue uma cópia do caso.
Me levantei de supetão, olhei para Rubs que sinalizou que faríamos grupo com o rapaz que estava ali, eu nem sabia o nome dele na verdade. Mas no momento nem queria também, caminhei no modo automático até ela, sentindo meu coração pulsar. Respirei fundo. Me aproximando dela.
--Oi. –Foi o que eu consegui dizer, ela me encarou, apontando a folha para minhas mãos, eu peguei, e quando eu puxei ela travou, impedindo que eu puxasse, e sussurrou.
-“-Oi..”
Mas não foi um “oi” qualquer, foi um oi muito significativo para mim. Era muito difícil para mim lê-la. Ela deixava transparecer muito pouco do que sentia, e eu me admirava a cada dia mais com minha imensa cara de pau de chegar nela e falar as coisas.
Não havia ninguém mais ali, parecíamos alheias ao ambiente, era impossível que apenas eu notasse isso, ela rapidamente desvencilhou o papel de suas mãos, me deixando ali com ele, e com a sensação de que tínhamos tanto a falar se quiséssemos. Ela desviou seu olhar de mim e começou a mexer em alguns papéis na mesa. Entendi o recado, eu não podia dar bandeira, ou qualquer chance que eu cogitasse ter com ela, iria por água abaixo. Me encaminhei ao meu lugar suspirando, com o coração e a cabeça nas nuvens.
--Tudo bem? –Rubs perguntou meio desconfiada.
--Melhor não poderia estar. –Respondi.
--Sei, então esse é o Scott, ele vai fazer trio com a gente neste trabalho, ele faz Gerenciamento em marketing, mas esta fazendo uma disciplina extra para horas complementares.
--Olá, prazer. –ele disse sorrindo.
Scott era alto, cabelos castanhos, barba rala olhos azuis, nem magro nem gordo, acredito que na medida.
--Prazer Scott, me chamo Liz.
--Essa professora é sempre assim fechada? –Perguntou-nos.
--Tem dias piores, acredite. –Rubs disse.
Me calei, porque qualquer defesa que eu levantasse, era perceptível minha adoração por ela.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 05/06/2024
Mas rolou tu esta em Liz é Regina é Carolina.
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PoetizaVazia Em: 06/06/2024 Autora da história
Team Regina?