O FUGITIVO
Terça-feira, 06h da manhã, e o alarme do celular toca. A jovem Ana Júlia desperta de seu sono leve e cancela o alarme logo no segundo toque. Os olhos vermelhos e inchados entregam o choro da noite anterior. Não conseguia dormir direito há duas semanas, desde que seu gato havia sumido. Levantou e vestiu um short e camiseta confortáveis e calçou seu tênis de corrida. Abriu o portão e chamou pelo seu gato, na esperança de que ele tivesse voltado para casa, mas, infelizmente, seu desejo ainda não tinha se tornado realidade. A pedalada diária deu lugar a uma caminhada melancólica pelo bairro à procura de Hércules. Em uma mão, uma foto impressa e, na outra, um potinho com ração para fazer barulho. E lá foi ela chamando pelo gato perdido. Após 40 minutos de caminhada, retornou para casa e foi direto para o banheiro, onde tomou um banho rápido e trocou de roupa. Em seguida, fez um café e comeu duas fatias de pão com manteiga, saindo para o trabalho logo em seguida.
Praguejou novamente o eletricista que havia deixado o portão aberto, possibilitando que Hércules saísse de casa. Assim que deu falta do gato, começou a chamá-lo na rua, procurou nas casas vizinhas, colocou cartazes, postou em redes sociais, ofereceu recompensas e nada de seu felino aparecer. Tentava pensar positivo, que algum alienado poderia estar dando comida e água, que estivesse seguro e sem frio, mas o medo era maior. Já havia perdido um gato atropelado e nem queria cogitar que algo de ruim pudesse acontecer com seu companheiro.
Hércules era um presente divino em sua vida. Algumas pessoas poderiam supor que Ana Júlia tinha feito algo bondoso ao resgatar, dar comida, casa e afeto para aquele filhote recém-nascido resgatado em um saco de lixo, mas na verdade Hércules é quem havia salvado Ana Júlia. Ela estava no fundo do poço do mundo sapatão: tinha perdido seu primeiro gato, Pantera, e na mesma semana descobriu que sua namorada tinha um caso com o chefe. Hércules era recém-nascido e demandava muitos cuidados, e isso permitiu que Ana Júlia ocupasse a mente e não surtasse naquele momento. Agora, seis meses depois, estava angustiada sem saber onde seu amor estava.
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Terça-feira, 06h da manhã, Flávia despertou do sono após seu gato pular sobre seu corpo, acordando-a daquele jeito peculiar que ela já começava a amar. Tentou fingir que ainda dormia, mas o gato laranja era insistente e miava sem parar. Vencida pela fofura de pelos, ela finalmente se levantou da cama, com seu novo amor no colo. Há duas semanas tinha companhia para dormir o melhor dos sonos, um gato fofo e rabugento que ela batizou com o nome de He-man. Colocou ração e trocou a água e, em seguida, foi até a sacada do seu apartamento para fazer seu alongamento e meditação matinal. Colocou o fone nos ouvidos e começou a se alongar. Em dado momento, olhou para a rua e viu novamente aquela moça linda e descabelada por quem quase foi atropelada no dia em que se mudou para aquele apartamento há dois meses. A imagem da mulher andando a "mil por hora" em uma bicicleta em nada se parecia com aquele semblante abatido que via nos últimos dias, mas ainda assim ela era linda.
Um barulho na sala chamou sua atenção. Com certeza, He-man estava querendo aprontar. Sorriu e agradeceu novamente ao destino por ter colocado seu novo amigo em sua vida.
Fim do capítulo
Espero que gostem e comentem. Até a próxima!
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NovaAqui
Em: 31/05/2024
Gato com duas casas é tão normal kkkk
Eles são tão safadinhos que ficam transitando entre duas casas de boas kkkkk
Já passei por isso
Descobrimos em que casa o meliante morava também. E a outra dona não acreditava que o gatinho dela fofinho era um safadinho kkkk
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