CAP 25

POV ANA VITÓRIA 

Tem momentos em nossa vida que a felicidade é um sentimento quase palpável, definição pra quê? Estou vivendo ela da maneira mais verdadeira possível. Estar com Sophie esses últimos dois dias tem sido perfeito, ela queria me mostrar todos os cantinhos daquela cidade, não sabia ela que qualquer lugar que eu estivesse com ela seria perfeito e especial. 

Como minha chegada foi repentina eu queria fazer algo especial, pra falar a verdade estava muito clichê, queria comprar alianças de namoro, talvez assim me convenceria que aquela mulher maravilhosa conquistou meu coração. O shopping parecia as ruas de New York pra mim e eu estava desfilando com meu amor por todos os lados, tudo era lindo, tudo era perfeito apesar de ser mais um shopping. 

Como tinha pedido, Sophie escolheu um vestido perfeito e eu achei a minha roupa, fomos em direção a uma loja de lingerie e fiz de tudo pra me separar dela por um tempo, precisava comprar as alianças sem que ela visse e assim o fiz. Entrei na loja como se fosse uma fugitiva, morrendo de medo dela me ver, mas assim que pus meus olhos na aliança perfeita meu telefone tocou, como se para me tirar do meu encanto.

LIGAÇÃO ON

- Oi Rafael, algum problema?

- Oi Vitória, desculpa te ligar, mas vou precisar que você volte, o superintendente ligou e está tendo uma investigação interna, não só na nossa delegacia, ele marcou uma reunião de urgência pra amanhã pela manhã, o negócio é feio e sério, você precisa estar aqui o mais urgente possível.

- Que droga!! Vou procurar um vôo o mais rápido possível. Me mantenha informada.

- Pode deixar. Qualquer coisa te ligo.

LIGAÇÃO OFF

Baixei a cabeça procurando me acalmar e tentar agir. Olhei para a vendedora que ainda estava com as alianças expostas e não pensei duas vezes.

- Eu vou levar duas dessas aqui.

Passei pra ela um anel de Sophie que tinha pegado escondido e ela tirou minha numeração. O tempo que esperava ela ajustar e gravar nossos nomes foi o tempo de conseguir uma passagem pra Natal. Sai daquela loja com raiva do mundo, justo agora que estava no nosso momento de felicidade tem alguma coisa pra estragar, encontrei Sophie na praça de alimentação como combinamos e de longe ela percebeu meu estado.

- Amor, aconteceu alguma coisa? Que cara feia é essa?

- Tenho uma péssima notícia. Vou precisar voltar pra Natal com urgência. Rafael me ligou e tem alguma coisa errada, o superintendente marcou uma reunião pra amanhã logo cedo. Consegui um vôo pra daqui uma hora tem como você me levar ao aeroporto?

- Realmente isso é péssimo. Eu vou com você, só vou ver se consigo uma passagem.

- Desculpa eu nem te perguntei se voltaria comigo. Na verdade eu pensava que ficaria mais um tempo com sua família, minha intenção era ficar também, mas o dever me chama.

- Amor, eu não quero ficar sem você aqui, mas não tô conseguindo passagem.

- Vamos fazer o seguinte, deixa pra viajar amanhã, eu vou hoje por causa desse problema, mas você pode se organizar pra ir com tranquilidade aí aproveita e leva minha bolsa porque não vou ter tempo de ir buscar.

- Que coisa chata, mas fazer o que né. Vamos logo senão vai perder o vôo.

Entrei naquele avião apenas com uma bolsa, assim que sentei tirei de dentro dela as nossas alianças, um sorrisinho besta se formou em meus lábios quando lembrei que eu queria uma aliança e não um anel, queria deixar claro pra Sophie que o que tínhamos era sério, um anel pode demostrar qualquer coisa, uma aliança não. Mal tive tempo o bastante pra pensar, logo estava aterrissando em terras natalenses. Peguei meu carro no estacionamento e fui embora, precisava me preparar psicologicamente pra essa bendita reunião que eu não sabia nada a respeito. No outro dia cheguei logo cedo, precisava falar com o Rafael e me inteirar do que estava acontecendo.

- Vitória, eu liguei pra alguns conhecidos e parece que o depósito estava sendo roubado e várias drogas estavam sendo desviadas, inclusive de algumas apreensões que nós fizemos por isso eles estão vindo pra cá. Só que segundo o que eu apurei era uma pequena quadrilha de Recife e eles estavam vindo mexer no depósito daqui. 

- Rafael não tem cabimento isso que acabou de me falar. Se eles estão desviando drogas daqui o mais certo é que tenha alguém de dentro. Agora se eu pego esse indivíduo eu acabo com ele.

- Isso é o mais certo né. Ultimamente a gente tem feito algumas operações em conjunto com a PF e com os outros estado. Eu só sei que não estou envolvido e isso já me basta. Só quero que isso se resolva o mais rápido possível pra voltar a calmaria nessa delegacia porque a sua sorte é que não estava aqui ontem. O pessoal ficou sabendo e foi um tumulto grande.

- Quem não deve não teme, é só o que eu tenho a dizer. Mas você me lembrou bem, vamos fazer uma lista do pessoal envolvido nessas grandes operações e também ficar de olho aberto em quem está muito nervosinho por aqui. Essa triagem deve ser feita em sigilo e só por nois dois, quero saber quem procurar.

- Está bem. Você que manda Delegada. Vamos trabalhar, qualquer coisa estou a disposição.

Logo após falar com Rafael recebi mensagem de Sophie dizendo que estava embarcando e isso me colocou um sorriso no rosto, que não durou muito devo frisar bem. O dia foi um tumulto daqueles, o pessoal da corregedoria fazendo interrogatórios, o superintendente no meu encalço e dentro de mim uma vontade louca de gritar com todos. Fim do dia e eu estava exausta, delegacia acalmada pelo menos por hoje e na minha mesa muitos papéis que não sabia por onde começar, de repente ouço alguém bater na porta e abri-la sem minha prévia autorização, estava pronta pra esbravejar quando vejo meu amor parada me olhando.

- Eu já devia imaginar que ninguém além de você entra na minha sala sem autorização.

- Já estava na ponta da língua num era?

- Ainda está mas agora já mudei o discurso. Vem aqui pertinho pra saber o que tenho pra dizer.

Ela entrou deixando uma bolsa na minha mesa com o que imaginei ser comida e veio ao meu encontro. Puxei ela pra sentar no meu colo e abracei seu corpo com tanta vontade para enfim relaxar e ela retribuiu o abraço percebendo minha carência.

- Eu estou com tanta saudade de você. Não imaginava que precisava tanto dos seus braços até te ver na porta.

- Meu amor, eu já estava louca de saudade, te mandei mensagem e você nem respondeu.

- Eu nem peguei no celular, o meu dia foi de cão, eu estou tão cansada que dormiria aqui mesmo se você não chegasse.

- Amor, você precisa parar um pouco, não vou nem perguntar se comeu alguma coisa, seu semblante está destruído, precisa se cuidar, não pode passar o dia nesse desgaste todo e esquecer de si mesma.

- É que tá se passando tanta coisa, você nem imagina como estava essa delegacia hoje.

- Eu sei que a barra está pesada mas você precisa se cuidar, independente de qualquer coisa. Vem, vamos comer, eu trouxe nossa janta.

- Tudo bem, já levei esporro da minha namorada agora eu posso ganhar um beijinho? Tô com saudades.

- Todos que você quiser minha namorada.

Sophie me beijou com tanto carinho a ponto de me sentir acolhida em seus braços. Retribuiu com todo meu amor e decidi esquecer qualquer coisa, por hoje eu só queria voltar pra casa e ficar nos seus braços recebendo seus carinhos.

- Sophie, eu sei que você teve todo trabalho de comprar a comida e trazer aqui mas eu queria comer em casa. Queria tomar um banho e sentar calmamente com você juntinho de mim. Vamos pra casa? 

- Era tudo que eu queria só não queria impor. 

- Quando quiser qualquer coisa me fala, por menor ou pior que seja, só me fala que a gente resolve tá bem?

- Tá bem, então vamos.

Estar em casa, tomar um banho e sentar a mesa pra jantar com Sophie me deu a sensação de família, sensação essa que eu já tinha sentido um dia, mas que me causava tristeza quando lembrava, o que não foi o caso de hoje. Quando olhei pra ela sentada ao meu lado na mesa algo dentro de mim se renovou...quem sabe um dia eu possa ter uma família novamente.

Fim do capítulo