Capitulo 18 Manequim
--então qual o plano?
--vou trancar o quarto para meu pai não pensar que saímos e vamos usar luvas!
--fala sério,eu tô quase surtando!--peguei as luvas de inverno que ela me deu e coloquei no bolso do meu jeans.--as lésbicas são as primeiras a morrer em filmes de terror sabia?
--não nos filmes que assisto.
--é mas na vida real você deveria se preocupar ainda mais querendo invadir uma cena de crime.o que temos que achar?
--qualquer pista de quem o assassinou.qualquer coisa fora do comum que a polícia não percebeu.conhecemos Rodrigo, não vai ser tão difícil.aliás lá é o último lugar que o assassino iria voltar.
--eu tô mais preocupada em sermos pegas por lá.
--mas é por uma boa causa né?
--se tivesse essa disposição para enfrentar Morgan eu não teria tanto trabalho..
--acho que..só estou fazendo isso por sua causa.por mim não tenho coragem de nada disso.
--por que tá falando assim?
--eu nunca me vi útil para nada..aí você apareceu e toda essa confusão que agora eu só quero ajudar. Eu não quero que se ferre por mim.
--não quero que se sinta culpada por nada. Eu aceitei seus termos e condições de livre e espontânea vontade. Eu gostei de você de graça.
Ela sorriu e eu podia ser a melhor no que fazia mas eu estava ficando ótima incentivando Isabela e agora confiante seguimos com nosso plano,fizemos montinhos na cama para fingir que estávamos dormindo e trancamos a porta.sair da casa foi a coisa mais fácil.Daniel dormia no seu quarto e estava no décimo terceiro sono. Já estava quase próximo da meia noite e por isso nos apressamos.
A cidade estava de luto e silenciosa ela chegava a ser sinistra.o barulho do vento que eu tanto gostava agora chacoalhava as árvores e produzia um som de arrepiar.
Isabela me acompanhou pelas ruas até chegar a casa de Rodrigo e era impressionante a casa apesar de cercada pela fita da polícia à própria polícia não estava por lá.
--cara eu pensei que pelo menos eles..fossem ficar de vigia.--disse ela surpresa por ver a rua vazia.
--estamos em Fortville Isabela. Aqui é o começo do fim do mundo.
--melhor para gente.
Observamos a frente dos portões da casa alguns metros de nós e nem neles eu ousaria tocar e isso já me lembrou minhas luvas e as coloquei assim fez Isabela.
--não tô vendo nenhuma câmera por perto.
--e tá tudo trancado pelo visto.--me atentei as correntes lacrando o portão.
--vamos dar a volta.
Isabela seguiu dando a volta na casa e eu só me preocupava em sermos vistas correndo pela rua,duas metidas a detetives,quando chegamos a cerca atrás da casa onde o jardim muito bonito com algumas árvores e um balanço grande permanecia intocável e já me atraiam para o cenário do crime atrás da cerca de dois metros.olhar entre os espaços da cerca nada me revelavam,pulei para tentar ver algo e agora tinha uma marca de tinta para lembrar a todos onde o corpo de Rodrigo tinha ficado.foi uma sensação muito estranha ver aquela marca.
--me ajuda a pular.--Isabela pediu sem tirar os olhos do jardim e fiz pezinho para ela pular a cerca de madeira.não foi difícil fazer o mesmo,pular cerca era comigo mesma.
O piso onde caímos estava longe das flores num canteiro que chamava atenção pelas diferentes flores mas Isabela observava a casa atenta aos detalhes.
--a porta na nossa frente deve dar na cozinha.lá em cima tem uma janela..--olhei para o alto e avistei um quarto azul de paredes com pôsteres.
--deve ser o quarto dele.
--vamos entrar.
--Isabela só tome cuidado.não podemos deixar pistas.
--eu sei o que eu tô fazendo Abigail.
--(rs) adoro seu entusiasmo mas acho que tô incentivando demais ele.
--é só ver minhas horas de séries assistidas.a maioria policial.
--prefiro as comédias românticas. Lá ninguém sai em um caixão!--ela sorriu a mim e continuou seus passos comigo logo atrás.
Ela abriu a porta da cozinha cautelosa e a partir daqui não poderíamos mexer em nada.
A cozinha estava organizada. Tudo parecia no lugar exceto por um saco de pipoca perto do microondas.
--pipoquinha a noite..dia de filme?
--vamos para a sala.
Seguimos para a sala e encontramos o sofá grande,uma TV e o bowl de pipoca caído no tapete.a sala era elegante mas não combinava com aquela bagunça deixada por Rodrigo.as almofadas também estavam caídas e olhei para Isabela.
--parece que ele dormiu ou levou um baita susto.
--parece que ele estava sozinho em casa. Daniel disse que o senhor Fontes era um homem bem ocupado.
--a mãe do Rodrigo também.pelo que sei ela organiza o centro comunitário e político de fortville.na verdade ela é uma palpiteira,sempre tem seu nome nas ações que acontece na cidade.
--(rs) não me admira ele tentar ser uma cópia dela.uma cópia bem xoxa.--vi nas paredes alguns quadros com fotos e premiações do Rodrigo e família.algumas fotos exibiam as boas ações que a família fazia.
--se me lembro bem ela trabalha em nome do núcleo da elite da cidade. Ela divulga Fortville como o melhor lugar para tirar férias e claro com o melhor colégio do estado.
--chega a ser piada..--disse ela já mirando seu olhar para as escadas ao andar acima.
Fui mais cautelosa e com alguns passos atravessei a sala e avistei um corredor pequeno ao lado das escadas.
Tinha duas portas ambas abertas mas escuro do jeito que estava peguei meu celular e iluminei aquele espaço.
O verde de uma planta dentro de um vaso chinês enfeitava o fim do corredor e Isabela veio comigo curiosa para saber para onde iam aquelas portas.
da minha esquerda eu vi a garagem vazia.do lado direito de Isabela tinha um escuro e profundo porão.
Ela encarava o escuro e olhar para aquelas escadas que sumiam na escuridão me fizeram esquecer que ali existia um caminho.virei de volta a sala.
--hey não vai verificar lá embaixo?--perguntou Isabela me vendo fingir que não havia um porão.
--tenho certeza que não tem nada.--respondi convicta e Isabela cruzou os braços.
--anda.--ela me puxou pelo braço e me pôs a frente dela já descendo os degraus de madeira.
--espera,eu desço mas não me deixa sozinha.
--ok.
Os degraus rangiam a cada passo nosso e logo iluminei uma bancada de trabalho com vários projetos para o festival do colégio.as várias prateleiras com várias ferramentas só me diziam que ali era um lugar perfeito para Rodrigo trabalhar em nome da feira.
Chegando ao fim da escada caminhamos pelo espaço.tudo era muito organizado e limpo,tinha até um pote cheio de chaves num cantinho em outra bancada próximo aos instrumentos de marcenaria, coisa de gente com toc de tão perfeito e limpo estava.parecia intocável até mesmo antes da invasão.
--viu só?não tem nada.
--tá falando isso pra mim ou pra você?anda medrosa vamos lá em cima.
Subimos e no primeiro andar o corredor em L vimos na primeira porta o quarto de Rodrigo e como todo jovem cheios de sonhos ele decorou seu quarto com tudo que o animava.tinha o time de basquete em fotos,luvas de boxe penduradas na cama,o uniforme pendurado em um cabide no guarda-roupa aberto bagunçado com meias e camisas rebol*das.num canto o notebook e os livros do colégio bem organizados sobre a mesa e acima dela as medalhas penduradas.o capitão do time de basquete tinha sua fama.caminhei até a janela e realmente era a janela que vimos no jardim. Isabela investigava tudo mas nada fora do comum,era um quarto de macho como qualquer outro e o cheiro estava começando a me incomodar.
--parece que tá tudo em seu devido lugar se é que me entende.--disse ela vencida por não encontrar mais provas se levantando depois de vistoriar embaixo da cama do Rodrigo mas isto para mim me fez perceber uma pequena pista no piso,uma mancha seca de sangue que quase pisei.
--Isabela.--a chamei e ela veio a mim notando a marca no piso.
--houve confronto corporal.
--mas aqui?Rodrigo assistia a um belo filme até que quem o assassinou o viu e seguiu ele até aqui?eles brigaram e foi parar lá embaixo.
--a janela tá aberta,ele deve ter sido empurrado..ou jogado.
--e caiu.
--mas ainda não é tão alto para morrer.
De repente um barulho de coisas caindo lá no andar abaixo e me arrepiei inteira.Isabela e eu olhamos para a porta e não pensei duas vezes,me aproximei da porta para ouvir melhor mas o barulho de passos apressados e um familiar som de chaves me localizou.
--a gente tem que sair daqui.--recuei ouvindo o ranger da madeira do sótão mas Isabela fechou a porta do quarto de uma vez.o barulho com certeza foi ouvido por toda a casa.
--você ficou maluca?!!--a porta estava com o trinco quebrado.merd*!a afastei e abri ela de novo a deixando no lugar.
--a janela.
--o que?
--pula.
Ajudei Isabela a passar a janela e o telhado da varanda inclinado já me dizia que seria um problema.ela com dificuldades de se manter de pé perdia o equilíbrio e fui rápida pulando a janela e a segurando antes que caísse. a puxei para mim e nos colamos a parede externa do quarto.
o barulho dos passos largos já se aproximavam e com cuidado caminhei até a outra janela guiando Isabela logo do meu lado.
abri a vidraça e entrei veloz já trazendo Isabela para dentro também.
Fechando a janela do jeitinho que ela estava segurei também Isabela para ela não correr.
--AAAAGGRRH!!!--o rugir raivoso no outro quarto me alertou. Lá vinha mais uma vez e fui rápida puxando Isabela para trás da porta daquele quarto.que loucura se esconder ali,ele só precisava de um segundo pra pensar que merd*!não tínhamos mais tempo!!
A presença daquela pessoa pesou o clima no mesmo instante que sentimos este invadindo o quarto.Isabela tampou a própria boca e fiquei pronta caso precisasse mas da mesma forma que veio se foi e saiu depressa,correndo escadas abaixo indo em direção ao jardim e vimos finalmente a figura misteriosa.
as roupas pretas, o capuz e a máscara bizarra de manequim,não me davam ideia de quem poderia ser mas Isabela e eu assistimos esta figura pular a cerca facilmente e sumir.
--parece que alguém tem medo de fantasmas.--falei e Isabela estava pálida com o que vivemos.
--vem comigo.quero ver o que ele pegou.
Descemos e procuramos algo diferente do que tínhamos visto e voltando ao porão encontramos o jarro de chaves quebrado e as várias chaves jogadas na bancada.
--o assassino não veio aqui pelo Rodrigo. Ele veio aqui por uma dessas chaves.
--uma pista valiosa para valer o risco..algo que o ligaria ao que ele fez aqui?..ou algo que ele não pegou da primeira vez?
--vambora..antes que mais alguém perceba que entramos.
Voltamos para casa de Isabela e assim que entramos vi Isabela trancar a porta e já ir conferir todas as janelas e outras entradas.
--o que tá fazendo?--perguntei já ficando nervosa de igual.
--eu só quero ter certeza que não vamos morrer hoje a noite.
--(rs) a destemida Isabela tá com medo?
--minha cota de coragem deu por hoje.acha que ele pode ter nos seguido?
--acho que pela rapidez que fugiu este tem outros assuntos para resolver.
--mas nada do que vimos podemos falar a polícia digo,temos que apresentar pistas que não nos comprometa ou eles vão nos ferrar e mais ainda você.
--(rs) Fortville é pequena demais para nos dois. Seja quem for pode ter quase achado a gente mas tô nessa. Essa figura misteriosa me deixou curiosa. Eu quero continuar a investigação. Quero saber o que abre aquela chave.
Isabela sorriu para mim orgulhosa de ouvir o que tanto queria. A gente ia entrar nessa de cabeça até o fim.
Fim do capítulo
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