Capitulo 3 - Que isso fique entre nós
Talvez estar apaixonado não seja a pior coisa do mundo, ainda que o alvo dessa paixão seja minha cunhada. Posso estar errada em nutrir esse sentimento, mas ela me beijou. E aquele beijo fez com que eu esquecesse as consequências que um querer desses pode trazer. Voltei para nossa mesa como quem havia feito uma viagem intergaláctica. Pedro nada percebeu, e eu não conseguia olhar para Cecília. Estava com medo do que as minhas expressões pudessem revelar. Além disso, encarar o sorriso dela era como cair ainda mais no precipício, por isso só olhava para a mesa ou o chão. No entanto, quando Cecília acendeu outro cigarro sabor morango e tomou o último gole de vinho, os cheiros misturaram-se outra vez e me invadiram. Mergulhando em seu olhar, só conseguia pensar no quanto eu estava ferrada.
Pedro pediu a conta, pagamos enquanto terminávamos nossas bebidas. Andamos até a saída, e eu já me preparava para uma rápida despedida; só desejava chegar em casa e assimilar tudo que aconteceu.
— Dormirei na Amanda. – Fiquei surpresa, mas nada disse. — Sua irmã bebeu um pouco além, – justificou-se para o esposo. — Não podemos deixá-la pilotar. Também quero finalizar o estudo de um caso para a próxima audiência.
Pedro me olhou por alguns segundos e concordou. Eu gelei. Sabe quando você não tem ideia de como reagir? Apenas balancei a cabeça e sorri, do jeitinho que o Capitão de Os Pinguins de Madagascar ensinou. “Sorria e acene!”
— Vamos, Amanda.
O vento bagunçava os cabelos da minha linda cunhada, as mechas louras tinham maior destaque. Ela já havia tomado a posição de piloto na minha inestimável Suzuki Intruder Café Racer; o short que usava era tão curto que deixava exposto o belo par de pernas, e eu precisei fechar a boca antes que acabasse literalmente babando.
Só me dei conta de que havíamos chegado em casa quando ela desligou a moto na garagem do prédio onde eu morava. Descemos, e foi ela quem pediu o elevador. Oito longos andares em silêncio. Abri a porta do apartamento, joguei as chaves em qualquer lugar e fui até a cozinha pegar uma garrafa de vinho. Sempre que estudávamos algum caso, era regado a vinho. Quando voltei para a sala, Cecília já não estava. Ouvi seus passos pelo quarto e meu coração disparou.
— Ficará aí? Quero terminar meu estudo! – O que ela queria dizer com aquilo? Oh! Meu Deus, eu era o estudo!
Fui pronta para iniciar uma discussão. Se ela estava pensando que eu seria um rato de laboratório para ter suas experiências, estava muito enganada. Mas engoli o discurso com a indignação assim que cheguei na porta do quarto. Tentei esboçar um sorriso tranquilo, mas foi impossível. Ela estava sentada com as pernas cruzadas, olhando para mim. Usava apenas uma das minhas blusas sociais e a lingerie.
— O vinho ficará para mais tarde. – Pensei em argumentar, mas ela simplesmente me reprimiu. — Você quer esse momento tanto quanto eu. Esquece o resto e só vem.
Respirei fundo e obedeci. Caminhei para junto dela, que se levantou vagarosamente e me recebeu com um beijo. Eu ainda estava tímida, mas as mãos dela passeando pelo meu corpo, tirando minha blusa e abrindo meu jeans, fizeram com que eu perdesse o resto de sanidade que possuía. E o beijo?! Puta que pariu! Aquela boca macia sabia perfeitamente como brincar com os meus instintos, me beijando devagar e intensamente, de forma tão apaixonada que sentia os músculos do meu abdômen enrijecerem.
Tudo que aconteceu a partir daquele momento me vem como flashes. Eu estava entorpecida, não pela bebida, e sim pelo sentimento avassalador que habitava em mim. A noite foi de tesão, cheia de paixão, de carinho e sorrisos. E quando eu me preocupava com o dia seguinte, ela dava um jeito de afastar tais pensamentos. Cecília estava ali, sendo completamente minha, e seu beijo me tirava de órbita, transportando-me para um mundo apenas nosso.
Mas o dia seguinte veio… veio como um soco no estômago. Lembrava de ter dormido com Cecília em meus braços, trocando carinho e confessando o que antes parecia inconfessável. Tudo que fizemos naquela cama ainda parecia um sonho, talvez tivesse sido mesmo um sonho. Pois, quando abri os olhos, ela já não estava ao meu lado. Dizem que quando se está no inferno, abraçar o diabo não é a pior das coisas. Respirei fundo e senti o perfume dela, impregnado em mim, nos lençóis e na minha blusa… Por todo o quarto. Não fui burra por me apaixonar, afinal, apaixonar-se é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. A minha burrice foi dormir com a mulher do meu irmão, acreditando que no final tudo ficaria bem. Acreditando que uma noite no paraíso seria melhor que uma vida de sentimentos sufocados. Agora, como poderei olhar para o Pedro sem o peso da culpa? Pior, como fazer adormecer esse amor que já não é mais secreto, mas continua sendo proibido? Alguém poderia me apresentar a solução? Por favor?!
Fim do capítulo
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