Capitulo 20
Gabriela
Fiquei completamente congelado quando ouvi a voz de Henrique do outro lado da porta, sabia que ele tinha vindo por Liv e me recuso a entregar minha filha pra esse canalha, ele só colocaria as mãos em minha filha por cima do meu cadáver, ou nem assim, sou capaz de assombrar a vida dele por toda eternidade se encostar em fio de cabelo dela.
- Então pode começar a atirar, mas atira bem alto para a polícia chega bem depressa e te colocar onde merece, seu desgraçado.
Corri para cozinha, o cômodo mais distante da casa de onde Liv estava escondida, pegando um facão amolado e abaixei atrás da ilha, dali ouvi os chutes que Henrique dava na porta, o telefone não parava de tocar, com certeza Malu, espero que ela chame a polícia, mesmo disposta a tudo, meu facão não vai dar conta de duas pessoas armadas.
Ouvi quando o trinco da porta cedeu os passos apressados no apartamento, derrubando os copos de cima da bancada, preciso da atenção deles em mim, bem longe dela, ela precisa ficar em segurança, essa é minha prioridade, consigo ouvir os passos deles em direção a cozinha.
- Vagabunda, pode aparecer, me entrega minha filha, a Maria Luiza paga o que mereço por ter aturado ele tanto tempo e tudo fica no lugar. Todos ficamos felizes, isso não precisava chegar nesse ponto, era só ela ter feito as coisas certas no começo.
Vejo as pernas se aproximando, não posso deixar essa oportunidade passar, cravo o facão na parte de trás do joelho direito o grito vem alto o sangue logo depois, mas ele aproveita e me agarra pelos cabelos, pelo menos soltou a arma com a dor.
- Eu vou matar você!
- Pode matar, mas a Olivia você não tira daqui, como você pode fazer isso com ela? Sabe que ela precisa de cuidados.
- Cuidados, cuidados, ela tem a saúde frágil, não pode chorar, não pode pegar chuva, não podemos viajar com ela, não posso viajar sem minha filha.
Henrique falava imitando o tom de voz de Maria Luiza.
- Essa garota só nasceu para atrasar minha vida, garotinha insuportável. Vai procurar a garota, eu seguro essa aqui, ela te conhece, vai vir se você chamar.
Falou pra mulher que estava com ele. Eu preciso ganhar tempo, Malu deve estar vindo a polícia.
- Não faz isso, você quer dinheiro? Eu falo com a Maria Luiza, ela te dá o dinheiro e você some, deixa a gente em paz.
- Ela vai dar, vai dar tudo o que tiver, em troca da filha, acho que vou levar você também...
-Não achei aquela peste em lugar nenhum, procurei nos quartos, banheiro, área de serviço, a garota não está aqui.
- Claro que está, fiquei vigiando a noite toda, elas chegaram e Maria saiu sozinha de manhã.
- Olivia foi com ela, estava dormindo do banco de trás. Você não deve ter visto, eu fiquei em casa, estou gripada e sabe que ela precisa evitar resfriados.
Me agarrei com todas as forças a possibilidade que ele acreditasse nisso, não me importo de ir no lugar da minha filha, desde que ela esteja segura em casa. Mas mal terminei de falar isso senti a mão no meu rosto, senti a pele queimando, o gosto de sangue na minha boca.
- Você acha que sou algum idiota? A menina está aqui, procura direito.
- Ela não está, procurei por todos os lugares, gritei a doentinha não responde.
Chutei a perna esfaqueada de Henrique e ele me soltou pela dor provocada, agarrei os cabelos daquela desgraçada e puxei, me joguei no chão ficando por cima dela e comecei a bater, tapas e socos na cara.
- A próxima vez que você chamar minha filha da doente, eu mato você.
Enquanto batia nela Henrique me puxou também pelos cabelos enquanto ria e gemia de dor.
- Adoro briga de mulher, mas precisamos sair daqui logo e se não podemos sair com a menina, vamos levar você no lugar, será que é tão valente assim?
- Eu já disse que ela não está aqui, podem me levar se quiser, isso não vai fazê-la aparecer.
- Será que não?
Ele saiu pela casa me arrastando pelos cabelos.
- Olivia, é o papai, você não quer com o papai? Tudo bem, vou levar a Gabriela e vamos dar uma voltinha de carro, avisa pra mamãe que ela vai ter que pagar muito dinheiro, senão a mulher dela vai aparecer boiando na praia.
- Cala boa seu monstro, não vai me levar, leva logo.
O barulho da sirene começou a soar lá embaixo ao mesmo ouvimos passos no corredor, Olivia vinha com o inalador nas mãos com os olhos assustados.
- Não leva minha mamãe.
Ela pediu chorando e puxando o ar com dificuldade para respirar.
Maria Luiza
Nunca corri tanto como hoje, ele está atrás delas, não posso deixar isso acontecer, depois muitas tentativas consegui falar de novo com o detetive que estava vigiando a casa, entrei em desespero quando ele disse que ouviu uma ligação da amante de Henrique, confirmando que seria hoje o dia do sequestro por ter me visto saindo do prédio sem Olivia e Gabriela, mandando que ela ficasse pronta pois Soraya iria pegá-la para concluírem o plano, por pouco não foi pego tentando ouvindo por trás de uns arbustos, me ligo e sai correndo da editora em direção a minha casa.
- Quero fazer uma denúncia, meu ex-marido quer pegar minha filha, ele está no prédio, tenho uma ordem de restrição contra ele.
- Vamos mandar uma viatura até o local, mantenha a calma e espere pela viatura da entrada do prédio.
- Obrigada.
Eles estão sonhando que vou ficar esperando a boa vontade da polícia aparecer, estou perto do prédio mesmo, deixei o carro de qualquer jeito na porta e entrei correndo, subi os dois lances de escada em um fôlego só. Quando cheguei no corredor ouvi os gritos de Gabriela e o choro de Olivia, mas sem saber que se ele está armado não posso me arriscar, conseguia ouvir as sirenes da polícia. Tentei me concentrar ao máximo para ouvir o que acontecia dentro do apartamento, para ter uma ideia do que estava acontecendo lá dentro.
- Não encosta na minha filha, eu mato você.
- Sua filha? A filha é minha, você não é ninguém pra ela.
- É sim, minha mãe, minha mamãe.
Bem devagar fui em direção a porta que estava aberta, consegui ver Henrique de costas com a perna sangrando e Gabriela ajoelhada no chão com Olivia no colo usando o inalador, minha filha respirava com dificuldade.
- Patrícia, pega a menina e vamos embora, Soraya tá esperando a gente na esquina.
Peguei o telefone e mandei uma mensagem para o detetive, pelo tempo já deve estar lá embaixo com a polícia, com o modelo do carro que ele já tinha e a foto da Soraya não seria impossível interceptá-la.
- Eu não posso pegar a doe.. a menina, essa mulher quebrou meu braço.
- Para de ser fresca!
- Pega você, olha como ela está, vai ter que ser carregada no colo, quando ela fica assim não consegue andar.
- Eu estou sangrando, fui esfaqueado, não vou conseguir andar com ela no colo assim.
- Leva ela junto então, ela carrega a do.. a Olivia e vamos ao lado pra não fugir, eu te ajudo a andar, passamos pela portaria dizendo que você é o pai e ela vai passar o fim de semana com você, vai ser até melhor, o porteiro não vai desconfiar dela descendo com a menina no colo.
Antes que Henrique pudesse responder acertei a cabeça dele com o vaso que ficava na porta, ele não desmaiou, mas ficou tonto, consegui ver quando Gabriela correu para o quarto de Olivia com ela no colo. Não vi quando Patrícia agarrou meus cabelos, só senti o impulso.
- Larga a minha mulher, não aprendeu ainda a não mexer com a minha família?
Quando virei Gabriela estava em cima dela e batia com força em seu rosto, aproveitei para pegar Henrique que se arrastava para fora do apartamento.
- Onde pensa que vai?
Pisei com toda força possível onde ele sangrava, ouvindo ele urrar de dor, Patrícia gritava por ajuda, foi essa cena que os policiais viram quando a porta do elevador.
- Sou Maria Luzia, eu liguei pedindo ajuda, esse é meu ex-marido, tenho uma ordem de restrição e ele acaba de tentar sequestrar minha filha.
- Calma, agora vamos resolver tudo.
Enquanto um policial prendia os braços dele, outro correu para dentro do apartamento, seguindo os gritos de Patrícia, fui atrás, se ele pegasse a última cena que eu vi, Gabriela seria presa por agressão.
- Me leva, essa mulher vai me matar, socorro. Eu confesso tudo, conto tudo, mas tira ela de cima de mim, ela vai me matar.
O policial segurava uma Gabriela transtornada enquanto a outra mal conseguia se mexer. Abracei minha mulher sentido as lágrimas delas escorrerem no meu ombro.
- Acabou, está tudo bem agora, você conseguiu proteger nossa filha, está tudo bem.
- Olivia precisa ir ao hospital, a crise está forte, deixei ela na cama com o nebulizador ligado para te ajudar, mas ela precisa de um médico agora.
- Tem uma ambulância lá embaixo, vou pedir para os bombeiros subirem e depois manda outra para esses dois, eles vão precisar, vocês duas fizeram isso?
- Não, minha mulher fez, mas ela só vai responder na delegacia e com um advogado presente.
Corremos para o quarto de Olivia e vimos nossa filha, ainda respirando com dificuldade, mas ela sorriu quando nos viu entrando.
- Desculpa mamãe, eu não obedeci, não fiquei escondida, mas eu não queria que ele levasse você, eu não gosto mais dele, não quero mais ter um pai, quero só ter duas mães.
- Você foi perfeita meu amor, amo você, muito.
Os bombeiros entraram no quarto para prestar socorro a Olivia, eu só podia agradecer a Deus a família que eu tinha.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 06/01/2024
Gabriela arregaçou com os dois kkkkk
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