Capitulo 19
Olivia
A mamãe sempre disse que o Papai Noel atende as meninas boazinhas, eu fui muito boazinha esse ano. Não fiz muita bagunça e só fiz o que a tia Gabi deixou, ela deixa tudo e a mamãe não deixa quase nada, aí peço pra minha madrasta, que não é favorita porque só tenho ela, mas se eu tivesse duas ela ainda ia ser a que eu mais gosto, igual eu gosto da mamãe, por isso pedi ao Papai Noel se pode me dar ela como mamãe no Natal.
Na minha escola antiga a tia disse que não pode, que só pode ter um papai e uma mamãe, mas a tia da nova escola disse que pode sim, se eu gostar muito dela e ela muito de mim, ela pode ser minha mamãe também e uma bicicleta, mas acho que a bicicleta a mamãe pode comprar.
Gabriela
Eu olhei pra Malu pedindo permissão, ela fez que sim com a cabeça, abaixei na altura da minha pequeninha...
- Amorzinho, olha aqui pra tia.
- Você quer que eu seja sua mamãe, que nem a mamã Malu?
- Eu quero tia, quero ter duas mamães, porque você já é como se fosse. Cuida mim e ama eu.
- Me ama.
- Eu amo você mesmo.
- Eu também amo muito você, como eu não pensei que iria amar ninguém de novo, você é a filhinha que meu coração escolheu.
- E mais uma vez o Papai Noel conseguiu fazer uma criança feliiiizz ho ho ho ho. Feliz Natal!!!!
- Obrigada Papai Noel, você é melhor do mundo todo.
Maria Luiza me abraçou olhando Liv agradecendo ao bom velhinho.
- Tive um trabalhão pra conquistar essa mulher e vem o velho ficar com os créditos.
- Trabalhão nada, que fui facinha pra você, assim que percebi que estava apaixonada me entreguei.
Me virei para Olivia que se despedido do Papai Noel.
- Vamos filha, vamos deixa-lo atender o pedido de outras crianças.
Saímos as três de mãos dadas daquela casinha, acho que esse é o Natal mais feliz da minha vida em muito tempo.
Maria Luiza
O restante da viagem passou sem que eu percebesse e quando notei já estávamos nos últimos dias de aula, Gabriela tinha umas férias para tirar e decidiu que ficaria em casa com Olivia durante esse período, não queria comentar com ela, mas percebi um movimento estranho na porta do prédio nos últimos dias, comuniquei a polícia, mas novamente o carro foi embora antes que a viatura pudesse fazer a abordagem.
As movimentações na casa do meu ex seguiam mais estranhas que nunca, mas o detetive não conseguia descobrir sobre o que se tratava, ele quase não saia de casa já a babá, todos os dias no mesmo horário um carro de vidros escuros a esperava no portão, ela entrava nele e só voltava no começo da noite. O que ele me disse foi que tentou segui-la um dia, mas a perdeu no meio do trânsito, pedi que tentasse hoje novamente e principalmente descobrir quem estava dirigindo o carro.
Se minhas suspeitas estivesses certas a motorista seria Soraya, depois que saiu daqui carregando as coisas em uma caixa, ela nunca mais apareceu. Não veio assinar os documentos sobre a rescisão do contrato, ela sumiu do mapa, o detetive não a encontrou no endereço que dei, estou desconfiada desses três, por mais bizarro que possa parecer.
- Dona Maria Luiza, ligação para senhora, não se identificaram, mas disseram que é urgente e assunto do seu interesse.
Bianca me chamando pelo telefone interno, quando Gabi não estava ela ficava em seu lugar, Olivia teve uma crise de asma durante a madrugada, pela manhã ainda estava enjoada e reclamando de dor no peito, minha esposa achou melhor não a mandar para escola e ficou com ela em casa, ao invés de trazê-la para editora como costumávamos fazer.
- Pode passar a ligação.
- Dona Maria Luiza. – A voz do outro lado da linha parecia ansiosa, reconheci como sendo do detetive.
- A senhora estava certa, a mulher que ... - a ligação caiu, ainda tentei retornar sem sucesso.
Tentei retornar à ligação, mas o número já dava como desligado, pedi que Bianca ligasse para Gabriela, dizendo que não abrisse a porta para ninguém, corri com o telefone em mãos chamando a polícia, mesmo que não fosse o que eu acreditava preferia responder por trote do que correr o risco da mulher e filha correrem risco.
- Quero denunciar uma tentativa de sequestro, meu ex-marido quer sequestra minha filha, tenho uma ordem de restrição contra ele...
Gabriela
Olivia passou a noite enjoada, com falta de ar, usou o inalador quatro vezes, acordou com febre, sem condições de ir à escola hoje. Preferi ficar em casa com ela, ficaria mais confortável deitada em sua cama, do que sentado na editora o dia inteiro, Bianca conseguia atender a agenda de Maria Luiza tão bem quanto eu. Ela ainda não havia me chamado de mamãe, mas desde do pedido ela estava ainda mais próxima de mim, aproveitando-se da febre, depois de comer uma sopa leve, assistíamos um filme quando o telefone tocou ao mesmo tempo que a campainha soava pelo apartamento. Pedi para Liv atender o telefone enquanto fui olhar a porta, deveria ser alguém do prédio já que porteiro não interfonou, verifiquei pelo olho mágico e uma mulher que não conhecia espera com uma xícara na mão, abri a porta sem soltar a corrente.
- Posso ajudar?
- Oi vizinha, me mudei para o apartamento do lado, ainda estou arrumando as coisas, não sei onde fica o mercado, será que me arruma um pouco de açúcar?
- Claro, só um minuto. – Peguei a xícara e voltei a fechar a porta.
- Amorzinho, quem é no telefone?
- É a mamãe, disse que está chegando e para não abrirmos para ninguém.
Estranhei pedido de Malu, quando voltei com a xícara, não abri a porta imediatamente, olhei novamente e o semblante da mulher não parecia tão simpático como antes, e olhava para o lado como se alguém estivesse perto da porta, voltei para o quarto peguei Olivia no colo.
- Vamos fazer uma brincadeira?
- Que brincadeira?
- Esconde-esconde, mas você só pode aparecer quando a mamãe Malu chegar e te chamar, tá bom?
- Sim.
- Mesmo que eu grite você não aparece, combinado?
- Sim, combinado, vou te esconder aqui dentro do armário da mamãe Malu, vou colocar esses cobertores por cima de você, toma segura seu inalador, se precisar você lembra como usa?
- Sim, vou ficar quietinha...
Voltei para a porta e sem abrir o trinco gritei para fora.
- Me desculpe, mas deixei sua xícara cair, posso comprar outra e te ressarcir amanhã mesmo.
- O açúcar, você pode me emprestar?
- Infelizmente não temos açúcar, estava justamente voltando para dizer isso quando a ela caiu da minha mão.
- Escuta aqui vadia, abre essa porta agora, ou eu vou encher esse apartamento de balas, a filha é minha e se você quiser continuar brincando de casinha com ela, a outra vadia vai ter que pagar bem caro...
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 01/01/2024
Oiii que bom de volta com um ótimo capítulo bom 2024.
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