Capitulo 37 - Sophia
Sophia
Que merd* era aquela? Aquilo só podia ser piada. Não era possível. Tudo o que vivi, tudo o que ela falou durante esse semestre foi mentira? Ela nunca me amou de verdade? Fui só um entretenimento até que ela conseguisse coisa melhor? Não era possível que ela fingisse tão bem! Hoje de manhã ela me beijava com intensidade e carinho e agora embarcava para uma nova vida sem mim na Inglaterra? Eu estava perdida e inconsolável. Liguei para a Aninha vir me encontrar, pois não conseguia ir embora sozinha. O que sentia, sentada chorando no terraço, era uma dor intensa, acompanhada de raiva e indignação por ter sido tão enganada. Eu havia dado tudo de mim e em troca fui nada mais do que um passatempo...
Os dias e as semanas que se seguiram foram ainda piores, porque, aos poucos, fui me dando conta de que a Marcela não iria voltar. De que aquela carta era real e de que eu precisava seguir em frente, sem ela. Porém, era difícil carregar uma saudade sozinha: perdi muitas aulas e acabei repetindo o semestre seguinte. Passava as minhas noites na balada, beijando qualquer boca que quisesse a minha, na esperança de encontrar um beijo como o dela. Até que Aninha, certo dia, me chamou para conversar:
- Sophis, que droga você está fazendo com a sua vida?
Tentei desconversar:
- Tô aproveitando, ué.
Ela se irritou:
- Para com isso garota! Você tá se afundando por uma mulher que não te merece! Você, uma das melhores alunas da faculdade, repetiu o semestre. Largou seu grupo de pesquisa. Não sai mais com seus amigos. Tá desistindo do seu sonho de ser médica por causa de uma pessoa idiota que te largou! Chega! Não vou ficar assistindo você se perder, sem fazer nada! Reage Sophia!
Comecei a chorar:
- Me desculpa...ainda tá difícil pra mim...
- Eu sei, eu sei, Sophis. – Ela me abraçou. – Mas me deixa te ajudar, ok?
Assenti com a cabeça. E foi assim que, com o passar do tempo, comecei a retomar a minha vida. O que eram semanas, se tornaram meses e depois anos.
Num piscar de olhos, estava me formando na faculdade. Na sequência, passei na residência de cirurgia geral e, ao final de 3 anos, fui contratada para dar aulas na faculdade em que estudei. Minha vida tinha voltado basicamente ao que era antes de conhecer Marcela: saía com os amigos e me dedicava à vida acadêmica. Permanecia solteira, por opção. Fundei um grupo de pesquisa próprio, que era cada vez maior, e ganhava destaque no meio científico. Tudo era perfeito e...previsível.
Até que a chegada de um e-mail voltou a bagunçar a minha mente: era uma proposta para palestrar em um Congresso...na Universidade de Birmingham. Estava prestes a deletar a mensagem, quando meu celular toca:
- Alô? Sophis? – disse Aninha, com a voz embargada.
- Oi, Aninha! Que foi? – perguntei, preocupada.
- Meu pai tá bem mal. – Ela começou a chorar.
- Calma, calma. Tô indo até sua casa, tá?
- Tá bom, vem logo. – Ela desligou.
Esqueci de mencionar que o tio Marcos recentemente havia sido diagnosticado com câncer de pâncreas avançado e, nos últimos dias, havia piorado bastante. Provavelmente teria apenas mais alguns dias de vida. Cheguei até a casa da Aninha e fui logo consolá-la e ver como o pai dela estava:
- Oi tio Marcos! Como o senhor está? – Perguntei preocupada.
- Oi Sophia. Tô indo embora desse mundo. – Ele disse, com dificuldade. – Mas antes de partir, queria falar com você a sós um minuto.
Assenti e Aninha se retirou, um pouco desconfiada. Ele então continuou:
- Queria te pedir perdão, por tudo o que fiz. A você e à Marcela. Meu amor por ela era tão grande que me cegou.
Estava confusa. Do que ele estava falando? Ele sabia sobre mim e a Marcela?
- Como assim? – Falei.
- Eu fui o responsável pelo seu atropelamento e pela separação de vocês. Eu ameacei a Marcela com fotos de vocês e até ameacei a sua segurança caso ela não terminasse tudo... – Ele tossiu.
As lágrimas já invadiam os meus olhos e eu não conseguia processar aquilo tudo:
- O quê? Por quê? – falei, com raiva.
- Me desculpa, de verdade. Agora vejo o erro que cometi. Espero que ainda dê tempo de consertar isso...a Marcela...sempre...te amou. Ela fez tudo por amor a você...- Ele disse, com falta de ar progressiva.
Eu estava sem chão. Então foi tudo para me proteger? O tio Marcos a estava ameaçando? Meu Deus! Por que ela não me contou nada? Tentei falar algo, mas, quando percebi, ele havia partido. Corri para chamar a Aninha e ofereci meu suporte nesse momento tão difícil. Estava com muita raiva do Marcos, por tudo o que ele fez, confesso. Mas decidi não contar à Aninha no momento, para que ela pudesse viver seu luto em paz. Mais para frente contaria tudo a ela.
Refleti muito durante o velório e o enterro, e, então, tomei uma decisão precipitada: iria aceitar o convite para palestrar em Birmingham, com a remota esperança de reencontrar a Marcela.
Fim do capítulo
Olá leitoras! O último capítulo dessa história será publicado em 18/11!
Comentar este capítulo:

Marta Andrade dos Santos
Em: 11/11/2023
Esse Marcos não vale nada só contou porque estava pra morrer.
[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
Em: 11/11/2023
Agora que você está morrendo que você fala?
Vai se fuder, seu filho da puta
Só no último capítulo que elas irão ficar juntas?

GMS
Em: 11/11/2023
Autora da história
O arrependimento dele veio muito tarde, né? Vamos ver o que acontecerá em Birmingham...
[Faça o login para poder comentar]

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
GMS Em: 12/11/2023 Autora da história
Pois é!