Marcela

Minha conversa com o Marcos não foi ruim. Foi péssima. Acho que, de todos os cenários que eu poderia ter imaginado, nenhum superou a realidade. Mal conseguia completar as frases e já era interrompida por ele aos berros, dizendo que nunca haviam terminado com ele e que eu não seria a primeira mulher a fazer isso. Me perguntava se havia outro homem, se eu o havia traído e afirmou que, se houvesse, essa pessoa iria se ver com ele.

Depois de minutos de discussão, ele mudou o tom de voz, dizendo que me amava e que me daria tudo o que eu precisasse, incluindo espaço para pensar. Porém, ao ver que minha decisão já estava certa, ele voltou com o discurso de que não aceitaria ser trocado. E pior, disse que se eu não ficasse com ele, eu não ficaria com mais ninguém. Essa foi sua frase final, enquanto ele ia embora batendo a porta da minha casa, sem me deixar nem tempo para resposta.

Sentei no sofá e comecei a chorar. Como eu nunca havia percebido que me relacionava com um homem extremamente ciumento, machista e violento? Nunca havia visto o Marcos agir daquela forma e agora isso me dava medo. Não apenas por mim, mas pela Sophia. O que ele poderia fazer conosco caso descobrisse que estávamos juntas?

Foi em meio a esses pensamentos que meu telefone tocou. Era a Sophia.

Tentei não transparecer o quão abalada eu estava e a essa altura já havia decidido que não contaria a ela sobre as ameaças do Marcos. Eu tinha medo que, caso ela soubesse, fosse tirar algum tipo de satisfação ou tentar intimidá-lo e acabar se machucando de alguma forma.

Fim do capítulo