Sophia 

Olhei para a tela do meu celular. Era o Pedro. Meu amigo de infância, meu atual namorado e com quem eu supostamente noivaria hoje. Oh céus.

- Sophia? – disse ele.

- Oi Pê.

- Nossa, estava ficando preocupado com você, você tá bem?

- Tô bem Pê. E você? – desconversei.

- Tudo certo! Feliz aniversário, meu amor! Olha, o restaurante me ligou pedindo algumas informações sobre a reserva e eu não sabia informar, você pode ligar pra eles pra explicar?

Respirei fundo:

- Pê, preciso muito falar com você pessoalmente.

- Nossa, sobre o quê? Você parece séria, aconteceu algo?

- Posso ir na sua casa?

- Claro. – ele disse, desconfiado.

Suspirei. Sabia que essa não seria uma conversa fácil, mas era necessário.

Me despedi rapidamente da Marcela e ambas nos desejamos boa sorte.

Quando cheguei no apartamento do Pedro, o encontrei com um semblante preocupado. Ele logo se aproximou para me beijar e eu recuei.

- O que foi Sophis? Você tá preocupada pelo noivado? Se for isso, fica tranquila que as coisas já estão ajeitadas!

- Não é isso Pê. Preciso falar com você sobre o nosso relacionamento.

Ele sentou no sofá:

- Você não me ama né?

Meus olhos se encheram de lágrimas:

- Pê, eu te amo sim, mas não da forma como você me ama. Você é meu melhor amigo homem, sempre foi. Por isso, acho que confundi o que sentia por você por muito tempo...

- Caramba Sophia, não consigo entender! Ontem você estava certa de que iríamos noivar e hoje me fala uma coisa dessas! O que aconteceu? Você conheceu outro cara? É isso?

Gelei. Ele não poderia saber sobre eu e a Marcela de forma alguma:

- Não conheci ninguém Pedro! Ontem eu estava muito reflexiva sobre o nosso relacionamento e nosso noivado chegando foi só o estopim para uma verdade que eu precisava ter enfrentado há muito tempo! Peço desculpas, porque sei que isso te machuca e tudo que não quero é te machucar, mas não posso te oferecer uma vida de mentiras. Não é justo com nenhum de nós.

- Você tem certeza do que você tá falando? Você tá jogando fora um relacionamento de anos por nada? – ele gritou, inconformado.

Pelo amor da minha vida, pensei.

- Tenho certeza Pê. – disse, firme.

Ele abriu a porta da casa e me indicou a saída:

- Pode ir Sophia. Estou tão indignado e decepcionado com você que não tenho nada mais pra te falar. Boa sorte ligando pra todo mundo e cancelando nosso noivado, porque eu não vou fazer isso.

Saí de lá aos prantos e a primeira coisa que fiz foi ligar para a Marcela, que a essa altura já deveria ter tido uma conversa semelhante com o Marcos.

- Marcela?

- Oi So.

- Como foi com o Marcos?

- Tudo bem. – ela disse, seca. Parecia apreensiva.

- Certeza?

- Sim, e com o Pedro?

- Difícil... – falei, chorando – Posso te encontrar?

- Pode, me dá só uma hora e já te encontro.

E foi assim que ela desligou. Será que alguma coisa tinha acontecido?

Fim do capítulo