Capitulo 16 - Marcela
Marcela
Depois daquele dia no laboratório não conversei mais com Sophia. Quando era preciso, nos limitávamos a dizer o básico para o bom andamento da pesquisa. Percebia o quanto ela me evitava, via a mágoa em seu olhar, misturada com certa frieza. Isso me deixava arrasada, mas eu mantinha as aparências. Sei que eu deveria estar aliviada pelo distanciamento, mas, na verdade, eu me arrependia a cada dia por ter dito todas aquelas bobagens a ela. Às vezes, inclusive, eu tinha uma vontade louca de pedir desculpas, abraçá-la e dizer que realmente ninguém havia feito eu me sentir tão completa, tão leve, tão... feliz. Mas o medo de viver esse sentimento com ela, de colocar tudo em risco, me paralisava... Como eu poderia dizer à sociedade que estava apaixonada por uma mulher, uma menina, uma aluna! Meu Deus! Eu estava amando a Sophia?
Em mais um desses dias angustiantes, em que eu me questionava sobre meus sentimentos, Marcos me comunicou que faria uma festa de aniversário para Ana. Disse que seria na casa dele e fazia questão da minha presença, pois iria me apresentar a uns amigos empresários. E eu? Concordei, mesmo sabendo que, com certeza, Sophia estaria presente.
O dia da esperada festa chegou. Estava há uma hora incluída em uma rodinha de amigos do Marcos, completamente alheia ao assunto...acho que era economia ou algo tão entediante quanto. Só sei que meus olhos percorriam toda a sala em busca de um cabelo loiro ou uma risada contagiante... sem sucesso. Decidi ir ao banheiro, organizar meus pensamentos e, assim que voltei, percebi que um casal sorridente dançava no meio da sala, atraindo a atenção de todos: Sophia e o namorado.
Tentei evitar o contato e fui em direção ao balcão pegar alguma bebida... droga! Ela estava com aquele garoto e...feliz? Já havia bebido uísque o suficiente quando percebi o Marcos se aproximando e me beijando no rosto. No mesmo instante vi Sophia, ainda com o namorado, olhando em nossa direção para, em seguida, se agarrar ao tal de Pedro. Marcos me fazia carinhos no rosto, enquanto eu... só conseguia reprovar o contato cada vez mais íntimo daquele casalzinho.
-Eles são amigos da Aninha. – Marcos me disse sorrindo, ao ver para onde eu estava olhando.
-Eu sei. – Falei, tentando encerrar a conversa.
-Eles são um casal muito fofo, não? Queria que a Ana encontrasse um cara direito como o Pedro...
Fiquei irritada com esse comentário:
-Não, eu não acho que eles sejam tão perfeitos assim! O que eu tenho certeza é que isso é uma festa de família que eles estão desrespeitando ao se agarrarem dessa forma! – disse, me afastando rapidamente.
-Ma, espera...o que foi...
Já nem ouvia mais a voz do Marcos, apenas fitava fixamente Sophia, com uma raiva crescente por...tudo! Odiava o fato de ela ter aparecido em minha vida, se aproximado de mim, transformado tudo em caos e, como se não bastasse, agora ela esfregava sua felicidade ridícula na minha cara!
Percebi o momento em que ela saiu, sozinha, e foi em direção ao jardim...Eu já estava bastante alterada pela bebida, mas, mesmo assim, resolvi segui-la.
Após alguns minutos, encontrei-a sentada em um banquinho, pensativa. Assim que ela me viu, se levantou rapidamente:
-É...oi Marcela...já estava saindo daqui, pode sentar se quiser...
Fiquei uns segundos sem responder... mesmo atordoada ainda conseguia reparar o quão deslumbrante era Sophia...tudo nela era tão harmônico, tão irresistível...
Fui me aproximando, tentando ficar imune às sensações que a presença dela me causavam, enquanto exteriorizava uma raiva acumulada durante toda aquela festa:
-Não, Sophia! Eu não quero sentar! Só vim aqui pedir para você e seu namoradinho pararem de se agarrar lá dentro. Sei que você gosta de se exibir, mas não aqui! Não na frente de pessoas direitas com as quais eu me importo! Se estiver tão difícil assim de se controlar, vá para um motel, eu pago para vocês se for o caso e...
- Chega, Marcela! Deixa de ser ridícula! Olha só para você! Você está bêbada! E esse seu showzinho é que vai deixar seus colegas tão certinhos envergonhados, não o meu relacionamento com o Pedro! – Sophia gritou, me dando as costas.
Sem pensar, segurei-a pelo braço. Não iria admitir que aquela conversa se encerrasse daquela forma.
- Quem você pensa que é para dizer essas besteiras e achar que vai sair tranquilamente, sua mimada!
- Me solta, Marcela! Você está fora de si! Droga! As coisas já estão tão difíceis e essa sua atitude infantil só deixa tudo pior! Vamos fazer assim: cada uma segue sua vida e esquece tudo o que aconteceu! Tudo...
Nesse momento, percebi que ela estava com olheiras e tinha os olhos marejados...senti uma vontade enorme de protegê-la, de abraçá-la e dizer que um futuro entre nós seria possível...Mas tudo o que fiz foi me desculpar rapidamente e deixá-la ir...
Fim do capítulo
Próximo capítulo em 09/09!
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Brescia
Em: 04/09/2023
Ah Marcela, tome uma atitude, sua felicidade está escorrendo entre os seus dedos. Achei que com a bebida ela iria deixar o seu coração falar mais alto, mas a covardia é maior.

GMS
Em: 04/09/2023
Autora da história
A bebida não funcionou dessa vez...
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Marta Andrade dos Santos
Em: 03/09/2023
Aí Marcela vai perder a Sofia pô pura bobagem.

GMS
Em: 03/09/2023
Autora da história
Pois é, né?
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GMS Em: 04/09/2023 Autora da história
Verdade!