A tempestade
A TEMPESTADE
Dona Helena acabara de servir o jantar das crianças enquanto Senhor Abelardo espalhava bacias pela casa a fim de amenizar o estrago que as goteiras faziam.
- Alô meu amigo ouvinte. A defesa civil alerta sobre vários pontos de alagamento na Grande Vitória, portanto orientamos que evitem sair de suas casas e qualquer urgência liguem 193.
Abelardo já se encaminhava para a cozinha afim de passar a notícia para a esposa quando a encontrou curvada sobre o fogão e uma poça de água se formava no chão.
- Abelardo acho que a menina vai nascer!
Ele olhou para o calendário assustado pendurado na porta e a data marcava 11 de abril de 1990.
- Mas mulher ainda faltam muitos dias.
- Acho que ela está cheia de pressa para vir ao mundo.
Senhor Abelardo posicionou a esposa na cadeira da varanda e pediu que seus filhos pegassem os pertences da bebê apressada para vir ao mundo. Carlos Eduardo de 12 anos, Ana Luiza de 10 e Larissa de 8 prontamente atenderam o pedido do pai. Enquanto isso Abelardo corria na mercearia com objetivo de pedir o carro do Senhor Nonô emprestado para levar a esposa para a maternidade como já estava previamente combinado. Entraram todos no carro entre bolsas, gritos e muita chuva. O trânsito estava caótico e os espaços das contrações de Dona Helena ficavam cada vez mais curtos. Senhor Abelardo olhava para a esposa com olhar de cumplicidade, mas a única coisa que poderia fazer naquele momento era dirigir com atenção e orar para que o trânsito colaborasse. O hospital era longe e os pontos alagados faziam com que o aglomerado de carros só aumentasse. Dona Helena chorava e segurava a barriga com uma mão enquanto a outra pressionava o banco do carro com toda sua força a cada contração. Até que Abelardo e seu filho mais velho saíram do carro e começaram a andar entre os carros gritando para que abrissem espaço pois a esposa iria parir. Mas os gritos de Dona Helena se intensificaram e a contração ficou mais forte até que ela gritou:
- Abelardo eu não aguento mais. Vai nascer!!!
Começou a se formar uma multidão ao redor do carro e uma moça surgiu dizendo:
- Deixe-me olhá-la, sou médica. A médica começou a analisar Dona Helena ali dentro do carro e concluiu:
- Senhora eu me chamo Tarine, sou médica e pelo que percebi a sua filha vai nascer nesse momento. Preciso que colabore comigo, ela precisa de você. Dona Helena olhava para Senhor Abelardo assustada, mas aquela moça lhe passava confiança e ela fez tudo que a mesma orientou. Minutos depois, no meio daquele temporal, dentro do carro, atracados em um trânsito quilomérico nascia uma pequena menina que foi envolta no jaleco da médica. Em pouco tempo chegou uma ambulância e levou mãe e filha para o hospital. Já no simples quarto ao lado de outras mulheres que tinham recém parido Dona Helena perguntou ao Marido:
- Abelardo onde está a médica que nos ajudou no parto? Eu preciso agradecê-la. Graças a ela nossa menininha está saudável e viva
- Não sei mulher. Assim como ela chegou de repente também sumiu. Depois que a ambulância chegou ela desapareceu.
Dona Helena ficou pensativa por um tempo até que falou:
-Talvez eu não tenha a oportunidade de agradecê-la pessoalmente, mas a nossa filha vai crescer sabendo que um anjo ajudou a trazê-la nesse mundo. Nossa menininha receberá seu nome. Bem vinda a esse mundo Tarine.
A menininha dormia e em um sono tranquilo esboçou um leve sorriso expressando seu contentamento em receber esse nome.
Nesse mesmo momento em outro hospital outra mãe acariciava os cabelos loiros da filha que dormia tranquilamente em um berço de maternidade entre suas mantas luxuosas:
- Seja bem vinda a esse mundo minha pequena Virgínia.
Fim do capítulo
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