Sophia

O que foi aquilo? Marcela se deitou ao meu lado, parecia confusa. Para quebrar o silêncio constrangedor, eu falei, beijando seu ombro:

-Foi incrível...

Ela ia responder, mas seu telefone tocou:

-Alô? Marcos? ...Sim, sim, claro, não esqueci...em meia hora estou aí, não se preocupe...beijo.

Desligou e se virou para mim, cobrindo-se com um lençol:

-Você tem quer ir embora.

Não entendi:

-Por que não ficamos juntas essa noite, hein? – falei, me aproximando.

Ela se afastou:

-Droga, você não entende?  Hoje é o aniversário da mãe do Marcos, estão todos me esperando na festa! Isso que fizemos foi um erro, fui imprudente, temos que esquecer tudo isso!

Fiquei irritada:

-Então a gente faz tudo aquilo e você vai correndo se encontrar com o namoradinho?

-Sophia – ela não me encarava – foi só sex*. Acabou. Sou sua professora e você minha aluna.

Meu coração ficava cada vez mais apertado diante de suas palavras, eu não estava acreditando:

- Então,com você funciona assim, professora? Gem* que nem uma louca na cama e age como se fosse tudo natural, comum? Sabe o que eu acho? Que você, além de mentir mal, é covarde por negar seus sentimentos!

-Me respeite, garota! Você é só alguém que, como muitos outros, teve um desejo pela professora e quis levar essa besteira adiante! Mas acabou, e espero que entenda isso!

Eu tentava parecer forte:

-Não, não entendo, porque pra mim o que fizemos foi um ato de amor, de entrega! Eu te amo, Marcela! Mas se isso perturba seu mundinho ridículo, fique com o tio Marcos!

Ela ficou em silêncio. Eu já sentia meus olhos úmidos, peguei rapidamente minhas roupas e, antes de sair correndo, disse:

-Só espero que você consiga fingir bem, porque tenho certeza que não sentirá prazer com ele!

Assim que entrei no elevador e vesti os sapatos, deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Precisava ir para bem longe dali, não conseguiria ir para casa nesse estado. Foi o que fiz: era quase meia-noite quando peguei um ônibus e fui à praia...

Aquele cheiro único de mar, a brisa e as estrelas me acalmavam. Tinham um poder incrível sobre o meu humor. Eram meus melhores confidentes e sempre corria para eles quando estava em apuros...como naquele instante. Sentei na areia quase deserta, tirei os sapatos e comecei a refletir sobre como minha vida ficou um perfeito caos. Lógico: quem resistiria aos encantos de uma professora como Marcela? Eu provavelmente fui mais uma idiota que caiu no seu charme, que ela usou e descartou quando deu vontade. Droga! Como sou trouxa em demonstrar sentimento por quem só quis um momento de diversão! Mas...aquele brilho que eu via em seu olhar não era só desejo físico...era muito mais...eu podia sentir...Chega, Sophia! Entenda a situação! Eu vou esquecê-la, eu vou...

Fim do capítulo