Capitulo 26
Paula passou a semana perseguindo Melissa, começou a mandar fotos de Valentina em todos os lugares que a mulher estava, aquela tortura mental estava acabando com Mel, não estava dormindo e muito menos comendo direito, tamanho o medo que sentia que Paula fizesse alguma coisa com sua amada, o pior era que por mais que quisesse não conseguia compartilhar nada do que estava acontecendo com Tina. Apenas mandava mensagem para a mulher o dia inteiro querendo saber onde estava e o que estava fazendo, foi a única forma que encontrou para proteger sua amada.
Valentina não entendia a mudança repentina de Mel, passou a semana sem encontrá-la, mas durante o dia lhe mandava umas cem mensagens perguntando onde estava e o que estava fazendo, já estava se sentindo sufocada. Saiu do hospital com a intenção de resolver aquela situação. Seguia tranquilamente em sua moto pela via central quando percebeu um veículo se aproximar, tomou uma distância segura e seguiu, não demorou muito para que o mesmo veículo se aproximasse novamente, dessa vez a aproximação se deu de forma violenta, uma vez que o carro fora jogado em cima da moto de Tina. Tudo aconteceu muito rápido, levando a médica a perder o equilíbrio instantaneamente indo parar no chão.
P_OF02: >Parece que a sua namoradinha resolveu pilotar de uma forma diferente.<
Foi a mensagem que Melissa recebeu acompanhada de uma foto onde Valentina aparece ensanguentada caída no chão. A mulher entrou em desespero, ligou para a namorada várias vezes e todas as vezes chamou até ir para a caixa postal. Tentou a amiga e nada. Tinha acontecido alguma coisa muito grave com Valentina e não podia ficar sem notícias, pediu licença aos alunos deixando Larissa sobre aviso que não poderia dar às outras aulas do dia. Chamou um táxi indo direto para o hospital, ao chegar na recepção viu o exato momento em que Tina passava em uma maca toda ensanguentada e desacordada, não fosse os seguranças e enfermeiros que ali estavam teria entrado junto com a sua amada para a sala de exames.
– Alguém pode por favor me dizer o que aconteceu e qual o estado dela? – Perguntava aos gritos, chamando a atenção das pessoas que passavam por ali.
Olivia, que terminava um atendimento em um dos consultórios do primeiro andar, ouviu aquela gritaria e reconheceu a voz da sua professora. Acompanhou sua paciente sorrindo e tratou de correr para perto da amiga a puxando para um canto fazendo sinal com a mão para que os seguranças e enfermeiros se afastassem que ela resolveria a situação a partir dali.
– Mel, o que está acontecendo? Não grite, vão te expulsar daqui. – Tentava em vão chamar a atenção da mulher nos seus braços. Melissa – Sacudiu a professora segurando firme em seus braços. – Eu quero te ajudar, mas preciso saber o que está acontecendo.
– A Tina, Liv, levaram... – chorava entre soluços nos braços da amiga.
– Calma, o que tem a Tina? Me diz.
Por mais que tentasse não conseguia parar de chorar, a angústia e a culpa lhe consumiam de tal forma ao pensar que algo grave poderia ter acontecido a sua amada por sua culpa.
Vendo a aflição de Olivia tentando arrancar uma resposta concisa de Melissa, uma das recepcionistas se aproximou da médica dizendo que a amiga acabara de chegar ao hospital inconsciente e estava passando por alguns exames.
Continuou confortando a mulher em seus braços, pedindo gentilmente à recepcionista para que entrasse em contato com os pais da amiga. Uma hora se passou e Melissa parecia mais calma, os pais de Valentina chegaram acompanhados por Sérgio e Silvana.
– Olivia, o que aconteceu com a minha filha? Foi aquela maldita moto outra vez, não foi? Meu Deus, protege a minha menina.
– Calma, Márcia, estamos em um hospital, ela já está sendo atendida.
Melissa ao ver os pais se jogou nos braços de Silvana chorando copiosamente gritando que a culpa de Valentina estar naquela situação era sua.
– Calma, minha querida, ao que sabemos você nem estava com ela, não se culpe, vai ficar tudo bem. – Wagner falava tentando acalmar a todos,
– Eu não consegui muitas informações, não posso entrar na sala onde ela está e pelo o que fui informada nenhum dos médicos que lá estão saíram de lá até o momento, quem entrou com ela continua lá dentro.
Mais uma hora se passou até que um dos médicos que acompanhavam Valentina viesse ao encontro da família.
– E então Marcleidson, como está a Tina? – Olivia perguntou assim que o homem parou perto de onde estavam.
– Apesar do susto que nos deu, ela está bem e não corre riscos. Levou alguns pontos em um corte no braço, tem alguns arranhões pelo corpo, um pé imobilizado e uma nova história de renascimento para contar.
Todos bateram palmas alegres com tal notícia, o perigo tinha passado e logo Valentina estaria fora daquele lugar, ao menos como paciente.
O que o médico ocultou a pedido da paciente é que ela precisou ser reanimada às presas dentro da ambulância, seu coração quase não aguentou o impacto acompanhado do grande susto e por muito pouco não parou de bater de vez.
– Podemos vê-la?
Olivia acompanhava atentamente a movimentação inquieta do homem à sua frente, já a conhecia a tempo demais para saber que alguma coisa não estava sendo dita por ele em palavras, mas seu corpo falava, ou melhor demonstrava o desconforto de estar naquela situação.
– Bom, acredito que não seja o melhor momento, ela deve ter tomado algum medicamento para que pudessem realizar alguns dos exames, e se já recobrou a consciência ainda pode estar sonolenta, é melhor não abusar. Não é doutor?
– Correto doutora. A paciente precisa de repouso e passará essa noite em observação apenas para monitoramento. Agora se me dão licença, preciso ver um outro paciente.
Olivia tratou de acalmar a todos e convencer Márcia e Walter de que não precisavam dormir no hospital, ela mesmo fazia questão de fazê-lo. Garantiu aos pais da amiga que daria notícias dela se possível de hora em hora, e assim que soubesse quando ela receberia alta os informaria.
Por mais que tentasse Melissa não conseguia se acalmar, Liv conseguiu a muito custo fazer seus pais a levarem para casa.
– Eu vou, mas assim que a Tina acordar me avisa que volto correndo.
– Pode deixar.
Não demorou muito para que a ginecologista conseguisse extrair do médico todas as informações que julgava precisar saber, inclusive o real motivo de demorar tanto apenas para suturar e imobilizar uma paciente.
Ao acordar Valentina encontrou uma Liv preocupada ao lado da sua cabeceira.
– O que faz aqui ainda, não tem mais casa? – Perguntou sorridente.
– Acompanhando uma amiga teimosa que se recusa a contar quando está com problemas. Porque não falou que precisava fazer uma angioplastia?
– Ah, você já sabe. Bobagem, Liv, estava tudo devidamente controlado, os exames já estavam prontos, precisava apenas do dia certo. E foi hoje.
– Dia certo, você chama o dia que quase morreu numa maca dentro de uma ambulância de dia certo, Valentina. Faça-me o favor.
– Calma, não é para tanto, meu coração parou por alguns segundos, coisa pouca e simples, nada demais.
– Valentina, por muito pouco você não chegou aqui sem vida, você era uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento, a Melissa por muito pouco não infartou neste hospital ao saber que você tinha sofrido um acidente. E a pobre ainda se culpou pelo ocorrido, não sei como, mas ela conseguiu ficar sabendo e estar aqui mais rápido do que eu, que estava em atendimento no momento.
– Estranho, lembro bem de tudo, e ao entrar na ambulância só estavam os paramédicos e alguns poucos curiosos, acredito que ninguém conhecido que pudesse informá-la.
– Agora vai me dizer que depois de tudo o que aconteceu você lembra de cada rosto que lá estava na hora do ocorrido.
– Liv, pode parecer brincadeira, mas lembro de tudo, tinha acabado de passar pela ambulância na via central, eles estavam indo para a base, buzinei e segui, minutos depois um carro encostou do meu lado, me afastei, e mais uma vez o carro voltou a encostar, só que dessa vez a intenção era que eu caísse, e assim aconteceu, perdi o controle da moto e quando dei por mim já estava com a cara grudada no asfalto.
Olivia podia falar o que fosse, mas para Valentina tudo o que aconteceu não passaria de um mero acontecimento rotineiro.
Fim do capítulo
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