Capitulo 10 - Marcela
Marcela
Acordei no sofá com o despertador do meu celular tocando insistentemente. Que droga! Estava atrasada! Quando levantei, me dei conta de que estava com uma terrível dor de cabeça. Notei manchas de vinho no tapete e... duas taças na mesa. Não...Sophia! O que aconteceu na noite passada? Será que...que...fizemos alguma coisa? Não me lembrava do momento em que ela tinha ido embora e...seu cheiro estava em minha roupa! Meu Deus! O que eu fiz? Precisava falar com ela...
Não a encontrei de manhã, então resolvi questioná-la no laboratório, num momento oportuno. Ela chegou no horário, desejou boa tarde a todos e iniciou suas atividades discretamente. Estava muito séria e evitava me encarar. Algo de errado havia acontecido e eu tinha que saber. Assim que o horário de pesquisa se encerrou, ela e os demais estavam se retirando do laboratório, quando pedi:
-Sophia? Podemos conversar um pouco?
Ela arregalou os olhos e demorou a responder:
-Sim, podemos...
Eu não podia ser tão direta, então falei:
-Gostou do jantar ontem?
-É...claro...estava muito bom...
-Acho que exageramos no vinho, não é?
Ela acenou positivamente.
-E...eu...não...me lembro direito como você foi para casa depois...
-Fui de táxi. - ela disse seca.
Sophia evitava o assunto, mas eu precisava saber, então soltei:
- Sophia, gostaria de saber o que aconteceu ontem...
Senti seu desconforto:
-Nós jantamos, dançamos e depois eu fui embora.
-Você está omitindo alguma coisa?
-O que eu omitiria, professora? Se quer tanto saber, porque não força sua memória?
Ela já ia saindo, quando falei séria, segurando seu braço:
-Sophia, eu estava bêbada e quero saber se entre nós ocorreu algo que foge à ética entre aluna e professora.
-Você quer saber, é? Então vem comigo. – disse, me puxando pela mão.
Confesso que, se fosse qualquer outra pessoa eu teria simplesmente me desvencilhado e ficado brava com a ousadia, mas era ela e eu estava adorando o contato das suas mãos nas minhas. Iria com ela para onde fosse...Se controle Marcela, se controle.
Subimos por uma escada que nem sabia existir ali e, quando ela abriu a porta, pude notar um jardim bem cuidado e alguns bancos, além de lunetas e telescópios. Aquele terraço era um observatório astronômico?
-Bem-vinda Marcela. Esse é o meu cantinho particular na faculdade. Só alguns alunos de astronomia sabem de sua existência...e agora você também. – ela sorriu.
-É lindo, Sophia, tem a sua cara...
-E então, quer explicações, não é?
-Por favor, preciso saber de tudo. – falei tensa, me sentando.
-Ok. - ela sentou ao meu lado.
Olhei fixamente em seus olhos e disse:
-Nós tivemos algum contato mais íntimo?
Percebi que ela desviou seu olhar para minha boca e suas mãos delicadamente pousaram em meus cabelos, em minha nuca...
Meu corpo se arrepiava a cada toque e pude sentir a proximidade de nossos lábios, seu hálito no meu rosto...Eu sabia perfeitamente que aquilo era errado, que eu deveria afastá-la antes do que estava por vir, mas...eu a queria. Era difícil admitir o tamanho da minha vontade de provar seu beijo...
Então fechei os olhos e me entreguei. Senti sua boca macia e leve pressionando a minha, num ritmo inicialmente lento, que foi aumentando à medida que nossas respirações ficavam aceleradas e suas mãos começavam a descer por minhas costas, me puxando para mais perto. Eu a apertava cada vez mais, desejando aprofundar nosso contato, até que senti sua boca deslizando por meu pescoço e percebi a loucura que cometia...me afastei rapidamente.
-Sophia...é...eu...você...isso aconteceu ontem? O beijo?
Ela me olhava cabisbaixa:
-Não, isso não aconteceu.
-Mesmo?
-Fique tranquila, professora. Eu não sou o tipo de pessoa que se aproveita de alguém bêbado. Mas saiba que nós só não terminamos em sua cama ontem, porque eu decidi ir embora. Só beijo quem sinto que, conscientemente, quer me beijar.
- É...obrigada por ter sido racional ontem e peço desculpas pela minha irresponsabilidade. Mas, isso que fizemos agora é um erro! Nunca deveria ter acontecido! Somos comprometidas, somos mulheres, somos aluna e professora e... sou bem mais velha do que você! – eu estava desesperada.
-Concordo que foi precipitado, Marcela. Mas fora da sala de aula somos duas adultas e, para mim, diferença de idade ou qualquer outra coisa são fatores insignificantes perto do que sinto quando estou com você. Conheço pouco da sua vida, mas adoraria ter a chance de saber mais, de ficar um pouco mais do seu lado.
Ela estava triste. E eu só queria abraçá-la, mas a ética ecoava em minha cabeça:
-Não, Sophia! Você é uma menina linda, jovem e que tem um noivo maravilhoso! Isso que aconteceu é bobagem, amanhã a gente esquece tudo e a vida segue. Não deixe que ilusões atrapalhem sua ética profissional e sua carreira.
- Em primeiro lugar: o Pedro não é meu noivo. Segundo: para mim não é bobagem o que aconteceu aqui. Sou jovem, mas não imatura. Vi o sentimento em seus olhos, sua entrega. E isso, professora, não é ilusão. Mas pense como quiser. E peço desculpas se desalinhei seu cabelo ou tirei um pouco do seu batom.
Foi desse jeito tão...Sophia, que ela me deixou sozinha no terraço. Passei as mãos pelo cabelo, estava muito confusa e... com um desejo desconcertante. Espera: ela não havia aceitado o pedido de noivado? Não contive um sorriso. Apesar de tudo, aquela garota era um furacão...o furacão que chegou para virar minha vida de cabeça para baixo...
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 21/08/2023
É aí Sofia gosta da atitude.

GMS
Em: 21/08/2023
Autora da história
Pois é!
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jake
Em: 19/08/2023
Olá comecei ler agora e adorando a história Sofia e decidida e sabe oq quer ,Já Marcela está ficando caidinha por ela. Vamos esperar pelos próximos capítulos.Pena que são curtos....

GMS
Em: 19/08/2023
Autora da história
Olá! Muito obrigada pelo feedback!
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