Capitulo 3 - Sophia
Sophia
Os dias de aula subsequentes transcorreram pacíficos e, sexta-feira, Pedro me chamou para jantar. Beleza, até aí tudo certo, pois ele sempre tentava me agradar com alguma surpresa. Mas dessa vez foi demais. Paramos num restaurante francês na Zona Sul, que deveria ser bem caro. Eu estava morrendo de fome e me trouxeram um prato cheio de lesmas vivas com um champanhe amargo que me deu dor de cabeça. Para finalizar a noite agradável, Pedro resolve discretamente se ajoelhar na frente de todo mundo e me pedir em noivado. E eu? Minha única ideia foi fingir um engasgo super horroroso e pedir licença para ir ao banheiro. Ok, sei que não foi nada inteligente.
Cheguei ao toalete suada e bem confusa, já desabotoando uns botões da blusa e jogando água no rosto. Estava com a cabeça abaixada, distraída, quando a porta do banheiro se abriu. Parecia um sonho, ou melhor, pesadelo. A professora Marcela me encarava de forma divertida, com uma sobrancelha erguida:
-Olá Sophia, vejo que o pedido do seu noivo te deixou muito emocionada, não é?
-É...professora? – Sim, isso foi tudo o que consegui dizer. Espera, ela lembrava meu nome?
-Pois é. Acabei presenciando um pedido romântico seguido de uma péssima tentativa sua de fugir da tão esperada resposta...
-Ei, eu não fugi...eu...só precisei de um tempo para pensar.
-Geralmente quem está apaixonado não pensaria duas vezes em aceitar – ela disse irônica –mas você é nova demais e provavelmente deve estar abominando a ideia de se tornar esposa, mãe, dona de casa...
-Chega! Quem você acha que é? Não sabe nada sobre mim e...se quer saber, eu amo o Pedro!
-Imagino...Bom, espero que tome a melhor decisão. E, por favor, não deixe o coitado que nem um babaca lá fora.
E, dessa maneira inconveniente, a bela professora me largou sozinha no banheiro.
Arghh, que raiva! Que petulância! Que sensualidade...
Me concentrei...tinha muito o que explicar ao Pedro...
-Poxa Sophis, você demorou...tudo bem?
-Tá sim, Pê. Eu só tô surpresa...não esperava o pedido...
-Eu sei! – ele disse contente – Gostou?
Diante daquela carinha de felicidade, o que eu podia fazer?
-Eu achei...muito criativo! Mas também achei precipitado. Adoraria construir uma vida com você, só que não tão depressa. Quero crescer profissionalmente, ter minha independência financeira, você sabe disso...
-Amor, eu posso te oferecer tudo o que precisa, não tem que se preocupar!
-Pedro, chega! Você sabe o que eu penso a respeito de perder minha liberdade. Jamais abriria mão do que luto todos os dias para conseguir. Noivado, casamento ou o que for podem esperar. E se me ama como diz, vai ter que compreender.
- Amo, amo demais. Adoro esse seu jeitinho birrento, me encanta. Se você quer assim, tudo certo. Mas vou estar pronto para quando mudar de ideia. – Ele segurou minhas mãos.
Ufa... pelo menos a noite acabou sem grande confusão, exceto a mental: meus olhos passaram a noite inteira percorrendo o restaurante em busca...dela. Infelizmente, não tive sucesso.
Fim do capítulo
Próximo capítulo em 11/08!
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