Gata Quitéria por TG
Capitulo 4
Estacionamos na frente de casa, as luzes ligadas denunciavam que as gurias já devem ter chegado.
Nenhuma de nós demonstra qualquer vontade de sair do carro, o silencio angustiante nos permeia. Após gritar tanto, que suas cordas vocais devem ter doido, Joicy simplesmente entrou no carro, e eu dei partida, nenhuma palavra trocada em nenhum momento.
- Me desculpa.
O silencio continua, como se eu não tivesse dito nada, como se tivesse bocejado ou feito qualquer outra coisa insignificante.
- Odeio quando pede desculpa, você não fez nada de errado.
- Mas você ta mal.
- É...
Sou péssima nessas coisas. Quando Andressa sofreu o acidente, Joicy foi quem dirigiu todo aquele trajeto angustiante para buscarmos Gatha. Foi quem cuidou da casa dela. Quem explicou tudo para a criança. Foi quem me confortou todas as vezes que chorava vendo alguma foto de minha melhor amiga. De sua irmã.
Talvez eu devesse realmente pedir desculpas.
Encosto em seu ombro, e ouço ela suspirar alto.
- Você lembra, quando estávamos na casa... dela – não consigo dizer o nome – e você começou a ficar cada vez mais perto, e eu não percebia sua intenção, então você falou pra ela te dar uma força, e quando entendi, eu falei...
- Nossa, eu até sento em você, mas tu tem que me avisar porque sou ruim com essas coisas – ela relembra minha fala, modulando a voz como se me imitasse.
Soltei um risinho fraco.
- Lembro sim, você nunca foi a rainha da sutileza.
- Mas deu certo, eu fiz muito mais que sentar naquela noite – e agora sim riamos juntas. – Eu posso fazer muito mais, ser muito mais. Mas eu sou péssima nessas coisas. Me diz o que preciso fazer, que eu faço. Você me dá a bussola, e eu dirijo, é assim que funcionamos.
Ela vira pra mim, minha cabeça apoiada em seu ombro. Ela se aproxima e me beija, um beijo calmo, um beijo cansado. Sua língua me invade, e minha cabeça nubla, igual a primeira vez, igual a todas as vezes, igual sempre seria.
- Faz eu não odiar completamente esse ano – ela sussurra, como se tirasse algo diretamente do coração.
Ela aponta pra casa, e aceno com a cabeça. Descemos do carro e vamos em direção a porta, mesmo tendo tido o pior dia de todos, ela ainda andava como se o mundo fosse dela. Como se ela soubesse exatamente a linguagem dele, e se mesclasse com perfeição. Suas curvas, seus braços, seu rosto, tudo nela era na medida certa, na medida que eu amava.
- Amor? – chamo sua atenção quando ela alcança a porta.
Quando ela se vira, seu olhar cansado, automaticamente ganha uma expressão chocada.
Eu estava ajoelhada na sua frente.
Fim do capítulo
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