Capitulo 43
— Então... O lance é o seguinte: — Mia ergueu a pequena prancheta em sua mão onde estava uma pequena folha. — São 18 buracos, cada um com seu grau de dificuldade é claro, aqui vamos marcando a nossa pontuação. — a morena balançou a prancheta em sua mão. — Assim, no fim, vamos ter a vencedora.
— Sim senhora... — Helena se apoiava em seu taco de golfe enquanto encarava a namorada de forma atenta, claramente não querendo perder nada da curta explicação. — E o que a vencedora ganha?
Mia ergueu rapidamente o olhar da prancheta, onde calmamente escrevia seu nome e o de Helena, franziu o cenho em seguida, sua reação deixou claro para Helena que ela não havia pensado nisso. Helena riu.
— Você não pensou nessa parte. — a mexicana tinha um sorriso largo nos lábios, porém, ergueu o taco e o apontou para a namorada. — Se eu ganhar, eu quero que você use para mim mais uma vez, uma daquelas suas lingeries.
— E quem te garante que eu já não estou usando? — arqueou uma sobrancelha como se estivesse desafiando a mexicana, mas o sorrisinho safado que ela deu fez Helena sentir certa ansiedade.
— Ok, vamos começar esse jogo agora! — a mexicana exclamou de forma completamente obstinada. Isso arrancou uma boa gargalhada de Mia.
O local era absurdamente grande e principalmente muito bem iluminado com uma diversidade de cores, era extremamente aconchegante e lindo. Tinham várias outras pessoas jogando, o que não era um problema devido ao tamanho do local. Cada plano constituía em 18 buracos, apesar do local ter muito mais que isso, era muito bem dividido para evitar qualquer tipo de congestionamento.
— Ok, eu começo apenas para você ver como é e então seguimos, não tem limite de tempo algum, então posso dizer com todas as letras que nós temos a noite inteira... Ou pelo menos o tempo até o lugar fechar. — deu de ombros enquanto caminhava até o canto do mini campo e pegou uma das diversas bolas dentro de um cesto. O primeiro mini campo era o mais simples de todos, não havia um único obstáculo, era apenas um campo plano e reto até o buraco.
Mia colocou a bola no pequeno ponto pintado na grana artificial que demarcava o local da primeira tacada, posicionou-se de frente para a bola, olhou seu alvo, ajeitou o taco em mãos, mediu bem a distância e com a mesma calma que começou, terminou em uma tacada simples e observou a bola rolando perfeitamente diretamente para o buraco, mesmo estando em uma certa distância, o que deixava bem claro o quão boa Mia era naquilo.
— Você acabou de dizimar qualquer esperança que eu tinha de te vencer. — Helena franziu um pouco o cenho, enquanto mantinha-se praticamente imóvel depois de observar minuciosamente todos os movimentos de sua namorada, coisa que é claro ela amou fazer.
Mia gargalhou.
— Não é difícil, amor. E você tem uma ótima vantagem, você tem mãos extremamente firmes. — Mia tentou incentivar a sua garota enquanto se aproximava dela, mas tinha um sorriso presunçoso nos lábios.
— Sai de perto de mim com esse sorrisinho nojento. — Helena reclamou enquanto desviava da namorada quando ela se aproximou, mas antes é claro estendeu a pequena prancheta para ela e seguiu diretamente para pegar a sua bola no cesto.
— Eu acredito no seu potencial. — Mia exclamou como se estivesse tentando corrigir alguma coisa, mas o sorriso em seus lábios não lhe dava chance de nada.
— Vai se foder, sua presunçosa. — Helena reclamou enquanto posicionava-se ao lado da bola igual Mia havia feito, tinha um sorriso nos lábios, o que deixava claro que aquilo tudo não passava de pura implicância com sua namorada.
— Está pegando errado... — Mia falou no momento em que começou a aproximar-se de Helena, tocou-lhe o braço com a ponta dos dedos e desceu. — Desce um pouco essa mão, a dominante fica em cima, isso... — foi dando as instruções enquanto Helena prontamente ia obedecendo. — Agora relaxa os ombros, separa um pouco os pés para te dar mais apoio... Isso, aí está perfeito. — Helena seguia obedecendo cada instrução sem nem ao menos pestanejar. — Não tem pressa, quando se sentir pronta, você da a sua tacada...
Helena não respondeu, apenas olhou para a bola amarela em cima da grama artificial e em seguida olhou para o buraco do outro lado do mini campo e então, deu a sua tacada e a bola foi em uma linha reta perfeita, um pouco mais forte que a de Mia, tanto que o barulho da bola batendo no buraco e em seguida caindo no mesmo foi bem mais audível.
O casal se encarou de forma completamente incrédula, a boca de ambas fazia um “O” quase perfeito com o feito de Helena.
— Meu Deus!! — Helena gargalhou e deu alguns pulinhos em comemoração, o sorriso largo em seus lábios, assim como nos de Mia. — Isso é muito melhor do que eu imaginei! — o sorriso de Helena, sua empolgação por ter acertado de primeira, parecia iluminar todo o lugar.
Mia gargalhou enquanto ia até a namorada e a abraçava sem pensar duas vezes, retirando-a do chão por alguns segundos. Era um fato que as duas haviam combinado de manter aquele relacionamento em segredo, mas naquele momento nenhuma delas sequer lembrou disso.
— Vamos, vamos! — Helena falou assim que saiu do abraço e Mia com um sorriso nos lábios rebateu:
— Sinto que comecei a criar um pequeno monstro... — disse enquanto ia andando, sendo seguida por Helena. — Me orgulho disso com certeza.
Helena riu enquanto observava a namorada tirar ambas as bolas do buraco, haviam placas indicando onde ficava o próximo mini campo, que ficava um pouco mais adiante.
— Vamos lá, me conte qual é a história disso aqui, você não é tão experiente assim jogando pouco. — Helena comentou no momento em que chegaram ao segundo mini campo, sendo este com algumas curvas.
— Com certeza não, eu jogo desde pequena. — respondeu assim que entregou a prancheta a Helena. A mexicana olhou rapidamente, mas percebeu de imediato o pequeno coração desenhado bem ao lado de sua pontuação no primeiro buraco. Seu coração acelerou e ela sorriu. — O Pappa amava trazer a gente aqui pelo menos uma vez no mês, eu já joguei em absolutamente todos os buracos desse lugar e mais vezes do que eu conseguiria contar. — disse um pouco baixo enquanto se concentrava em sua tacada a qual dera segundos depois e observou a bola seguir com perfeição, bater nas paredes da curva que a direcionavam para o local correto, deixando a bola o mais perto possível do buraco. — Mas não importa quantas vezes eu venha ou jogue, eu sempre vou amar.
Helena tinha um sorrisinho no canto dos lábios, nem um pouco surpresa com aquela história, já imaginava que o lugar tinha algum significado para Mia.
— Estou me sentindo lisonjeada. — disse ao olhar para a namorada que agora vinha em sua direção.
— Esse é o primeiro lugar de muitos que eu ainda vou te levar. — piscou para a namorada e parou ao lado dela para poder continuar: — Sua vez.
— Quando eu era pequena e obviamente não tinha dinheiro algum, eu me divertia empinando pipas, era muito comum ver crianças empinando pipas lá em Guanajuato, até por que era algo extremamente barato para os pais, eu e meus irmãos confeccionávamos nossas próprias pipas e eu adorava, a minha sempre era a mais bonita, acho que eu tinha o senso artístico aflorado desde jovem, depois que fiquei obcecada pela pintura e vivi apenas em função disso. — deu a sua tacada e fez uma careta quando a sua bola não chegou nem perto da de Mia, era muito mais fácil quando o mini campo não tinha obstáculos. — Não me arrependo é claro.
— Consigo facilmente imaginar uma mini Helena correndo pelas ruas com sua pipa em mãos. — Mia comentou enquanto caminhava ao lado da namorada. Helena parou próxima a própria bola e Mia seguiu adiante até chegar a sua.
— E eu consigo facilmente imaginar uma mini Mia competindo com o próprio pai aqui.
Mia riu com as palavras da namorada, mas acenou de forma positiva com a cabeça.
— Quando eu ganhava eu podia escolher nosso jantar, é claro que eu não ganhei muitas vezes e o Fred também é muito bom, ele também apostava. Mas não vem muito aqui como eu ainda venho. — explicou enquanto calmamente se ajeitava ao lado de sua bola para poder dar sua tacada. — Você competia com seus irmãos?
— Competições bobas que no geral tinham como prêmio a troca dos afazeres de casa, todos colaboravam nos afazeres, mas isso não queria dizer que gostavam, então alguns faziam de tudo para se livrar, meu irmão Miguel sempre foi o que mais conseguia se livrar pra ir namorar as filhas das vizinhas.
Mia riu assim que ouviu a fala de Helena e então deu a sua tacada e observou sua bola indo em direção ao buraco.
— Eu aposto que uma festa com a sua família deve ser incrível.
Helena concordou com um aceno de cabeça, mas não respondeu ainda já que se concentrava em sua tacada, medindo força e distância e pensando como diabos ia se livrar da pequena curva que faltava, a qual Mia havia se livrado já na primeira tacada. Assim, usou mais força, fazendo a bola bater nas paredes algumas vezes e rapidamente chegar próximo ao buraco, mas não perto de cair. A mexicana fez uma careta descontente, mas pelo menos sentiu-se satisfeita.
— Você está pegando o jeito. — Mia afirmou.
— Isso desperta qualquer instinto competitivo. — reclamou enquanto ia andando para perto de sua bola mais uma vez, mas logo continuou a falar: — Imagine uma festa da sua família, só que com muito mais crianças e muito mais barulhenta, com muita música e principalmente muita, mas muita comida. — falou mesmo estando concentrada em sua próxima tacada, a qual dera segundos depois e sua bola fora diretamente para o buraco.
— Parece ser insuportável e maravilhosa ao mesmo tempo.
Helena riu enquanto concordava com a cabeça.
— Acertou em cheio.
Assim se iniciou o primeiro encontro daquele casal, muita conversa sobre pequenos detalhes da vida de ambas, muitas risadas em meio as tacadas e ao espírito competitivo. Para elas naquele momento não existia mais nada além daquelas pistas de golfe e uma a outra, era como se estivessem dentro de uma bolha, tão felizes que não enxergavam mais nada. O resultado da pequena “competição” foi óbvio, Mia ganhou com uma grandiosa vantagem, afinal, a sorte de principiante de Helena só durou no primeiro buraco, nos demais em especial em uma pista onde a bola tinha que passar por dentro de um rústico moinho de vento, ela não teve muita sorte.
— Ainda não me conformo. — reclamou a mexicana enquanto andava ao lado da namorada, haviam acabado de entregar seus tacos e iam em direção a saída do estabelecimento.
Mia riu, segurava em mãos o papel que antes estava na prancheta, com a pontuação do jogo.
— Eu te avisei várias vezes o momento certo de dar a tacada, mas você não me ouvia, é óbvio que a bola iria bater nas hélices!!
— Mas eu estava seguindo suas instruções!!! — a mexicana se defendeu.
— Não, você nunca dava a tacada no momento certo.
Helena rolou os olhos de forma exagerada e isso arrancou uma nova risada de Mia, quando chegaram no hall de entrada do lugar Mia apontou para uma série de máquinas automáticas de ursinhos.
— Esses anos todos que venho aqui, nem eu, nem o Pappa e muito menos o Fred conseguiu pegar algo aqui. — confessou.
— Aposto que essa é a maior frustração da sua vida. — Helena implicou e sorriu de forma larga, principalmente quando olhou para sua namorada e ela rolou os olhos. Assim, mudou de rumo, caminhando em direção aquelas máquinas. — Vou ganhar um pra você.
— Só vai ser perda de dinheiro, estou falando, é impossível. Aposto que esses ursos são os mesmos de dez anos atrás!!!
Helena gargalhou.
— Não seja dramática! — Helena falou em tom risonho enquanto procurava em seu bolso uma certa quantidade de dinheiro segura por uma presilha. — Eu sempre amei essas máquinas quando mais jovem, como não tinha dinheiro, era o meio mais barato pra mim de ter algo fofo. — explicou calmamente enquanto retirava uma nota de 20 dólares e guardava o resto. Se aproximou de uma máquina onde um jovem já tentava fracassadamente pegar um dos ursos, ele abandonou a máquina quando perdeu mais uma vez e saiu xingando baixo. — E ao longo desse tempo é claro que eu aprendi os truques certos. — disse enquanto se inclinava para colocar o dinheiro, assim que a máquina o “sugou” ela ergueu-se e olhou a diversidade, buscando o que ela iria querer.
Mia estava logo ao lado da morena, o olhar um tanto ansioso e principalmente curioso, ainda mais por que percebia o quão confiante a mulher estava.
— Primeiro, você deve sempre escolher os ursos mais lá do fundo, são mais fáceis. Você nunca vai conseguir na primeira ou na segunda tentativa... — falou baixo enquanto movia a “garra” da máquina e ao parar no local certo apertava o botão, a garra desceu, agarrou um urso mas ao subir o soltou como se não tivesse força para puxa-lo. — A cada nova tentativa, a garra ganha mais força para segurar o urso, por isso eu escolhi essa máquina, ela já tinha sido usada, ou seja, mais chances para mim. — uma nova tentativa no mesmo urso e acontecera a mesma coisa, apesar que dessa vez o gancho ter erguido o urso um pouco mais. Tinha cinco tentativas com o dinheiro que havia usado e já havia usado duas das cinco. — É claro que há outros truques, mas um profissional nunca revela todos os seus truques por motivos muito óbvios... — deu um sorriso largo enquanto apertava mais uma vez o botão e mais uma vez o urso fora erguido. Não falou mais, mas foi quase automático mover a alavanca e fazer a garra voltar para o mesmo local de antes, apertou o botão mais uma vez e dessa vez a garra realmente segurou o urso, o ergueu e o trouxe até a parte aberta da máquina onde o soltou. Helena parou e olhou para a namorada com um sorriso realmente largo nos lábios.
— Você conseguiu!! — sua voz saíra um pouco alta demais, quis gritar e rir ao mesmo tempo enquanto começava a dar alguns pequenos pulos de alegria, o que arrancou uma risada satisfeita de Helena. — Meu Deus você conseguiu!
Helena nem se importou em usar a sua última tentativa por que sabia que não conseguiria mais pegar mais um urso, iria requer mais algumas boas tentativas para que conseguisse aquele feitio novamente. A mexicana se abaixou em frente a máquina e no pequeno compartimento na frente pegou o urso branco com uma camisa vermelha escrita “I love you” e na cabeça uma touca de dormir, não era grande, um pouco maior que sua mão.
— É um rapaz, de um nome a ele. — Helena estendeu o urso para Mia, que naquele momento parecia uma criança.
— Você tem noção do que acabou de fazer??? — Mia questionou enquanto pegava o urso e o olhava de forma completamente fascinada. — Ele vai se chamar Vintage... Por que eu tenho certeza que ele está aí a muito tempo e por isso é um urso velho, mas é mais chique falar Vintage. — Helena gargalhou com aquelas palavras e Mia a encarou com um sorriso verdadeiramente largo. — Você deixou esse lugar ainda mais incrível.
Helena se derreteu com aquele sorriso e principalmente com aquelas palavras. Mas não falou nada, principalmente por que viu Mia mexer rapidamente nos bolsos e sacar o próprio celular.
— Vamos tirar uma foto, vou mandar pro Fred e pra Mamma, eles não vão acreditar. — a morena falou de forma empolgada, mas Helena não pensou duas vezes ao se aproximar da namorada, Mia ergueu o celular para que a câmera conseguisse pegar bem o casal e a máquina de ursos atrás delas. O sorriso das duas era genuíno, Vintage era segurado por Mia contra seu peito e assim que tirou a foto e trouxe o celular para perto para ver como ficou, suspirou antes de falar: — Essa vai ser minha nova foto de plano de fundo.
E assim, poucos minutos depois, o casal deixou o mini golfe para trás, passaram no carro para deixar Vintage e saíram caminhando lado a lado na noite fria já que Mia havia planejado a noite muito bem, então todos os destinos eram próximos um do outro.
— Onde vamos jantar? — Helena questionou enquanto olhava para o lado para encarar a namorada.
— Vamos comer hambúrguer, achei que seria legal algo bem mais informal. E eu ganhei nosso jogo, então me sinto no direito de escolher o que vamos comer. — deu de ombros com suas palavras finais, mas Helena apenas riu e acenou com a cabeça.
— Você tem mesmo o direito e eu amo Hambúrguer, então foi uma ótima escolha. — respondeu.
— A dona de lá é uma amiga que trabalhou no restaurante por um tempo depois que se formou. — explicou enquanto olhava em volta, as duas entravam em uma grande avenida repleta de estabelecimentos de ambos os lados da rua, haviam vários restaurantes, assim como lojas de variedades, livrarias, joias, roupas, todas aproveitando o fluxo de pessoas que saiam para jantar naqueles restaurantes, independente do horário. — E lá tem uma geleia de pimenta que eu tenho plena certeza que você vai adorar.
Helena gem*u com satisfação.
— Faz algum tempo que não como uma comida apimentada de verdade. — reclamou em tom baixo, mas parou de repente assim que seus olhos passaram pela vitrine de uma loja e percebeu que era uma loja de pintura vendendo uma diversidade de tintas e itens para pintura.
Mia parou mais a frente ao notar que Helena havia parado e encarou a namorada procurando entender o motivo, nesse momento Helena também a encarou e, Helena arregalou um pouco os olhos.
— Desculpe, eu me distrai. — riu brevemente e deu uma pequena corridinha para aproximar-se de Mia.
— O que você viu? — questionou enquanto voltava alguns passos para entender a parada de Helena e não precisou andar muito para ter a visão da vitrine e entender o que era. Riu brevemente. — Entendi. Não quer comprar nada?
— Posso deixar isso pra depois, não quero atrapalhar nosso encontro. — Helena justificou-se imediatamente e deu de ombros enquanto esperava Mia que franziu o cenho com a resposta de Helena. Negou com a cabeça enquanto agora ia em direção a loja.
— Então entrar nessa loja e te ver comprando o que você quiser vai fazer parte do nosso encontro. — disse enquanto se aproximava da porta, antes de abrir, olhou para Helena e sorriu como se silenciosamente falasse: Está tudo bem.
E Helena sentiu um alívio tomando conta de todo o seu corpo e um calor gostoso lhe consumindo até o ponto de faze-la sorrir, um sorriso que foi se tornando mais e mais bobo a medida que se aproximava e pensava o quão tola tinha sido por ter medo de incomodar Mia ou de atrapalhar o encontro.
Quando entrou, Mia já se encontrava em uma conversa com um senhor que Helena imaginou ser o dono do lugar, sorriu para ele em um cumprimento e então caminhou em frente as prateleiras repletas de uma imensa variedade de tinta a óleo e tinta acrílica, de tubos pequenos a grandes, a variar da cor. Estava precisando de algumas que haviam acabado mais cedo, por isso parou de repente quando viu aquele lugar, havia lembrado que precisava.
Porém, como viciada que era em pintura, mesmo precisando apenas de uma ou outra cor, já tinha as mãos quase cheias no pensamento de “É sempre bom ter mais”, quando repentinamente Mia surgiu ao seu lado, Helena a encarou e então olhou para baixo vendo que Mia segurava uma cesta de compras. Helena riu brevemente.
— Eu já peguei o suficiente, não vou demorar mais. — justificou-se enquanto esvaziava as mãos no cesto seguro por Mia.
— Amor, para. Nós temos a noite inteira e se você quiser passar a noite inteira aqui comprando essa loja inteira, nós compramos. A única coisa que importa é que estamos juntas. — deixou claro ao perceber que Helena continuava claramente em estado de defesa e alerta. O que fazia Mia imediatamente pensar que ela já havia passado por situações onde não haviam sido compreensivos com ela daquela forma e ela sabia muito bem quem era o culpado disso.
— Desculpa, eu só...
— Eu sei. — Mia a interrompeu e sorriu para a mulher, tentando a tranquilizar com aquele sorriso. — Só compre o que você quiser e leve o tempo que precisar, sem se preocupar com absolutamente nada a não ser que esteja com fome.
Ela sentiu seu rosto esquentar e acabou desviando o olhar, ficara sem graça diante as palavras de Mia, não de forma constrangida e sim por que seu coração bateu tão forte que a deixou sem saber até mesmo o que falar.
Pigarreou enquanto virava para as prateleiras novamente.
— Tintas padrão, branco, preto, vermelho, as que eu mais uso, eu compro em grande quantidade pra sempre ter estoque, mas tintas de cores mais exóticas e algumas até mesmo importadas, eu compro em quantidade moderada, normalmente consigo chegar aos tons que eu quero misturando diferentes tintas, mas acontece de eu precisar comprar essas em específico pra dar um toque a mais a tela. — ia explicando enquanto pegava mais algumas tintas, lia o rotulo rapidamente e ou devolvia ao lugar, ou ia acumulando em sua mão para em seguida por no cesto seguro por Mia.
— E os cadernos que você usa pra desenho? Você sempre compra novos?
— Ah não, a Ally compra caixas fechadas com 50 por que ficou de saco cheio comigo sempre pedindo pra ela ir comprar mais....
— Caixas fechadas com 50 cadernos, Helena???
Helena a encarou e notou realmente a expressão incrédula.
— Onde você guarda tantos cadernos usados?
— Ah, eu tenho muitos, muitos mesmo guardados na galeria, tenho outros em casa, já joguei alguns, mas sempre continuam se acumulando...
— Eu não imaginei que a frequência era tão grande.
— Isso é ruim? — Helena franziu o cenho.
Mia sorriu, mas negou com um aceno de cabeça.
— Só significa que você tem uma criatividade incrível.
— E um acúmulo inegável de cadernos usados, eu sei que você pensou nisso. — acusou antes de dar meia volta e sair andando, Mia deu uma boa risada enquanto seguia Helena.
— É obvio que eu pensei, porém, é seu trabalho, eu também tenho tudo guardado, desde o primeiro trabalho que fiz, a diferença é claro que é tudo digital. Mas de vez em quando revejo todos só por lembrança. — explicou enquanto ia seguindo Helena até o caixa.
O casal não durou muito mais tempo naquela loja, logo saíram juntas e mais uma vez caminhando lado a lado, cada uma segurando uma sacola com as compras de Helena. Foram diretamente para a hamburgueria citada por Mia, afinal, finalmente a fome já começava a dar as caras, Helena só não imaginava que em uma hamburgueria em uma noite tão perfeita, iria mais uma vez ter que confrontar sentimentos que odiava.
Fim do capítulo
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Em: 11/09/2023
Melhor história daqui Espero que não demore muito para o próximo Capítulo
Sem cadastro
Em: 24/08/2023
Melhor história daqui Espero que não demore muito para o próximo Capítulo
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Thayscarina
Em: 06/07/2023
Melhor história daqui Espero que não demore muito para o próximo Capítulo
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