Flashback ok

- Você não é tão mais alta que eu! Aposto que se ficarmos de frente uma pra outra a diferença nem é visível.

            - Depende de como você se refere em ficar de frente kkkk. – Nem notei a intensão dessa mensagem, mas também preferi deixar como tá. Ela não gostou muito e estava se despedindo. Nos resolvemos e continuamos conversando por mais um tempinho, mas não demorou muito e eu tive que ir embora pra me organizar pro jogo.

Flashback off

Enfim férias, eu já não aguentava mais tanta coisa pra fazer, final de ano se aproximando e junto com ele meu aniversário, enfim completaria 14 anos e o tempo passou de uma maneira que não percebi. Sempre nas férias de final de ano eu viajava pro interior pra ficar com minha avó e dessa vez não foi diferente. Normalmente eu comemoro meu aniversário lá.

            - Oi vó, que saudade que eu estava da senhora! – Eu só a via nesse período do ano.

            - Oi meu amor, eu também tava morrendo de saudade de você! Como foi a viagem?

            - Foi tranquila, tirando a parte que o Gabriel ficou babando do meu lado o resto foi tranquilo kkkkk.

            - Não fiquei babando coisa nenhuma, pior foi você que ficou roncando a viagem toda.

            - Aiai meninos, vocês são uma graça. Vão lá falar com o irmão de vocês, ele ta dormindo ainda.

            - Esse menino é muito folgado, não faz nada e dorme até tarde. – Gabriel.

Fomos correndo ao encontro do Arthur, apesar de morarmos em cidades diferentes, nós somos irmãos de sangue, ele sempre morou com minha bisavó. Então sempre nos víamos nessas épocas. Acordamos ele e começamos a fazer uma pequena bagunça, minha madrinha que era como uma mãe pro Arthur não ia muito com a minha cara, sempre me chamando de esquisita ou sapatão, mesmo eu não tendo ficado com nenhuma menina antes, mal sabe ela o que eu fiz a alguns dias atrás kkkk. Logo pela manhã nosso primo Thiago apareceu e o resto do dia foi só de brincadeiras, apesar da minha idade eu ainda aproveitava muito bem minha juventude. O quintal da casa dos nossos bisavós eram bem grandes, então a gente tava sempre correndo por lá ou aprontando alguma coisa.

            - E aí, quem vai jogar bola? Meu pai comprou uma de campo pra mim, ta novinha ainda. – Thiago.

            - Sacanagem, vocês só sabem jogar bola. Não sabem brincar de outra cosia? – Arthur.

            - Ninguém tem culpa se você nasceu com dois pés esquerdos. – Gabriel.

            - Mas eu não gosto mesmo de jogar bola e vocês bem sabem que até eu conseguir chutar uma bola eu já tenho perdido uma unha no chão igual da última vez. Minha unha nem cresceu direito e vocês já querem que eu perca novamente kkkkkk. – Arthur.

            - Kkkkkkkkkk, tu é muito perna de pau cara. Do que tu sugere então que a gente brinque?

            - Pode ser amarelinha, tem giz aí e da pra gente brincar sem fazer muito barulho, afinal de contas o nosso bisavô ta dando um cochilo da tarde e vocês sabem como ele fica quando é acordado com barulho.

            - Tá, pega lá o giz então que vamos procurar as pedras pra jogar.

            - Queria jogar bola! – Gabriel.

            - É, eu também, mas entre jogar bola que a gente gosta pra depois ficar ouvindo do bisavô ou da minha madrinha e amarelinha que ninguém briga comigo, eu vou preferir amarelinha.

Quem imaginou que não teria briga numa amarelinha se enganou redondamente, eu e o Arthur parecíamos dois fios desencapados, era só encostar que dava choque e a briga era garantida, Thiago e Gabriel ficavam sempre colocando lenha na fogueira e mais uma vez dona Maria teve que vir correndo ao nosso encalço para que a confusão cessasse.

            - Essa menina sempre que vem aqui é pra brigar com o Arthur, não sabe se comportar com uma menina, a pia ta cheia de louça e não teve a decência de ir lavar. – Essa machista era a minha madrinha, que até hoje eu não entendo por que minha mãe escolheu ela pra essa função.

            - Eu não vou lavar essa quantidade toda de louça, afinal de conta não foi eu que sujei tudo. E os meninos também tem dois braços e duas mãos cada um, graças a Deus não são aleijados. Podem muito bem ajudar também. – Eu não ficava por baixo.

            - Essa é a educação que essa menina recebe Maria? Viu o jeito que ela me respondeu? – Égua da mulher insuportável.

            - Claro, os meninos também podem ajudar nos afazeres, não é porque ela é uma menina que a responsabilidade é só dela. Para com esse pensamento Francisca que a gente não ta mais no tempo de quando tínhamos a idade desses meninos, as coisas mudaram. – Minha avó é um máximo.

            - Eu sei que as coisas mudaram, mas isso não quer dizer também que essas coisas pra fazer e essa menina não faz nada, preguiçosa. Só quer saber de ta brincando direto. Cresce que você não é mais criança. – Francisca.

            - Aaaai meu Deus madrinha, eu vou fazer, mas não vou fazer sozinha. Enquanto eu lavo, um seca, o outro guarda e o outro vai arrumando também.

E assim fizemos, rápido terminamos e como sempre no final tudo virava bagunça. Conversei com a minha avó e ela me liberou pra ir numa lan house ali perto, tinha que conversar com a minha pequena. Amanda também me mandou mensagem e apesar da minha chateação sobre as mentiras dela, eu sentia sua falta. Raramente conversava com a Alessandra. A noite nós sempre estávamos na rua brincando, diferente de Fortaleza, aqui o pessoal não era muito de jogar bola na rua, mas gostavam muito de pega pega e como sempre eu era a única menina no meio deles, isso era mais um motivo pra minha madrinha reclamar de algo, mas eu sinceramente não escutava o que ela falava porque no final era sempre a mesma coisa.

Depois de alguns dias enfim já era meu aniversário e eu estava um pouco ansiosa pra saber o que tinham feito pra mim nesse dia. Assim que acordei vi um SMS  da Amanda.

Bom dia bb, hoje é o seu aniversário e eu só tenho a dizer que quem ganhou o presente foi eu por ter você em minha vida, mesmo estando um pouco distante fisicamente, saiba que não esqueci de você em momento algum, se você tivesse aqui eu lhe daria um presente bem diferente, ou talvez nem tanto kkkk. Quero que seu dia seja repleto de coisas boas e que você possa realizar tudo aquilo que almeja. Saiba que lhe amo muito e que lhe aguardo aqui pra te encher de abraço e beijos. Fica bem!

Era a primeira vez que ela dizia que me amava, eu não sabia exatamente se era modo de falar, se era um sentimento de amigas ou se tinha algo a mais, o que eu sei é que eu realmente estava com muitas saudades dela e já tava querendo voltar pra revê-la, resolvi responder a sua mensagem, mas queria ser bem sucinta sem dar muitas margens de pensamentos da parte dela.

Obrigada baby, gostaria que você estivesse comigo passando por essa data especial ao meu lado, infelizmente isso não será possível, mas saiba que também sinto sua falta e irei cobrar esse presente, mesmo sendo atrasado kkkkk. Também lhe amo e até mais!

É, acho que não passei nada demais pra ela. Ainda estava deitada quando recebo uma ligação, esse era da dona Angélica me dando os parabéns e desejando tudo de melhor pra mim, eu sempre passava meu aniversário longe dela porque eu sempre tava por aqui e ela sempre tava trabalhando, então nunca podia nos acompanhar nas viagens, apesar de saber que ela morria de saudade de todo mundo, principalmente da mãe dela. Terminamos a ligação e eu me levantei, ao chegar na cozinha tinha uma mesa posta com tudo que eu mais gostava nela, foi o melhor café da manhã que eu já tenha comido que eu me lembre. Minha tia estava lá e ela era uma pessoa que eu amo de paixão, sempre me aconselhando e puxando minha orelha nas horas mais necessárias. Minha madrinha também estava, mas isso eu não podia controlar infelizmente. Na hora do almoço minha avó preparou uma lasanha de queijo e presunto e eu quase comia a travessa e tudo de tão gostoso que estava, ela sempre fez tudo por mim e sorte a minha. A noite todos estavam por lá e teve um bolinho simples, eu nunca fui muito de comemorar meu aniversário com toda aquelas coisas, sempre gostei de algo mais simples nesses momentos, mas nunca gostei que passasse em branco e detestava mais ainda quem esquecia a data do meu aniversário. Fui dormir com a barriga cheia de tanta coisa que comi, hoje foi um dia maravilhoso, aproveitei com toda minha família e comi tudo que eu adorava. Fiquei deitada dando um tempo antes de me ajeitar pra dormir de fato quando sinto meu celular vibrar, era um DDD que eu não conhecia, resolvi atender.

            - Oi grandona, pode falar agora? – Opa, essa foi nova.

            - Oi pequena, posso sim. Como assim você tem meu número?

            - Então, eu peguei com a Amanda, tinha algum problema?

            - Não não, eu só estou surpresa. Que bom que você ligou, só faltava isso pro meu dia ficar perfeito hehehe.

            - Eu soube que hoje é o seu aniversário, você não tinha me falado nada. Te liguei pra desejar parabéns, tudo de melhor na sua vida, que seu dia tenha sido muito animado e que sua vida seja próspera, quero tudo de melhor pra você!

            - Desculpa, eu acabei esquecendo, mas só de falar com você já valeu a pena, que bom que você me ligou! – Eu nunca tinha ouvido sua voz, nunca tínhamos conversado por ligação, sempre era por mensagem. E me peguei ficando um pouco viciada em ouvir ela falar, era uma voz calma e o sotaque completamente diferente do meu. – É a primeira vez que nos falamos por chamada, sua voz é linda!

            - Aaah, não começa Bruna.

            - Começar com o que? Eu só disse que sua voz é linda e seu sotaque muito diferente, você chia bastante kkkkk.

            - Vocês que falam assobiando hahahaha. – Esqueci completamente o que ia fazer, ficamos conversando por um bom tempo, mas infelizmente minha avó veio até o quarto e eu tive que me despedir dela com sua voz gravada em minha memória.

Fim do capítulo