15.    Gracias

 

- Bom dia! Dormiu bem?

 

- Bom dia! Dormi sim e ser acordada com café da manhã é incrível.

 

- Fiz teu suco favorito, misto quente, café e salada de frutas.

 

- Gracias! E essa rosa linda (comentou sorrindo).

 

- Apanhei da roseira do meu mini jardim.

 

- Adorei, obrigada!

 

Elas fizeram o desjejum, ficaram mais um pouco deitadas e depois levantaram para preparar o bolo de chocolate.

 

- O que foi? Seu semblante é de preocupação.

 

- Estamos tão próximas que você agora já faz até uma leitura do meu rosto (observou deixando o seu celular de lado).

 

- La Maestra!

 

- Ainda não tinha escutado você me chamando assim, só tinha visto no teu caderno, quando te dava aula e li ao corrigir uma atividade.

 

- Nenhum aluno te chamou desta forma?

 

- Que eu saiba não, só você.

 

- Não desconverse. O que te preocupa?

 

- Eu fico tão mal com as notícias de ataques nas escolas, já são tantos os desafios da educação, toda essa barbárie é revoltante e triste. É preocupante e todos ficam aterrorizados. É descabido! Me solidarizo, fico pensando no que fazer, como podemos melhorar este cenário caótico, é desesperador e para piorar tem alunos que não cooperam, ficam propagando o ódio. Não sei onde vamos parar, fico perplexa.

 

- Entendo a sua tristeza, tenho receio por nós, infelizmente tudo que vem ocorrendo foge do nosso alcance, chega a ser inacreditável, como o ser humano é capaz de fazer tanto mal. Rezo para que tudo melhore.

 

- Espero que políticas públicas sejam aplicadas com urgência, é fundamental que haja segurança, para que possamos ensinar sem pânico, toda a comunidade escolar necessita de paz, pois, só com educação e amor podemos construir um mundo melhor. Diante de tanta tristeza, é difícil ter esperança. Sigamos na luta.

 

- É angustiante, mas, no final o bem sempre vence o mal.

 

- Você tem razão. Tem uma receita? Segue as medidas?

 

- Já decorei, só uso medidor quando faço para vender. Logo que comecei a fazer pedi ajuda do meu professor de matemática da época, para saber certinho o quanto cobrar e não ter prejuízo, ele ficou todo feliz em me ajudar e me orientou como calcular. Vou sentir tanta falta da escola, de todos os professores e amigos, apesar dos perrengues.

 

- Vamos mudar de assunto focar em fazer um bolo delicioso, afinal é feriado. Vou pegar os ingredientes, me avisa se estiver faltando algo.

 

- Dormimos juntas e agora estamos na tua cozinha fazendo bolo. Uns meses atrás nunca que imaginava isso, nem nos meus sonhos.

 

- Nossa aproximação me faz tão bem, te gosto tanto.

- Eu gosto muito mais. Deixa eu ver, farinha, ovo, leite, manteiga, fermento e chocolate. Falta açúcar. Tem maisena?

 

- Tenho. Só preciso ver se não venceu, para que serve no bolo?

 

- Deixa mais fofinho. Vou colocar uma música.

 

- Vai me falando como te auxílio.

 

- Consegue fazer clara em neve?

 

- Sim, prefere na batedeira ou pode ser no fuê?

 

- Pode sim, só uma forma e em dupla vai ser rapidinho.

 

- Eu geralmente compro pronto ou então coloco no liquidificador aquele de massa pronta. Mas, o seu é muito mais gostoso. Você arrasa!

 

- Obrigada amor.

 

Na sequência também fizeram o almoço juntas e passaram a tarde inteira assistindo filmes, aproveitando bastante o feriado.

 

- É tão bom ficar aqui com você, deitada ao seu lado, agarradinhas.

 

- Eu também adoro, meu novo hobby é ficar grudadinha em você.

 

Amaya comentou com Coraline, que agora a Ana só sai de casa na companhia dos seus pais, ficou com muito medo depois que foi atacada e elas marcaram de sair juntas no dia seguinte.

Por se tratar de um sábado, pela manhã foram para a aula de canto.

 

- Já estava com saudade de te ver dando aula, toda paciente ensinando.

 

- Gostou?

 

- Sempre gosto, você é uma professora maravilhosa!

 

- Muito obrigada! Manda mensagem para a sua amiga, daqui a pouco passamos para busca-la. Vamos almoçar no shopping mesmo?

 

- Isso e depois vamos num barzinho que a Ana conhece.

 

- E vocês duas podem entrar?

 

- Sim, ela disse que a tarde uns pais levam até as crianças que ficam brincando na área kids, menores podem ficar até às nove da noite.

 

- Então deve ser um ambiente mais familiar. Vai ser bacana, precisamos sair um pouco mesmo e espairecer.

 

- Avisei a Aninha, ela já está nos aguardando.

 

- Vai ser rapidinho. Neste horário não tem trânsito.

 

- Nessa semana vamos começar a montar a nossa maquete para feira da escola. Você ficou responsável por qual turma?

 

- Não vou participar da feira, vou aproveitar para fazer um curso de aperfeiçoamento nos dois dias de evento, consegui conciliar as datas para não faltar e nem atrasar conteúdos. Vai dar certinho e este curso só realizam no primeiro bimestre, já queria ter feito ano passado.

 

- Você é mais estudiosa que eu, já é formada e continua estudando.

 

- Conhecimento não ocupa espaço, expande horizontes.

 

- Tão linda e inteligente, fico com vontade de te apertar e morder.

 

- E eu vou gostar (afirmou dando risada).

 

- Na tua aula, fiquei folheando a sua pasta de músicas, são tantas, uma mais linda que a outra, você sabe cantar e tocar todas?

 

- A maioria, mas, sempre tenho que relembrar e ensaiar.

 

- A primeira música que vocês cantaram hoje, é emocionante, tem que entrar na próxima apresentação. Olha eu já palpitando no repertório.

 

- Você pode (respondeu e piscou para ela).

 

- Aquele moço todo tímido, que eu não conhecia, canta muito bem.

 

- Ele está começando a se soltar, logo que começou cantava tão baixo, morrendo de vergonha. A mãe dele queria que ele cantasse na igreja, mas, com tanta timidez ele trava. Tem espanhol fluente. Veio com um amigo só para conhecer e resolveu participar.

 

- Amigos? Jurava que os dois formavam um casal.

 

- Não sei, pode ser, são bem discretos.

 

- Por falar em discrição, agora que não sou mais sua aluna, ainda temos que parecer só amigas?

 

- Isso é um problema para você?

 

- Não, gosto muito da amizade que construímos.

 

- Então podemos continuar desta forma.

 

- Só na amizade colorida, é isso?

 

- Até a senhorita completar dezoito anos.

 

- Serão longos meses até lá e eu quero você só pra mim.

 

- Amor, eu quero muito ser sua namorada, você sabe que não estou te enrolando, só estou sendo cuidadosa. Compreende?

 

- Eu compreendo sim, também quero muito. Quando você era adolescente você tinha muita pressa e até uma certa urgência?

 

- Sim, é normal esse imediatismo, querer tudo se possível para ontem.

 

- Que bom que você me entende. Perguntei para minha mãe se quando eu era criança, tinha vontade de ser adulta logo e ela disse que eu sempre falava que queria "ser gente grande", querendo liberdade e depois que te conheci tudo que mais quero é ser logo maior de idade.

 

- Relaxa, falta pouco. Liga para Ana, avisa que estamos chegando.

 

♡

 

- Amaya, Coraline, não querem entrar para tomar um café?

 

- Tia agradecemos, nós estamos indo almoçar.

 

- Mãe qualquer coisa ligo para senhora, vou ficar bem com elas, pode ficar tranquila e como diz a psicóloga tenho que voltar a sair.

 

- Então bom passeio. Tchau meninas!

 

- Ela fica toda preocupada e meu pai que me fez colocar um papel com o número do telefone dele no bolso da minha calça. Eles incentivam, falam que preciso mesmo voltar a viver normalmente, mas, ainda estamos assustados. Mas e vocês tudo bem?

 

- Tudo sim (responderam juntas).

 

- A sintonia está ótima (comentou e deram risada).

 

No shopping foram direto para a praça de alimentação, fizeram seus pedidos e almoçaram, ouvindo a Ana contar sobre a escola nova e seus colegas, em especial sobre uma moça linda que ela estava conhecendo.

 

- Amiga, como diz a minha avó, você não pode ver um rabo de saia.

 

- Am, muito bonito, me chamando de safada e mulherenga. Que calúnia, assim a professora vai achar que sou terrível (disse rindo).

 

- Disso tenho certeza, já esqueceu que te vi pulando o muro da escola para ficar aos beijos. Você é impossível isso sim.

 

- Tomara que no barzinho hoje tenha vários colírios para os meus olhos.

 

- Aninha é tão bom te ver assim, recuperada e fazendo graça.

 

- Agradeço pelo apoio de vocês duas e por me deixarem ser vela hoje.

 

- Satisfeitas? Querem comer mais alguma coisa ou já vamos.

 

- Alimentadas, agora casal, vamos curtir o sabadão. Bora!

 

♡

 

- Vou ao banheiro, fica com a minha bolsa, já volto!

 

Quando Coraline voltou viu o garçom entregando uma long neck.

 

- Detesto fazer o papel de chata, mas, nada de álcool, depois você chega em casa cheirando bebida e comigo sendo a responsável não.

 

- Nem é da Amaya não, eu que comprei (Ana explicou).

 

- Você é menor de idade, ele deveria ter pedido seu RG antes de vender.

 

- Só uma, está muito calor, uma cervejinha para refrescar (insistiu).

 

- Não (afirmou séria).

 

- Boa sorte Am, tua mulher é brava.

 

- Para de insistir, vamos tomar um suco ou refrigerante, ela está certa e não vai ceder. Gostei daqui então vamos aproveitar.

 

- ok, já paguei, você bebe?

 

- Não, estou dirigindo.

 

- Garçom, me faz um favor, entrega para aquela moça de vestido azul, ali naquela mesa e diga que mandei. Muito obrigada!

 

A mulher sorriu e deu um tchauzinho em agradecimento. Acenou em resposta, não bebeu, mas, ao menos ganhou um sorriso de uma gata.

 

- Você não perde uma oportunidade, terrível é pouco para você.

 

- Não podemos desperdiçar uma gelada e ela gostou, já está bebendo. Sou muito exemplar, vou ficar na água mineral, porém, sem paquerar jamais, mulher bonita tem que ser apreciada. Vamos ficar mais próximo do palco, o grupo que vai se apresentar é excelente, vocês vão gostar.

 

- Amor você bebe?

 

- Não, minha mãe não gosta e quando provei achei cerveja amarga, batida docinha é bom. Tomara que tenha suco natural gostoso.

 

- Coraline a Am é toda certinha, vocês super combinam. Eu shippo! Vamos ficar com essa mesa, vou pedir o cardápio e vamos pagodear.

 

O trio teve uma tarde alegre, dançaram, cantaram e riram bastante das peripécias da levada Ana. Tiveram o entretenimento que precisavam, esquecendo dos problemas, com tranquilidade e muita felicidade.

 

 

Fim do capítulo