Encontros ao Acaso por JJ e
Capitulo 5 - Carla
Chegou a hora da apresentação, instrumentos montados e ligados nas caixas de som, microfone sincronizado e tudo organizado. Entramos e começamos a ouvir os gritos eufóricos da galera e mandamos ver na apresentação. Quando chegou o momento da música, da dita cuja que me fez perceber meus sentimentos pela Stephani, eu não consegui tocar, eu vi a tal Fabiola bem na frente do palco fazendo coração pra ela, coloquei o violão no apoio e sai correndo do palco com lágrimas nos olhos.
Flashback off
Todos notaram que eu abandonei a apresentação, não quis saber de mais nada, corri até sentir minhas pernas cansarem e meu ar faltar, pouco tempo depois vejo meu avô se aproximando de mim, sei que ele está cauteloso, ele é como um pai pra mim, sempre me tratou com muito respeito e sempre entendeu meus momentos, então nessas horas quem vinha ao meu auxílio era ele.
- Oh minha querida, o que aconteceu pra você sair assim?
- Vovô não dá, eu não consigo mais guardar isso pra mim e eu preciso conversar com alguém que possa explicar o que está acontecendo comigo.
- Diga meu amor, você sabe que seu avô está aqui pra qualquer coisa que você precisar.
- Eu não sei nem por onde começar, mas eu acho que não gosto de garotos.
- Huum, isso não é nenhuma novidade pra mim.
- Como assim vovô? Como o senhor ia saber algo de mim, antes mesmo que eu soubesse?
- Isso é simples, eu sempre notei os olhares que você dá pra aquela menina que toca bateria na banda de vocês. Como é mesmo o nome dela....? Stephani, lembrei. Então, eu sempre percebi que eram olhares diferentes, eram olhares que eu dava pras minhas paquerinhas quando tinha sua idade, pouco antes de conhecer sua avó.
- Mas vô, isso é pecado, Deus não me quer assim, então porque isso ta acontecendo comigo? – Tornei a chorar.
- Calma minha filha, entenda que pecado são coisas bem piores, isso que você está sentindo é algo natural e deve ser normalizado. Infelizmente vivemos numa sociedade onde os homossexuais serão julgados, independente da postura dele ou dela. Tenha sempre em mente que você não fez nada de errado com ninguém e que eu nunca irei te julgar. Mas porque você saiu do palco daquela maneira?
- Eu já estou guardando esse sentimento dentro de mim a muito tempo, na verdade e eu não consigo entender muito bem o que sinto, mas ontem eu consegui ter uma visão melhor e acho que gosto da Stephani e ontem ela me fez entender que o sentimento era recíproco, mas eu só fui enganada, ela só quer aumentar o número de pessoas na lista dela.
- Entendi, olha só, nem sempre o nosso primeiro amor é o amor pra vida toda. Olha o meu caso com o da sua avó. Eu tive que errar um pouco pra acertar com ela, eu tive outros relacionamentos e em todos eles eu achava que era pra vida toda, mas bastou a Bernadeth aparecer e tudo com ela ficou colorido, se tornou real e palpável. Tenha paciência como eu disse, você ainda é nova e está na flor da idade, ainda tem muita coisa pra viver, muitos amores pra conhecer, muitas bocas pra experimentar kkkkk. Não vá com muita sede ao pote, dê tempo ao tempo. – Eu já disse que amo meu avô?
Depois dessa conversa eu consegui ficar mais calma e entender melhor algumas situações, coloquei a cabeça no lugar e voltamos juntos pro festival. Minha banda já tinha encerrado sua apresentação é claro, estavam todos reunidos comemorando o show, Carol ao me ver me fez um interrogatório e no final brigou por ter abandonado o show quase no fim, fazendo uma cena desnecessária e que ficaria feio pra banda, pois as pessoas iriam comentar depois. Vovô ralhou com ela, mas eu entendo, não deveria ter saído daquela forma. Olhei de rabo de olho e vi Stephani me olhando com ar de preocupação e ao mesmo tempo triste. Depois de tudo nos despedimos e fomos pra casa.
Sábado amanheceu nublado, nenhuma novidade na capital da chuva, não estava com ânimo pra nada, mas resolvi fazer companhia pra dona Bernadeth que estava concentrada fazendo alguns biscoitos pro lanche, fiquei perturbando ela e conversando amenidades. Camila perguntou se eu queria jogar basquete com ela e aceitei, não tinha nada pra fazer mesmo. Chegando lá, dou de cara com a tal Fabiola jogando também, ela era bem mais alta que eu, tinha o corpo mais definido, cabelos lisos de pele clara. Isso meu deixou bem insegura.
- Qual é Camila, trazendo criança pra jogar? Assim vai ser café com leite.
- Sai fora Fabiola, minha irmã não tem nada de café com leite, ela só é pequena, mas joga melhor que você.
- Quero só ver isso.
Enquanto isso eu ouvia tudo calada, não conseguia entrar no assunto. Devido minha insegurança isso me afetou um pouco dentro da quadra e eu não conseguia me concentrar na hora de acertar as cestas, o que foi motivo de mais chacota da parte da Fabiola.
- Realmente Camila, tua irmã joga muito basquete kkkkk.
- O que ta acontecendo Carla? Você não joga assim. Ta com medo dessa magricela? Égua, parei pra ti!
Aquilo foi necessário pra me dar um gás e resolvi tomar a rédea do meu jogo, eu sei que sou bem melhor que isso, e ‘essazinha’ não vai me abalar. Fiz logo duas cestas de 3 pontos e acertei um passe pra Camila converter uma cesta de 2 pontos, logo em seguida minha irmã arremessou mais uma bola, batendo no aro e eu corri pra alcançar a bola, mas a Fabiola vendo isso correu junto comigo e na maldade ela colocou o pé no meio e eu cai, me ralando por completo. A partida teve que ser parada, pois eu estava sangrando bastante. Marcela que jogava no nosso time foi pra cima da Fabiola e Bianca que estava com ela correu em auxílio da amiga pra defender. Pronto, o caos já estava instaurado. Bate boca de um lado, vaia da galera que tava de fora do outro, empurrão daqui e dali e eu no chão com o joelho todo ralado, a camisa toda suja e com alguns rasgões devido à queda e uma dor muito forte na mão.
Voltamos pra casa e minha avó ao ver o meu estado ficou logo preocupada comigo, me deu remédios pra dor e me entupiu de mertiolate nos arranhões. Resolvi deitar um pouco, já que também não poderia fazer muita coisa no estado que me encontrava. Carol foi até o quarto querendo saber se eu precisava de alguma coisa e logo em seguida saiu, no final acabei pegando no sono. Pouco tempo depois, vovô se aproxima e me avisa que eu tenho visita.
- Oi! Eu soube que você caiu e se machucou toda, vim saber como você ta.
- Cair não é bem a palavra pra isso, na verdade aquela menina que você ta pegando que colocou o pé no meio quando estava correndo pra eu tropeçar de propósito.
- Eu ainda não entendi qual é daquela menina, eu só fiquei com ela uma vez e já fica no grude querendo namorar e essas coisa, eu não quero nada com ela, mas parece que ela não entende.
- Realmente fica complicado de entender, vocês ficam se agarrando pra qualquer pessoa ver, ridículo isso.
- Ah Carla, vai querer ficar me podando agora, dizendo o que eu posso ou não fazer?
- A questão não é essa Stephani, é que você é tão burra e só fica com menina sem noção. Ou então você que não fala a verdade pra nenhuma delas, e por isso elas ficam correndo atrás o tempo todo. – Nesse momento eu já estava de pé, de frente pra ela, meu corpo bem próximo do dela, e a cada frase dita eu me aproximava mais.
- E você quer que eu faça o que? Eu não minto pra nenhuma dessas meninas que eu fico, eu só não tenho culpa se elas gostam.
- Quero que você fique comigo!
Sério, nem eu acreditei quando disse isso. Ficamos nos encarando por um tempo bem curto, mas a minha vergonha depois dessa foi maior e eu me afastei, só que não fui rápida o suficiente. Stephani me pegou pela cintura e puxou pra junto de seu corpo, nossos rostos muito próximos, eu senti a respiração dela indo de encontro a minha. Sinto a mão dela vindo até minha nuca, e num movimento rápido e preciso ela prende meus cabelos e me puxa para um beijo. Meu coração errou uma batida. Eu fiquei parada, sem esboçar nenhuma reação, de olhos abertos e com os braços soltos. Somente tanto entender. Vejo ela se afastar e me encarar.
- Desculpa, é que você falou isso e eu...
Não deixei que ela concluísse a frase, abracei ela pela cintura e a puxei para um beijo. Muito sem jeito porque eu não sabia como beijar, eu nunca tinha beijado ninguém. Então ela vendo meu nervosismo toma a frente e começa a me beijar com mais calma, sinto sua língua pedir passagem na minha boca e o toque que iniciou calmo, começou a ficar mais intenso. Sinto o aperto mais firme na minha cintura e um calor subindo por todo meu corpo. Ela para o beijo na minha boca e começa a percorrer até o meu pescoço, e em cada parte que a boca dela toca, um rastro de calor é deixado no caminho. Estou tendo sensações nunca antes sentidas, fico arrepiada e a respiração está completamente descontrolada. Sinto quando meus seios começam a ficar duros e uma dor aguda atinge minha região íntima e percebo minha calcinha ficar úmida. Tudo estava muito gostoso, eu não sabia expressar em palavras o que eu estava sentindo.
Eu não sei em que momento isso aconteceu, mas quando me dei conta, eu estava na minha cama. Deitada, no quarto escuro e sozinha.
- Mas que merd* foi essa que aconteceu???
Fim do capítulo
Sonhos quentes? Temos!
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 15/03/2023
Sonho meu vai buscar quem mora longe kkkkk
Resposta do autor:
O que seria das nossas vidas sem esses sonhos, não é mesmo? kkkkkk
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