Encontros ao Acaso por JJ e
Capitulo 2 - Bruna
2006 – Bruna
Era Abril em Fortaleza, o tempo estava aquele famoso “chove e não molha”, ou seja, nada de chuva forte, mas também era uma chuva fina que não passava. Estávamos de mudança, meus pais conseguiram enfim o sonho da casa própria e estávamos saindo do aluguel. Eu ajudava carregando as coisas como podia, nunca imaginei que dentro de casa tivesse tanto cacareto, e a gente só descobre isso quando sai de uma casa pra outra.
Eu nasci no interior do Ceará, uma cidade relativamente pequena com um pouco mais de 240 mil habitantes. Antes de nos mudarmos para a capital, meu pai Vitor vinha constantemente pra cá fazer cursos e aperfeiçoar na sua área de trabalho (ele é mecânico de automóveis), mas infelizmente no interior não estava dando muito certo tanto investimento e nenhum retorno. E nessas idas e vindas, ele conseguiu algo fixo e fomos todos morar na capital em 2002, e desde então estamos os 4 aqui, Minha mãe Angélica, meu irmão caçula Gabriel e eu, Bruna. Eu tenho um irmão do meio, mas desde seu nascimento ele mora com meus bisavós, então ele só vem nas férias ficar com a gente.
No alto dos meus 12 anos, com 1,63cm, morena dos cabelos crespos, me acho superinteligente e madura. Não faço nada de muito interessante, exceto estudar. Eu sou um pouco tímida para um começo de amizade, então essa mudança tem me preocupado, deixarei meus amigos que conheci quando me mudei pra cá pra ter que conhecer pessoas novas, vai ser estranho. E principalmente na escola.
Ao chegarmos no nosso novo endereço, a chuva que antes era fina começou a engrossar, dificultando um pouco o transporte das coisas do caminhão até dentro de casa. Ainda não tinha visitado nosso novo lar, então eu não sabia como era dentro e se eu teria um quarto só meu. Infelizmente essa expectativa de quarto foi totalmente quebrada, teria que dividir com o Gabriel. Mas por um lado eu gosto, já estou acostumada a isso. Enquanto os adultos colocavam tudo pra dentro, mamãe deixou que nós fossemos brincar na chuva. Eu adoro jogar bola, tenho jeito pra coisa, pena que meu pai não me leva pra nenhum teste em nenhuma escolhinha. Andando pelos arredores de onde iremos morar, a gente nota um grupo de 10 pessoas ou mais brincando, ficamos olhando com vontade de participar, mas sem jeito de pedir.
- Vocês querem brincar também, estamos brincando de garrafão. Sabem como é a brincadeira?
- Onde a gente morava ninguém brincava disso, como é? – Por ser a mais velha, eu tomei a frente na conversa.
- É fácil. Pegamos uma garrafa pet de 2 litros e colocamos um pouco de areia nela pra ficar pesada. Tiramos 0 ou 1 e o último que ficar será o Jô, o Jô é o pega digamos assim. Nessa primeira rodada, quem tiver mais força no braço arremessa a garrafa o mais longe que conseguir, e o Jô corre em direção que a garrafa foi. Os demais correm no sentido contrário e se escondem. A função do Jô é encontrar todo mundo, sempre que achar alguém ele corre até a garrafa e fala “31 fulano de tal escondido em tal lugar”, faz isso até o final.
- Aah parece fácil.
- Mas aí tem mais uma regra. O Jô ao mesmo tempo que procura os outros, tem que ser uma espécie de guardião da garrafa, pois uma pessoa que ainda não foi encontrada pode correr na direção do garrafão e chutar pra longe. E quem você já encontrou pode correr e se esconder de novo haha. Conseguiu entender?
- É igual Jô esconde né? A diferença é que tem que proteger uma garrafa.
- Isso, e você não pode procurar os outros com a garrafa mão.
- Tá, acho que conseguimos brincar sim, mas precisamos saber o nome de todo mundo também. – Nesse momento apareceu gente de tudo quanto era buraco. Fomos apresentados a todos e nos apresentamos também, se conseguimos decorar o nome de todos eles eram outros 500.
Depois de brincar um pouco, nós começamos a entender melhor o jogo e também decorar o nome de todo mundo. Passamos a tarde toda naquela brincadeira e quando notamos já era noite e nossa mãe veio atrás da gente.
- Pelo visto não demorou pra vocês fazerem novas amizades hein?
- Ah mãe, o pessoal aqui tem quase a mesma idade que a gente, então tinha muita gente brincando. Eles pareciam ser legais.
- Sim, até me chamaram pra jogar bola mais tarde. Posso ir mãe depois da janta? – Gabriel.
- Tudo bem, mas vocês têm que voltar até às 21hrs, combinado?
- Pode deixar mãe, eu fico de olho nessas crianças.
- Sai fora que você nem é tão mais velha assim. – Gabriel.
- Mãe, como vai ficar na escola? Tem que mudar pra uma aqui mais perto do bairro né?
- Aaf, nem bem nos mudamos e você já quer saber de escola. - Gabriel.
- Sim Bruna, vocês vão mudar de escola pra uma aqui perto, eu e seu pai já resolvemos isso. Mas por enquanto vocês ainda estão no início do ano letivo. Só no meio do ano que vão mudar de escola pra não atrapalhar o estudo de vocês.
- Pra qual escola nós vamos mãe? Eu não queria ter que mudar, eu já me adaptei a nossa escola e eu gosto do pessoal. Lá tem uma quadra que da pra jogar bacana.
- E quem disse que nessa nova escola não tem isso? Lá tem piscina e campo de futebol também, muito melhor do que essa que vocês estudam atualmente. – Apesar da dificuldade que passamos, a gente tinha uma vida razoável, estudávamos em colégio privado. Eu não tinha muito do que reclamar. – Agora eu vou cuidar em preparar nossa janta, vão tomar banho que vocês estão fedendo.
Terminado os banhos e a comida, nos encaminhamos até a quadra que tinha ali perto. Tamanha foi minha surpresa quando vejo a mesma menina que nos explicou da brincadeira mais cedo jogando bola com o pessoal, eu sempre era a única menina no meio de um bando de macho, como diria minha mãe. Os meninos pra tentar arrumar uma disputa ou quem sabe deixar o time mais “igual”, deixaram ela em um time e eu em outro, acho que eles imaginavam que seria mais fácil. Alessandra jogava bem também e no final os meninos tiveram um pouco de trabalho com a gente. Lá pelo meio da partida mais outra menina foi chegando. Essa não estava mais cedo brincando com a gente, mas pelo visto conhecia todo mundo.
- Que milagre é esse tu aqui na quadra? – Alessandra.
- Eu fui lá na tua casa e tu não tava lá. Tia Luciana disse que tu tava pela quadra e vim aqui. – Amanda.
- Huum, só assim então pra vir aqui. Que foi? – Alessandra.
- Nada demais, é que eu tava em casa sem fazer nada. Quem é essa outra menina jogando com vocês? Nunca vi ela aqui. – Amanda.
- Aah, essa é a Bruna, chegou hoje por aqui. Vem cá Bruna!
- Oi Bruna, prazer, sou Amanda! – Alessandra olhou aquilo e já entendeu quais as intenções dela, Amanda nunca foi de dar a mão pra ela ou qualquer outro amigo quando estava sujo de jogar bola.
- Aah, oi Amanda, prazer também! Você veio jogar com a gente?
- Não, eu não jogo nada e nem sei jogar também, é capaz de pisar nessa quadra e cair. Não sei como vocês conseguem kkk.
- Não é tão difícil assim, se você quiser eu posso te ensinar depois. – Juro, fui super inocente.
- Olha que eu posso aceitar hein! – Amanda.
Alessandra vendo aquela cena, me olhou como se tivesse uma interrogação enorme em cima de sua cabeça, eu não entendi nada. Não demorou muito e já era hora de voltar pra casa, nos despedimos de todos e fomos embora.
O dia seguinte ainda era o domingo, então ainda tínhamos o dia todo pra nos divertir. Mamãe não deixou que saíssemos logo, ela queria nossa ajuda com a bagunça e como meu pai sempre inventava qualquer desculpa pra não fazer nada, sobrava sempre pra coitada da dona Angélica. Conseguimos fazer praticamente tudo até a hora do almoço, resolvemos fazer companhia pra mamãe e ficamos deitados assistindo um filme qualquer que passava na TV. Lá pelas 16hrs, eu ouvi quando a Alessandra veio me chamar pra jogar na quadra. Fomos todos empolgados, mas acabou que nem jogamos muito, chegou o pessoal mais velho e nos expulsaram de lá, então ficamos na calçada conversando e falando besteira até a hora de entrar.
Fim do capítulo
E essa Amanda? Muito interessada!
Aguardo vocês nos próximos capítulos!
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 11/03/2023
Acorda pra vida Bruna kkkk
Resposta do autor:
Ta dormindo ainda kkkk
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