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A homofobia é um crime imprescritível e inafiançável.Lo siento mucho
12. Lo siento mucho
Para alegria de Amaya, Vanda autorizou o passeio, no sábado acordaram bem cedo e iniciaram a viagem, com objetivo de aproveitarem o dia todo no parque aquático.
- O dia amanheceu lindo, vamos conseguir aproveitar bastante.
E elas aproveitaram muito, fizeram questão de ir em todos os brinquedos para curtir toda a adrenalina. No vestiário, depois do banho, Amaya pediu ajuda com o hidratante pós sol.
- Quando comprei os ingressos, lembrei que você comentou que queria muito um passeio num parque aquático. Mas esqueci completamente que precisaria te auxiliar com protetor solar, como foi mais cedo. Tem certeza que precisa mesmo passar este creme?
- Prefere que eu peça ajuda para outra pessoa? (Provocou).
- Não! (Respondeu e começou a aplicar em suas costas).
- Suas mãos são macias (disse adorando o contato ).
- Amaya, não dificulta.
- Sou tua prova de resistência? (Quis saber dando risada).
- Pronto, terminei.
- Tua vez (não iria perder a oportunidade).
- Você já está se aproveitando (reclamou segurando o cabelo).
- Que nada, você só permite nas costas. Poderia ficar melhor.
- Na frente eu alcanço e você também, pode parar de história. Já vou até fazer uma nota mental, nada de passeios que envolvam piscina, cachoeira ou praia. Agora vamos nos arrumar para pegar a estrada.
Terminaram de se arrumar para regressarem.
- Adorei o parque, muito obrigada!
- Também gostei bastante e não conhecia. Encontrei pesquisando na internet. Nesta semana já volto a trabalhar, temos planejamento de classe por uns dias, antes do retorno das aulas.
- Preciso falar disso contigo, a coordenadora geralmente encomenda comigo bolos e tortas para as reuniões. Como estou trabalhando não vou conseguir entregar desta vez. Será que consegue me ajudar?
- Claro, só me avisar que pego contigo e levo.
- Vou ter aula contigo em quais dias neste semestre?
- Ainda não sei, demoram um pouco para liberar, ainda não está pronto, precisam fazer ajustes. Devem informar na outra semana.
- Posso postar a foto que tiramos?
- Não, por favor (respondeu incomodada).
Amaya se arrependeu por ter pedido aquilo, era óbvio que ela não gostaria, sempre tão reservada e Coraline ficou preocupada com o que pensariam, tinha receio do julgamento. O restante da viagem foi feito em silêncio e o clima já não estava mais tão agradável como antes.
- Tenho colegas do trabalho e a minha família (explicou).
- Foi tolice minha, não vai acontecer novamente.
- Juro que venho tentando lidar com mais naturalidade.
- Chegamos, obrigada por hoje, foi muito bom passar o dia contigo.
- Minha insegurança vai acabar nos prejudicando (lamentou).
- Não deveria ter feito esse pedido, estava tudo tão bem.
- Ainda bem que você falou comigo antes de postar.
- Vou entrar. Boa semana!
- Obrigada e para você também.
♡
Quando as aulas retornaram Ana fez questão de enturmar a amiga, que não conhecia ninguém do período noturno.
- Uma pena que não estudamos juntas.
- Verdade. Seu último ano Am, eu só termino no ano que vem. Nós nos encontramos no intervalo. Boa aula!
Suas aulas de espanhol ficaram para terça e quinta. Logo ela se acostumou com a mudança de turno.
♡
No mês de março dona Carlota ficou ainda mais debilitada e precisou ser internada. Foi submetida a uma cirurgia cardíaca de alto risco e infelizmente acabou não resistindo.
Estou muito triste e queria te ver.
Te ligo no meu intervalo, daqui uns quarenta minutos.
Ok.
Ficou preocupada, mas, não podia se ausentar da sala, seus alunos estavam fazendo provas. Naquele horário elas geralmente não conversavam, estranhou a mensagem e assim que conseguiu ligou.
- Alô!
- Amaya, tudo bem?
- Não, a dona Carlota faleceu hoje cedo (contou chorando).
- Eu sinto muito, tenho só mais uma aula depois do intervalo e vou te encontrar. Você está na sua casa?
- Estou. Vou ficar te esperando.
No final da manhã mandou mensagem avisando que tinha chego, nunca tinha visto a moça tão abatida. Insistiu muito para almoçarem juntas, extremamente entristecida, ela comeu bem pouco.
- Acho que não vou para aula hoje. Não estou bem. Amanhã cedo minha mãe vai comigo ao velório. Obrigada por ter vindo.
- Não precisa agradecer. Amanhã é sábado e não trabalho. Se quiser fazer algo para distrair a tarde ou a noite é só me avisar.
- Vamos nos falando (deu um abraço nela e desceu do carro).
♡
No final de semana Amaya não quis sair, optou por ficar quietinha.
Para o seu total pesadelo, tudo resolveu acontecer ao mesmo tempo.
Durante a semana Ana foi vítima de um ataque homofóbico.
- Oi, tudo bem?
- Amaya, aconteceu uma coisa chata, todas as quartas temos reunião pedagógica, o professor de educação física não participou, teve que socorrer dois alunos que foram agredidos aqui próximo.
- Nossa! Eles estão bem?
- Estão no hospital, não tenho aula hoje a noite, mas, preferi te esperar para te contar, não queria que soubesse por outra pessoa.
- Agradeço o teu cuidado comigo, estou triste, mas, ficando melhor.
- Que bom.
- Você quer me dizer mais alguma coisa? Parece inquieta.
- É que machucaram a tua amiga (foi direta).
- Como assim? A Ana que foi agredida?
- Ela e o Juninho, estudam na mesma sala e vivem andando juntos.
- Meu Deus! Eu quero vê-la, sabe para qual hospital ela foi levada?
- Sei sim, eu te levo, só avisa a tua mãe. Vem, vamos!
Mandou uma mensagem por áudio avisando sua mãe. Ficou nervosa e preocupada com a notícia. Como eles foram levados para o hospital mais próximo, não demoraram para chegar.
Amaya ligou no celular da amiga e a mãe dela quem atendeu.
- Oi tia, acabei de chegar no hospital, quero muito ver a Ana (explicou).
- Quero sair para fumar, te entrego o crachá de acompanhante e você entra. Me espera na recepção que já desço.
Aguardaram por alguns minutos, o ambiente estava bem movimentado, várias pessoas aguardando por atendimento.
- Tia, como ela está?
- Agora está sem dor, colocaram medicamentos no soro, assim que acabar vão liberar e vamos para casa.
- A senhora conhece a professora Coraline?
- Desculpa, não te cumprimentei, ainda estou meia atordoada. Misericórdia essas coisas assustam a gente. Vai lá minha filha.
Amaya pegou a identificação de acompanhante e entrou rapidamente, estava ansiosa para ver e conversar com a amiga.
- Am, não precisava ter vindo aqui, sei o quanto você está triste.
- Aninha, não se preocupa comigo. Quero saber como você está.
- Amiga, nunca vi tanto sangue, por conta do ferimento no supercílio, o professor que nos ajudou me deu até a camisa dele para tentar dar uma estancada, levei cinco pontos. Estou toda dolorida, mas, vou ficar bem.
- Vai sim. Machucou o braço também (falou observando os hematomas).
- Na queda, foi quase uma fratura e precisou enfaixar. Ainda bem que não foi nada grave e não vai precisar operar. Agora já estou sem dor.
A enfermeira informou que o soro acabou, retirou o acesso, perguntou se estava bem e avisou que precisava da responsável para liberar.
- Já vou chamar a tia e te espero lá embaixo (disse Amaya).
Ela ainda queria conversar mais e saber como aquilo aconteceu.
- Tia, ela recebeu alta, mas, precisam da senhora lá para liberar.
- Que bom, vou lá, por favor, fiquem com a mochila dela, está pesada.
- Deixa a sua bolsa também, assim fica livre para ajudá-la.
Sentaram no banco que estava livre e contou como a amiga estava.
- Quer que eu compre uma água para você?
- Não precisa, obrigada. Elas já estão vindo.
- Ana vou ligar para o seu pai para ele vir nos buscar.
- Eu levo vocês, estamos de carro, assim não precisam esperar.
Elas aceitaram, Ana estava cansada, queria tomar banho e descansar.
- Aninha, consegue me contar o que te aconteceu?
- Marquei de chegar mais cedo para fazer um trabalho com o Juninho na biblioteca, nós descemos do ônibus e estávamos indo na papelaria, dois caras preconceituosos começaram a mexer conosco, nós os ignoramos, não pararam e partiram para os xingamentos, ficaram incomodados vendo uma sapatão masculina e uma gay afeminada, do nada começaram as agressões, partiram para cima do Juninho, gritei por ajuda, acertaram meu olho e me empurraram com tanta força que cai em cima do braço esquerdo. O dono do bar gritou que iria chamar polícia e eles saíram correndo, o professor estava passando de carro.
- Amiga, que horror, imagino o desespero de vocês dois.
- Estou preocupada com ele, foi transferido para outro hospital e ainda não temos notícias (contou e começou a chorar entristecida).
- Sinto muito (disse secando as suas lágrimas).
Deixaram as duas em casa e Amaya avisou que no dia seguinte voltaria.
- Vamos comer algo juntas ou te levo direto para tua casa?
- Quero ficar contigo (falou com os olhos cheios de lágrimas).
- Sua mãe se incomodaria se você pedisse para dormir na minha casa?
- Vou ligar e pedir para ela.
Fim do capítulo
Caso sofra ou presencie situações de racismo, homofobia, lesbofobia, transfobia ou qualquer outra forma de discriminação e violação de direitos humanos não se cale. DISQUE 100.
Comentar este capítulo:
HelOliveira
Em: 03/03/2023
É muito triste esse tipo de agressão, mas infelizmente é uma realidade...
Resposta do autor:
Hel, agradeço por acompanhar e comentar.
Vdd infelizmente é desta forma.
Tenha um bom final de semana!
Beijos e abraços, May.
Marta Andrade dos Santos
Em: 03/03/2023
Misericórdia!
Resposta do autor:
Pesado né
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Lea
Em: 02/03/2023
É algo tão desumano a agressão de toda e qualquer forma. Isso é revoltante!
*
Boa noite, May!
Resposta do autor:
Lea, boa noite! Tudo bem? Muito obrigada por acompanhar e comentar.
Infelizmente são inúmeros episódios tristes. Bom final de semana! Beijos
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