AZUL VIOLETA por alex72
Capitulo 13 -Destino
Aline
Os anos haviam me preparado para aquele encontro, ela era frequente no meu pensamento, com toda dor que ela me fez carregar, por toda minha vida.
Foram 20 anos imaginando como ela estava e eis que onde eu menos esperava encontra-la dou de cara com quem mudou minha vida por inteiro, e fez eu custar a achar meu caminho.
Enfim, vesti minha melhor personagem, e aproveitei a loira que estava descaradamente dando em cima de mim, ela era bem gostosa então não foi sacrifício nenhum.
Sentia o olhar dela me queimando, como sempre, e fiz questão de mostrar total indiferença, obvio que não era isso que eu sentia por dentro, dentro de mim estava um turbilhão de pensamentos misturados, lembranças, sorrisos e lágrimas, luz e treva.
Quando o aparecido da sala pediu a palavra, olhei para Lorena e peguei ela no flagra olhando para mim, não pude deixar de achar engraçado.
Não sabia bem o que pensar, muito tempo se passou e eu achei que a esta altura estaria curada da paixão juvenil que havia sentido por ela, apesar que eu deveria ser honesta “ sempre havia sido amor”, por causa dela descobri a minha sexualidade e por causa dela sempre busquei o mesmo tipo de sentimento que nunca encontrei.
Enfim, só o tempo iria me mostrar o que iria acontecer.
20 anos antes
Ademir me deu as coordenadas dos horários da Lorena, bem diferente dos meus, sabia que seria quase impossível esbarrar nela, pois morávamos o oposto e a esta altura com certeza ela casada não andava de bus como a pobre aqui, pensei sorrindo.
Não queria mais passar pelo que havia passado, o constrangimento, a tortura quase física de estar perto e quilômetros de distância de quem algum dia morri de amor.
Passei pela entrada no escritório e o horário de almoço sem ter nenhum tipo de problema, a tarde fui como sempre caminhando pelo viaduto, pois pegava o bus na avenida dos Andradas, quando esperava para atravessar a avenida e olhei para o ponto de ônibus que no horário do ruch era sempre lotado, levei um soco no estomago ao reconhecer ao longe a silhueta da mulher que amava como todas as moléculas do meu corpo e por quem agora também havia um sentimento de dor.
Atravessei lentamente pensando sinceramente em dar meia volta e ir para outro lugar, mas não iria fazer isso, tinha que enfrentar a situação, afinal eu já fazia este trajeto a mais tempo que ela.
Fiquei distante dela no ponto de ônibus rezando para que ela não me visse e que fosse somente aquele dia por obra de um destino que gostava de brincar com minha dor que eu a visse.
Porém alegria de pobre dura pouco e como se fossemos sempre guiadas por um imã ela se virou e seus olhos azuis violetas, cruzaram com os meus como se fosse um folhetim sendo escrito.
Ela perdeu a cor sem saber qual reação tomar, virei o rosto lentamente olhando o nada, porém pela minha visão periférica notei que ela me observava, ficamos assim até ela tomar o bus e seguir o caminho dela.
Lorena
Estava começando uma nova jornada, um novo trabalho, uma nova vida, eu precisava disso, não dava mais conta de andar por aqueles corredores, cheios de tantas lembranças tortuosas.
Estava recém casada e precisava também criar juízo e não continuar minhas puladas de cerca, meu marido era um homem bom, que sempre havia tentado de tudo para me ver sempre feliz, pelo menos era assim no nosso namoro/noivado.
Assim agora quase formada arrumei um grande emprego em uma empresa renomada e esperava que os bons ventos soprassem a meu favor.
Foi um primeiro dia de trabalho legal, com aquele frio bom na barriga do novo e do desafio, como boa ariana adoro.
Fim de expediente e fui pegar o Bus para a Facul, ainda não havia comprado um veículo para mim, pois com tantos gastos de casamento e faculdade, não gosto de pedir nada e depender de homem.
Estava absorta no ponto de ônibus, esperando que ele passasse quando um frio na espinha me alertou que algo estava acontecendo, virei-me lentamente e um par de olhos castanhos os mesmos que eu sempre lembrava estava ali.
Pensei por um momento que ia desfalecer, senti o sangue fugir do corpo e a boca ressecou, ela virou o rosto quebrando o contato visual, porém eu fiquei ali meio que paralisada até que o bus da faculdade passou.
Será uma coincidência ou teria que esbarrar com a Aline até o fim das minhas aulas? Meu Deus, quando isso vai acabar?
Aline
Ficamos assim dia após dia esbarrando no ponto de ônibus, ela me olhando de esguelha como se eu não pudesse observar.
Amava-a com toda a força do coração, mas antes disso eu era amiga dela e sentia pena de termos deixado de nos falar e nos resolver.
Um dia reunindo toda coragem resolvi aproximar dela, era uma sexta feira me lembro bem, cheguei e falei:
-Anjo, somos adultas por que não podemos conversar e acabar com isso?
Ela virou para mim, o sangue subiu e tingiu seu rosto e nada, nada neste mundo havia me preparado para sua reação.
Ela berrou para quem quisesse ouvir:
- Quantas vezes tenho que te dizer que eu não gosto de mulher sua sapatão! Não dirija a palavra a mim nunca mais.
Eu olhei estupefata para aquela mulher que eu tanto amava e quando ela fez menção de sair de perto segurei forte em seu braço e entre dentes disse a ela:
- Se um dia eu senti amor por você Lorena, saiba que a partir deste momento eu sinto pena, pena de um ser humano não saber verdadeiramente o que é amor e amar. Você é digna disso de dô e fique sossegada espero nunca mais dirigir a palavra a sua pessoa.
Larguei o braço dela em um safanão e pude ver a marca dos meus dedos na pele branca dela, sai de perto e pouco depois ela se foi.
Fim do capítulo
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