Capitulo 1 - A chegada
No interior de Goiás, Maria Fernanda viveu os primeiros 18 anos de sua vida. Morando em uma pequena cidade, com pais restritos, deu um salto em direção à liberdade quando resolveu se mudar. Passou na faculdade, arranjou um emprego temporário, tingiu o cabelo de loiro, tudo isso no primeiro ano em São Paulo. Trocou o lipgloss que sua mãe permitia usar pelo batom vermelho escarlate, além do delineador enaltecendo seus olhos amendoados; trocou as roupas conservadoras que lhe eram permitidas usar por decotes ombro-a-ombro e semi-coração.
Foi vivendo fora de casa e tendo contato com a cidade grande que entendeu o motivo de nunca se apaixonar por um garoto, algo que decidiu manter segredo de sua família e pessoas de sua antiga cidade. Entre casos e acasos, seu relacionamento mais recente era com Ingrid, sua veterana de faculdade. O casal já celebrava dois anos de compromisso, vivendo como se estivessem em um início de namoro.
Tudo parecia se ajustar na vida de Maria Fernanda, e ela dava os créditos disso à namorada que tanto amava. Sua única tristeza era não poder professar esse amor para o mundo todo, pois apenas as pessoas do círculo social local do casal sabiam do relacionamento. Na formatura de Fernanda, por exemplo, Ingrid foi apresentada como "amiga" ao encontrar os pais da nova advogada, que vieram de Goiás para comemorar o fim dos cinco anos de curso.
Apesar de o casal ter o costume de passar dias uma no apartamento da outra, haviam decidido que esperariam Fernanda se graduar para unirem de vez as escovas de dente. Para completar, Fernanda também queria se estabelecer no mercado de trabalho para iniciar a vida a duas.
Foi a própria Ingrid quem levou Maria Fernanda para a entrevista de emprego em uma firma que a veterana já trabalhava desde quando se formou - um ano atrás, e foi ela que esteve ao lado da namorada quando recebeu a notícia da vaga de Advogada Júnior nesta mesma firma prestigiada no Centro de São Paulo. Finalmente, Fernanda ganharia bem o suficiente para compartilhar um apartamento com a namorada, de maneira que a divisão financeira não ficasse desproporcional. Agora, com diploma e carreira nos trilhos, tudo mudaria. Exceto por uma visita peculiar em seu apartamento.
- Amor, atende o interfone para mim, por favor? - Pediu Maria Fernanda, enquanto terminava de se arrumar para o jantar de celebração pelo novo emprego.
- É uma tal de Lorena. Disse que veio visitar. Que Lorena é essa, Maria Fernanda? - Ingrid colocou a mão sobre o monofone, bloqueando o som.
- Lorena?! - Maria Fernanda questionou, perdida por um momento. - Lorena!! Eu esqueci de lhe falar!
- Esqueceu de me falar que uma mulher vinha lhe visitar?
- Não é isso, Ingrid. Foi tudo muito repentino. Ela mandou mensagem anteontem perguntando se poderia ficar em casa alguns dias para uma entrevista de emprego e eu disse que estava tudo bem. Ela é da cidade dos meus pais, foi minha amiga, estudou comigo.
- Você teve desde anteontem para me contar e esqueceu? - Ingrid, indignada, passava a mão em seu cabelo ruivo acobreado, enquanto aguardava uma resposta da namorada.
- Com a notícia da minha contratação eu esqueci completamente! A última mensagem que ela me mandou foi de manhã me avisando que ainda estava na estrada, que a viagem era longa e blá blá blá. Achei que ela chegaria só de madrugada... por favor, mande-a subir, não a deixe esperando.
Ainda contrariada, Ingrid atendeu ao pedido.
- E tem mais uma coisa... - Maria Fernanda complementou. - Ela não sabe que sou lésbica.
- E mais uma vez vou ter que me apresentar como "a amiga". - Ingrid revirou os olhos. - E o nosso jantar?!
Maria Fernanda apenas respondeu com o olhar, cujo qual a namorada já entendia muito bem.
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Com um abraço apertado, Maria Fernanda cumprimentou Lorena, erguendo-a sobre o ar da maneira que faziam quando eram adolescentes. Também lhe ajudou com as três malas, de tamanho considerável, colocando-as na sala. Os cabelos acastanhados e relativamente bagunçados de Lorena, colocados em um coque mal ajustado, revelavam que realmente acabara de chegar de uma viagem extremamente cansativa.
- Por que não me avisou que estava chegando?! - Maria Fernanda questionou, desvinculando-se do abraço.
- A bateria do meu celular acabou! Eu tinha seu endereço guardado na cabeça quando sua mãe me passou, daí pedi um táxi.
- Você pediu um táxi da rodoviária do Tietê até aqui?! - Ingrid perguntou.
- Sim, eu achei meio caro, tive que passar o cartão na maquininha do moço porque não tirei dinheiro.
- É lógico que ficou caro! - Maria Fernanda riu da inocência de Lorena. - Você deveria ter recarregado a bateria do seu celular em um dos terminais lá da rodoviária, aí você teria me ligado e iríamos lhe buscar!
- Eu poderia ter lhe dado carona se Maria Fernanda tivesse me avisado sobre sua vinda. - Ingrid alfinetou.
- Eu não poderia abusar assim de vocês! Nem aceitar carona, afinal já estou abusando da hospedagem! Aliás, vocês moram juntas? São colegas de apartamento?
- Não! - Maria Fernanda respondeu em um ímpeto.
- Somos amigas dos tempos de faculdade. - Ingrid completou.
- Que bacana! Fez faculdade de Direito também?
- Fiz sim. Formei-me um ano antes dela.
- Então você é veterana dela! - Lorena olhou para Maria Fernanda e apontou para Ingrid.
- Não, ela é minha caloura. Eu sou veterana dela. - Ingrid corrigiu.
Certo, certo. - Lorena riu. - Acho que ainda estou atordoada da viagem.
- Foram quantas horas? - Maria Fernanda questionou.
- Quase vinte... Nossa, vocês vão sair? Agora que percebi que estão arrumadas. Ou paulistanas ficam assim arrumadas em casa o dia inteiro?
- Nós iríamos sair, mas não era nada importante, eu que calculei mal o horário da sua chegada e cruzei planos sem querer. - Maria Fernanda explicou.
- Na verdade iríamos celebrar o fato de Maria Fernanda ter conseguido um emprego no escritótio Rizzoni - Ferrari.
- Sério? Onde é?
- Fica no Centro. É simplesmente o maior escritório da cidade. - Ingrid respondeu, como se fosse um fato óbvio. - Eu também trabalho lá. Iríamos jantar para comemorar.
- Am(or)...iga, Lorena nunca esteve aqui em São Paulo. - Maria Fernanda comentou.
- Sério? Primeira vez? E já com proposta de emprego? Teve sorte, hein!
- Não é bem uma proposta, é apenas uma entrevista para uma vaga de assistente em um restaurante. Eu enviei meu currículo por e-mail e chamaram.
- Que legal! Você é formada em gastronomia? - Ingrid perguntou.
Um silêncio constrangedor por alguns segundos se instaurou.
- Eu não fiz faculdade. - Lorena revelou, envergonhada. - Penso em começar aqui.
- Tenho certeza que se selecionaram seu currículo para a entrevista, viram potencial em você. - Maria Fernanda complementou.
- Eu trabalhei por um tempo no restaurante do Seu Martinho, comecei como garçonete até me tornar assistente dele na cozinha. - Lorena explicou. - Também trabalhei a noite gerindo a lanchonete da dona Marisete.
- Essa lanchonete era meu local favorito no Ensino Médio. - Fernanda lembrou, com um sorriso no rosto.
- Não é um currículo ruim. - Ingrid admirou, ao escutar a linha do tempo dos vínculos empregatícios de Lorena. - Só não vá erguendo suas esperanças porque São Paulo é uma competição sem limites.
- Mas também é a terra de oportunidades. - Maria Fernanda contestou a namorada. - Eu consegui chegar até aqui. Tenho certeza que Lorena também chegará.
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Enquanto Lorena tomava banho para expurgar aquele cansaço da viagem, Maria Fernanda ajeitava uma estadia provisória no quartinho que outrora abrigava algumas tralhas acumuladas que foram transferidas para a lavanderia.
- Quantos dias ela vai ficar aqui? - Perguntou Ingrid, apenas observando a namorada trabalhar.
- Sei lá. Uma semana talvez? O tempo necessário para receber a resposta após a entrevista de amanhã? Não faço ideia.
- E por que não perguntou?
- É falta de educação perguntar esse tipo de coisa para alguém que acabou de chegar. E não achei nada legal sua atitude em diminuir a garota por não ter feito faculdade.
- Eu não diminuí! Só constatei que em São Paulo é difícil!
- Eu também cheguei aqui sem ter um ensino superior, e o pior, sem experiência. Consegui alguns bicos, arranjei empregos temporários, tudo isso para poder me sustentar durante a os tempos de faculdade e inclusive ganhei o suficiente para alugar um apartamento relativamente decente. E agora finalmente consegui o emprego dos meus sonhos.
- Emprego esse que iríamos celebrar se não fosse a chegada dela...
- Oi... precisam de ajuda? - Lorena apareceu com uma toalha enrolada na cabeça, uma camiseta antiga e shorts de pijama.
- Não, fique tranquila! Só vou pegar o secador de cabelo para encher seu colchão de ar. O ambiente é pequeno, peço desculpas por isso.
- Pequeno? Isso aqui é maior que o meu quarto lá na nossa cidade! - Lorena riu. - Para mim está mais do que ótimo. Eu posso encher o colchão se quiser, afinal logo irei dormir.
- Não são nem nove da noite. - Ingrid estranhou. - Não quer nem ao menos sair para beber? Conhecer um pouco a cidade...
- Lorena não bebe, am(or)...iga. - Pela segunda vez, Maria Fernanda quase se rende ao ato falho, corrigindo no último segundo antes que se tornasse uma situação estranha.
- Você não bebe? Sério? - Ingrid perguntou.
- Hey! Eu bebo sim! - Lorena franziu a testa. - Mas não, agora não quero beber, obrigada.
- E desde quando você bebe? - Maria Fernanda estranhou.
- Você saiu da nossa cidade há mais de 5 anos, muita coisa mudou, Fer.
- Então não quer sair mesmo?
- Não, eu não passei muito bem na viagem, prefiro descansar para a entrevista de emprego. Mas se for por mim, fiquem tranquilas, podem sair e comemorar o emprego!
- A reserva já foi cancelada de qualquer forma. - Ingrid desabafou.
- Acho que vou ficar em casa também. - Fernanda concluiu. - Tenho que ir amanhã cedo pedir as contas no meu antigo emprego. Ingrid, quer dormir aqui em casa? Posso arrumar o sofá se quiser. Ou eu durmo no sofá, tanto faz.
- Sofá? - Ingrid não conseguia se conformar com tamanho teatro da namorada. - Não, muito obrigada, vou dormir na minha cama mesmo, no meu apartamento.
- Tem alguma coisa de errado com a sua amiga? - Lorena perguntou, ao ver Ingrid ir embora. - Ela parece chateada.
- Ela só queria se divertir hoje, só isso. - Maria Fernanda divergiu.
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Pela manhã, Maria Fernanda começou a preparar um café da manhã reforçado. Passou um café extra forte, comprou pães e alguns frios. Fez também um suco natural de morango ao leite, recordando-se das preferências da amiga nos tempos de escola.
- Bom dia... - Apareceu Lorena, com o rosto completamente amassado, sentindo como se um trator tivesse passado por cima de si.
- Bom dia, dormiu bem?
- Não muito, estava ansiosa, passei um pouco mal.
- Não quer ir ao hospital? Desde ontem não está bem.
- Que isso, não precisa não. A última coisa que comi foi um pacote de salgadinho, então não tinha como eu ficar bem mesmo. Isso aí é suco de morango?
- Batido com leite, do jeito que você gosta!
- Não acredito que você lembrou!
- Claro que eu lembro, toda vez que você dormia em casa minha mãe fazia porque sabia que era seu favorito.
- Que boa memória! Mas não era para eu me surpreender, sua mãe me falou que você se formou como primeira da turma de Direito! - Lorena comentou, com um sorriso sincero no rosto.
- Não gosto de me gabar por isso. A sala toda foi boa como um todo.
- Não lembrava dessa sua modéstia no Ensino Médio...
- Quando eu era adolescente procurava provar e me autoafirmar constantemente para os outros. Quando cheguei aqui, fui eu mesma, as coisas mudaram. - Maria Fernanda contou inocentemente.
- Como assim você não era você mesma? - Lorena interrogou, estranhando a fala.
- Digo... eu não gostava de cidade pequena, não era uma pessoa de cidade pequena. Era isso. Vim para a cidade grande, tornei-me pessoa de cidade grande, foi isso que quis dizer. - Maria Fernanda argumentou disfarçadamente. Aprendeu a improvisar bem na faculdade de Direito.
- Entendo. Acho que também sou de cidade grande. Não sei. Estou descobrindo ainda!
- Er... que horas é a sua entrevista?
- É às nove.
- Nove? Onde é?
- É perto da Sé. Pelo menos foi o que me disseram por telefone.
- O quê?! Não vamos chegar em tempo se formos pegar ônibus!
- Mas a Sé tem uma estação de metrô, não tem?
- Tem, mas nós moramos longe do metrô! Deveríamos pegar ônibus até o metrô!
- Sim, mas é sete e meia da manhã ainda, não?
- Você não entende São Paulo, Lorena. Eu acordei agora porque só tenho que estar mais tarde lá no meu antigo local de trabalho, bem mais tarde. Senão estaria de pé cinco e meia da manhã! Vamos ter que chamar um carro pelo aplicativo.
- Então se vamos chamar, temos tempo para tomarmos café da manhã, nos arrumarmos e conversarmos um pouco, certo?
- Certo, certo. Quer falar sobre o quê?
- Garotos. - Lorena não se conteve. - E aí? Sua mãe falou que depois da formatura viu você conversando com um tal de... Gustavo?
- Gustavo? - Maria Fernanda riu. - Gustavo é um grande amigo. Nada mais. O que mais minha mãe contou?!
- Contou que gostou do Gustavo, menino simpático, que ela torcia para dar em namoro, mas o resto da história eu não ouvi, ela estava falando com a minha mãe, sabe como as duas fofocam por horas e horas na varanda de casa.
- Sei muito bem. Conheço aquelas duas. Mas me conte mais de você. O que tem feito desde que fui embora?
- Como disse, consegui aqueles empregos em restaurantes e lanchonetes. Estava juntando dinheiro para começar a faculdade.
- E o que aconteceu?
- Como assim?
- Você disse que estava juntando dinheiro para começar a faculdade e de repente veio parar em São Paulo.
- Justamente por causa dessa entrevista de emprego, oferece muito mais do que qualquer emprego no mesmo cargo lá na nossa cidade. Foi um anúncio que eu vi no Facebook e resolvi tentar em um daqueles grupos que anunciam vagas em restaurantes por todo o país.
- E por que São Paulo? Digo, poderia ter sido um anúncio de Brasília, do Rio de Janeiro...
- Bem, você venceu na vida aqui em São Paulo. Você é o assunto do nosso bairro, a mulher bem sucedida, a advogada com um grande futuro... acho que me inspirei porque aqui você deu certo. Além do mais, você mesma disse, São Paulo é a terra das oportunidades.
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Lorena e Maria Fernanda combinaram de se encontrar para almoçar próximo a estação em que a advogada deixou a amiga para o local de entrevista. Com alguns minutos de atraso, Lorena apareceu e sentou-se à mesa que Maria Fernanda guardava para ambas.
- E aí? Como foi a entrevista?
- Não estou muito confiante. - Lorena desabafou. - Eram quase 30 pessoas. Passaram a manhã inteira entrevistando, foi por ordem de chegada, fui uma das últimas.
- Não se preocupe. Confio no seu potencial. - Maria Fernanda afagou a mão da amiga do outro lado da mesa.
- Saberemos se meu potencial vale tudo isso até as 8 da noite de hoje. - Lorena sorriu ao sentir o apoio.
- Já?
- Pois é, o restaurante contratou uma empresa terceirizada de RH para contratar, são dez cargos na verdade.
- Dez cargos, trinta pessoas. A concorrência não é tão grande assim.
Enquanto conversavam, Ingrid também apareceu.
- Esqueci de lhe avisar, Lorena, a empresa que Ingrid trabalha - e que em breve trabalharei, fica apenas a uma estação de distância daqui, então a chamei para almoçar também.
- E a entrevista? Arrasou? - Ingrid questionou, curiosa.
- Prefiro falar sobre o cardápio. Esses preços aqui são de porções individuais?
- Bem vinda a São Paulo... - Ingrid comentou.
- Ingrid, Lorena tem que esperar até o início da noite para os resultados. Poderíamos combinar algo para hoje! Irmos a algum bar, sei lá.
- Podemos ir naquele bar na parte alta da rua augusta, que fomos no nosso primeiro encontro...
-...De turmas, no primeiro encontro de turmas, alguns veteranos e calouros se reuniram lá. - Por pouco, Maria Fernanda se safou.
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Maria Fernanda retornou com Lorena ao apartamento, percebendo a pilha de nervos que estava a aspirante ao cargo no ramo culinário. Seus olhos não saíam da tela do celular. Com muito custo, Maria Fernanda conseguiu convencer a amiga a ter uma noite de diversão na cidade.
Ingrid também resolveu levar ao bar mais duas amigas, coincidentemente, um casal lésbico.
- Meninas! - Ingrid cumprimentou Maria Fernanda e Lorena. - Eu estava saindo do trabalho e topei com a Sophia, então resolvi chamá-la, e ela convidou a esposa, Mariana!
- Esposa? - Lorena se assusta com a palavra, uma ligeira reação que em segundos se normalizou.
- Elas são casadas, Lorena. - Ingrid reiterou. - Sophia trabalha comigo e Mariana é proprietária e chef de um restaurante na zona Sul.
- Eu não trabalho com você, você trabalha para mim! - Sophia corrigiu, brincando.
- Só porque você já é advogada plena na firma!
- E soube que teremos mais uma novata, então? - Sophia questionou, olhando para Maria Fernanda.
- Pois é, a mais nova aprovada na Rizzoni - Ferrari! - Ingrid completou.
- Primeiro de tudo, saiba que o Ferrari é muito mais simpático que o Rizzoni. - Sophia começou explicando. - E eles adoram ser chamados de doutores, apesar de eu achar isso completamente sem noção.
- Realmente. Ah, e você não deve errar perto do Vieira. - Ingrid complementou.
- Quem é Vieira? - Maria Fernanda questionou.
- É o advogado mais chato e criterioso da empresa. Mas não se preocupe, tirando ele, os outros são uns amores.
- A única coisa que sei sobre a empresa é que Rizzoni e Ferrari, os originais, eram cunhados e terem passado o escritório para os filhos. - Maria Fernanda comentou.
- Exatamente. - Sophia acenou com a cabeça. - Não trabalhei com os pais dos sócios atuais, mas dizem que eles também trabalhavam com Direito Penal e alguns dos casos mais famosos que estudamos na faculdade, eles participaram.
- Rizzoni e Ferrari são primos, então? - Lorena quis participar da conversa.
- Exatamente. - Maria Fernanda respondeu.
- Não se preocupe, se você se perder na conversa, podemos falar de gastronomia. - Mariana, a chef, riu. - Inclusive, vou pegar algumas cervejas, quer ir comigo?
- Pode ser... - Ainda meio desconfortável, Lorena aceitou.
- Eu vou com vocês! - Prontamente, Maria Fernanda se ofereceu. Não queria dar espaço para quaisquer comentários indevidos longe de sua presença.
Enquanto isso, Sophia e Ingrid continuavam a conversar.
- Eu não entendi uma coisa: Essa Lorena é homofóbica? A maneira que ela olhou para nós, ou é muito inocente ou é preconceituosa...
- Eu não sei qual é a dela, de verdade, Sophia. Só sei que, como já lhe disse, Maria Fernanda não quer falar para ela que é lésbica.
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- Por favor, queremos três baldes com aquela cerveja Pale Ale ali. - Mariana pediu, apontando para determinada marca.
- Mari é uma excelente sommelier, Lorena. Você vai curtir toda cerveja que ela indicar. - Fernanda elogiou.
- Acho que hoje não estou muito no clima de beber cerveja...
- Lorena, se seu medo é ficar bêbada e passar vergonha, não se preocupe, eu-
- O restaurante enviou a mensagem! - Lorena anunciou, enquanto lia no celular.
- E aí? - Ansiosa, Maria Fernanda interrogou.
- Eu preciso ir ao banheiro. - Nauseada, Lorena se retirou.
Maria Fernanda, preocupada, foi logo atrás.
- O que aconteceu, Lorena? Você não passou?
- Não. - Quase gorfando em frente à pia, Lorena tentava respirar profundamente.
A advogada então segurou o cabelo castanho levemente ondulado da amiga, deixando-a livre para vomitar. Seu rosto caucasiano ficou mais pálido ainda conforme a náusea aumentava.
- Lorena, não precisa ficar preocupada, tenho certeza que lá na nossa cidade tem outras oportunidades, você tem um bom currículo!
- Eu não posso voltar para lá, Maria Fernanda.
- E por que não?
- Porque estou grávida. Minha mãe me expulsou de casa. Para não ficar feio à vista da cidade, eu vim para cá na esperança de que conseguisse esse emprego. Não tenho para onde ir. - Confessou, por fim, Lorena.
Fim do capítulo
Estou começando agora, perdão por quaisquer erros que tenham passado despercebidos! Fiquem à vontade para comentar, criticar, sugerir e participar! Obrigada!
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Marta Andrade dos Santos
Em: 31/12/2022
Misericórdia danou tudo.
Resposta do autor:
KKKKKKKKK um plot twist para salgar a história!
Obrigada por estar lendo! <3
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