Whitout me por Kivia-ass
Eu já devia esperar
POV THEODORA
-Caiu da cama? – Ester perguntou sorridente. – Bom dia!
-Bom dia. – Entrei quando ela me deu passagem. – Tá sozinha?
-Sim, acabei de deixar Valentina na escola, e a Lu está em Brasilia. – Ester me levou pra cozinha e nos sentamos. – Aconteceu algo?
-Preciso conversar com alguém, e de preferência alguém que não vá me julgar. – Falei com a mão no queixo.
-Eu não faria isso. – Ester fez um carinho em minha mão. – Me conta o que está te afligindo!
-Passei a noite com a Catarina. – Ester que enchia a tigela com leite derramou tudo depois da informação.
-Desculpa. – Ela limpou com o pano de prato. – Como assim, Theo? Mas e ai? Vocês voltaram? Conversaram?
-Não, não e não. – Suspirei antes de encher a caneca de café. – Eu fui até a casa dela e passamos a noite juntas, trans*mos, agora de manhã me bateu choque de consciência e fui embora.
-Não conversaram nem agora de manhã? – Ester perguntou e eu me senti culpada por não ter esperado ela acordar.
-Sai antes dela acordar. – Ela apertou os lábios e balançou a cabeça. – Fiz mal, né? Eu não devia ter cedido, fui no calor do momento, ela ficou me provocando, quando dei por mim estava dirigindo em direção a casa dela.
-Theo, a relação de vocês duas envolve tanta coisa. – Coloquei a mão no rosto. – Vocês tem um passado, você sente tudo com muita intensidade, e eu sou do tipo de pessoa que gosta de resolver as coisas no diálogo, coisa que vocês duas devem fazer. Mesmo se for pra ser só sex*, essas coisas precisam ser ditas.
-Não é tão fácil quando se envolve sentimento. – Estava tudo muito confuso. – Com as outras garotas eu simplesmente digo que é só sex*, mas estamos falando de Catarina, a garota pra quem eu me entreguei de corpo e alma, e a mesma que disse com todas as letras que não me amava, que me fez ficar anos longe da minha melhor amiga.
-O sentimento ainda está aí, né? – Ester me encarava e eu não sabia o que responder. – Ninguém nunca ocupou o lugar dela, e você também não fez questão que ocupassem. Você só mascarou o sentimento, ficou com todas em busca de uma só.
Não respondi nada, apenas ouvi as palavras saindo da boca dela. Ester era madura nesse lance de relacionamento e talvez seja o momento de ouvir o que ela tem pra dizer.
-Não sei se a Catarina te ama, não sei se é só sex*, mas você não vai se livrar da dúvida se não perguntar. – Ester falava calmamente. – Nem que seja pra colocar um fim nisso, e você conseguir se livrar dessas amarras do passado, às vezes você está se privando de viver algo incrível, por ainda estar presa na Theodora de oito anos atras.
-Eu tenho medo, tenho medo de nunca mais conseguir me apaixonar por alguém igual fui apaixonada por ela. – Confessei pela primeira vez. – Só Deus sabe o quanto eu sofri, foi avassalador demais o sentimento que tive por ela.
-O que você sentiu ontem? Quando estavam lá na hora H? – Ela perguntou e eu sorri de lado.
-A mesma sensação da nossa primeira vez. – Me lembrei do momento em que nossos olhares se cruzaram e eu tentei me livrar do pensamento. – Eu disse que amava ela na nossa primeira vez, acredita nisso?
-Eu disse que amava a Lu, no nosso primeiro beijo. – Abri um sorriso enorme com a informação. – A gente sabe quando é verdadeiro, e não precisa colocar tempo pra sentir. Eu posso ser uma emocionada, mas eu não quero ter que conter meu amor.
-Eu já disse que amo vocês duas juntas? – Ela afirmou com a cabeça? – O que eu devo fazer?
-Primeiro é perdoar, mesmo que vocês não fiquem juntas, não dá pra ficar guardando isso. – Concordei com a cabeça. – Vocês eram amigas, andavam grudadas pra baixo e pra cima, a Catarina é distante hoje em dia, mas eu me lembro como ela era legal com todos.
-O convívio com a minha mãe corrompeu ela. – Dei uma risada alta. – Mas agora falando serio, talvez seja só sex* pra ela tambem, um remember do passado.
-Olha, eu posso estar errada, posso estar imaginando mil coisas, mas talvez ela só teve medo no passado. – Não sei onde Ester estava indo com aquele papo. – Pra ser bem sincera, eu não teria coragem de te namorar, sabendo que sua mãe era Malvina Barcellos, eu não teria nem roupa pra isso.
-Eu nunca deixaria minha mãe fazer nada contra ela, assim como eu nunca deixei ela fazer com ninguém. – Minha mãe era uma carrasca, mas não era pra tanto. – Minha mãe vivia ameaçando Luiza, já disse que acabaria com a carreira da coitada um milhão de vezes.
-Pode ser coisa da minha cabeça, mas vi como ela te olhou no dia da festa da piscina, e também vi a olhada que vocês trocaram no dia do bar. – Ester teorizava demais.
-Por que tinha que ser tão difícil? – Perguntei relaxando os ombros. – Só queria um romance igual ao seu e da Lu.
-E quem disse que é fácil? – Ester fez um carinho no meu rosto.
Passei o dia todo batendo papo com ela, conversamos sobre tudo, ela me ouvia com atenção e tentava acalmar meu coração, no fim da tarde resolvi ir ver minha mãe, precisava conversar sobre o processo da modelo. Acabei dormindo por lá mesmo, não queria ficar sozinha com meus pensamentos.
A semana passou voando, meu pai chegaria na manhã seguinte e eu estava empolgada com vinda deles, talvez voltaremos juntos para Londres, talvez seja isso que eu esteja precisando, Catarina e eu não tivemos mais nenhum contato, ela não me procurou e eu não tive coragem de procurá-la, tentei não pensar nisso, e arrumei vários jeitos de ocupar minha mente, a única que sabia sobre o assunto era Ester, pedi ela segredo, eu não queria que Isis e Luiza soubessem, tenho certeza que minhas amigas não iriam gostar.
Meu pai e Sam desembarcaram logo pela manhã, busquei os dois com um sorriso enorme no rosto, meu pai estava todo empolgado com o bebê que estava a caminho e eu mais ainda com a ideia de ter um irmãozinho, resolvemos almoçar pelo shopping e aproveitamos pra comprar algumas coisinhas, em uma loja de brinquedos comprei algumas coisas e na sessão das pelúcias achei uma Lua a cara de Luna, me lembrei da garotinha e me dei conta de que estava com saudades dela.
-Theo, essa Lua é grande demais pra levar na mala. – Sam comentou sorrindo.
-Essa aqui é pra outra pessoa. – Respondi com brilho nos olhos. – É pra Luna, ela gosta de luas, vocês vão amar ela.
Comecei a contar as graças de Luna e meu pai ouvia com atenção ao lado de Sam, contei da nossa festa do pijama e de como Lulu estava linda na apresentação da escola.
-Você fala dela com brilho nos olhos, tenho certeza de que essa garotinha é especial pra você! – Meu pai comentou por fim.
-Ela é! – Respondi indo para o carro.
POV CATARINA
-Ai amiga, eu sinto muito. – Laura me abraçou pelo ombro. – Eu não quero ficar com raiva dela, mas Theo foi meio babaca.
-Eu já devia esperar. – Limpei meus olhos. – Eu mereço isso.
-Não Cat, não vou deixar você ficar se martirizando o resto da vida. – Laura me consolava desde a hora que acordei. – Eu acho que vocês duas precisam conversar, colocar os pontos no lugar. Vocês foram pelo caminho mais fácil, se pegaram e não fizeram o essencial que é conversar.
-Foi só sex*, e eu tenho que colocar isso na minha cabeça, Laura. – Me levantei me afastando um pouco. – Aconteceu, foi ótimo, mas acabou.
-Cat...
-Não Laura, eu tenho que aceitar que ciclos se encerram. – Comecei a andar pelo quarto. – Vou focar na minha vida profissional, na minha filha.
-Você desiste no primeiro desafio, foi assim no passado e está sendo assim agora. – Laura se pôs de pé também. – Primeiro a desculpa era Malvina, e agora?
-Você sabe que isso não era uma desculpa, Malvina poderia ter acabado com minha carreira que nem ao menos tinha começado. – Laura me olhou balançando a cabeça. – Você sabe que é verdade, Malvina arruinou a vida do Rogerio, foi merecido, mas você sabe que ela tem esse poder.
-Cat, não muda de assunto. – Minha amiga colocou a mão na cintura. – Olha, eu acho que vocês precisam conversar, nem que seja pra colocar um ponto final, ficar nessa dúvida ai é o que não pode, imagina como ela também deve ter ficado confusa.
-Trela estava de trela com a insossa da Fabiana a semana toda, tenho certeza que ela só queria mais uma na lista.
-MEU DEUS, como é difícil. – Ela se alterou. – Quer saber, eu desisto, vocês duas são complicadas demais.
Laura acabou se despedindo e novamente fiquei sozinha com meus pensamentos, era muito confuso, cenas de nos duas entregues na cama me atormentavam o tempo todo, meu corpo ainda reagia com as lembranças dos toques dela, e pensar que pode ter sido só sex* e que ela faz isso com todas, me deixou ainda mais triste.
A semana passou voando, e com isso eu me joguei de cabeça no ateliê, o SPFW estava se aproximando e precisamos dar o nosso melhor como sempre, Theodora não me procurou, não soube nada dela durante essa semana, nem mesmo pelo instagram. Soube por Malvina que o pai dela estava no Brasil e talvez seja esse o motivo dela desaparecer. Tentei não pensar nela, mas estava impossível, parece que a todo momento minha cabeça queria que eu lembrasse da nossa noite juntas. Me livrei dos meus pensamentos quando Malvina entrou em minha sala.
-Precisamos decidir quais modelos vão abrir o primeiro desfile do SPFW. – Malvina vinha trabalhar com mais frequência ultimamente. – Quero alguma atriz e alguns influenciadores.
-Pensei em alguns nomes, tem a Julie e a Sara, as agendas de ambas estão livres. – Malvina me ouvia, mas eu a conheço e sei que algo estava a incomodando.
-Ok, consiga aquela modelo internacional, Olivia Taylor. – De fato havia algo a incomodando.
-Mas será que ela aceitaria? – Olivia Taylor era uma das queridinhas das marcas internacionais, isso seria uma tarefa e um cachê altíssimo.
-Se não der conta, me avise. – Malvina estava o carrasco de sempre.
-Vou organizar tudo. – Não sei como, mas eu iria dar meu jeito. – Malvina, está tudo bem?
Perguntei com receio, mas eu sei que algo estava a incomodando, ela suspirou e pensou antes de responder.
-Tem coisas na vida que não voltam mais, e não temos opção de mudar nossas escolhas. – Ela respondeu triste. – O Gael vai ser pai, ele sempre me pediu filhos, e eu nunca quis engravidar de novo. Pra mim apenas Theodora estava de bom tamanho, mas eu nunca me coloquei no lugar dele, ele é pai da minha filha, mas não era pai de sangue, não sentiu as sensações que vai sentir agora.
Ela disse com pesar se encostando na cadeira, as poucas vezes que Malvina desabafou comigo, foi o bastante pra saber que ela criou essa casca grossa.
-Eu pensei só em mim, e quando ele quis seguir em frente eu simplesmente abri mão. – As palavras dela me acertaram. – Ele foi o único homem que amei, e sempre vai ser, hoje em dia eu me arrependo de não ter lutado por nós, me arrependo de ter deixá-lo partir.
-Eu sinto muito. – Engoli seco.
-Hoje eu só posso ficar feliz por ele, e saber que a felicidade dele não sou eu. – Malvina estava derrotada, e eu sentia o peso da consciência. – Por muito tempo eu fui fria, não demonstrava o meu amor por ele, e hoje em dia eu sou obrigada a guardar todo esse sentimento só pra mim, eu não posso dizer que o amo.
Parei pra refletir em toda a minha vida, e me dei conta de que Theodora nunca soube que eu a amava, eu nunca disse isso a ela, e eu ainda estava com raiva por ela ter ido embora, quando na verdade estava certa, foi eu quem não dei certezas a ela, foi eu que não permiti que ela soubesse que eu a amo com todo o meu coração. Malvina saiu da minha sala e eu me permiti chorar, deixei que as lágrimas saíssem livremente, e novamente eu precisava de um plano de rota.
Fim do capítulo
Tristes pelo Hexa, trsite pela Mal, é a vida
Comentar este capítulo:

Marta Andrade dos Santos
Em: 10/12/2022
Decide logo Cat ou tu vái acabar com Malvina sem amor e sozinha.

ClaudGisi
Em: 09/12/2022
Agora que a cat ouviu a história da Malvina, acho que ela não quer traçar o mesmo caminho, agora é hora dela lutar pelo o amor da Theo. esse capítulo foi cheio de conversas, e acredito que para abrir os olhos da cat e da Theo. Torcendo para que as duas tenham um diálogo e se resolvam. A Theo ama a luna :) é tão fofo ver o afeto que ela nutre pela garotinha.
Obg pelo capítulo autora :D
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