Capitulo 58
CAPÍTULO 58
DENTRO DA MONTANHA
No topo da montanha, não tinha nada que meus olhos pudessem ver, além do que parecia ter sido colocado ali, tudo que via era vegetação rasteira, mato e pedra, um cenário muito parecido com o local onde viemos na primeira vez, a entrada próxima a casa da Gilles.
Por mais que andássemos, mais parecido ficava, a cruz, as pedras da parede deteriorada, até mesmo o sino continuava no mesmo local mais a frente.
― Esther eu tenho impressão que voltamos ao mesmo ponto de onde tudo isso começou. ― Falei enquanto girava lentamente no meu eixo observando cada detalhe.
― Estou achando tudo muito esquisito também, esse lugar é o mesmo, mas se olhar para trás no caminho em que viemos, não vemos a casa da Gilles.
― Esther desde quando Ziam e Anael me trouxeram para casa ainda menina e comecei a ouvir gemidos, vinha quase todo dia, minha casa fica atrás daquelas duas árvores ali, foi eu que plantei, uma tem meu nome e na outra tem o da Mel.
Antes mesmo de terminar o que dizia ao lado das árvores já tinha uma grande quantidade de lobas examinando a veracidade das palavras da filha da Aldrava.
― As árvores são essas mesmas, mas onde está a casa ela não pode ter desaparecido da noite para o dia? ― Ameth abraçada ao tronco da árvore parecia muito assustada. Nessa hora uma luz clareou na minha mente.
― Talvez gente esse seja o nosso ponto de chegada, a nossa missão termine aqui, mas ainda temos coisas a fazer por isso não vemos a casa. ― Uma certeza me assolou quando proferi as palavras senti elas se encaixando no local certo, Esther ficou me analisando por fim decidiu.
― Agatha me ajude a soprar esses pós, desses três potes aí próximos a seus pés. ― A loba se agachou e pegou os potes já derramando o conteúdo de um para outro e misturando, ouvindo atentamente o que minha beta dizia. ― Vamos soprar no ar, dessas árvores para a frente e quando a nuvem se espalhar, Nara coloque a sua runa do desbloqueio no solo.
Fiquei esperando a nuvem colorida se dissipar, as lobas fizeram um círculo todas viradas de costas para o grande círculo e de frente para o nada, com as armas em punho, eu fiquei de cócoras dentro da roda humana aguardando o momento, quando Esther acenou me ajoelhei e coloquei a mão espalmada no chão.
Primeiro veio o tremor sacolejando tudo ao redor obrigando as lobas a tirar por segundos os pés do perímetro, em seguida a calma vinda como um sopro de vento, um véu balançando junto com a brisa, a cidade foi se abrindo diante de nós, que aparecemos no meio de uma rua asfaltada com pedras de calçamentos com tamanhos iguais, uma rua razoavelmente larga e comprida, iluminada com uma sinalização ultra moderna, tudo funcionava, pessoas iam e vinham com pressa sem nos perceber ou ver.
Esther puxou a todas, quando conseguiu chamar atenção com gestos e explicou o que queria. Fomos caminhando coladinhas para cima de uma calçada muito larga decoradas com pequenos vasos de flores, uma quantidade imensa de bancos de jardim feitos de madeira ao longo de todo o comprimento da rua, que era muito grande, parecia uma BR de tão grande, a rua descia ladeira abaixo até os olhos não verem mais, quando alguém bateu em minhas pernas, que olhei para baixo eram dois meninos que viam correndo e colidiram, o impactos fez com que ficássemos estátuas paradas sem respirar.
― Mãe elas chegaram, olha as guerreiras chegaram.
Cinco mulheres se aproximaram chegaram bem próximo, nesse momento viramos de modo sincronizado em sentido contrário a elas grudando nossas costas na parede para liberar a passagem das mulheres que para nosso azar ou o delas continuaram tentando nos ver sem que fosse possível.
Os garotos apontavam chegando a tocar na minha perna, mas aquelas mulheres não viram, uma delas pegou a criança que vinha correndo e segurou prendendo a seu lado. Seu medo era visível olhando para o filho, ela disfarçou o pavor.
― Chegaram amor, elas vão se apresentar hoje lá na praça central.
― Mas mãe eu.. ― O garoto insistia mas a mulher não deixou que ele continuasse falando.
― Está vendo alguém também, Naldo? ―
A mulher que tinha a cara de quem ch*pou limão balançou o outro garoto apertando, o menino olhou para ela e negou balançando a cabeça, eu sabia que era mentira ele tinha me visto e estava mentindo na cara de pau.
― Não senhora, ele deve estar tendo aquelas crises, de ver gente que não existe.
As senhoras se olharam e acabaram por concordar se afastando das crianças e da outra mulher com as crianças.
― Senhoras, eu não tenho a graça de poder ver seus rostos aqui em cima, mas meu filho e o meu sobrinho, Naldo, têm, portanto sei que estão aqui na minha frente que já chegaram. Venham comigo se descobrirem que estão aqui, eles matam todas vocês.
Os garotos caminharam juntos fingindo brincar sem olhar para trás, a mulher mais a frente ia caminhando e comprimento algumas pessoas, que eu notei que na grande maioria eram soldados, armados usando armaduras.
Caminhamos um bom tempo entrando e saíndo em ruas, cada uma mais luxuosa do que a outra, até que começamos a nos afastar da parte rica e entramos na parte mais pobre da cidade, naqueles becos e vielas o esgoto era a céu aberto, em alguns locais tive que pular para não pisar em dejetos.
Os barracos de tábuas muitos deles caindo, ou com as tábuas penduradas, dava a impressão de super lotação, o mal cheiro sufocava e ardia, senti no ar cheiro de enxofre, as crianças colocavam as cabeças em qualquer buraco para ver quem se aproximava, foi então que notei, que na grande maioria, tinham alguma deficiência física ou mental, o que explicava o menino maior considerar o menor como retardado.
Mais a frente, os três pararam em frente a um barraco minúsculo, a mulher abriu a porta e esperou lá fora, o espaço era tão minúsculo que mal coube nós todas na sala.
― Gabriel leve as guerreiras para o local destinado a elas, vou avisar os membros que elas já estão aqui.
O garoto nos levou para outro compartimento, também pequeno mas para minha surpresa ele levantou uma tábua que servia de porta para um porão quando levantou toda podemos ver um espaço imenso aparecendo os primeiros degraus escada feita na pedra, entramos em trios, descemos um lance de trinta degraus dobramos e mais trinta, então uma nova casa surgiu, essa muito maior e muito parecida com as casas lá de cima.
― Essas casas foram construídas pela tal comunidade? Aqueles guardas que vimos sabem dessas moradias?
― Os guardas lá em cima não sabem dessa cidade aqui embaixo. ― O garoto que deveria ter uns catorze anos, não dava para saber que tipo de ser ele era,mas dava para se ter uma noção, pelas orelhas levemente pontudas e se olhar bem as veias salientes aparentes ao longo do corpo como raízes de plantas, esse garoto era descendente de feéricos ou coisa parecida.
A forma como ele falava era de uma simplicidade que chegava a assustar. As lobas ficaram esperando uma atitude de Esther, que de todas nós, ela era a que tinha vivido mais tempo, o que não demorou acontecer.
― Por que só vocês conseguem nos ver? E o que está acontecendo? Por que vivem embaixo da terra? ― Os garotos sorriram como se tivessem ganhado presentes e não sendo interrogados.
No momento em que os garotos iam falar, passos soaram na escada e ficamos aguardando quem vinha chegando.
― Meu filho e meu sobrinho não sabem a resposta para suas perguntas. Muito prazer, eu sou Miriam, e responsável pela estadia de vocês enquanto caminharem por estas bandas.
Mesmo encoberta por magia dava para ver as orelhas pontudas e as mesmas veias por toda parte do corpo era uma bela mulher seus olhos da cor de amêndoas torradas o tronco maior do que o esperado para uma mulher, mas certamente normal para sua raça, o nariz pequeno e arrebitado com ar aristocrático na forma de ficar em pé e de falar, tenho certeza que ela descendia da realeza.
― Muito prazer, eu sou Nara Shiva e esse é meu povo, Esther, minha beta, Ameth, sua filha, Agatha, Gilles e Jana. ― só então eu percebi que não apresentei a Jana como mãe da minha companheira como sempre fazia, acho que todos perceberam meu deslize, mas fingiram não ter notado.
―Sejam bem vindas e como disse, todos nós seremos seus olhos e seus ouvidos enquanto estiverem aqui. Essas casas foram construídas pela comunidade dos seres míticos, mas precisamente os feéricos que moravam por essas bandas a muito tempo, dizem que quando a humanidade começou a povoar a terra eles encontraram um mundo paralelo e foram embora, só ficaram as construções e a magia nas casas, por toda parte dessa montanha tem casas escavadas na terra que por um milênio meu povo vem mantendo em segredo.
― Mas por que só os garotos nos veem? ― Gilles deu um passo à frente quando perguntou para a senhora saber a quem responder.
― Algumas crianças herdaram dos nossos ancestrais magia no sangue, e conseguem ver através de magia, por isso viram vocês, mas aqui embaixo todas vocês são visíveis para nós, usando magia ou não para ficarem invisíveis.
― Mas por que vivem aqui quando a cidade lá na frente oferece melhores condições de vida? ― expus minha curiosidade.
― Porque estamos presos aqui. Não podemos viver lá em cima, o ar nos sufoca e também não podemos abrir as portas da prisão, e libertar nosso povo, a magia que cerra os portões pode nos matar e se morrer neste mundo, morremos em todos, assim como vocês não podem por viver em outro mundo, nós também não vivemos. ― Enquanto ela falava, eu notei várias crianças correndo para lá e pra cá segurando bandejas grandes com comida, minha barriga roncou, fiquei admirada, fazia muito tempo que eu não sentia fome.
― Pode falar como é essa prisão?
― É uma cidade inteira, que começa lá onde achamos vocês, mas está coberta, por magia de sangue, eles mantêm um anjo acorrentado e nosso povo está junto. ― A senhora abriu o braço mostrando o caminho que deveríamos seguir para outro cômodo da casa.
― E como sabia que a gente viria?
― Porque está escrito no livro da vida que as guerreiras, quando chegassem, iam trazer suas filhas e juntas iam nos libertar da prisão.
Acho que nada mais nos surpreenderia nessa vida, mas essa notícia, deixou todas polvorosas e contentes, bastava ver pelo semblante de felicidade.
―Vocês fiquem à vontade, essa casa foi separada para alojar seu povo. Todas as casas têm portas secretas que ligam a casa vizinha. Se uma pessoa não autorizada entrar. A casa expulsa e fecha as paredes, mas antes passa quem está dentro para a casa ao lado. Agora eu vou sair e ver como o povo está se reunindo.
― É melhor fazer um reconhecimento da casa que segundo a mulher será nossa por enquanto. O que vocês acham de tudo?
―Vamos deixar você, a mamãe e a Gilles discutindo, o que decidirem nós assinamos embaixo. Já pensou vamos lutar juntas das nossas filhas. ― Dava para ouvir a voz da Agatha falando com as outras
Fim do capítulo
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