Prólogo
Não Revisado
A loira estica os braços na grande cama e não fica surpresa ao encontrar o lado vazio, o lençol frio e amassado deixado para trás há horas, assim como nas vezes anteriores. Ela suspira, este é o acordo original, um jantar, sex* e não compartilhar a mesma cama. Nunca. Esta sempre foi uma das regras principais. Quanto tudo começou nenhuma delas imaginou que chegaria a este ponto, depois de cinco anos elas ainda recriam o que aconteceu após uma noite de bebedeira comemorando um grande acordo com a multinacional portuguesa Ventura, o principal parceiro comercial de Dolce Felicità. Marcela se sentiu enjoada, imediatamente arrependida de ter bebido meia garrafa de vinho, então se questionou se a outra mulher estaria da mesma forma, pois ela quem bebeu a outra metade. As duas raramente bebem desta forma e quando bebem é isso o que acontece, uma cama vazia, pele quente e um coração pesado, expectativas jogadas no lixo. Ela levanta cambaleando, a fraqueza tomando conta e sentindo leve tontura, rindo de si mesma por estar deplorável, lembrando do que sua irmã sempre lhe disse, que a idade viria e as ressacas ficariam piores.
- Mamãe! - e vem a dor de cabeça, a pior parte da ressaca, ela tenta ignorar o martelar no fundo da cabeça enquanto seu filho corre até ela a gritos animados - Mamãe! DiDi fez panquequinhas, tem calda de chocolate também e eu pedi pipoca, ela vai fazer pipoca. - o menino conta animado, sem perceber a surpresa estampada no rosto da mãe.
- Oh, ela fez o café da manhã para você?
- Sim, ela me acordou e pediu ajuda, eu estou ajudando, sou um menino grande agora. - Theo despejou a animação, falando rapidamente e sem interrupções assim como sempre faz - Vem ajudar a gente? Eu estava te esperando acordar, porque seria legal todo mundo cozinhar junto, DiDi até tenta mas a senhora cozinha melhor. Só não conta pra ela, tá bom?
- Tá bom, meu amor. - ela sussurra e puxa o garoto para si, deixando um beijo na testinha dele - Mamãe vai tomar banho rapidinho e logo vai ajudar vocês.
- Okay, vou falar pra DiDi.
Theo abriu um sorriso maior ainda e saiu correndo pela casa, não ouvindo a mãe lhe dizendo para não fazer isso de meias. A empresária passa a mão pelo cabelo, colocando uma mecha atrás da orelha, e tenta não criar expectativas, falhando miseravelmente. Diana nunca ficou para o dia seguinte, é uma distância segura que criou para si e ela respeitou, afinal, não conseguiu se afastar da ruiva e por fim aceitou tudo o que ela estivesse disposta a dar. O que resultou em algo que Marcela sempre desprezou e nunca imaginou que um dia se tornaria, uma amante, a amante e pecado secreto de Diana Albuquerque. Não, ela não iniciou como amante, elas já dormiam juntas há dois anos quando a CEO conheceu seu atual namorado, eles se conheceram na construção da matriz em São Paulo, qual Amauri era o principal engenheiro e depois de dois encontros começaram o relacionamento que dura três anos. Nesta época ela já estava conformada com a ideia do fim de seu caso secreto, até ser empurrada contra a parede do banheiro e ser fodida por Diana uma semana após o anúncio oficial. E assim elas continuam, se esgueirando durante festas da empresa, idas ao banheiro juntas com certeza terminam em sex* ou pelo menos uma delas com o batom borrado, reuniões confidenciais é a desculpa para poderem trans*r no escritório pois a noite Diana voltaria para Amauri, com quem se deita, troca juras de amor e planeja o futuro.
Marcela achou a noite anterior atípica, já que há meses elas não faziam o ritual do jantar e depois sex*, mas a ruiva insistiu, até mesmo a levou para seu restaurante favorito e pediu uma sobremesa para Theo, sinalizando que seria na casa de Marcela e não em um motel como estava sendo no último ano, desde que o engenheiro passou a morar com ela. Quando chegaram o menino ainda estava acordado, a babá tentando se desculpar por não conseguir fazê-lo dormir e explicando que ele ficou agitado perto da hora de dormir, logo após o jantar, então Diana contornou o afilhado com a sobremesa trazida e filmes, o que acabou dando certo pois quando voltou para a sala, após pagar a babá, ela encontrou a ruiva com seu filho no colo, o levando para escovar os dentes antes de dormir, Theo extremamente sonolento e à mercê das manhas da CEO. Ela recusou ajuda, mesmo Marcela insistindo sabendo que o menino não pesa mais apenas 16 quilos e pode ser muito manhoso nestes momentos. Após muito trabalho e convencimento, Theo dormiu ainda no colo de Diana, quem o colocou na cama e cobriu cuidadosamente, o deixando no quarto com um beijo na têmpora, silenciosamente implorando que ele não acordasse durante a noite. O que, por algum milagre, não aconteceu, mesmo com os gemidos desinibidos de Marcela, os palavrões de Diana e nem mesmo com a cama rangendo violentamente. Fato que a lembrou de comprar um novo colchão, algo que deveria ter feito semana passada e esqueceu completamente, uma briga de travesseiros com o filho terminou em molas da cama quebradas, não ruim o suficiente para notar ao dormir normalmente, mas com certeza em outras atividades.
- Droga! - a empresária pragueja ao se ver no espelho após sair do banho, há marcas das coxas até o pescoço, espalhadas aleatoriamente por este caminho - Eu vou matar a Diana... - ela murmura terminando de secar o corpo com a toalha, pensando em como cobrir as marcas nos lugares visíveis, amaldiçoando a outra mulher por estragar seu plano de usar um vestido mais curto no dia abafado.
Por fim, Marcela acabou vestindo uma calça curta, deixando os tornozelos a mostra, tênis sem cadarços e uma camiseta casual que usa de pijama, estampada com mini gatos astronautas. Deixou o cabelo solto, secando naturalmente. Um rastro de ch*pões pelo pescoço ainda aparente, só então ela percebe uma mordida na curva, a marca de dentes perfeitamente desenhada. Mais um detalhe atípico, Diana nunca a mordeu ou marcou daquela forma, pelo menos não tão explícito. Doeu na hora de passar base, a pele sensível sofrendo ao ser esfregada e puxada na tentativa de esconder melhor. Depois de uma camada generosa de base e lip tint nos lábios para lhe dar uma cor, pois se vê muito pálida pós ressaca, Marcela está pronta e caminha até a cozinha, ouvindo as vozes animadas falando sobre a escolinha do filho.
- E você pegou que papel? - Diana pergunta, sem tirar os olhos do fogão enquanto prepara ovos mexidos.
- O de bruxo mau, DiDi. - diz ele orgulhoso, enfiando um punhado de pipoca na boca antes de continuar - Vou ser malvado, igual a Malévola. Ah, eu tentei ser um leão, a senhora sabe que amo leão, mas a Laurinha pegou e tudo bem, ela fica legal de leão e vou ser um ótimo bruxo. Vou usar tudo preto, até aquela coisa preta nos olhos, eu acho que é sombra. É, sim, sim, é sombra. - Marcela apenas os observa, admirada com a interação deles e não evita uma pequena risada, chamando atenção dos dois - Mamãe! DiDi está cozinhando ainda, ela queimou um pouco de pipoca, mas ainda está delicioso.
- Dedo duro! - a ruiva acusa e sorri, desligando o fogão - Bom dia, querida. - ela se aproxima de Marcela, a encarando dos pés a cabeça, procurando pelas marcas que sabe que deixou na noite anterior, então a beijou na bochecha, arrastando o beijo até o canto dos lábios da mulher, fazendo-a estremecer ao leve toque, tão simples e íntimo ao mesmo tempo - Está com fome?
- Estou faminta...
- Venha, fiz ovos mexidos e suco de laranja natural para você. - Diana pega sua mão e a direciona até a bancada, onde ela se senta ao lado de Theo e a CEO volta para sua posição inicial, preparando o prato - Preparou sua mochila para a natação, Theo?
- Ainda não, DiDi. Esqueci, desculpa. - ele se sente envergonhado e encara o prato.
- Tudo bem, meu amor. - a mãe acaricia seu cabelo castanho e levanta a cabecinha dele, fazendo-o olhar diretamente para ela - Essas coisas acontecem, mamãe vive esquecendo as coisas também, fique tranquilo. Coma tranquilo e depois vá para o quarto arrumar, certo?
- Certo, mamãe.
Os três tomam café juntos, conversando entre garfadas e mordidas sobre as aulas de Theo, apesar de ter apenas sete anos ele tem uma agenda relativamente ocupada com cursos e hobbies após as aulas, algo que ele mesmo quis e as mulheres incentivaram, pois foram um ano e meio de seu desenvolvimento prejudicados pela pandemia, um semestre tentando se adaptar e o último ano lhe proporcionou bons momentos, ele fez amigos, ganhou interesse por aprender e se divertir ao ar livre. E assim iniciou nas aulas de inglês, para poder conversar nas viagens de negócios da mãe, teatro, natação e karatê, além da arteterapia.
As aulas de teatro o ajudaram a ganhar papéis nas apresentações de eventos escolares, o que ele adorou. Marcela tentou manter-se concentrada no que o filho diz, mas seus pensamentos voaram longe, centrados na mulher a sua frente, ela não lembra delas terem dormido juntas na mesma cama, nem que Diana havia ficado, talvez fosse o álcool ou o cansaço, assim que atingiu o ápice ela desmaiou. Ela nem mesmo percebe o menino se levantar e correr para seu quarto, animado com a promessa da madrinha de que ela quem o levaria para a aula, eles sempre foram muito próximos, cada momento passado juntos sendo especial para ambos.
- Mar... - Diana chamou, dando a volta na bancada, parando em frente a mulher.
- Sim?
- Você parece distante. - constata ela e sorri, levando uma mão ao rosto da loira, acariciando suas bochechas rosadas.
- Eu estava pensando... Você passou a noite? Dormimos juntas? - perguntou Marcela esperançosa e não conseguiu evitar um sorriso nos lábios ao imaginar as duas juntas na mesma cama, por mais que não lembrasse, seria algo.
- Não exatamente. Eu dormi no sofá.
- Ah. - e o sorriso morreu tão rápido quanto surgiu.
- Eu tenho novidades. - a mulher anuncia, se distanciando, afim de evitar aqueles olhos de cachorro abandonado que Marcela sempre faz e a faz derreter - Amauri me pediu em casamento.
- O que? Quando? - o coração de Marcela afundou no peito, ela se sente enjoada e tonta, atônita.
- Ontem de manhã, sai do banho e lá estava ele com uma caixinha. - ela sorri e se vira para pegar a bolsa na outra bancada, então chama Theo para levá-lo a natação, depois ir para casa já que a escolinha fica no caminho.
- V-você aceitou? - a voz da loira falha, juntando forças para perguntar-lhe.
- Claro, afinal, eu o amo e ele me ama. É perfeito. Uma hora ou outra aconteceria. - Diana rebate voltando a olhar para Marcela, como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se a ofendesse com uma pergunta absurda e nada estivesse acontecendo entre elas. Theo entrou no cômodo, com a mochila em suas costas e o óculos de natação na cabeça - Olha que rapaz grandinho, logo estará do tamanho da sua mãe.
- É o que eu quero, DiDi. - Theo sorri e dá um beijo em Marcela, quem ainda está em choque com a notícia, se despedindo da mulher - Até depois, mamãe.
- Te vejo mais tarde, meu amor. - ela os acompanha até a porta, encarando Diana antes de sussurrar - Parabéns! Espero que vocês sejam felizes. - e fecha a porta sem esperar uma resposta, não conseguindo mais evitar as lágrimas teimosas, chorando por seu seu coração partido.
Fim do capítulo
Olá! Espero que tenham gostado do capítulo, tenho medo de ter ficado muito longo, não esqueçam de curtir e comentar, sintam-se a vontade para dar ideias, críticas construtivas e até xingar. Beijos e até a próxima ^^
Comentar este capítulo:
Tatamorais
Em: 11/02/2023
Adorei o primeiro capítulo, ansiosa pela sequência!
Parabéns pela escrita ??????‘?
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Anny Grazielly
Em: 22/11/2022
Adorei o primeiro capítulo... espero que as postagens sejam logo... kkkkk...
Gente, a pobre da Marcela vai sofrer ????????????????... Sera que Di nao percebe que Ma gosta dela???
que venha logo os próximos capítulos... e se quiser, pode aumentar mais ainda cada um... ????????????????
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