Whitout me por Kivia-ass
Você está no meu lugar!
POV CATARINA
Acordei antes mesmo do despertador tocar, na verdade eu quase não dormi a noite, tive vários sonhos e em um deles eu sonhei com Theodora, sempre que isso acontecia eu acordava com uma estranha sensação de saudades, saudades de um tempo que não vai voltar, tentei não concentrar nisso e fui me aprontar, hoje eu iria lavar Luna na escola antes de ir ao Ateliê e também teria que acompanhar Malvina ao médico, ou seja meu dia estava cheio. Não demorei para me arrumar, passei no quarto de Luna e a babá já havia dado banho e penteava seus cabelos.
-Bom dia meu amor. – Me agachei ficando a sua altura. – Bom dia Katia, tudo bem?
-Bom dia Cat. – Luna ainda estava com sono e logo pulou no meu colo. – Hoje a Lulu, está com preguiça.
-Tá com preguiça, filha? – Ela acenou com a cabeça e Katia sorriu. – Vou esperar vocês lá embaixo, tá?
Katia pegou Luna no colo e eu desci, precisava conversar com meu irmão antes dele sair, nós dois fizemos alguns investimentos e eu precisava saber com estavamos indo. Desci e minha mãe já estava me esperando, com uma cara não muito boa.
– Eu te esperei pra jantar, ontem. – Ela ia começar com o discurso.
-Oi mãe, bom dia! – Fui até ela e deixei um beijo em seus cabelos. – Me desculpe, eu tive um imprevisto.
-Eu não vou ficar batendo nessa tecla, todos os dias eu falo que você trabalha demais. – Me sentei e me servi de café. – Eu entendo que você admire Malvina, e é justo, mas você está ficando cada vez mais parecida com ela, viciada em trabalho, sem tempo pra família, sem tempo até mesmo para a sua filha.
-Mãe, isso não é verdade. – Suspirei, não queria me estressar com a minha mãe logo pela manhã. – Eu não estou me tornando Malvina, eu gosto de trabalhar, e eu tento conciliar meu trabalho com a minha família.
-Eu sempre quis o seu bem, e sou muito grata por quem você se tornou, mas não deixe isso subir pra cabeça. – Ela segurou minha mão. – Malvina hoje em dia se tornou alguém sozinha, e a única pessoa que ela tem é você e isso é por escolhas dela.
-Malvina e eu não somos iguais, mãe. – Respondi tentando me manter mais calma. – E só estou muito ocupada por esses dias, a coleção nova precisa estar impecável.
-Ok Catarina, não está mais aqui quem falou. – Ela encerrou a conversa e eu fiquei irritada.
-Oi vovó. – Luna pulou no colo da minha mãe.
-Oi princesa, dormiu bem? – Luna acenou com a cabeça e se sentou pra tomar café.
O clima do café não foi nada bom, minha mãe não deu mais uma palavra e a única que falava era a Luna, que contava para Katia detalhes do desenho que ela assistiu ontem.
-Cadu não dormiu em casa? – Perguntei quebrando o gelo.
-Dormiu na Dani. – Dona Geralda quando embirrava era o bixo. – Já vou indo, vou deixar a Luna na escola e correr para a loja.
-Eu vou levá-la hoje. – Minha mãe me olhou surpresa. – Tem tempos que eu não faço isso.
Ela deu os ombros e concordou com a cabeça, se despediu e saiu pela porta. Esperei Luna terminar o café e saímos também, a escola dela não era tão longe do Ateliê. Quando eu estava estressada, eu gostava de dirigir, mas com as músicas infantis de Luna tocando, me deixavam ainda mais irritada. Talvez minha mãe tenha razão, eu ando trabalhando demais e talvez Alê támbem tenha razão, eu preciso de sex*. Nem me lembro a ultima vez que me interessei por alguém, na verdade eu quase nunca pensava nisso, e da ultima vez que isso aconteceu fui presenteada com uma certa mocinha nove meses depois. Despertei dos meus pensamentos quando ouvi buzinas atrás de nós.
-"Tá mimindo, mamãe"? – Luna perguntou curiosa e eu sorri.
-A mamãe só estava distraida. – Respondi sorrindo e voltei a atenção no trânsito.
Em poucos minutos estacionei e peguei Luna no colo levando até a entrada da escola. Luna tagarelava e cumprimentava todos os colegas.
-Oi boazuda. – Bianca disse sorrindo. – Quanto tempo eu não te vejo.
-Oi Bia, tudo bem? – Luna logo que viu o Bento quis brincar com ele. – Ele tá enorme.
-Quase sete meses desse barrigudo. – Apertei suas bochechas. – Bom te ver aqui, inclusive mandei um email para o seu escritório, Mari e eu vamos comemorar o mesversário dele no domingo, tá no nome da Luna, mas eu quero você lá ein.
-Vou dar um jeito de ir. – Tinha bons tempos que eu não via as meninas. – E como tá todo mundo?
-Reunião de mães e mestres? – Ester chegou sorrindo segurando a mão de Valentina. – Bom dia meninas.
-Quase isso, bom dia Ester, bom dia Valentina. – Cumprimentei com um aceno, eu não era tão íntima assim, mesmo o grupo das meninas tentarem me encaixar no grupo delas.
-Que legal te ver aqui Cat. – Ester me disse sorrindo.
-BOOOM DIAAA!! – Ouvi a voz estridente de Isis atrás de mim. – Uai, hoje tem reunião?
-Bom dia safada! Não tem reunião, mas tem festinha do Bento no domingo, chequem o email de vocês. – Bianca respondeu e eu estava doida pra sair dali, Isis e eu nunca nos demos muito bem depois daquele show. – Quero todas vocês lá, e você também Arthur.
Luna e Arthur mostravam seus desenhos no ipad um para o outro.
-Eu preciso ir, vou arrumar um encaixe na minha agenda Bia, mas se eu não for a Katia leva a Luna. – Vi Isis revirar os olhos. – Bom ver vocês, até mais! Vamos Luna?
-Não posso dizer os mesmo. – Ouvi Isis falar mais baixo e logo receber um cutucão de Bianca. – O que?
Me afastei e balancei a cabeça, Isis de fato tomou as dores de Theodora, e mesmo trabalhando juntas algumas vezes, nossos encontros não eram agradáveis. Me despedi da minha filha com vários beijos e parti em direção ao Ateliê.
-Bom dia Afrodite, Deusa da beleza. – Só o Alê pra me fazer sorrir. – Trouxe seu café.
-Obrigado. – Peguei o copo e entramos pelo prédio. – Já entrou em contato com o Rafael?
-Sim e ele mandou um portfólio novo. – Alê me entregou o Ipad com as fotos do loiro. — Ele tá um gato, ein? Quem dera se o seu ex fosse esse Rafael.
-Não faz meu tipo. – Respondi sem muito interesse naquele assunto.
-E quem é que faz? Ninguém tá ao seus pés, prova disso é esse seu humor ai. – Rolei os olhos e me lembrei do meu sonho.
-Seu currículo está atualizado? – Perguntei com deboche. – Logo você vai estar precisando dele, continue as gracinhas e eu demito você.
-Você não vive sem mim. – Ele disse sorrindo, e com razão, eu não vivo sem ele nesse ateliê.
Mudamos de assunto quando entramos pra minha sala, Fabi me passou os recados do dia e avisou que Malvina me encontraria no consultório, Alê me olhou curioso, mas eu não quis conversar com ele sobre esse assunto. Passamos a manhã toda focados em alguns croquis até Fabiana aparecer em minha sala avisando que já estava na hora de encontrar Malvina, me despedi e dirigi até a clínica.
-Bom dia Malvina. – A encontrei na sala de espera com um enorme óculos no rosto.
-Bom dia Catarina. – Ela me encarou e eu sentei ao seu lado. – Estava esperando você, vamos entrar?
Acenei e a recepcionista nos guiou pra dentro do consultório. Fiquei aguardando em uma ante sala e Malvina entrou pra coletar alguns exames, fiquei no aguardo e enquanto isso eu zapeava minhas redes sociais, coisas que eu não fazia a muito tempo, Vi meu nome em alguns sites de fofoca e a maioria falava em como eu era focada no trabalho e seria a nova Malvina, não gostava daquela comparação, nunca quis viver na sombra dela, meus dedos começaram a digitar um nome na barra de pesquisa, mas minha consciência falou mais alto e eu guardei o aparelho.
-Catarina, Malvina quer você aqui dentro. – O médico me tirou dos meus pensamentos e eu acenei.
Me sentei ao lado de Malvina e o médico olhava algo em seu computador, ela tinha uma expressão séria e parecia apreensiva.
-Vamos logo com isso Doutor. – Ela disse impaciente.
-Olha Malvina, eu sei que você gosta que eu seja direto. – O médico tinha uma expressão cansada no rosto. – Seus exames não tiveram os melhores resultados. Quando você veio até mim, se queixando de dores no peito, cansaço, fadiga, eu já imaginei alguns diagnósticos.
-Você não está sendo direto. – Malvina cortou o Médico.
-Pelo resultado dos exames, podemos constar que seja Arteriosclerose. – Eu não entendia nada sobre essas doenças, mas o nome parecia assustador.
-Significa o que? – Perguntei mais aflita que Malvina.
-Arteriosclerose é endurecimento e estreitamento das artérias que levam oxigênio e nutrientes do coração para o resto do corpo causando a arteriosclerose. O dano acontece pelo acúmulo de gordura saturada, colesterol e outras substâncias.Dessa forma, o fluxo de sangue fica prejudicado e a pessoa sente dores no peito, fadiga e fraqueza muscular. Geralmente, essa doença do coração está mais associada ao envelhecimento, já que a gordura tende a se acumular progressivamente. Entre os fatores para a arteriosclerose estão histórico familiar, colesterol alto, hipertensão e diabetes.
-E eu vou precisar de algum tipo de cirurgia, algo do tipo? – Malvina estava apreensiva com a explicação do medico.
-Calma Malvina, hoje tem tratamento. – Ouviamos tudo com atenção – O tratamento da aterosclerose é feito com base no restabelecimento do fluxo sanguíneo na região obstruída. Vou te indicar medicamentos, como os antiagregantes plaquetários, que evitam a formação de trombos, mas se o quadro evoluir pra pior temos procedimentos cirúrgicos.
-É uma doença perigosa e silenciosa, foi ótimo você ter vindo buscar ajuda o quanto antes. – O médico tentava transmitir calma na voz. – O seu trabalho exige muito de você, tenho certeza que você passa por constante estresse e isso poderia te causar algo pior, tipo um AVC ou até mesmo um mal súbito.
-Por incrível que parece, meu trabalho me acalma.– Malvina respondeu dando os ombros.
-Mas isso vai ter que mudar, você vai precisar de novos hobbies. Você agora está proibida de passar qualquer tipo de estresse que possa te prejudicar, repouso é o seu melhor remédio.
-Isso será impossível, eu não me afasto da Casa Malvina, nem depois que eu morrer. – Malvina se impôs.
-Não é um pedido, Malvina. – Eu analisava toda a situação. – Você está com a pressão nas alturas, seu coração não é de aço.
O médico deu a última palavra e eu me mantive em silêncio, não sei o que seria de Malvina sem o Ateliê, eu acho que nem mesmo férias ela tirou nesses últimos anos.
-Aqui estão suas receitas, te vejo em um mês para novos exames. – Ele entregou o envelope nas mãos dela. – E considere suas férias a partir de hoje.
Saímos em silêncio, eu não fazia ideia do que ela estava pensando, encontramos o motorista no estacionamento, mas eu tinha ido de carro.
-Te vejo no Ateliê? – Ela perguntou e eu apertei as sobrancelhas em confusão.
-Mas o med... – Ela me cortou antes.
-Te espero lá.
Confirmei com a cabeça e fui em direção ao meu carro, dirigi o caminho todo pensando no problema de saúde de Malvina, rapidamente liguei pro Alê e pedi que ele marcasse alguns exames de rotina. Em poucos minutos estacionamos juntos e subimos.
-Fabiana, convoque uma reunião de emergência em cinco minutos. – Malvina deu a ordem fazendo a secretaria sair em disparada. – Me acompanhe Catarina.
Entramos em sua sala e logo me acomodei de frente pra ela.
-Esse lugar é tudo que eu tenho. – Malvina se serviu com um copo de uisque. – Vocês são quase a minha família, eu recebo mais o seu afeto do que o da minha própria filha. – Meu corpo enrijeceu com suas palavras.
-Ficar longe disso aqui é praticamente tirar tudo de mim.
-Malvina, sei que deve ser péssimo, mas você precisa estar bem de saúde, pra conseguir comandar tudo isso, o seu Império. – Tentei confortá-la.
-Não me venha com papo motivacional. – Ela virou o líquido amarelado nos lábios. – Sou uma mulher adulta.
-Me desculpe. – Mesmo com toda intimidade, eu ainda tinha um certo medo de Malvina.
-Vamos parar de conversa furada. – Ela se sentou novamente e dessa vez me encarando. – Eu vou me afastar por alguns dias, preciso mesmo descansar, e você será minha substituta.
-O que? – perguntei sem acreditar.
-Você está no meu lugar, até segunda ordem.
Fim do capítulo
Eitaaa
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Dessinha
Em: 26/10/2022
Não é possível que a Malvina se torne tão louca assim para transferir a vida dela para a Catarina, e a Catarina pior de aceitar isso, tão facilmente. Aparentemente a vida dela esta praticamente a mesma que a Malvina, que por sua vez já fez demais prejudicando o romance dela, o seu amor foi perdido e agora mais essa... tomara que as coisas mudem, que ela perceba que o trabalho é ótimo e ainda melhor quando fazemos o que tanto gostamos, mas não é o único pilar que sustenta uma pessoa.

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