Facínora por May Poetisa
Recomeço
É comum cortarmos a comunicação quando um relacionamento termina, mas, é tão difícil não ligar e nem mesmo mandar mensagem, era um hábito, eu falava com a Laura diariamente. Me esforcei para dar o espaço que ela precisava, porém, com o passar dos dias ficou mais delicado lidar com a saudade, ela me bloqueou de todas as redes sociais, não atendeu nenhuma ligação e também não recebi nenhuma resposta das mensagens que mandei, sendo completamente ignorada, errei feio, ela tem todo o direito de não me perdoar, fui longe demais, rompi razões éticas e morais; Mandei flores no dia que era para completarmos mais um mês juntas, sem sucesso, ela mandou devolver.
- Senhora, tentamos entregar, só que houve a devolução do buquê, ela expulsou o entregador. Só fez questão de ficar com o chocolate e o cartão, chorou quando leu.
- Entendo, de qualquer forma agradeço.
Fiquei me sentindo mal por ela ter chorado, é muito ruim machucar quem amamos.
Pedi para escrever que esperava que ela estivesse bem, que estava com saudades, que ela sempre pode contar comigo, que infelizmente não tem como passar uma borracha no que se passou, que ela tem toda razão em não concordar com o que fiz e que sinto muito por ter a magoado. Que jamais esquecerei de nós e que a amo muito.
Depois deste dia decidi deixar ela em paz, quero ela bem e estraguei tudo entre nós.
Inicialmente, retornei para o trabalho realizando funções administrativas e continuei fazendo terapia. Como não teve nenhuma denúncia e o casebre estava localizado em terreno irregular, nenhuma investigação foi iniciada, pois, acreditavam que tratava-se de ‘queima de arquivo' e decidiram que tinham casos com muito mais relevância. Um mês depois voltei a atuar na rua, passei a focar minha atenção no trabalho e resolvi continuar o trabalho voluntariado da minha mãe, visitando asilos duas vezes ao mês. Também procurei a escola que ela trabalhava e me ofereci para dar palestras, com intuito de orientar adolescentes, apresentando os malefícios das drogas. Num certo dia, uma moça, com os seus quinze anos me entregou uma carta pedindo ajuda, relatando sobre o que vinha passando, apresentei para o delegado, que identificou o caso como pedofilia, me instruiu para procurar o conselho tutelar e a delegacia da mulher, dois homens foram presos em flagrante, eles estavam com quatro meninas menores de idade, o caso acabou tendo repercussão na mídia, fui elogiada pelos meus superiores e comecei a retomar minha vida, procurando ser uma pessoa melhor a cada novo dia. Resolvi voltar a estudar e no meio do ano comecei a cursar direito, não posso apagar o que fiz, optei por me perdoar e tenho uma vida inteira pela frente. As pessoas costumam dizer que a vida nos reserva surpresas, já tinha passado uns três meses do último dia que vi a Laura, levei até um susto quando li no visor o nome dela e atendi rapidamente achando que tinha acontecido alguma coisa, foi uma decepção não ouvir aquela voz que eu adorava, era um amigo dela, contando que ela não estava bem, que não tinha superado nosso término, que estava sofrendo e que no dia dos namorados tinha bebido tanto que acabou indo parar no hospital. Eu sabia que ela gostava de beber, só que socialmente, fiquei preocupada. Mesmo com receio da reação dela pedi o endereço, estranhei, neste local geralmente as pessoas fazem retiros, é no meio da mata atlântica, cheguei no final da tarde, o estado de embriaguez dela nem combinava com o ambiente, notei que ela estava mais magra e com o cabelo mais curto. Fiquei observando, minutos depois quando ela pediu mais bebida, ouvi um rapaz dizendo:
- Lau, já chega por hoje (era a mesma voz que tinha me ligado).
- Oi, sou a Meg (terminei de falar e ela me olhou furiosa).
A primeira reação foi jogar o copo plástico na minha direção, meu reflexo é bom, me afastei, porém, acabou molhando meu tênis. Insatisfeita, ela começou a me dar alguns tapas, só que ela já estava muito mole, até uma criança pequena bateria melhor que ela. O que realmente me abalou foi quando ela começou a chorar e se jogou nos meus braços, ela estava muito fragilizada.
- Acho melhor tirar ela daqui, obrigada por ter ligado, pode deixar que cuido dela.
- Fico mais aliviado que você veio, nós chegamos aqui ontem, adoro vir aqui para ficar em contato com a natureza e ela me prometeu que não daria trabalho, mas, não parou de beber, deve ter sido a que mais deu lucro para o bar (falou me entregando os pertences dela, desejando boa sorte e sinalizando o quarto que ela estava hospedada).
- Anjo, não precisa chorar, vai ficar tudo bem (garanti).
Abri a porta, percebi que ela estava enjoada e guiei ela até o banheiro, vomitou bastante.
- Toma um banho, vai te fazer bem, vou providenciar um café preto para você.
Mesmo amargo ela tomou tudo em silêncio. Auxiliei a subir a escada de madeira, para chegar até a cama, ela deitou e acendi algumas velas, já que logo começaria a escurecer.
Deitei ao lado dela e fiquei fazendo cafuné, estava saudosa daquele contato, sabia que a qualquer momento ela poderia me mandar embora, por isso, aproveitei para admira-la.
Em determinado momento vi paixão em seus olhos, ela me puxou e me beijou.
- Tem certeza? Você bebeu, pode se arrepender depois.
- Já estou melhor e tenho consciência do que estou fazendo.
- Me dê mais uma chance, prometo não te decepcionar novamente e quero te fazer feliz.
Ela assentiu, nós fizemos amor e iniciamos uma nova fase do nosso relacionamento.
Fim do capítulo
Muitíssimo obrigada por cada leitura e por todos os comentários. Beijos e abraços, May.
Comentar este capítulo:
Cristiane Schwinden
Em: 25/08/2022
a laura aceita a justiceira de volta! q bom <3
Resposta do autor:
Tanto perrengue, elas mereciam um final feliz =D
brinamiranda
Em: 17/08/2022
Errada não está, eu também teria comido os chocolates rsrsrrs.
Só minha lua em Áries não me deixaria voltar facim facim desse jeito rsrsrs.
Muito bom, abraço
Resposta do autor:
Hahaha a gente entende né eu sou chocólatra e nada melhor que um chocolate para combater a tristeza.
A Lua da Laura está em Vênus, só amor, brincadeira, não entendo nada de signos e sou o oposto do meu.
Obrigada por ter avaliado como muito bom. Beijos e abraços, May.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]