I try to discover

A little something to make me sweeter

Oh baby refrain from breaking my heart

I'm so in love with you

I'll be forever blue

That you gimme no reason

Why you make-a-me work so hard...

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Maria Rosa dirigia ao som de A Little Respect quando chegou cedo na sede da Polícia Federal, no bairro de Santa Cândida, em Curitiba. A equipe estava trabalhando no caso de Clarisse Ferrante, sem grandes avanços, a população e os jornalistas pressionavam por respostas, e a Delegada por sua vez ficava em cima dos policiais e peritos em busca da resolução do crime.

Júnior estava reunido com uma equipe formada por diversos profissionais, escrevendo tudo o que haviam encontrado em um quadro branco, quando ouviu a voz da chefe vindo da entrada principal. Inclinou-se na porta, colocando o pescoço no corredor para gritar:

- Rosinha, chega aqui, vem rápido, temos novidades – Todos entraram ansiosos inclusive a Delegada.

- O que houve? – Maria Rosa perguntou, enquanto se servia de café.

Cristina, policial jovem, que havia passado no último concurso levantou, falando com um forte sotaque carioca.

- Aconteceu um crime hoje, uma mulher foi encontrada morta na cidade de Ribeirão dos Milagres.

- E isso lá é novidade? – Perguntou a Delegada, suspirando alto para continuar a fala – Todo dia morre alguém por lá.

- Sim, eu sei, mas, olha a foto da vítima, pode ser coincidência, mas, não parece a moça do desenho deixado ao lado do corpo de Clarice Ferrante?

- Espera um instante. Samira, não é aquela mulher que conhecemos na pousada? Olha aqui...

- Meu Deus, pois não é que é a piriguete que queria nos pegar, com todo respeito, e que Deus a tenha...

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Maria Rosa ligou o GPS, chegando na cidade de Ribeirão pouco antes do almoço, pararam em uma conhecida churrascaria para almoçar antes de dar continuidade a investigação, optaram por um peixe na brasa com arroz, farofa, batatinha frita e salada como guarnições. Enquanto comiam discutiam possibilidades e estratégias, esse momento era sagrado antes da investigação de um caso grande, por fim, antes de sair, escovaram os dentes.

A policial estacionou a Path Finder preta com o logotipo da Polícia Federal na entrada majestosa da Fazenda Dom Luís Gonzaga de Castro, uma edificação típica da segunda metade do século XIX, com sua planta retangular e uma escada dupla central que dá acesso a varanda. Esta por sua vez, conectava-se com as outras partes sociais da casa e a parte mais privada, dedicada aos cômodos familiares. A casa sede foi erguida em um grande platô, elevado cerca de cinco metros em relação ao seu entorno, com uma alameda de palmeiras imperiais que ladeavam o caminho para a entrada principal.

O lugar estava cheio, além de policiais, familiares e amigos, havia uma equipe de reportagem no local. Maria Rosa franziu a testa, olhando as pessoas aglomeradas.

- Aposto que já contaminaram toda a cena do crime. Onde a Polícia Civil estava que não isolaram o local?

Maria Rosa, Samira e a Delegada Maria Clara se dirigiram direto ao corpo, enquanto Júnior acionava a potente máquina fotográfica, além de observar o entorno. O corpo de Amora estava a setenta metros por trás da casa principal, em um caramanchão, observaram a estrutura de madeira parecida com um pergolado, ornamentado com plantas trepadeiras utilizadas para fazer a cobertura, servindo de suporte às espécies. O lugar era feito de forma rústica com ripas, troncos, estacas e treliças, todas de madeiras nobres.

A jornalista estava deitada em um banco de concreto, vestia calça jeans, camisa xadrez vermelha e branca desabotoada, mostrando os inúmeros ferimentos ao longo do tronco. Haviam perfurações feitas provavelmente por punhal no pescoço, peito, pulmões, e em outros locais não vitais. Nos pés havia uma bota de montaria, dentro dela a página rasgada de um livro, que Samira identificou como sendo de “As traças”, de Cassandra Rios, em toda a extensão havia uma série de pequenas gotas, provavelmente de sangue. Ao lado do corpo encontrava-se uma caixa retangular de madeira. Maria Rosa segurou o objeto, admirando a arte feita na tampa com marchetaria, enfeitada com lascas de madeiras laminadas, coladas e cavilhadas. Dentro havia um quebra cabeça, em um saco transparente, escrito em azul “Cinco mil peças”.

- Júnior, discretamente tire fotos de todos os curiosos, geralmente o assassino volta ao lugar do crime.

O policial se agachou para tirar mais fotos do corpo, aproveitando para fotografar todos que tentavam se aproximar. Maria Rosa saiu do caramanchão e foi dar uma volta na propriedade, enquanto buscava pistas, outra equipe veio para periciar os quartos e os banheiros.

A Delegada da cidade chegou ajeitando os cabelos compridos cor de chocolate ladeada por uma policial de cabelos cacheados e olhos cor de mel.

- Boa tarde Maria Rosa, sou Allegra Ricart, Delegada da Homicídios de Ribeirão dos Milagres, desculpe a demora, estava em uma diligência. O que temos?

- Amora Jereissati de Castro, 35 anos, jornalista, morta por lesões do tipo péfuro-cortante, pelos cortes posso adiantar que a arma é provavelmente um punhal.

- Nenhum sinal de luta?

- Não, aparentemente foi pega de surpresa, sem chances de reagir.

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Samira chegou esbaforida, apesar do ótimo condicionamento físico, havia corrido para chegar onde Maria Rosa e a delegada da cidade estavam.

- Saiu o resultado da mancha encontrada na página do livro.

- E aí?

- A mancha é realmente sangue, mas, não é de Amora, e sim de Clarice Ferrante, por alguma razão os crimes estão interligados.

O silêncio tomou conta do lugar, todos de alguma forma digeriam a informação. A Delegada ajeitou os óculos de armação preta para dizer.

- Meus Deus, temos um assassino em série, todas as vítimas de alguma forma são ligadas a Literatura.

-  Um serial killer de escritoras.

- Após a análise das digitais das peças, vamos virar a noite montando esse quebra cabeça, com certeza vamos chegar ao assassino.

- Ou a outro corpo talvez...

Fim do capítulo